Os milhões que vão mudar a face do Algarve
A “nova” realidade do Algarve salto para as primeiras páginas com o anúncio promovido pelo município de Vila Real de Santo António no final do ano passado, em que revelou um plano que promete gerar investimentos em torno dos 200 milhões de euros. Mas este é apenas um dos pilares das intervenções que estão pensadas para mudar a face do Algarve ou, por assim dizer, refrescar o rosto de uma das regiões mais emblemáticas do território nacional
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Uma mudança. Mais ou menos radical. Ou um reforço do que existe mas com melhores condições. Há teorias para todos os gostos mas a realidade, em traços gerais, é uma: o Turismo continuará a ter no Algarve um dos seus máximos embaixadores e como tal importa que todos os recursos sejam alocados a esta realidade. O mais recente relatório divulgado pela Confidencial Imobiliário traz para cima da mesa o potencial que aquela região apresenta. O segmento turístico no Algarve continua a ser alvo de interesse, com uma carteira de 23 novos projectos hoteleiros previstos para a região. Os dados são avançados pela Confidencial Imobiliário no âmbito da análise dos pré-certificados energéticos emitidos pela ADENE em 2015 e 2016, os quais permitem perceber as intenções de investimento em desenvolvimento imobiliário. Destes 23 projectos hoteleiros em carteira localizados no Algarve para os quais foram emitidos pré-certificados energéticos nos últimos dois anos, 13 são resultado de nova construção, enquanto os restantes 10 são respeitantes a obras de reabilitação. Os novos hotéis em pipeline são, na sua maioria, relativos a projectos de 3 ou menos estrelas, verificando-se que apenas 6 unidades das 23 previstas têm 4 ou mais estrelas. Desta última classificação, duas unidades situam-se em Lagos e as restantes quatro distribuem-se por Lagoa, Loulé, Portimão e Silves. Em termos de dimensão, destacam-se dois projectos com mais de 5.000 m2 (nomeadamente um localizado em Portimão, com cerca de 5.600 m2, e outro em Silves, com 5.100 m2) e outros dois com cerca de 4.000 m2 cada (um em Lagoa e outro em Loulé). A Confidencial Imobiliário dá ainda nota de que, entre estes quatro hotéis de maior dimensão, três resultam de construção nova e têm quatro ou mais estrelas. A outra unidade de dimensão maior diz respeito a uma intervenção de reabilitação, tendo uma classificação de 3 ou menos estrelas.
Mais do que turismo
Mas não será apenas em torno do Turismo que o Algarve terá novidades nos próximos anos. A reconversão do espaço público terá, no actual quadro comunitário de apoio, um importante aliado e são já vários os projectos aprovados com vista à regeneração urbana do espaço público a sul do País. A Comissão Directiva do Programa Operacional ALGARVE 2020 aprovou, para já, mais de dez milhões de euros de apoios financeiros, referentes a candidaturas nos domínios dos Planos de Acção de Regeneração Urbana (PARU’s), património cultural, saúde, formação profissional e modernização administrativa. A reunião teve como principais pontos da ordem de trabalhos a aprovação de 34 candidaturas no montante global de 14 milhões de euros, nos domínios da reabilitação urbana, do património cultural, das infra-estruturas e equipamentos sociais e de saúde, da promoção, das tecnologias de informação e da comunicação (TIC’s) na administração local e em serviços públicos. No final de 2016, a Comissão de Acompanhamento do Programa Operacional Regional do ALGARVE 2020, integrado no Acordo de Parceria do Portugal 2020, revelou a aprovação de um conjunto de 300 projectos candidatos a fundos comunitários. “As aprovações de candidaturas já atingem, em termos de compromissos, cerca de 24,6% da dotação total do ALGARVE 2020 (319 milhões de euros) no final de Outubro”, sublinha Francisco Serra, presidente da CCDR Algarve e da autoridade de gestão, acrescentando que “especificamente no contexto do Sistema de Incentivos a Empresas, as aprovações registadas representam perto de metade da dotação programada e encontram-se aprovados 268 projectos de empresas, num total de 302 projectos aprovados”. Esta Comissão é responsável pelo acompanhamento do desempenho do ALGARVE 2020, integrando a Agência de Desenvolvimento e Coesão (AD&C), e é composta por um conjunto alargado de actores relevantes para a região, dos quais se destacam representantes dos municípios, de instituições de ensino superior, dos parceiros económicos e sociais e da sociedade civil, incluindo do sector ambiental. No Algarve, estão aprovados 11 Planos de Acção de Reabilitação Urbana onde estão previstas um conjunto de operações públicas e privadas a desenvolver nas Áreas de Reabilitação Urbana (ARU) identificadas como prioritárias pelos Municípios.
O exemplo de VRSA
Um dos expoentes máximos do que será o “novo Algarve” está plasmado no plano urbanístico que está em marcha e promovido pelo município de Vila Real de Santo António. A autarquia é a grande promotora da reabilitação da Praia de Monte Gordo, dando início a uma intervenção que, no total, prevê investimentos de 200 milhões de euros, em grande parte da responsabilidade de privados. Esta é “a maior obra de sempre de requalificação do litoral do concelho”, diz a autarquia local. A construção de um passadiço pedonal com dois quilómetros de extensão – um dos maiores do Sotavento -, ao longo de toda a frente marítima, será o primeiro passo desta operação que renovará o Monte Gordo. “Pela sua dimensão, constitui também uma das intervenções mais visíveis”, diz a câmara de VRSA. A construção do passadiço terá o valor base de 1,3 milhões de euros e destina-se a garantir o acesso ao areal e aos novos apoios de praia, permitindo a deslocação ao longo das áreas balneares. Será iluminado em toda a extensão, terá zonas de descanso e criará um novo circuito pedonal e de lazer na marginal. Em paralelo, o plano já aprovado contempla a demolição dos antigos apoios de praia, que serão substituídos por cerca de 20 novos apoios distribuídos por 10 zonas balneares. “A proposta integra ainda a continuidade do corredor e das zonas afectas à actividade piscatória, salvaguardando este importante sector da baía de Monte Gordo”, ressalva o município. Ao nível ambiental, será recuperado todo o cordão dunar, enquanto as construções a implementar serão sobrelevadas, de forma a evitar o pisoteio das dunas e da vegetação, e obedecerão a materiais e projectos sustentáveis. Para Luís Gomes, presidente da câmara de Vila Real de Santo António, “este é um claro sinal da mudança que vai ser levada a cabo na praia de Monte Gordo e é o ponto de partida para as dezenas de intervenções que irão ser realizadas durante o ano de 2017 e que incluem construção de uma unidade hoteleira de gama alta ou a criação de novos equipamentos de lazer e restauração”. Estas outras intervenções irão dar origem à criação de um “grande passeio marítimo”, revela o município. Junta-se a estes equipamentos a eventual implementação de um conjunto de unidades turísticas, por parte de investidores privados, na zona do antigo parque de campismo de Monte Gordo, avaliado em 120 milhões de euros, bem como a construção de um novo empreendimento turístico na zona nascente de Monte Gordo, avaliado em 50 milhões de euros.