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    Engenharia

    “Saneamento tem sido o parente pobre dos serviços de águas”

    A Acquawise Consulting foi fundada em 2011 por Raquel Mendes e Cristina Martinho, que identificaram uma lacuna a nível nacional, no campo dos planos de segurança da água e do saneamento. Actualmente, a empresa trabalha com a Organização Mundial de Saúde, o que a tem levado a várias partes do mundo

    Pedro Cristino
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    “Saneamento tem sido o parente pobre dos serviços de águas”

    A Acquawise Consulting foi fundada em 2011 por Raquel Mendes e Cristina Martinho, que identificaram uma lacuna a nível nacional, no campo dos planos de segurança da água e do saneamento. Actualmente, a empresa trabalha com a Organização Mundial de Saúde, o que a tem levado a várias partes do mundo

    Pedro Cristino
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    A Acquawise Consulting foi fundada em 2011 por Raquel Mendes e Cristina Martinho, que identificaram uma lacuna a nível nacional, no campo dos planos de segurança da água e do saneamento. Actualmente, a empresa trabalha com a Organização Mundial de Saúde, o que a tem levado a várias partes do mundo

    Em entrevista ao Construir, Raquel Mendes e Cristina Martinho, managing partners da Acquawise Consulting, explicam a importância da implementação de boas práticas no sector da água e do saneamento.

    O que faz a empresa em concreto?

    RM – Somos uma empresa de consultoria, criada em 2011 para apoiar as entidades responsáveis pelos serviços de águas e águas residuais. Damos apoio na área de gestão da segurança da água e do saneamento, nomeadamente no desenvolvimento e implementação de planos de segurança da água e planeamento da segurança no saneamento, na gestão patrimonial de infraestruturas e temos também uma componente de formação nestas áreas e fazemos auditorias. Temos estado a fazer auditorias da qualidade do serviço e também no âmbito dos planos de segurança da água. O nosso mercado é essencialmente as entidades responsáveis pelos serviços de águas e águas residuais.

    Trabalham essencialmente em Portugal?

    RM – Temos estado a trabalhar em Portugal mas, desde 2014, que estamos a trabalhar com a Organização Mundial de Saúde [OMS] e, portanto, acabamos por estar em várias partes do mundo onde a OMS está a intervir, nomeadamente no âmbito do planeamento da segurança do saneamento.

    A empresa nasceu em 2011. Como se tem desenvolvido o vosso percurso desde então?

    RM – O nosso sector não é fácil: é o sector público, a nossa área de intervenção é também uma área muito específica em que não há obrigatoriedade das entidades gestoras em implementarem os planos de segurança da água – pensamos que a partir do final deste ano haverá, porque houve a revisão da Directiva da Qualidade da Água, que recomenda às entidades que gerem os sistemas de abastecimento de água que desenvolvam e implementem uma avaliação e gestão do risco conforme as recomendações da OMS. A transposição da Directiva em legislação nacional deverá ser realizada até Outubro de 2017 e, depois, as entidades gestoras, em princípio, terão um prazo para desenvolver e implementar. Não sendo ainda uma ferramenta de gestão obrigatória – porque os planos de segurança da água são uma ferramenta de gestão dos sistemas de abastecimento de água – não tem sido muito fácil o nosso percurso, enquanto empresa.

    CM – E são boas práticas de gestão, portanto, todas as entidades as deviam implementar, apesar da não obrigatoriedade. O desenvolvimento e implementação do PSA vem ajudar a entidade gestora a conhecer verdadeiramente toda a sua cadeia de abastecimento, a identificar todas as situações que podem comprometer a segurança do seu sistema de abastecimento de água, e a avaliar quão bem estas situações já estão controladas, para permitir depois identificar que ações de melhoria devem ser implementadas para diminuir o nível de risco existente. Vem ainda chamar a atenção para a operacionalização no dia a dia da entidade através da implementação de programas de monitorização operacional, de procedimentos de gestão para condições normais de funcionamento e para condições de emergência.

    A Directiva vai torná-las obrigatórias?

    RM – Vem recomendar, e depois vamos ver como será feita a transposição [para o direito português].

    Quais são os principais desafios que a Acquawise enfrenta?

    RM – O facto de se tratarem de boas práticas de gestão dos sistemas vem fundamentar as decisões de investimento e garantir que a água que chega às nossas torneiras é segura, mas as entidades só implementam se assim o entenderem. O que achamos é que, apesar de os técnicos estarem sensibilizados e perceberem os benefícios da implementação desta abordagem, os decisores – que normalmente são decisores políticos, pois a maior parte das entidades são municípios – ainda não estão muito sensibilizados, e estando o nosso mercado muito restrito a estas entidades, isso torna o processo muito mais complicado. Nós trabalhamos com as entidades em Portugal, mas o facto de estarmos a trabalhar com a OMS e de pertencermos ao seu grupo restrito de especialistas internacionais em Planos de Segurança da Água, bem como ao seu grupo restrito de especialistas em Planeamento da Segurança do Saneamento da OMS é muito bom, porque significa que temosum reconhecimento internacional de uma organização desta dimensão.

    A vossa actividade cobre todo o país?

    RM – Neste momento, estamos com alguns projectos a nível nacional e cobrimos todo o território. No ano de 2015 iniciámos um projecto que designámos de Projecto Colaborativo de Planos de Segurança da Água, no âmbito do qual agregamos várias entidades – tínhamos SMAS de Torres Vedras, SMAS de Vila Franca de Xira, EMAR Portimão, SM Nazaré e CM Barreiro. No ano passado arrancamos com mais 2 novos Projetos Colaborativos PSA, um na região de Coimbra – onde participam a Águas Coimbra, os SMAS Leiria e Penafiel Verde, e outro na região do Algarve – onde participam CM Loulé, Inframoura e CM Silves. Já este ano, estamos prestes a arrancar com mais uma iniciativa destas na região de Setúbal – onde vão participar CM Palmela, CM Moita e CM Seixal.

