“Dimensão depende do ecossistema empresarial do país”
Ao Construir, Nuno Costa realça ainda que a empresa adquirida esteve, mais recentemente, “envolvida num elevado número de concessões rodoviárias no Brasil (totalizando 9 mil quilómetros de auto-estradas concessionadas) e ainda no metro ligeiro de superfície de Dublin, na Irlanda”
Pedro Cristino
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A Quadrante anunciou, no início deste mês, a aquisição da totalidade do capital social da empresa Viaponte, explicando, na altura, que esta operação visa o reforço da área de transportes do grupo, “um dos objectivos do plano estratégico para o período 2016-2020”.
Em comunicado, o grupo Quadrante referia que esta aquisição “ocorre com o intuito de posicionar o grupo como o mais importante a nível nacional” na área dos transportes”. Ao Construir, Nuno Costa explica que a Viaponte “foi formada há quase 20 anos por profissionais da área de transportes que,a essa data, detinham já uma sólida experiência no sector, quer a nível nacional, quer a nível internacional”.
“Desde então”, continua o partner e CEO da Quadrante, “a Viaponte desenvolveu em Portugal grande parte da engenharia das concessões rodoviárias, tendo participado também, de forma muito relevante, nos projectos ferroviárias da modernização da Linha do Norte e nos estudos realizados para a alta velocidade ferroviária em Portugal”, bem como nos projectos do Metro do Porto.
Ao Construir, Nuno Costa realça ainda que a empresa adquirida esteve, mais recentemente, “envolvida num elevado número de concessões rodoviárias no Brasil (totalizando 9 mil quilómetros de auto-estradas concessionadas) e ainda no metro ligeiro de superfície de Dublin, na Irlanda”. Segundo este engenheiro, a Viaponte e os seus profissionais “detêm assim uma experiência a nível de transportes que é extremamente relevante e que está ao nível das melhores empresa internacionais”.
Complementaridade internacional
Outro factor destacado pelo Grupo Quadrante refere-se à presença internacional desta empresa portuguesa, que, agora adquirida, complementa a actividade além-fronteiras do grupo, que está presente no Brasil, Chile, Argélia, Gana Angola e Moçambique, marcando, a partir de agora, presença nos mercados onde a Viaponte operava – Roménia e Perú.
Neste sentido, Nuno Costa frisa que a Quadrante está há cerca de seis anos no Brasil, “com um sucesso muto apreciável, tendo este mercado tido já um peso de cerca de 35% nos proveitos da empresa”. Assim, “a presença da Viaponte neste mercado desde a mesma altura reforça bastante a presença do grupo” neste país lusófono, “dado que os clientes de ambas as empresas não se sobrepõem, havendo, por isso, elevada complementaridade”.
Relativamente ao mercado do Perú, o CEO da Quadrante revela que este país se encontrava nos objectivos estratégicos do grupo para 2018. “Trata-se de um mercado muito importante na América do Sul, com elevado investimento em infra-estruturas (muito alavancado no sector mineiro que, no último ano tem recuperado de forma expressiva)”, reforça, explicando que o facto de a Viaponte já estar presente neste país “permite acelerar a entrada das restantes áreas do grupo e, assim, antecipar os objectivos para este mercado”.
Relativamente à Roménia, Nuno Costa afirma que “a importância é menor,sendo um mercado secundário, dado que não está no plano estratégico do grupo”. “Será um mercado em que se procurará expandir o grupo mas, neste momento, numa visão mais oportunística, ou seja, aproveitando oportunidades que nos surjam”.
Mercado Nacional
No que concerne ao mercado nacional, o CEO revela que o peso de Portugal nos negócios da empresa – “quer antes, quer depois da aquisição” – “não ultrapassa 20% do seu volume de negócios, sendo, na área de transportes, bastante menos”. Sobre o mercado nacional, Nuno Costa refere que, embora o país “necessite de elevados investimentos ao nível de portos, vias férreas e, em especial, no transporte público e intermodalidade entre transportes públicos”, não está previsto “um volume significativo de investimentos em infra-estruturas de transportes para os próximos anos, excepção de alguns investimentos em via férrea”. Neste sentido, “esta operação não reforça a a nossa presença em Portugal”, revela o engenheiro explicando que o “target deste reforço destina-se ao aumento do volume de negócios na América Latina e Reino Unido”.
Massa crítica
A aquisição da Viaponte surge alguns anos depois de o Grupo Quadrante ter adquirido as empresas InfraConsult e Procesl. Questionado sobre se, com esta fusão, o grupo disporia de massa crítica suficiente para ombrear com os “players” internacionais, Nuno Costa revela que a Quadrante “possui um ambicioso plano de crescimento, visando tornar-se um importante “player” português a nível internacional e, assim, ajudar também a projectar a engenharia portuguesa no mundo”.
Engenharia essa que, segundo o partner da Quadrante “foi, nos anos 60, muito reconhecida a nível internacional, não o sendo actualmente, e o efeito multiplicador da engenharia para a economia e bem-estar de um país é bem conhecido”. “Porém”, contrapõe, “os engenheiros portugueses são reconhecidos como de elevada craveira em qualquer organização internacional, pelo que é necessário que se junte a excelência dos profissionais, com a excelência das organizações portuguesas”. “A dimensão e o cresicmento são ingredientes essenciais para isso”, complementa.
Contudo, para Nuno Costa, o grupo está ainda “muito longe dos grandes players internacionais”, que são “suportados por clientes que são grandes grupos à escala internacional, que Portugal não tem”.
Neste âmbito, considera que um país “que tenha empresas muito grandes na área da construção, energia”, entre outras, “fomenta o crescimento das empresas que apoiam esses grandes grupos, levando-as para os seus mercados”. Com esta medida, “criam riqueza económica e social no país de origem, pela solidadez do tecido empresarial e oportunidades dadas aos seus recursos humanos”.
Todavia, Nuno Costa considera que existe, em Portugal, “um complexo contra as grandes empresas, contra os empresários que ganham dimensão”, motivo pelo qual “mesmo as nossas grandes empresas são muito poequenas à escala global”. “Veja-se o caso de uma Galp, EDP, Mota-Engil, Teixeira Duarte, Sonae, etc – são empresas cujo crescimento não tem sido simplificado pelo próprio país”, destaca.
Para Nuno Costa, “a dimensão das empresas nacionais do nosso sector,e também de outros, nunca poderá ser muito relevante, pois a dimensão depende do ecossistema empresarial do país”.