“Saneamento tem sido o parente pobre dos serviços de águas”
A Acquawise Consulting foi fundada em 2011 por Raquel Mendes e Cristina Martinho, que identificaram uma lacuna a nível nacional, no campo dos planos de segurança da água e do saneamento. Actualmente, a empresa trabalha com a Organização Mundial de Saúde, o que a tem levado a várias partes do mundo
Pedro Cristino
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A Acquawise Consulting foi fundada em 2011 por Raquel Mendes e Cristina Martinho, que identificaram uma lacuna a nível nacional, no campo dos planos de segurança da água e do saneamento. Actualmente, a empresa trabalha com a Organização Mundial de Saúde, o que a tem levado a várias partes do mundo
Em entrevista ao Construir, Raquel Mendes e Cristina Martinho, managing partners da Acquawise Consulting, explicam a importância da implementação de boas práticas no sector da água e do saneamento.
O que faz a empresa em concreto?
RM – Somos uma empresa de consultoria, criada em 2011 para apoiar as entidades responsáveis pelos serviços de águas e águas residuais. Damos apoio na área de gestão da segurança da água e do saneamento, nomeadamente no desenvolvimento e implementação de planos de segurança da água e planeamento da segurança no saneamento, na gestão patrimonial de infraestruturas e temos também uma componente de formação nestas áreas e fazemos auditorias. Temos estado a fazer auditorias da qualidade do serviço e também no âmbito dos planos de segurança da água. O nosso mercado é essencialmente as entidades responsáveis pelos serviços de águas e águas residuais.
Trabalham essencialmente em Portugal?
RM – Temos estado a trabalhar em Portugal mas, desde 2014, que estamos a trabalhar com a Organização Mundial de Saúde [OMS] e, portanto, acabamos por estar em várias partes do mundo onde a OMS está a intervir, nomeadamente no âmbito do planeamento da segurança do saneamento.
A empresa nasceu em 2011. Como se tem desenvolvido o vosso percurso desde então?
RM – O nosso sector não é fácil: é o sector público, a nossa área de intervenção é também uma área muito específica em que não há obrigatoriedade das entidades gestoras em implementarem os planos de segurança da água – pensamos que a partir do final deste ano haverá, porque houve a revisão da Directiva da Qualidade da Água, que recomenda às entidades que gerem os sistemas de abastecimento de água que desenvolvam e implementem uma avaliação e gestão do risco conforme as recomendações da OMS. A transposição da Directiva em legislação nacional deverá ser realizada até Outubro de 2017 e, depois, as entidades gestoras, em princípio, terão um prazo para desenvolver e implementar. Não sendo ainda uma ferramenta de gestão obrigatória – porque os planos de segurança da água são uma ferramenta de gestão dos sistemas de abastecimento de água – não tem sido muito fácil o nosso percurso, enquanto empresa.
CM – E são boas práticas de gestão, portanto, todas as entidades as deviam implementar, apesar da não obrigatoriedade. O desenvolvimento e implementação do PSA vem ajudar a entidade gestora a conhecer verdadeiramente toda a sua cadeia de abastecimento, a identificar todas as situações que podem comprometer a segurança do seu sistema de abastecimento de água, e a avaliar quão bem estas situações já estão controladas, para permitir depois identificar que ações de melhoria devem ser implementadas para diminuir o nível de risco existente. Vem ainda chamar a atenção para a operacionalização no dia a dia da entidade através da implementação de programas de monitorização operacional, de procedimentos de gestão para condições normais de funcionamento e para condições de emergência.
A Directiva vai torná-las obrigatórias?
RM – Vem recomendar, e depois vamos ver como será feita a transposição [para o direito português].
Quais são os principais desafios que a Acquawise enfrenta?