    Quais os benefícios dos planos de segurança da água?

    RM – Em primeiro lugar, é uma ferramenta de gestão que utiliza uma avaliação do risco para direccionar as entidades para as situações que podem colocar em risco o funcionamento do seu sistema de abastecimento de água. Isto consiste na identificação de situações que podem dar origem a falta de água, à contaminação da mesma, à interrupção do abastecimento e, por exemplo, à falta de pressão. Fazemos uma avaliação de todo o sistema para identificar estas situações. Face a isso é identificado o que já existe implementado no sistema que permita minimizar ou mesmo eliminar essas situações e, se não existir, o que tem de ser feito. Portanto, vem fundamentar, de uma forma bastante transparente, e direccionar os escassos recursos que as entidades têm para garantir que o seu sistema irá sempre funcionar de uma forma adequada e que a água que chega à torneira do consumidor está, efectivamente, segura. A maior parte das entidades ainda se baseia na avaliação da qualidade final da água, ou seja, faz análise na torneira do consumidor e, quando detecta uma situação que não está conforme, já essa água foi utilizada ou consumida. Portanto, não estamos a prevenir situações destas. O que o plano de segurança da água faz é orientar a entidade no sentido de prevenir essas situações e, assim, garantir que, efectivamente, quando a água chega à torneira do consumidor, está própria para consumo.

    Têm também em vista o aumento da eficiência dos sistemas e a redução de perdas de água?

    RM – Sim. Tudo isso faz parte desta avaliação e da definição das práticas que as entidades devem ter no sentido de garantir a qualidade, quantidade, continuidade e pressão. Portanto, as perdas são uma situação identificada e levantada no âmbito desta avaliação do risco e a entidade é depois direccionada no sentido de resolver essa situação.

    CM – As perdas influenciam tanto a quantidade da água disponível, como a qualidade da água também, porque se tivermos perdas, podemos, com variações de pressão no sistema, ter a entrada de contaminantes na água da rede de distribuição, que chegarão depois à torneira do consumidor, podendo comprometer a saúde humana.

    A nível nacional, de uma forma geral, qual o estado dos sistemas de distribuição de água?

    RM – Temos um país que funciona a várias velocidades.

    CM – O que verificamos é que há uma debilidade muito grande na parte organizacional das entidades. As entidades não estão preparadas, muitas vezes não têm informação suficiente ou esta não está sistematizada, não é analisada e, portanto, há um trabalho de fundo para ser feito até conseguirmos fazer a avaliação e gestão do risco. Apesar de haver já muitas entidades que estão razoavelmente bem organizadas, a maior parte tem ainda muito trabalho para ser feito nesta área.

    RM – A ERSAR [Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos] publica anualmente um relatório sobre os serviços de águas e resíduos de Portugal – o RASARP – onde é feita uma avaliação das entidades em vários aspectos, desde as perdas ao conhecimento infraestrutural, à sustentabilidade financeira. Há imensa informação que dá uma ideia de que, efectivamente, há entidades que têm uma boa gestão e, depois, há outras que nem por isso.

    Pode dizer-se que é um problema mais relacionado com o conhecimento e a formação do que com a qualidade da infra-estrutura?

    RM – Não. A questão da reabilitação e conservação das infraestruturas é um problema.

    CM – As infra-estruturas têm, muitas delas, avançada idade, têm muitas perdas, que advém dessa mesma idade, pois essas infra-estruturas nunca foram reabilitadas. Foram construídas infra-estruturas e, depois, não se pensou mais nelas. Em muitos municípios, o “dinheiro da água” não é novamente aplicado no sistema de abastecimento. Não é feita reabilitação anual. A infra-estrutura é feita e não pode ser substituída toda de uma vez. A reabilitação tem de ser faseada e tem de ter como base uma gestão patrimonial de infra-estruturas, onde se identificam as áreas prioritárias de intervenção e isso não tem acontecido em Portugal. As infra-estruturas estão velhas, há muitas perdas, há muitos problemas e isso tem de começar a ser resolvido e, aqui, o plano de segurança da água vem também apoiar a decisão em identificar quais são as zonas – porque não se consegue reabilitar tudo – onde há o maior risco a nível de impacto no serviço em termos qualidade, quantidade, continuidade e pressão.

    Sentem que existe, por parte das entidades com quem trabalham, vontade em resolver esses problemas?

    RM – Sim, há vontade, mas é uma questão de recursos financeiros e, por vezes, de recursos humanos.

    CM – E de restrições, durante estes anos todos, de colocação de pessoas na função pública. Aliás, com aqueles rácios não podem ser colocadas pessoas novas e, desta forma, têm havido muitos problemas por falta de recursos humanos para desenvolverem mais trabalho.

    Quem envolvem mais no processo?

    RM – No âmbito dos planos de segurança de água, nós temos as valências. Um dos resultados do plano de segurança de água é um plano de acções e quem gere esse plano são as entidades. No âmbito desse plano de acções haverá necessidade de envolver outras empresas, dependendo da acção. Nós temos parceiros, mas mais no âmbito da engenharia e da consultoria, porque a nossa actividade tem de ser muito imparcial.

    Neste momento, como se caracteriza a vossa presença internacional?

