“Queremos construir novo mas não investimos na manutenção do que já existe”
Helena Alegre é directora do Departamento de Hidráulica e Ambiente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e foi distinguida, no ano transacto, com o Prémio IWA pelo Extraordinário Contributo para a Gestão da Água e Ciência, entregue pela International Water Association
Pedro Cristino
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Helena Alegre é directora do Departamento de Hidráulica e Ambiente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e foi distinguida, no ano transacto, com o Prémio IWA pelo Extraordinário Contributo para a Gestão da Água e Ciência, entregue pela International Water Association (IWA), tornando-se na primeira mulher a ver reconhecida, com este galardão, as suas “extraordinárias contribuições” para esta associação internacional. Em entrevista ao CONSTRUIR, a engenheira explica que a falta de investimento na manutenção nos actuais sistemas de água poderá colocar em causa o futuro das próximas gerações e fala sobre o trabalho desenvolvido tanto na IWA como no LNEC
O que representa para si este prémio?
Pessoalmente, representa, muito, porque eu colaboro com a Associação Internacional da Água desde 1987. São muitos anos e tenho feito muito no âmbito da IWA, desde organizar conferências, publicar livros e artigos, pertenço a grupos especializados, já fui vice-presidente sénior da associação durante dois anos,etc. Tenho muitos anos de trabalho, tenho feito muitos amigos e tenho aprendido imenso com essa rede internacional, portanto, obviamente que me diz muito este reconhecimento pessoal. A IWA é a associação internacional mais importante no campo da água e, em particular, na área da engenharia sanitária. Basicamente, a água em meio urbano é o enfoque principal da associação. Há outras associações mais ligadas a recursos hídricos e a meios de investigação, mas esta é a mais abrangente e a mais importante internacionalmente. Enquanto IWA, foi criada em 1999, mas surge da fusão de duas associações: a International Water Supply Association e a International Water Quality Association, cada uma delas criada logo após a Segunda Guerra Mundial. Uniram esforços e criaram esta associação mais abrangente que abarca todo o ciclo urbano da água.
Qual a sua área de actividade?
A minha área de actividade é tradicionalmente a engenharia sanitária. Fiz toda a minha carreira profissional no Laboratório Nacional de Engenharia Civil e trabalhei sempre, até há poucos meses, no Núcleo de Engenharia Sanitária. As minhas áreas mais fortes de trabalho são a gestão técnica dos sistemas urbanos de água: análise de sistemas, avaliação de desempenho, gestão de perdas de água e energia, gestão patrimonial de infra-estruturas – que se relaciona com a forma de garantirmos que o que estamos a fazer hoje não coloca em causa o serviço de médio e longo prazo, se não estaremos a colocar em causa o bem-estar dos nossos filhos e dos nossos netos e, infelizmente, estamos a fazer muita coisa que põe em causa esses serviços. Têm sido também essas as áreas fortes de actuação no seio da IWA. Liderei um projecto da associação relacionado com o desenvolvimento de um sistema de indicadores de desempenho para os sistemas urbanos de água, em particular para o abastecimento de água. O projecto começou em 1997. Depois, houve uma primeira edição do manual que foi publicado em 2000 e, agora, em Brisbane, na Austrália, quando me foi atribuído o prémio, foi lançada a terceira edição desse manual. Eu liderei esse processo, mas este foi muito participativo. Teve muitos workshops e muita interacção com pessoas de muitos países. Hoje, este sistema é considerado uma referência internacional, quando se fala em avaliação de desempenho de serviços de água. Em termos da gestão patrimonial das infra-estruturas, também tenho feito bastante trabalho no âmbito da IWA e lidero um grupo especializado sobre essa matéria – o Strategic Asset Management Specialist Group. Além disso, pertenço ao Strategic Council da IWA.
Na sua opinião, qual a importância de associações como a IWA?
São muito importantes, de muitos pontos de vista. Posso pegar no exemplo de Brisbane [Austrália] que ajuda. Costumo dizer que estes grandes congressos que a associação promove têm uma utilidade de “T”. O que é que isto quer dizer? Se um profissional do sector da água assiste a um destes congressos alarga os seus conhecimentos em “T”: fica obrigado a abrir o panorama, porque ouve, em termos gerais, coisas fora da área, que são novidades e obrigam as pessoas a abrirem as perspectivas e perceberem o que são as tendências, quais são as grandes movimentações e os grandes problemas, os desígnios e as novidades, sejam tecnológicas, sejam de abordagem, ou de pressão. Depois, estes congressos têm muitas sessões técnicas paralelas, nas quais as pessoas podem, nas suas áreas de especialidade, aprofundar os conhecimentos – a parte vertical do “T”.