RM – O facto de se tratarem de boas práticas de gestão dos sistemas vem fundamentar as decisões de investimento e garantir que a água que chega às nossas torneiras é segura, mas as entidades só implementam se assim o entenderem. O que achamos é que, apesar de os técnicos estarem sensibilizados e perceberem os benefícios da implementação desta abordagem, os decisores – que normalmente são decisores políticos, pois a maior parte das entidades são municípios – ainda não estão muito sensibilizados, e estando o nosso mercado muito restrito a estas entidades, isso torna o processo muito mais complicado. Nós trabalhamos com as entidades em Portugal, mas o facto de estarmos a trabalhar com a OMS e de pertencermos ao seu grupo restrito de especialistas internacionais em Planos de Segurança da Água, bem como ao seu grupo restrito de especialistas em Planeamento da Segurança do Saneamento da OMS é muito bom, porque significa que temosum reconhecimento internacional de uma organização desta dimensão.
A vossa actividade cobre todo o país?
RM – Neste momento, estamos com alguns projectos a nível nacional e cobrimos todo o território. No ano de 2015 iniciámos um projecto que designámos de Projecto Colaborativo de Planos de Segurança da Água, no âmbito do qual agregamos várias entidades – tínhamos SMAS de Torres Vedras, SMAS de Vila Franca de Xira, EMAR Portimão, SM Nazaré e CM Barreiro. No ano passado arrancamos com mais 2 novos Projetos Colaborativos PSA, um na região de Coimbra – onde participam a Águas Coimbra, os SMAS Leiria e Penafiel Verde, e outro na região do Algarve – onde participam CM Loulé, Inframoura e CM Silves. Já este ano, estamos prestes a arrancar com mais uma iniciativa destas na região de Setúbal – onde vão participar CM Palmela, CM Moita e CM Seixal.
Quais os benefícios dos planos de segurança da água?
RM – Em primeiro lugar, é uma ferramenta de gestão que utiliza uma avaliação do risco para direccionar as entidades para as situações que podem colocar em risco o funcionamento do seu sistema de abastecimento de água. Isto consiste na identificação de situações que podem dar origem a falta de água, à contaminação da mesma, à interrupção do abastecimento e, por exemplo, à falta de pressão. Fazemos uma avaliação de todo o sistema para identificar estas situações. Face a isso é identificado o que já existe implementado no sistema que permita minimizar ou mesmo eliminar essas situações e, se não existir, o que tem de ser feito. Portanto, vem fundamentar, de uma forma bastante transparente, e direccionar os escassos recursos que as entidades têm para garantir que o seu sistema irá sempre funcionar de uma forma adequada e que a água que chega à torneira do consumidor está, efectivamente, segura. A maior parte das entidades ainda se baseia na avaliação da qualidade final da água, ou seja, faz análise na torneira do consumidor e, quando detecta uma situação que não está conforme, já essa água foi utilizada ou consumida. Portanto, não estamos a prevenir situações destas. O que o plano de segurança da água faz é orientar a entidade no sentido de prevenir essas situações e, assim, garantir que, efectivamente, quando a água chega à torneira do consumidor, está própria para consumo.
Têm também em vista o aumento da eficiência dos sistemas e a redução de perdas de água?
RM – Sim. Tudo isso faz parte desta avaliação e da definição das práticas que as entidades devem ter no sentido de garantir a qualidade, quantidade, continuidade e pressão. Portanto, as perdas são uma situação identificada e levantada no âmbito desta avaliação do risco e a entidade é depois direccionada no sentido de resolver essa situação.
CM – As perdas influenciam tanto a quantidade da água disponível, como a qualidade da água também, porque se tivermos perdas, podemos, com variações de pressão no sistema, ter a entrada de contaminantes na água da rede de distribuição, que chegarão depois à torneira do consumidor, podendo comprometer a saúde humana.
A nível nacional, de uma forma geral, qual o estado dos sistemas de distribuição de água?
RM – Temos um país que funciona a várias velocidades.
CM – O que verificamos é que há uma debilidade muito grande na parte organizacional das entidades. As entidades não estão preparadas, muitas vezes não têm informação suficiente ou esta não está sistematizada, não é analisada e, portanto, há um trabalho de fundo para ser feito até conseguirmos fazer a avaliação e gestão do risco. Apesar de haver já muitas entidades que estão razoavelmente bem organizadas, a maior parte tem ainda muito trabalho para ser feito nesta área.
