Investigadores da Rutgers desenvolvem “eco-betão”
Até agora, esta tecnologia tem sido utilizada para fazer mais de 30 materiais diferentes, que incluem betão que armazena dióxido de carbono, “o principal gás de estufa ligado às alterações climáticas”
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Investigadores da Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, descobriram uma forma de criar um tipo de betão “amigo do ambiente”.
Num artigo científico, a universidade do estado de Nova Jersey realça que, no futuro, prevê-se que uma vasta panóplia de materiais compósitos seja mais forte, leve, barata e verde, “graças a uma invenção de Richard E. Riman”.
Há nove anos, Riman, um professor no Departamento de Ciências dos Materiais e Engenharia, da Faculdade de Engenharia desta universidade, inventou uma tecnologia energeticamente eficiente que recorre, em grande parte, a baixas temperaturas e a reacções de génse hídrica. Como resultado, o docente e a sua equipa podem criar, dentro de água, materiais que, anteriormente, eram concebidos a temperaturas “bem acima das necessárias para decompor termicamente plásticos”.
Até agora, esta tecnologia tem sido utilizada para fazer mais de 30 materiais diferentes, que incluem betão que armazena dióxido de carbono, “o principal gás de estufa ligado às alterações climáticas”. Outros materiais envolvem múltiplas famílias de compósitos que incorporam uma vasta gama de metais, polímeros e cerâmica, cujo comportamento pode ser processado de forma a que se assemelhem a madeira, osso, conchas do mar e até aço. Para Riman, uma hipótese promissora reside na criação de materiais para automóveis leves. De acordo com este docente, que tem dúzias de patentes e foi recentemente nomeado membro da Academia Nacional de Inventores, os materiais poderiam ser utilizados para o motor, e aplicações interiores e exteriores. Outro materiais poderiam ter avançadas funções electrónicas, ópticas e magnéticas, que substituem as funções mecânicas.
“Em última análise, o que queremos é ser capazes de criar um “Vale dos Materiais” aqui, onde esta tecnologia poderá criar uma empresa atrás da outra”, explicou o docente, referindo que se trata de uma tecnologia “fundacional ou de plataforma para solidificar materiais que contêm cerâmica,entre outras coisas”. Segundo Riman, “podem ser cerâmica pura, cerâmica e materiais, cerâmica e polímeros – toda uma vasta gama de compósitos”.
De acordo com a universidade, este professor foca-se na criação de materiais cerêmicos sob condições sustentáveis, o que significa “pouca energia com uma pequena pegada de carbono”. A sua tecnologia patenteada cria ligações entre materiais a baixas temperaturas – foi designada rHLPD (densificação de fase líquida hidrotérmica reactiva), também conhecida como solidificação de baixa temperatura – e tem sido utilizada para criar materiais compósitos na Universidade de Rutgers.
“Tradicionalmente, não subimos acima dos 240 ºC para fazer os materiais compósitos”, explica Riman, referindo que uma grande parte destes processos “até são feitos à temperatura ambiente interior”.
Importância climática
Segundo a universidade, a ideia deste professor surgiu há décadas, mas não foi lançada antes de as alterações climáticas ganharem importância enquanto assunto quotidiano. “Quando se tornou importante para os investidores desenvolverem tecnologia “verde” para abordar a questão das emissões de carbono no mundo, decidi que era altura de levar esta tecnologia ao patamar comercial”, revela o docente.
Neste sentido, Riman fundou a Solidia Technologies, no mesmo estado, em 2008, uma “startup” que comercializa cimento e betão melhorados, e amigos do ambiente, para construção e infra-estruturas. “O betão é um mercado de 1 bilião de dólares [945 mil milhões de euros]”, salientou.
“A primeira coisa que fizemos foi mostrar que poderíamos criar um material que custa o mesmo que o cimento Portland convencional”, afirmou o investigador, explicando que a equipa desenvolveu “tecnologia de fabrico que nos permite “largar” a tecnologia mesmo no mundo do betão e cimento convencionais, sem termos de fazer grandes investimentos de capital, tipicamente encontrados quando uma tecnologia é disruptora para o mercado”. “Planeamos fazer a mesma coisa no negócio dos materiais avançados”, reforçou. Segundo a Rutgers, os produtos de betão comercializados pela Solidia têm uma força e durabilidade superiores aos convencionados e, combinados com o cimento da mesma empresa,”podem reduzir a pegada de carbono do cimento e do betão até 70%”.
Os produtos da área do betão da empresa de Riman incluem telhas, blocos de betão e lajes de construção de núcleo oco. “Quando conseguimos desenvolver tecnologias que são seguras e fáceis de utilizar, é decisivo – e isso é apenas uma das muitas áreas que estamos interessados em desenvolver”, salientou Richard Riman.
Neste sentido, o docente criou já uma segunda “startup”, financiada por investidores, a RRTC, que desenvolve materiais compósitos avançados para uma vasta panóplia de utilizações, como electrónica, óptica, farmacêutica, biomédica, biotecnologia, agrícola, entre outras.