Ao mesmo tempo, a IWA é também uma rede de troca de experiência e partilha de informação?
Exactamente. A área da avaliação do desempenho é estratégica para o país e também aqui no LNEC. Nós identificámo-la como uma área de investigação estratégica nossa. Poderíamos ter actuado entre muros e feito o nosso trabalho de uma forma normal. A partir da visão do engenheiro Jaime Melo Baptista, que, na altura, tinha já uma função importante na associação, resolvemos que era preferível fazer esse trabalho no âmbito da associação internacional, em vez de o fazermos internamente. Tem que haver aqui “win-win”, porque o trabalho da associação é voluntário. Não é remunerado e, assim, se a pessoa não vir benefícios para a organização onde trabalho, ou benefícios pessoais, não tem motivação. Portanto, para nós, aqui no LNEC, a motivação é poder ter acesso a uma rede enorme, poder ter comentários de pessoas com formações, experiências de vida e contextos completamente diferentes que, obviamente, dão solidez e visibilidade ao trabalho. O trabalho que foi feito no âmbito dos indicadores de desempenho, que hoje é reconhecido internacionalmente como a referência principal nesta matéria, se tivesse sido feito internamente não seria o mesmo trabalho, pois não teria beneficiado de todos esses contributos. Mas, mesmo num mundo ideal, no qual tivéssemos conseguido fazer exactamente o mesmo trabalho, a visibilidade e o reconhecimento seriam completamente diferentes. Portanto, o facto de se dispor desta rede é muito útil. Eu ofereci muitos milhares de horas de trabalho gratuitamente à associação, mas acho que aquilo que ganhei transcendeu muito essas horas. O balanço é muito positivo e quando estou a falar em meu nome, acho que posso falar em nome do LNEC e dos colegas que têm o mesmo tipo de atitude. Quando damos, e damos de uma forma desinteressada, acabamos por ganhar, por vermos os frutos dessa partilha.
Por outro lado, uma associação como a IWA fomenta parcerias em projectos com o LNEC e outros laboratórios?
Com certeza, tudo o que seja rede. Quando uma organização ou uma pessoa dá trabalho, mostra que é capaz e acaba por ter visibilidade pelo mérito do seu trabalho, é mais fácil conhecer, ser reconhecido e, portanto, torna-se mais fácil estabelecer contactos, seja para uma proposta do Horizonte 2020 ou para esclarecer uma dúvida. Se eu tiver uma dúvida sobre determinado tema, como conheço tantas pessoas na IWA, é fácil expô-la através de um telefonema ou de um e-mail. Assim, conseguem-se criar muito mais oportunidades de actividade.
A associação envolve também universidades?
Sim. A IWA é muito abrangente. Por exemplo: no conselho estratégico, a IWA tem a representação dos seus principais segmentos, que vão desde o sector mais académico e de investigação, aos consultores, às entidades gestoras, aos fornecedores de materiais e detecnologia, aos reguladores. No fundo, é uma associação mais técnica do que é, por exemplo, o Fórum Mundial da Água, que é muito mais político. Mas o cariz técnico da IWA tem um sentido muito alargado, não se refere apenas à engenharia, envolvendo áreas como economia ou sociedade. Paralelamente, a IWA, cada vez mais, tem evoluído e tem-se posicionado como uma associação que ajuda também a criar pontos de vista, influenciando tendências e decisões no sentido de promover o debate sobre algumas matérias, com independência e um fundamento técnico-científico bastante alargado.
O que está na base desta distinção?
Eu acho que o que está na base desta atribuição são os milhares de horas que já dediquei à IWA. Muitas conferências, workshops, palestras… Estive na primeira comissão executiva da IWA, em 99. Fui a primeira mulher a pertencer a uma comissão destas associações. Depois, tornei-me também na primeira mulher a desempenhar o cargo de vice-presidente da associação, entre 2010 e 2011. Felizmente já houve mais mulheres no cargo depois disso e a actual presidente é uma mulher. O prémio que recebi agora, foi recebido há quatro anos pelo engenheiro Jaime Melo Baptista, mas o prémio global, que é o mais prestigiado da associação, foi também atribuído a uma portuguesa este ano, à Catarina Albuquerque, a primeira relatora das Nações Unidas para a água e saneamento como direito humano e é agora a directora executiva do programa patrocinado pelas Nações Unidas, que se chama Water and Sanitation for All. Fez um trabalho excelente nesta matéria, que foi reconhecido pela IWA, que lhe atribuiu o prémio global, de imenso prestígio mundial. Este prémio tem muito simbolismo, porque é a primeira vez que é atribuído a uma mulher mas, mais importante que isso, é a primeira vez que é atribuído a uma pessoa que não é um técnico da água, no sentido em que não é engenheira, mas sim jurista. Por outro lado, é também a primeira vez que é entregue a alguém no auge da sua carreira. Para ter uma ideia, há quatro anos foi entregue ao presidente da República da Coreia, um engenheiro com um vasto currículo de obra hidráulica, e há dois anos foi entregue ao ministro da Construção chinês, também ele engenheiro com muita obra feita.
