“Estão em curso cada vez mais projectos com recurso ao KNX”
Em entrevista ao CONSTRUIR, o administrador da Morgado & Cª considera que não se pode falar ainda de um mercado consolidado em relação ao KNX em Portugal mas salienta que é cada vez mais notório que os potenciais clientes estão despertos para as vantagens deste tipo de soluções. Carlos Filipe Morgado explica também a estratégia da companhia não só no mercado interno como no plano internacional
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Para Carlos Filipe Morgado “a instabilidade sentida não só em Portugal como, de um modo geral, nos mercados europeus constituiu um desafio para as empresas não só procurarem novas soluções como para crescer e ganhar quota de mercado”. O administrador da Morgado & Cª explica a estratégia da companhia para responder a estes desafios
Daquilo que foi o início da Morgado & Cª, em 1977, o que é que se mantém, nos nossos dias, dessa génese?
Mudou muita coisa, como é obvio. A empresa foi fundada em 77 pelo meu pai e há algo que nunca mudou e isso tem a ver com os valores da empresa. A seriedade, honestidade, transparência para com os clientes e com o mercado, além da aposta, consolidada, no que são os produtos de qualidade resultado de parcerias com grandes fabricantes europeus. Isso não mudou. Mantém-se até hoje. Mantém-se também uma procura incessante por tudo o que é inovação para que possamos apresentar aos nossos clientes soluções inovadoras que vão ao encontro das suas necessidades e, quando possível, antecipar as suas necessidades. A empresa foi criada, na altura, com o objectivo de cobrir uma lacuna no mercado pois na altura não existiam distribuidores de material eléctrico. Havia uma área que a Morgado & Cª notou ser deficitária e que passava pela falta de informação técnica sobre os produtos e que nós procurámos colmatar.
Essa questão da informação técnica está colmatada?
Informação é coisa que não falta nas sociedades desenvolvidas…
…e informação devidamente validada?
Sim, creio que nesse aspecto não existe nenhuma falha. Em alguns produtos, mais do que em outros, existirá informação mais completa mas de um modo geral não há praticamente falhas a registar. Com o inicio da Internet, essa massificação da informação foi surgindo de forma natural.
Então partindo desse princípio, de que por falta de informação não é, onde é que se encontram os “problemas”, as áreas em que as empresas encontram um desafio adicional?
Hoje em dia, com a massificação da informação e, inclusive, de produtos vindos dos mais variados mercados mundiais, as empresas procuram diferenciar-se pela qualidade e espectro dos serviços que prestam aos seus clientes. Isto além das soluções que apresentam pois cada empresa optará, na sua estratégia, por um determinado tipo de soluções. Estas são as áreas em que as empresas se podem diferenciar. E tem sido, desde sempre, a política pela qual também somos reconhecidos. É algo que está na génese da empresa e que lutamos diariamente para melhorar.
Onde reside essa mais valia da Morgado & Cª?
Acredito que outras empresas terão produtos com a mesma qualidade que a Morgado & Cª disponibiliza, mas não haverá muitas com a mesma filosofia ao nível do acompanhamento de projecto, da pré-venda, na definição de soluções à medida de cada um dos clientes seja na área civil ou industria. Temos um conjunto de colaboradores que são verdadeiramente uma mais-valia nesse acompanhamento junto dos nossos clientes, no serviço pós-venda, no apoio técnico à instalação do produto, da solução, resolver problemas que existem. Esse acompanhamento é permanente.
Que balanço faz do último ano?
Os últimos anos não foram, de facto, anos fáceis. A instabilidade sentida não só em Portugal como, de um modo geral, nos mercados europeus constituiu um desafio para as empresas não só procurarem novas soluções como para crescer e ganhar quota de mercado. 2016 foi um bom ano para a Morgado e Companhia, conseguimos, junto dos nossos clientes encontrar soluções inovadoras que nos permitiram aumentar as nossas vendas e aumentar a parceria com os nossos clientes. O balanço acaba por ser positivo apesar de isso não significar, necessariamente, um crescimento do mercado. Na área do Civil assistimos a um ligeiro aumento associado ao Turismo e à Reabilitação de edifícios antigos. Na área industrial o crescimento foi mais notório, uma dinâmica mais acentuada face ao que assistimos em 2015 e foi nessa área que mais crescemos também. Isso permitiu-nos, no global, aumentar as nossas vendas.
Qual foi o vosso posicionamento face a esses desafios?
Há muitos anos que nos dedicamos a ambas as áreas, quer à área Civil como Industrial. Trabalhamos com várias marcas europeias de renome, o que nos permite estar mais próximo de soluções mais complexas que o mercado exige. Com a nossa equipa, conseguimos aumentar as parcerias com os nossos clientes procurando as soluções inovadoras que permitissem ir ao encontro das suas necessidades, o que, no final das contas, acaba por ser uma mais valia. Não sendo um segredo, creio que essa proximidade permanente às necessidades e às dúvidas e sugestões dos nossos clientes acabam por trazer resultados positivos e representar uma verdadeira mais-valia.
E para 2017? O que se pode esperar da vossa actividade?