RM – A ERSAR [Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos] publica anualmente um relatório sobre os serviços de águas e resíduos de Portugal – o RASARP – onde é feita uma avaliação das entidades em vários aspectos, desde as perdas ao conhecimento infraestrutural, à sustentabilidade financeira. Há imensa informação que dá uma ideia de que, efectivamente, há entidades que têm uma boa gestão e, depois, há outras que nem por isso.
Pode dizer-se que é um problema mais relacionado com o conhecimento e a formação do que com a qualidade da infra-estrutura?
RM – Não. A questão da reabilitação e conservação das infraestruturas é um problema.
CM – As infra-estruturas têm, muitas delas, avançada idade, têm muitas perdas, que advém dessa mesma idade, pois essas infra-estruturas nunca foram reabilitadas. Foram construídas infra-estruturas e, depois, não se pensou mais nelas. Em muitos municípios, o “dinheiro da água” não é novamente aplicado no sistema de abastecimento. Não é feita reabilitação anual. A infra-estrutura é feita e não pode ser substituída toda de uma vez. A reabilitação tem de ser faseada e tem de ter como base uma gestão patrimonial de infra-estruturas, onde se identificam as áreas prioritárias de intervenção e isso não tem acontecido em Portugal. As infra-estruturas estão velhas, há muitas perdas, há muitos problemas e isso tem de começar a ser resolvido e, aqui, o plano de segurança da água vem também apoiar a decisão em identificar quais são as zonas – porque não se consegue reabilitar tudo – onde há o maior risco a nível de impacto no serviço em termos qualidade, quantidade, continuidade e pressão.
Sentem que existe, por parte das entidades com quem trabalham, vontade em resolver esses problemas?
RM – Sim, há vontade, mas é uma questão de recursos financeiros e, por vezes, de recursos humanos.
CM – E de restrições, durante estes anos todos, de colocação de pessoas na função pública. Aliás, com aqueles rácios não podem ser colocadas pessoas novas e, desta forma, têm havido muitos problemas por falta de recursos humanos para desenvolverem mais trabalho.
Quem envolvem mais no processo?
RM – No âmbito dos planos de segurança de água, nós temos as valências. Um dos resultados do plano de segurança de água é um plano de acções e quem gere esse plano são as entidades. No âmbito desse plano de acções haverá necessidade de envolver outras empresas, dependendo da acção. Nós temos parceiros, mas mais no âmbito da engenharia e da consultoria, porque a nossa actividade tem de ser muito imparcial.
Neste momento, como se caracteriza a vossa presença internacional?
RM – Essa presença internacional está muito relacionada com o trabalho que desenvolvemos com a OMS, portanto, não há ainda um mercado específico. É onde a OMS estiver a actuar.
Quais são os moldes da vossa parceria com a OMS?
RM – Incide sobre a área da formação – neste momento estamos a trabalhar mais na área da formação do planeamento da segurança e também na área da consultoria – mais em desenvolvimento do projecto. Iniciámos a nossa colaboração com a OMS em Portugal e foi na área da consultoria, de apoio ao projecto em planeamento da segurança do saneamento que decorreu em Portugal. Mas, actualmente, é mais na área da formação e poderá ser tanto no Planeamento da Segurança do Saneamento como nos Planos de Segurança da Água, pois pertencemos ao grupo restrito de formadores da OMS nestas duas valências.
Que vantagens traz esta parceria para a vossa empresa?
RM – Tem sido uma parceria bastante boa porque permite-nos estabelecer contactos mas é preciso notar que estamos numa fase inicial. Há também que realçar o conhecimento que se adquire de outras realidades. Os contactos, por sua vez, permitirão, esperamos nós, que haja mais trabalho.
E vêem esta parceria como reconhecimento da vossa capacidade técnica?
RM – Sim, aliás, é por causa disso que no ano passado estivemos na Albânia, na Austrália e na Índia. Tudo com a OMS.
CM – No ano de 2015 estivemos no México e na Jordânia.
Num país desenvolvido como a Austrália, quais são os desafios enfrentados no âmbito da questão da segurança do abastecimento de água?