    RM – Essa presença internacional está muito relacionada com o trabalho que desenvolvemos com a OMS, portanto, não há ainda um mercado específico. É onde a OMS estiver a actuar.

    Quais são os moldes da vossa parceria com a OMS?

    RM – Incide sobre a área da formação – neste momento estamos a trabalhar mais na área da formação do planeamento da segurança e também na área da consultoria – mais em desenvolvimento do projecto. Iniciámos a nossa colaboração com a OMS em Portugal e foi na área da consultoria, de apoio ao projecto em planeamento da segurança do saneamento que decorreu em Portugal. Mas, actualmente, é mais na área da formação e poderá ser tanto no Planeamento da Segurança do Saneamento como nos Planos de Segurança da Água, pois pertencemos ao grupo restrito de formadores da OMS nestas duas valências.

    Que vantagens traz esta parceria para a vossa empresa?

    RM – Tem sido uma parceria bastante boa porque permite-nos estabelecer contactos mas é preciso notar que estamos numa fase inicial. Há também que realçar o conhecimento que se adquire de outras realidades. Os contactos, por sua vez, permitirão, esperamos nós, que haja mais trabalho.

    E vêem esta parceria como reconhecimento da vossa capacidade técnica?

    RM – Sim, aliás, é por causa disso que no ano passado estivemos na Albânia, na Austrália e na Índia. Tudo com a OMS.

    CM – No ano de 2015 estivemos no México e na Jordânia.

    Num país desenvolvido como a Austrália, quais são os desafios enfrentados no âmbito da questão da segurança do abastecimento de água?

    RM – A nossa presença na Austrália enquadrou-se no âmbito da formação em planeamento da segurança do saneamento. Esta abordagem, semelhante à dos planos de segurança da água, é recente e a Austrália é um dos países que, em termos de planos de segurança da água está muito à frente – foi um dos pioneiros dos planos de segurança de água. Esta abordagem pode ser aplicada em qualquer contexto, independentemente do desenvolvimento tecnológico e dos recursos porque é uma ferramenta de gestão. É uma boa prática. Faz uma avaliação do risco, identifica os riscos prioritários, faz uma gestão do sistema, implementando barreiras ao longo deste para evitar a contaminação, a recontaminação, a falta de água ou a interrupção do abastecimento, obriga a que haja uma monitorização dessas medidas de controlo, que haja o estabelecimento de limites operacionais que permitam que a entidade actua atempadamente, prevenindo situações de maior risco.

    Ao invés, a Índia é um país com muitos desafios nesta área?

    RM – Muitos mas nós, cá em Portugal, também temos. O saneamento tem sido sempre o parente pobre dos serviços de águas.

    Quais são os principais problemas que afectam Portugal?

    RM – São infra-estruturas que necessitam de ser reabilitadas, é a questão das redes de drenagem unitárias e separativas e, nestas últimas, as ligações com as águas pluviais, a questão das inundações, das obstruções dos colectores devido a más práticas dos utilizadores, a formação das pessoas, a falta de condições de segurança para os trabalhadores..

    CM – A própria gestão das ETAR [estações de tratamento de águas residuais], as descargas das águas que não cumprem com parâmetros de descarga, há contenciosos com a União Europeia por causa dessas situações. Aliás, Portugal é um dos países com mais incumprimentos a nível europeu em termos de legislação ambiental.

    A nível internacional, quais são os principais desafios nesta área?

    RM – Um dos objectivos da Agenda de Desenvolvimento Sustentável é o abastecimento de água segura e o acesso a saneamento seguro. Portanto, evoluímos dos objectivos do Milénio, de acesso à água e saneamento, para acesso a água e saneamento seguros e por algum motivo foi considerado que esses deviam ser os objectivos. Ao contrário dos objectivos do Milénio, direccionados para os países com menos recursos, aqui, os objectivos do Desenvolvimento Sustentável dirigem-se a todos os países. Efectivamente, acho que são esses os desafios: o acesso de todos a uma água segura e a saneamento seguro em todos os países que pertencem às Nações Unidas.

    Prestam também formação nessa área?

    RM – Tem sido uma área que temos estado a desenvolver bastante. A nível nacional, em termos de planeamento da segurança do saneamento, fomos as pioneiras. Trouxemos essa abordagem em 2014 e temos, de alguma forma, estado a sensibilizar o sector para a necessidade de haver uma abordagem mais integrada na forma como os nossos sistemas são geridos.

    CM – E da água também!

    RM – Sim. Temos apostado em desenvolver um serviço bastante focado em apoiar as entidades no desenvolvimento e implementação dos planos de segurança da água. Não tem sido um percurso muito fácil, enquanto empresa. Mas acho que temos feito um papel muito importante para a disseminação destas abordagens em Portugal e pensamos que de alguma forma já somos reconhecidas como tal.

    E encontram abertura?

    RM – Os técnicos têm muita abertura e consciência da importância destas ferramentas. A nível de decisores políticos, acho que ainda não estão muito sensibilizados para a importância efectiva desta abordagem para a melhoria da qualidade do serviço prestado e garantia de um fornecimento seguro de água.

    A nível internacional, como vêem a importância de exportar a informação para países com menos recursos?

    RM – É, obviamente, muita. Aliás, o trabalho que fazemos com a OMS é muito focado nesses países. Em alguns aspectos, são países com abordagens muito interessantes e eficazes, que nós também devíamos aprender e utilizar.

    O facto de a empresa ter surgido em 2011 e, hoje, estar já a trabalhar com a OMS constitui um factor de notabilidade?