Procuraremos aprofundar as nossas parcerias, continuar esta estratégia de acompanhamento dos nossos clientes, continuar a acompanhar em permanência todos os intervenientes do mercado procurando novas soluções que vão aparecendo e que resultam dessa mesma parceria. Vamos procurar investir na melhoria de processos de modo a servir, cada vez melhor, os nossos clientes.
Naquilo que tem sido a vossa estratégia e no que se espera que seja a actividade nos próximos anos, que papel cabe ao KNX?
A ligação da Morgado & Cª ao KNX é já muito antiga. O KNX, como sabe, advém da antiga EIB, grupo do qual nós já fazíamos parte. Quando se colocou o desafio da constituição da Associação KNX Portugal, nós fomos um dos fundadores e eu, inclusivamente, faço parte do Conselho Fiscal. É, portanto, uma ligação de muitos anos. Desde que a EIB passou a KNX, como uma nova ferramenta mais potente e mais desafiante, juntamente com as marcas internacionais que representamos e que fazem igualmente parte do protocolo como a Wago e a Vimar, sempre tentámos realizar projectos que nos permitissem a introdução desses produtos no mercado e desenvolver soluções inovadoras. Tanto é que estamos já a desenvolver soluções para o mercado externo. Penso que o futuro poderá passar por este protocolo e por soluções KNX. O KNX permite uma variedade de soluções enorme, com uma abrangência muito grande principalmente em edifícios. Com o desenvolvimento tecnológico que temos verificado nos últimos anos e o que se espera que seja o futuro mais imediato, estamos de facto mais perto de um verdadeiro fenómeno das Cidades Inteligentes, o que será um desafio para toda a gente. Estamos no inicio mas a verdade é que já há soluções que permitem um controlo remoto completo na gestão de um edifício. Seja ao nível da poupança, nomeadamente eléctricas mas não só, seja ao nível de um conjunto alargado de aplicações ou mesmo de conforto. É muito nestas áreas que o KNX baseia o seu desenvolvimento e penso que há um grande futuro nesta área. Os mercados internacionais, sobretudo os mais desenvolvidos, estão já a trabalhar quotidianamente nestas ferramentas, já faz parte da rotina, enquanto que os menos desenvolvidos estão agora a criar uma maior apetência para esta realidade.
Qual é a lógica que a companhia associa ao KNX quando desenvolve soluções para os diversos clientes?
Permitir ao cliente final ter uma mais valia concreta. Creio que esta é a melhor forma de identificar aquilo que nós procuramos em cada projecto com recurso a este protocolo. Quando desenvolvemos um projecto em KNX, é importante pensar que a solução vai ser usada por alguém, está voltada para vários utilizadores que têm de interagir de forma intuitiva com o sistema, sistema esse que tem, de alguma maneira, de representar uma mais valia. Estamos a falar de uma lógica que acaba por ser igual ao quotidiano. Quando adquirimos seja o que for, pensamos de alguma maneira de que forma é que essa compra poderá representar um ganho, um acréscimo, uma mais-valia. O facto de estarmos a falar de um protocolo não impede que a lógica seja a mesma. Estamos a falar aqui de poupança generalizada, eficiência energética por via do controlo da iluminação ou da casa inteligente, do controlo do conforto. Tudo isso conjugado ou mesmo que sejam soluções menos vastas podem representar ganhos na vida dos utilizadores, o que no fundo é o guia do KNX.
Daquilo que é a sua percepção enquanto especialista deste mercado, sente que há hoje a percepção por parte do cliente de que a aposta no KNX é, de facto, uma mais valia?
Diria que vai existindo. É um facto que em relação ao KNX e mesmo à Domótica em Portugal, não podemos falar ainda de um mercado generalizado. É por isso, também, que a associação tem investido na divulgação do protocolo e da tecnologia de modo a que chegue ao máximo de utilizadores e potenciais utilizadores. As soluções são muito diversas. Se falarmos em colocar uma casa toda ela inteligente isso terá, obviamente, um custo associado e não será propriamente a área com maior expressão. E o custo da solução é sempre um ponto importante. Mas importa realçar que há já projectos muito interessantes em Portugal e estão em curso cada vez mais projectos, o que nos permite constatar que esta percepção de mais-valia, seja ao nível da utilização ou do conforto está a chegar a cada vez mais pessoas. Muitas vezes o projecto e a utilização ou a importância desta mais-valia para as pessoas não tem de ser complexa, pode ser muito simples e aí a diferença de custo não é praticamente notória. O KNX tem muito para crescer em Portugal, não é um mercado ainda consolidado, mas tem vindo a crescer e tem cada vez mais peso. O futuro é, garantidamente, risonho, conseguindo nós, especialistas na área e intervenientes no mercado, mostrar cada vez mais as potencialidades do protocolo. As novas gerações estão muito aptas a este tipo de tecnologia, dão muita importância ao controlo de gastos, ao controlo do conforto, mais do que propriamente atribuírem um peso ao investimento associado.
Que áreas identifica como apresentando o maior potencial de crescimento?
Ao nível do KNX, falamos sobretudo da área de edifícios. Num plano mais alargado e num futuro que está mais próximo do que imaginamos, as Cidades Inteligentes têm um potencial tremendo.