RM – A nossa presença na Austrália enquadrou-se no âmbito da formação em planeamento da segurança do saneamento. Esta abordagem, semelhante à dos planos de segurança da água, é recente e a Austrália é um dos países que, em termos de planos de segurança da água está muito à frente – foi um dos pioneiros dos planos de segurança de água. Esta abordagem pode ser aplicada em qualquer contexto, independentemente do desenvolvimento tecnológico e dos recursos porque é uma ferramenta de gestão. É uma boa prática. Faz uma avaliação do risco, identifica os riscos prioritários, faz uma gestão do sistema, implementando barreiras ao longo deste para evitar a contaminação, a recontaminação, a falta de água ou a interrupção do abastecimento, obriga a que haja uma monitorização dessas medidas de controlo, que haja o estabelecimento de limites operacionais que permitam que a entidade actua atempadamente, prevenindo situações de maior risco.
Ao invés, a Índia é um país com muitos desafios nesta área?
RM – Muitos mas nós, cá em Portugal, também temos. O saneamento tem sido sempre o parente pobre dos serviços de águas.
Quais são os principais problemas que afectam Portugal?
RM – São infra-estruturas que necessitam de ser reabilitadas, é a questão das redes de drenagem unitárias e separativas e, nestas últimas, as ligações com as águas pluviais, a questão das inundações, das obstruções dos colectores devido a más práticas dos utilizadores, a formação das pessoas, a falta de condições de segurança para os trabalhadores..
CM – A própria gestão das ETAR [estações de tratamento de águas residuais], as descargas das águas que não cumprem com parâmetros de descarga, há contenciosos com a União Europeia por causa dessas situações. Aliás, Portugal é um dos países com mais incumprimentos a nível europeu em termos de legislação ambiental.
A nível internacional, quais são os principais desafios nesta área?
RM – Um dos objectivos da Agenda de Desenvolvimento Sustentável é o abastecimento de água segura e o acesso a saneamento seguro. Portanto, evoluímos dos objectivos do Milénio, de acesso à água e saneamento, para acesso a água e saneamento seguros e por algum motivo foi considerado que esses deviam ser os objectivos. Ao contrário dos objectivos do Milénio, direccionados para os países com menos recursos, aqui, os objectivos do Desenvolvimento Sustentável dirigem-se a todos os países. Efectivamente, acho que são esses os desafios: o acesso de todos a uma água segura e a saneamento seguro em todos os países que pertencem às Nações Unidas.
Prestam também formação nessa área?
RM – Tem sido uma área que temos estado a desenvolver bastante. A nível nacional, em termos de planeamento da segurança do saneamento, fomos as pioneiras. Trouxemos essa abordagem em 2014 e temos, de alguma forma, estado a sensibilizar o sector para a necessidade de haver uma abordagem mais integrada na forma como os nossos sistemas são geridos.
CM – E da água também!
RM – Sim. Temos apostado em desenvolver um serviço bastante focado em apoiar as entidades no desenvolvimento e implementação dos planos de segurança da água. Não tem sido um percurso muito fácil, enquanto empresa. Mas acho que temos feito um papel muito importante para a disseminação destas abordagens em Portugal e pensamos que de alguma forma já somos reconhecidas como tal.
E encontram abertura?
RM – Os técnicos têm muita abertura e consciência da importância destas ferramentas. A nível de decisores políticos, acho que ainda não estão muito sensibilizados para a importância efectiva desta abordagem para a melhoria da qualidade do serviço prestado e garantia de um fornecimento seguro de água.
A nível internacional, como vêem a importância de exportar a informação para países com menos recursos?
RM – É, obviamente, muita. Aliás, o trabalho que fazemos com a OMS é muito focado nesses países. Em alguns aspectos, são países com abordagens muito interessantes e eficazes, que nós também devíamos aprender e utilizar.
O facto de a empresa ter surgido em 2011 e, hoje, estar já a trabalhar com a OMS constitui um factor de notabilidade?