    RM – Somos uma empresa pequena e acho que não queremos ser uma empresa grande, atendendo ao trabalho que fazemos e às exigências que impomos à qualidade do nosso trabalho. Tem sido um percurso muito duro, muito trabalhoso, mas acho que nós, enquanto empresa pequena, já conseguimos imenso. A nossa rede de contactos internacional é muito grande, não só em termos de pessoas que contactamos e conhecemos mas também em termos de organizações com quem, de alguma forma, temos colaborado. A nível nacional, de alguma forma, já vamos sendo uma referência no mercado, no que diz respeito aos planos de segurança da água e no planeamento da segurança do saneamento – somos a única empresa em Portugal que desenvolve trabalho nesta área. Efectivamente, acho que tem sido um percurso bastante positivo e tem-nos motivado, apesar das dificuldades, a continuar.

    Não têm concorrência?

    CM – Temos concorrência, alguma direta, e outra indireta.

    Refere-se a empresas que não têm competência para fazer o trabalho que a Acquawise faz?

    RM – Digamos assim: no que diz respeito ao planeamento da segurança do saneamento, em Portugal não há. É uma abordagem recente e nós pertencemos ao grupo restrito dos formadores da OMS para esta temática. Foi criado um grupo para depois disseminar esta metodologia e, em Portugal, somos as únicas que pertencem a esse grupo. No que se refere aos planos de segurança da água, o mercado tem estado a desenvolver-se no que diz respeito a empresas concorrentes. Quando a Cristina fala em concorrência indirecta, não é a questão de maior ou menor competência, mas sim de se tratar de uma concorrência que não é clara. Temos entidades individuais ou colectivas que, eventualmente, não poderiam estar a prestar este serviço.

    Como surgiu a empresa?

    RM – Tanto eu como a Cristina trabalhávamos na Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) e houve uma altura em que, apesar de gostarmos do trabalho que desempenhávamos aí, decidimos que fazia sentido darmos um próximo passo e criar uma empresa. Face ao conhecimento que tínhamos do sector da água, em particular no que diz respeito aos serviços de abastecimento, considerámos que o desenvolvimento e implementação dos planos de segurança da água seria muito benéfico para estas entidades e, na altura, já o regulador começava a abordar a questão dos planos de segurança da água, transmitindo a sua importância. Nesse sentido, criámos a Acquawise, muito focada no apoio a estas entidades. Entretanto, fomos evoluindo, participámos na iniciativa de Gestão Patrimonial de Infraestruturas com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e começámos a desenvolver trabalho nessa área. Também desenvolvemos trabalho na área da gestão de perdas, tivemos uma parceria com uma empresa israelita mas, como quisemos direccionar mais a nossa actividade para a segurança da água e do saneamento, e sendo uma empresa pequena, acabámos por deixar de nos focar em áreas em que havia já empresas no mercado e direccionar a nossa actividade para a segurança da água e para a gestão patrimonial de infraestruturas.

    Pode dizer-se que identificaram uma lacuna no mercado?

    RM – Na altura, quando criámos a empresa, não havia empresas com este foco. Agora já começam a existir.

    Referiu uma parceria com uma empresa israelita. Israel é um país que, em termos de gestão de recursos hídricos é um modelo a seguir no mundo, não é?

    RM – A nossa parceria assentou mais numa base tecnológica. A empresa tinha um software direccionado para a monitorização, em tempo real, das redes de distribuição e acho que, em termos de desenvolvimento de tecnologia, considerámos que a ferramenta era bastante boa. Mas, em Portugal, neste momento, também já temos ferramentas semelhantes que apoiam as entidades gestoras na monitorização das redes.

    É uma área de constante desenvolvimento tecnológico?

    RM – No que diz respeito à monitorização das redes, tem havido alguma evolução, principalmente com a introdução dos smart meters.

    Quais os vossos objectivos e perspectivas para o futuro próximo?

    RM – Esperamos que haja uma maior sensibilização para a questão da segurança da água e do saneamento e que haja uma evolução no sentido de as entidades gestoras perceberem que isto são ferramentas de gestão, são boas práticas, para garantir que os serviços que prestam são efectivamente eficientes e que vão ao encontro das necessidades e satisfação dos utilizadores.

    Sobre o autorPedro Cristino

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    Desenvolvido pela Finangeste, o edifício, em plenas Avenidas Novas, em Lisboa, conserva a fachada original. Além da venda, a mediadora acompanhou e apoiou o arquitecto no desenho e concepção do projecto

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    A consultora imobiliária especializada no segmento luxo, Quintela e Penalva, acaba de anunciar o fecho de vendas do projecto residencial D’Avila. Desenvolvido pela Finangeste, investidor institucional que actua no mercado português há mais de 40 anos, o D’Avila foi um “enorme sucesso comercial”.

    O envolvimento do departamento de empreendimentos da mediadora foi significativo, tendo iniciado com o apoio ao arquitecto no desenho e concepção do projecto, desde o ajuste de plantas à introdução de amenities adaptadas em função das necessidades do mercado e à coordenação da criação integral do branding e infopack do projecto.

    Segundo Jorge Costa, COO da Quintela & Penalva, “o D’Ávila é um excelente exemplo de como o nosso departamento de empreendimentos, e o trabalho de desenvolvimento em estreita colaboração com os promotores, contribui para o sucesso comercial dos projectos e para a satisfação dos clientes”.

    Recuperado a partir de um edifício antigo, em plenas Avenidas Novas, em Lisboa, o edifício conserva a fachada original que, conjugada com a “leveza e simplicidade” da arquitectura contemporânea, apresenta um “cariz muito especial”.

    Os interiores foram projectados para oferecer o “máximo conforto”, enquanto as áreas comuns são onde os residentes podem aproveitar para desfrutar do spa e do ginásio.

