RRCRS e Miguel Marcelino vencem Prémio de Arquitectura de Odivelas
Miguel Marcelino deixou o alerta: “E quanto aos edifícios mais recentes de finais do século passado, já em modernas estruturas porticadas de betão armado? Aí, o debate é inexistente. No entanto são nestes edifícios que a esmagadora maioria das famílias vive nas cidades”
Ana Rita Sevilha
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O Edifício de actividades económicas, em Arroja, da autoria do gabinete RRCRS Arquitectos, foi o vencedor do Prémio Municipal de Arquitectura de Odivelas. Nesta 5ª edição, o júri distinguiu também, com uma Menção Honrosa a reabilitação de um apartamento da autoria de Miguel Marcelino.
No discurso de aceitação da Menção Honrosa, Miguel Marcelino fez uma análise ao mercado da reabilitação, referindo que: “O tema da reabilitação urbana tem estado na ordem do dia com o impulso que o sector do turismo trouxe às principais cidades portuguesas. Se há uns bons anos muita reabilitação se resumia a simples operações cosméticas de fachada, hoje a maioria das intervenções já actua com um considerável grau de profundidade no miolo das edificações”.
“E enquanto alguns promotores aproveitam esta oportunidade para fazerem também uma reabilitação estrutural anti-sísmica dos edifícios, com aumento da segurança contra incêndio, além da melhoria da performance térmica e acústica, muitos outros continuam a preferir cingir-se a cumprir o limite mínimo do regime excepcional da reabilitação urbana: apenas não agravar os problemas existente”, sublinhou o arquitecto.
Miguel Marcelino deixou ainda o alerta: “E quanto aos edifícios mais recentes de finais do século passado, já em modernas estruturas porticadas de betão armado? Aí, o debate é inexistente. No entanto são nestes edifícios que a esmagadora maioria das famílias vive nas cidades e se olharmos com atenção, a grande maioria destas habitações dá uma resposta bastante desadequada a um habitar contemporâneo e digno. Os problemas já não são do foro estrutural, as estruturas de betão são anti-sismicas, não chove dentro desses apartamentos, e a grande maioria destes prédios têm elevador. Ainda assim, essas habitações apresentam enormes carências arquitectónicas – má arquitectura que leva a má qualidade de vida. Falamos de pé-direito mínimo generalizado, janelas mal dimensionadas para a sua orientação solar, cozinhas estreitas e compridas que mais parecem corredores, varandas viradas a norte, instalações sanitárias claustrofóbicas e dezenas de metros quadrados desperdiçados em zonas de circulação como consequência de uma compartimentação cega, demasiado subdividida e seccionada. Tratam-se de casas sem alma a necessitar urgentemente de uma reabilitação arquitectónica. Se queremos falar de reabilitação urbana, temos de começar a falar também destes edifícios, onde as estruturas de betão armado permitem fazer uma reabilitação a partir do interior, à medida, caso-a-caso, orçamento-a-orçamento. Se muito temos evoluído, se conquistámos o direito à habitação, hoje não podemos resignar-nos apenas a uma habitação sólida onde não chova lá dentro. Temos de almejar mais, uma habitação que nos dignifique e nos ajude a ser felizes”
“Sei que não é fácil para um júri de um prémio municipal de arquitectura distinguir um apartamento, que não se vê da rua, mas a Menção Honrosa que este Apartamento em Odivelas conquistou pode ser um primeiro passo para trazer visibilidade a um tema cada vez mais pertinente”, concluiu.
O júri foi composto pelo Vereador da Câmara de Odivelas, Paulo Teixeira, Dr. Carlos Lopes (deputado da Assembleia Municipal de Odivelas), a arquitecta Ana Martins (Departamento de obras municipais, habitação e transportes da C.M.O.) e pelo arquitecto Tomás Rebelo de Andrade (CAS Arquitectos) nomeado pela Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos, vencedor da edição passada com o projecto da Unidade de Saúde Familiar da Ramada.