Quais são os grandes desafios que encontra a investigação na área de engenharia sanitária em Portugal?
Felizmente são muitos, senão estaríamos sem trabalho. Em Portugal tivemos um ciclo de sucesso. O antigo director executivo da IWA costuma referir-se ao país e à evolução que aconteceu no sector como o “Milagre Português”. Referia-se à evolução do país num período de 20 anos, de uma situação muito frágil em termos da qualidade da água e dos serviços de tratamento de águas residuais, ou mesmo de cobertura em termos de águas residuais a qualidade dos rios. A evolução foi realmente espantosa de meados dos anos 90 até agora. Mesmo em termos técnicos e científicos, se formos hoje a qualquer congresso ou conferência aqui em Portugal, como o Congresso da Água ou o INEG, o nível técnico das sessões não tem nada a haver com o que havia há 15 ou 20 anos. Sinto uma alegria imensa ao ver que há duas décadas era praticamente só pessoas das universidades de Lisboa, do Porto e de Coimbra, ou então do LNEC, que falavam sobre o tema. Se eram outras pessoas, a qualidade e o conteúdo das apresentações eram fraquíssimos. Hoje não é assim. Temos um nível técnico completamente diferente. Houve um amadurecimento brutal. Isso é obviamente muito de salutar. Mas temos ainda muitas pequenas entidades gestoras que não estão capacitadas e que não têm uma visão global das coisas e que não têm a maturidade técnica que hoje a gestão dos sistemas urbanos de água requer. Portanto, temos de juntar esforços no sentido de capacitar melhor esses técnicos, de conseguir criar um pouco mais de escala, para não ser apenas uma pessoa a tratar da estrada, da sinalização, dos concursos, no fundo, de tudo, que é o que acontece nos municípios mais pequenos. Actualmente, a gestão destes sistemas exige um profissionalismo que não se compadece com esse tipo de escala. Temos de criar formas de ter uma gestão mais profissionalizada dos vários tipos de sistemas. Temos aqui um défice de capacitação, e estamos a trabalhar e a juntar esforços para o aplacar, mas é necessário que tal aconteça. Estamos a lançar a Liswater, promovida pelo LNEC mas com um cariz muito inclusivo em termos internacionais. É um projecto no qual temos vindo a trabalhar há alguns meses e que já está numa fase muito madura, e pretende ajudar a colmatar esse tipo de questões. Tem uma componente de capacitação, tem outra componente de incubação e aceleração de start-ups, tem uma outra componente de “think tank” e de consultoria estratégia e tem, ainda, a componente de envolvimento da sociedade. Pretendemos criar um centro de excelência internacional, para o qual queremos atrair os melhores para fazer a capacitação e investigação mas queremos também, obviamente, que ajude o país e que o ajude a dar esse salto qualitativo que precisamos. A outra questão que ainda se coloca – embora tenha já havido uma evolução importante – relaciona-se com a gestão das infra-estruturas. Investimos muito em construir novo – com acesso aos fundos de coesão, exactamente para nos trazer de níveis de cobertura muito deficitários, para a situação boa de hoje – e demos pouca atenção àquilo que era tomar conta do que já existia. Há dinheiro de graça e constrói-se sem pensar muito em assegurar a viabilidade e manutenção desses serviços a longo prazo. Ainda há muito aquele ponto de vista segundo o qual colocamos a tarifa ao nível mais baixo possível, porque, politicamente, as pessoas gostam, mas essas pessoas não gostarão de pensar que os seus filhos não vão ter serviços de águas. E quem diz estes serviços, diz outro tipo. O problema é mais grave com os serviços de águas e de águas residuais e pluviais, porque se tratam de infra-estruturas que estão enterradas. As pessoas não vêem e acham que foi contruído uma vez, está construído. As coisas têm uma duração. Mas, nós, para aumentarmos a cobertura, usámos muitas vezes materiais dos mais baratos que estavam no mercado, a construção nem sempre foi a melhor e isso também encurta a vida útil das condutas e dos colectores. Não está ainda interiorizado na sociedade que temos de conservar. Se há um equipamento, uma construção que envelhece, se queremos não estar piores do que estamos hoje daqui a 20 anos, temos de ir investindo,mesmo que esse equipamento vá perdendo o valor. Se se degrada, temos de ir substituindo, mantendo, investir em reabilitação