    O D’Avila dispõe de 22 apartamentos, de tipologias T1 a T3, dos quais fazem parte duas penthouses duplex. Todas as unidades são “espaçosas e funcionais”, com vãos envidraçados, do chão ao tecto, e quartos todos em suite.

    O sucesso do D’Avila mostra, segundo Francisco Quintela, CEO da Quintela e Penalva, parceiro em Portugal da Knight Frank, “que Lisboa continua a estar no radar dos investidores e que os produtos de qualidade têm procura garantida”.

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    Gebalis apresenta segunda fase do programa ‘Morar Melhor’

    Com um investimento de quase 1,3 M€, a obra contempla a construção de seis núcleos necessários para instalação de 10 novos elevadores no bairro Padre Cruz e todas as intervenções necessárias associadas

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    O programa de reabilitação dos bairros municipais de Lisboa ‘Morar Melhor’ apresentou esta sexta-feira, dia 26 de Abril, uma nova empreitada, no Bairro Padre Cruz. Com um investimento de quase 1,3 milhões de euros, acrescido de IVA, o projecto prevê a instalação de 10 elevadores em edifícios localizados na Rua Rio Sado e na Rua Rio Guadiana que vai beneficiar 201 fracções e aproximadamente 500 moradores.

    Está considerada na empreitada a construção de seis núcleos necessários para instalação de 10 novos elevadores e todas as intervenções necessárias para cumprimento da legislação de segurança, segurança contra incêndios, acessibilidades, iluminação, electricidade e ventilação. Serão, ainda, construídas duas rampas para assegurar o acesso necessário em dois dos lotes.

    “Tendo em conta o número de pessoas idosas que aqui habitam, esta intervenção responde a uma necessidade que há muito tinha sido identificada e à qual conseguimos agora responder. Esta instalação é totalmente nova, o que eleva ainda mais a importância deste investimento e o impacto na qualidade de vida dos moradores”, refere Fernando Angleu, presidente do Conselho de Administração da Gebalis.

    Esta empreitada faz parte de um conjunto de 58 que compõem o Plano de Reabilitação acordado entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Gebalis e que teve início em 2023. Até ao final de 2024 estarão concluídas as primeiras obras de reabilitação dos bairros 2 de Maio, Açucenas, Alfinetes, Boavista, Bom Pastor, Condado, Flamenga, João Nascimento Costa, Padre Cruz, Rego e Telheiras Sul.

    Considerado o maior investimento realizado na habitação municipal desde o Programa Especial de Realojamento (PER), o ‘Morar Melhor’ inclui intervenções de fundo em 478 edifícios, impactando 8614 frações, e reabilitação directa de 1545 fogos habitacionais.

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    Reabilitação Urbana abranda ritmo de crescimento

    Os dados obtidos no último inquérito realizado pela Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, AICCOPN, junto dos empresários do sector que actuam no segmento da Reabilitação Urbana revelam abrandamento do crescimento do nível de actividade

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    De acordo com os dados obtidos no inquérito realizado pela AICCOPN, observa-se um abrandamento da tendência de crescimento do índice Nível de Actividade, que registou em Março, um crescimento de 1,4%, em termos homólogos, Já o índice qualitativo referente à evolução da Carteira de Encomendas observou um decréscimo de 3,3%, face ao apurado no mesmo mês de 2023.

    Relativamente à Produção Contratada, ou seja, quanto ao tempo previsto de laboração a um ritmo normal, no mês de Março, fixou-se em 10,3 meses, o que corresponde a um aumento em relação aos 8,5 meses registados em Março de 2023.

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    EDIH DIGITAL Built com apresentação pública

    O consórcio do EDIH DIGITALbuilt vai realizar o primeiro evento de apresentação pública, no próximo dia 30 de Abril na sede da Ordem dos Engenheiros. O projecto tem como objectivo contribuir para aumentar a competitividade, sustentabilidade e eficiência do sector AEC e aumentar a eficiência da administração pública na temática do ambiente construído

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    Financiado pelo Programa de Recuperação e Resiliência, DIGITALbuilt é um European Digital Innovation Hub (EDIH) que unifica três clusters na temática do ambiente construído: arquitectura, engenharia e construção, recursos minerais e ferrovia. Conta com a parceria do BUILT CoLAB, de Centros de Interface Tecnológica (ITECONS, StoneCITI, Centro de Competências Ferroviárias e INESC TEC) e com outras entidades de suporte (FI GROUP e FNWAY).

    Este EDIH, irá disponibiliza às PME e à administração pública, quando aplicável, serviços de transformação digital, capacitação, inclusão digital, apoio à procura de financiamento e de intermediação, serviços de incubação de PME e diagnósticos de maturidade digital. Tem como objectivo contribuir para aumentar a competitividade, sustentabilidade e eficiência destes sectores e aumentar a eficiência da administração pública na temática do ambiente construído.

    No painel de Oradores, encontra-se confirmada a participação do deputy head da unit “Digital Transformation of Industrial Ecosystems” na DG CONNECT da Comissão Europeia, Gaspard Demur e da vogal do conselho de administração da ANI, Sílvia Garcia.

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    @Miguel Nogueira e Filipa Pinto

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    Porto: Infraestruturas desportivas com investimento superior a 17 M€

    Através da GO Porto, a Câmara do Porto, investiu nos últimos seis anos no alargamento e renovação de uma dezena de infraestruturas polidesportivas da cidade

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    A aposta do município do Porto na saúde e desporto acessível para todos foi reforçada com mais de 10 obras dedicadas à prática de exercício físico. Entre empreitadas já inauguradas, em curso ou ainda em projecto, o investimento supera os 17 milhões de euros, em zonas distintas da cidade, como Ramalde, Lordelo do Ouro, Paranhos ou ainda Campanhã.