RM – Somos uma empresa pequena e acho que não queremos ser uma empresa grande, atendendo ao trabalho que fazemos e às exigências que impomos à qualidade do nosso trabalho. Tem sido um percurso muito duro, muito trabalhoso, mas acho que nós, enquanto empresa pequena, já conseguimos imenso. A nossa rede de contactos internacional é muito grande, não só em termos de pessoas que contactamos e conhecemos mas também em termos de organizações com quem, de alguma forma, temos colaborado. A nível nacional, de alguma forma, já vamos sendo uma referência no mercado, no que diz respeito aos planos de segurança da água e no planeamento da segurança do saneamento – somos a única empresa em Portugal que desenvolve trabalho nesta área. Efectivamente, acho que tem sido um percurso bastante positivo e tem-nos motivado, apesar das dificuldades, a continuar.
Não têm concorrência?
CM – Temos concorrência, alguma direta, e outra indireta.
Refere-se a empresas que não têm competência para fazer o trabalho que a Acquawise faz?
RM – Digamos assim: no que diz respeito ao planeamento da segurança do saneamento, em Portugal não há. É uma abordagem recente e nós pertencemos ao grupo restrito dos formadores da OMS para esta temática. Foi criado um grupo para depois disseminar esta metodologia e, em Portugal, somos as únicas que pertencem a esse grupo. No que se refere aos planos de segurança da água, o mercado tem estado a desenvolver-se no que diz respeito a empresas concorrentes. Quando a Cristina fala em concorrência indirecta, não é a questão de maior ou menor competência, mas sim de se tratar de uma concorrência que não é clara. Temos entidades individuais ou colectivas que, eventualmente, não poderiam estar a prestar este serviço.
Como surgiu a empresa?
RM – Tanto eu como a Cristina trabalhávamos na Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) e houve uma altura em que, apesar de gostarmos do trabalho que desempenhávamos aí, decidimos que fazia sentido darmos um próximo passo e criar uma empresa. Face ao conhecimento que tínhamos do sector da água, em particular no que diz respeito aos serviços de abastecimento, considerámos que o desenvolvimento e implementação dos planos de segurança da água seria muito benéfico para estas entidades e, na altura, já o regulador começava a abordar a questão dos planos de segurança da água, transmitindo a sua importância. Nesse sentido, criámos a Acquawise, muito focada no apoio a estas entidades. Entretanto, fomos evoluindo, participámos na iniciativa de Gestão Patrimonial de Infraestruturas com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e começámos a desenvolver trabalho nessa área. Também desenvolvemos trabalho na área da gestão de perdas, tivemos uma parceria com uma empresa israelita mas, como quisemos direccionar mais a nossa actividade para a segurança da água e do saneamento, e sendo uma empresa pequena, acabámos por deixar de nos focar em áreas em que havia já empresas no mercado e direccionar a nossa actividade para a segurança da água e para a gestão patrimonial de infraestruturas.
Pode dizer-se que identificaram uma lacuna no mercado?
RM – Na altura, quando criámos a empresa, não havia empresas com este foco. Agora já começam a existir.
Referiu uma parceria com uma empresa israelita. Israel é um país que, em termos de gestão de recursos hídricos é um modelo a seguir no mundo, não é?
RM – A nossa parceria assentou mais numa base tecnológica. A empresa tinha um software direccionado para a monitorização, em tempo real, das redes de distribuição e acho que, em termos de desenvolvimento de tecnologia, considerámos que a ferramenta era bastante boa. Mas, em Portugal, neste momento, também já temos ferramentas semelhantes que apoiam as entidades gestoras na monitorização das redes.
É uma área de constante desenvolvimento tecnológico?
RM – No que diz respeito à monitorização das redes, tem havido alguma evolução, principalmente com a introdução dos smart meters.
Quais os vossos objectivos e perspectivas para o futuro próximo?
RM – Esperamos que haja uma maior sensibilização para a questão da segurança da água e do saneamento e que haja uma evolução no sentido de as entidades gestoras perceberem que isto são ferramentas de gestão, são boas práticas, para garantir que os serviços que prestam são efectivamente eficientes e que vão ao encontro das necessidades e satisfação dos utilizadores.