e conservação. Não fazendo isso, estaremos a pôr em causa as gerações vindouras. É uma questão muito geral, não é apenas portuguesa. Não é sequer uma questão de países menos desenvolvidos. Se formos ver a situação dos Estados Unidos, a American Society of Civil Engineers lança periodicamente uma publicação que classifica o estado de conservação dos vários tipos de infra-estruturas públicas, desde a ferrovia aos aeroportos, e, numa escala de A a E, e as águas e águas residuais estão sempre no D ou D “menos”. E a situação tem vindo a agravar-se. Para recuperar deste défice de condição das infra-estruturas dos Estados Unidos é preciso investimentos perfeitamente brutais. O ano passado estive a dar um curso sobre gestão patrimonial e de infra-estruturas na Alemanha, que é um país que investe e investe bem. Por curiosidade, nesse dia saiu um anúncio num jornal alemão bastante conhecido, segundo o qual as infra-estruturas alemãs estão todas a rebentar. Que melhor promoção posso ter para o curso que estava a leccionar? É uma questão geral. Coloca-se muito em países em desenvolvimento, que estão a fazer os mesmos erros que nós fizemos – querem aumentar a cobertura, querem mais pessoas com acesso ao serviço e, portanto, escolhem o mais barato e técnicas de construção que, frequentemente, estão longe de ser adequadas – e não investem o suficiente naquilo que já existe.
A manutenção destes sistemas exige normalmente investimentos avultados?
Sim, porque, fazendo algumas contas simples, se uma conduta, em média, dura 40/50 anos – e não são as que construímos na década de 80 porque, essas, com sorte, vão até aos 30 anos com um comportamento minimamente decente – significa que temos de substituir 2% ao ano para mantermos o serviço ao longo do tempo. Numa infra-estrutura madura, devemos manter esse valor ao longo do tempo e, assim, se não investirmos em média 2% daquilo que é o custo de fazer uma infra-estrutura daquelas, estamos a subinvestir e teremos de pagar a factura mais cedo ou mais tarde. A continuar com este tipo de política, estamos realmente a pôr em causa o futuro, e não é a muito longo prazo. É um problema muito comum a tudo o que sejam infra-estruturas públicas, é mais grave nas infra-estruturas em rede enterradas, que são caras. Fizemos algumas contas para uma holding com um grupo de concessões, no sentido de saber quanto seriam os seus custos operacionais e quanto deveriam investir para, no fundo, compensarem a depreciação. Os números para a parte de rede, sem incluir estações elevatórias e de tratamento, apontaram para algo na ordem dos 30%-40%. Mas mesmo 30% ou 40% é muito mais do que aquilo que as empresas, de uma forma geral, estão a gastar. Portanto, é necessário continuar a fazer muito trabalho no sentido de sensibilizar a sociedade, porque só se esta tiver essa noção de que, como estamos a fazer, os seus filhos não terão as comodidades que nós temos, é que os decisores políticos terão abertura para classificarem esse problema como prioritário. Felizmente a Entidade Reguladora de Águas e Resíduos (ERSAR) tem feito um trabalho muito meritório nessa matéria. No LNEC temos feito tudo aquilo que é possível, com projectos colaborativos nos quais temos trabalhado com muitas entidades gestoras, ajudando à sua capacitação e a que façam os seus próprios planos de médio e longo prazo de gestão das infra-estruturas, definindo onde é mais prioritário actuar, como, quando e com que soluções. A ERSAR publica, no âmbito dos seus indicadores de qualidade de serviço, os níveis de reabilitação e incentiva as entidades a terem níveis aceitáveis. Há muito trabalho que está a ser feito e esse trabalho é reconhecido internacionalmente.
De que forma?
Quando ocorrem as conferências bienais da IWA sobre esta matéria, as Leading Edge Conference on Strategic Asset Management, onde Portugal tem ficado bem na fotografia. Há um grupo razoável de portugueses a mostrar que há investigação nesta matéria que passou já para as empresas e para o meio. Mostram que estão a ser feitas coisas bem feitas e que são líderes em termos mundiais. Temos muitos bons exemplos em Portugal do que se faz nesta matéria, mas temos também muitos maus exemplos. Mas a capacidade técnica está presente, bem como a capacidade de concretizar. Temos muito bons exemplos implementados que nos tornam reconhecidos internacionalmente.