    Entre as principais infraestruturas novas da cidade, é de realçar a empreitada do Campo Municipal do Outeiro, em Paranhos, num investimento municipal na ordem dos 5,5 milhões de euros, divididos por aquisição de terrenos, custos de projecto, empreitada e fiscalização.

    Com a construção das instalações desportivas, bancada com 510 lugares, edifício de apoio e respectivos acessos de circulação, a cidade deixou de ter campos pelados para a prática do futebol e devolveu ao histórico Sporting Clube da Cruz, assim como a outros clubes do Porto, um espaço de jogo digno.

    De forma a abranger mais modalidades e mais adeptos de um estilo de vida saudável, o Parque Desportivo de Ramalde/ INATEL, que está sob gestão da Ágora – Cultura e Desporto do Porto, oferece, desde 2017, uma pista de atletismo com seis corredores e um campo de relva homologado para a prática de futebol de 11 e de râguebi.

    Em 2019, foi inaugurado o Skate Park de Ramalde, dentro do complexo desportivo, onde crianças, jovens e adultos têm pela primeira vez um espaço onde podem aventurar-se nesta modalidade. Dois anos depois, a GO Porto avançou com a ampliação do espaço e a construção de um bowl.

    Neste momento, está a decorrer a segunda fase da empreitada neste Parque Desportivo, que engloba um novo campo de jogos de futebol e râguebi, com um edifício de apoio com bancada coberta, um recinto para as práticas de atletismo e de zonas de tiro ao arco. Esta última empreitada está orçada em perto dos 4,9 milhões de euros.

    A Piscina Municipal Engenheiro Armando Pimentel, da responsabilidade da empresa municipal Ágora, voltou a abrir portas, totalmente equipada e requalificada. Num investimento municipal a rondar os 2 milhões de euros, esta intervenção permitiu colmatar um conjunto de deficiências de carácter estrutural no interior e exterior do edifício.

    De forma a fomentar a prática de exercício físico na aprendizagem das crianças da cidade do Porto, o Município investiu, ainda, cerca de 400 mil euros na requalificação de 10 infraestruturas exteriores de seis Escolas Básicas: EB 2/3 António Nobre, EB 2/3 Areosa, EB 2/3 Manoel de Oliveira, EB 2/3 Pêro Vaz de Caminha e EB 2/3 Leonardo Coimbra.

    Entre as várias intervenções, contam-se novos pisos e equipamentos para diferentes modalidades desportivas: futebol, basquetebol e andebol, contribuindo assim para a integração social destas comunidades.

    Durante o primeiro trimestre de 2024, arrancaram também as obras na bancada do Campo do Viso, e nas infraestruturas elétricas do Estádio da Praia. Esta primeira empreitada, estimada em 215 mil euros, pretende requalificar a bancada existente, com vista à melhoria das condições de conforto, segurança e circulação.

    Já o Estádio da Praia, a maior infraestrutura desportiva sazonal gerida pela Ágora e que funciona há 15 anos com diversas competições e atividades, está a ser reabilitado ao nível do equipamento eléctrico e torres de iluminação, com um valor de empreitada de 79 mil euros.

    Com arranque previsto para o segundo semestre de 2024, o Campo Municipal de Campanhã, um novo equipamento desportivo com implantação em terreno entre a Rua de Justino Teixeira e as piscinas municipais, ainda carece do visto do Tribunal de Contas.

    Com uma área que ascende aos 17 mil metros quadrados, o espaço abrange um campo de jogos com bancada coberta, além de um edifício de apoio e novo arruamento com lugares de estacionamento. Este novo complexo desportivo tem um valor de empreitada na ordem dos 4,6 milhões de euros.

    Ainda em contratação de projeto encontra-se a Zona Desportiva Oriental, em Campanhã. Designada por Espaço Radical Zona Oriental, trata-se da construção de um parque de desporto com a instalação de um skate park, pump track, estações de street workout, basquetebol e escalada.

    Também em fase de contratação de projecto, a GO Porto tem ainda em mãos a construção de um novo complexo desportivo no Campo Municipal da Ervilha, que serve o Futebol Clube da Foz, com três campos de futebol com relvado sintético, bancada, balneários, ginásio, edifícios de apoio para áreas administrativas e arranjos exteriores.

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    Mapei leva nova gama de produtos à Tektónica

    A Mapei irá marcar presença de 2 a 5 de Maio no evento anual dedicado ao sector da construção, com a apresentação de uma nova linha de produtos dedicada ao segmento da reabilitação

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    O fabricante mundial de produtos químicos para a indústria da construção marcará, uma vez mais, presença na Tektónica, uma feira que considera estratégica para divulgar soluções, estabelecer contactos estratégicos e acompanhar as mais recentes tendências do mercado.

    Em destaque nesta edição estará a sua nova linha Mape-Antique, uma gama completa de argamassas compostas por cal e eco-pozolana uma gama de produtos, completamente isentos de cimento, dedicadas à consolidação e reabilitação da alvenaria de edifícios de valor histórico e arquitectónico, realizados em tijolo, pedra, tufo ou alvenaria mista.

    Os produtos da gama Mape-Antique têm características físico-mecânicas muito semelhantes às das argamassas para alvenaria e rebocos utilizadas no passado, razão pela qual resultam mais compatíveis com qualquer tipo de estrutura original.

    Ao mesmo tempo, têm elevada resistência físico-química às acções agressivas, ambientais (chuva ácida, gelo-degelo e gases poluentes) e internas à alvenaria (sais solúveis e humidade). A maioria dos produtos Mape-Antique possui elevados valores de transpirabilidade e, no caso dos rebocos desumidificantes, de porosidade. Graças à sua estrutura macroporosa, são capazes de favorecer a evaporação da água presente na alvenaria muito mais do que as tradicionais argamassas para reboco de base cimentícia ou de cal-cimento. Este processo permite que as estruturas húmidas sequem, ou evitem a ascensão capilar de humidade, o que proporciona um maior conforto habitacional. Além disso, se estiverem presentes na alvenaria sais solúveis, estes cristalizam dentro dos macroporos, sem produzir tensões no reboco que o possam degradar.

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    Passivhaus Portugal com programa extenso na Tektónica

    A Passivhaus Portugal marca mais uma vez presença na Tektónica. Juntando num espaço próprio vários dos seus parceiros e criando várias dinâmicas de workshops e conversas em contínuo. Uma oportunidade para conhecer melhor este padrão que é também uma certificação

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    Em conjunto com os parceiros em exposição, a Passivhaus Portugal construiu um programa de workshops práticos contínuos, com apresentação de soluções, formas de aplicação, resolução de problemas, e muito mais. Entre workshops poderá também assistir à apresentação de projectos Passivhaus e algumas conversas entre stakeholders da área.
    De notar que o sector da eficiência energética é o que mais vai crescer nesta edição da Tektónica. Não será por acaso. A procura de soluções de habitação, residencial e de escritório, que geram poupança ao mesmo tempo que garantem conforto, saúde para os seus habitantes, e protecção para o meio ambiente, está a crescer.

    “Porque é que em Portugal, um país com um clima ameno, temos de viver com maior desconforto dentro de nossa casa ou do escritório onde trabalhamos, do que alguém que vive num clima frio? Não faz sentido. E isso é algo que entre a classe profissional é já óbvio e começa a tornar-se também para o público em geral. O padrão Passive House dá resposta a todas as questões de conforto, saúde e eficiência e, em Portugal, de forma até mais simples do que, por exemplo, na Alemanha, uma vez que falamos do único padrão no mundo que é quantitativo e rigoroso. E esta é uma das mensagens que levamos para a Tektóncia”, afirma João Marcelino, presidente da Passivhaus Portugal.

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    OASRS apresenta conferência “As Brigadas de Abril”

    No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos recordou o estabelecimento e a acção do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) na conferência “As Brigadas de Abril”

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    O aprofundamento das pesquisas sobre o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), corpo de especialistas criado em 1974 para desenhar e pôr em marcha soluções habitacionais para a imensa população dos bairros de lata, barracas e casas degradadas de Portugal, em coordenação com associações de moradores e os seus recursos eventualmente disponíveis, levou o arquitecto e investigador da CEAU-FAUP Ricardo Santos a afirmar-se espantado pela dimensão, heterogeneidade e desenvolvimentos do “processo”.

    Presente na sessão organizada pela Secção de Lisboa e Vale do Tejo “As Brigadas de Abril”, que decorreu no dia 23 de abril, na sede da Ordem dos Arquitectos, o arquitecto contextualizou o SAAL como um “processo”.

    “As pessoas não falam em projecto, começava antes da intervenção e continuava depois do projecto, com alta participação popular, a ideia de democracia directa, o controlo pelo povo, ao serviço do qual estavam os técnicos”, destacou.

    O SAAL registou 170 operações iniciadas, a construção de 76 bairros e o envolvimento de 42 mil famílias entre 1974 e 76, ano em que passou para a alçada das autarquias. “Só em Lisboa houve intenção de construir 17 bairros, sete chegaram à construção, dois foram terminados”.

    A arquiteta Lia Antunes, a preparar uma tese sobre a intervenção das mulheres no SAAL (no Darq-UC e Centro Interdisciplinar de Estudos de Género do ISCSP), destacou o papel das moradoras dos bairros de lata, a sua tomada da palavra como a primeira ideia de cidadania, a sua organização e o conhecimento sobre os fogos existentes, sobre as casas que seriam necessárias e sobre a composição das famílias. “As mulheres preparavam as palavras de ordem para as manifestações”, sinal da consciência da sua condição e da vontade reivindicativa.

    Quanto às técnicas, o seu papel é significativo, como foi o caso da arquiteta Ana Salta e de Manuela Madruga (da Brigada Técnica, nome das equipas técnicas do SAAL, maioritariamente com jovens arquitetos e estudantes, que viriam a elaborar planos e projetos e a diagnosticar as situações habitacionais) no Bairro Esperança de Beja; com Nuno Portas, a arquiteta Margarida de Souza Lobo tinha esboçado um modelo de intervenção multidisciplinar e de habitação evolutiva para o bairro de lata da Quinta do Pombal; a socióloga Isabel Guerra, que trabalhou nos bairros sociais de Setúbal, “em janeiro de 74 já tinha apresentado uma proposta para o Bairro da Liberdade que antecipava o SAAL”; “as assistentes sociais foram a cola do processo”, com presença diária nos bairros mediando conflitos, respondendo aos inquéritos sobre as condições físicas dos bairros, e sobre necessidades e desejos das populações. Houve também “uma dimensão internacional” com participação de técnicas de outros países e muitos outros exemplos de compromisso, de “urgência, intensidade, generosidade” podiam ser dados.

    Justamente sobre a “intensidade” dos trabalhos e da vivência que os caracterizou falou Adelaide Cordovil, assistente social e elemento da equipa do SAAL no Fonsecas-Calçada. “Já lá vão 50 anos, era tudo muito intenso. Estava a destapar-se uma panela de pressão?”. Adelaide Cordovil explicou que as pessoas acreditavam no que podiam transformar, tinham essas vontade e energia, aprendiam umas com as outras e tinham ideias claras e fundadas do que precisavam para as suas casas.

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    2024 será um ano de expansão para a Hipoges

    A Hipoges atingiu 49 mil milhões de euros em activos sob gestão a nível global até ao final do de 2023, mantendo uma taxa de crescimento contínuo em todos os países onde opera e avançando no seu plano de crescimento estratégico

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    O anúncio foi feito pelos líderes da Hipoges, Hugo Velez e Claudio Panunzio, durante o Town Hall 2024 realizado a nível global, que reuniu os quase 2.000 colaboradores que a Hipoges tem espalhados pelos seus 11 escritórios em Espanha, Portugal, Itália e Grécia.

    “Somos uma marca cada vez mais importante”, sublinha Hugo Velez. “O ano passado foi desafiante e 2024 também o é, mas continuamos a crescer, e fazemo-lo de forma sustentada e nos quatro países onde estamos presentes”.

    Claudio Panunzio refere que a Hipoges tem o desafio de “continuar a desenvolver as melhores práticas na gestão de activos”.”Ǫueremos concentrar-nos na nossa expansão internacional e tirar partido da nossa posição para continuar a crescer organicamente e também através de novas aquisições. Estamos actualmente a avaliar quatro ou cinco oportunidades de aquisição em Espanha, Portugal e Itália”.

    Durante o evento, a Chief Financial Officer da Hipoges, Marta Márquez, destacou a “clara tendência de crescimento” da empresa durante o ano de 2023, apesar do contexto de incerteza em que opera, o que lhe permite desfrutar de uma “sólida posição de mercado”.

    Já o Global Chief Operations da Hipoges, Juan Ramón Prieto, fez um balanço do desempenho da empresa em 2023, um ano em que “tivemos de superar grandes desafios devido à evolução da actividade jurídica e imobiliária em Espanha e Portugal”. Apesar dos atrasos nos prazos legais, da redução da quantidade de stock para venda e da queda das hipotecas, a Hipoges “conseguiu aumentar o volume de negócios e comercializar activos mais rapidamente do que o esperado, tanto em Espanha como em Portugal”.

    Durante o ano de 2023, a Hipoges reforçou as suas linhas de negócio e serviços, bem como a sua quota de mercado, através da criação de duas novas empresas e da aquisição de uma participação maioritária numa terceira: a KPI Hotel Management Solutions, especializada na gestão de hotéis e resorts, com presença em Portugal e Grécia; a Finanwin, uma plataforma de mediação hipotecária que opera em Espanha e Portugal; e a F&G, focada na gestão de documentação de activos financeiros.

    Durante a sua intervenção, Margarida Maia, Chief Services Officer, explicou que a equipa da Hipoges cresceu 15,8% em relação ao ano anterior, para 1.820 colaboradores no final de Dezembro de 2023 a nível global, e a empresa espera ultrapassar a marca dos 2.000 este ano. Foram abertos novos escritórios em Espanha, em Sevilha e na Corunha, e em Portugal, em Lisboa, existiu uma mudança para um novo escritório com uma capacidade mais adequada às necessidades da empresa.

    Durante o seu Town Hall 2024, a Hipoges avançou ainda as quatro grandes linhas do plano estratégico em que a empresa pretende alicerçar o seu crescimento: diversificação dos mercados geográficos e das linhas de actividade; aposta na inovação tecnológica; melhoria da eficiência e das margens de rentabilidade; e aposta na captação e fidelização de clientes.

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    Roca Group assegura o fornecimento de energia renovável a todas as suas operações na Europa

    Esta iniciativa representará uma redução de mais de 50 000 toneladas de CO2 equivalente por ano nas emissões provenientes do consumo de electricidade do Grupo

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    O Roca Group, líder mundial em design, produção e comercialização de produtos para a casa de banho, anunciou um contrato de compra de energia renovável a longo prazo (PPA – power purcha-se agreement), que terá vigência de dez anos, de 2025 a 2035, ligado às novas instalações solares Trévago I & II, situadas na província de Sória, em Espanha.

    A entrada em funcionamento das instalações de produção solar Trévago I e II está prevista para Julho de 2025. Estas instalações contam com uma capacidade de 86,84 MWp. Do total da capacidade, 80% destina-se ao Roca Group e prevê-se a produção de 120 GWh de energia limpa anualmente, o que corresponde ao volume necessário para abranger o consumo eléctrico de todas as operações do Grupo em território europeu.

    Os projectos estão a ser desenvolvidos pela Bruc Energy, uma empresa de produção de energia renovável, e contou-se com a consultoria jurídica da Baker McKenzie, por parte do Roca Group, e da Allen & Overy, por parte da Bruc, assim como com o apoio estratégico da Schneider Electric, através dos respectivos serviços de consultoria em PPA, no que respeita à coordenação de todo o processo.

    Este processo representará uma redução de mais de 50 000 toneladas anuais de CO2 equivalente, o que corresponde ao consumo de energia do Grupo na Europa. Trata-se de mais um objectivo atingido no plano de descarbonização do Roca Group que se vem juntar à recente entrada em funcionamento da primeira fábrica de produção de louça sanitária neutra em emissões de carbono a nível mundial. O Grupo acumula já uma redução de 39% nas respectivas emissões directas de CO2 equivalente e de 47% na respectiva intensidade energética entre 2018 e 2022, aproximando-se do objectivo de reduzir para zero as emissões líquidas em 2045.

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