Andreas Mörschel estreia-se na arquitectura desportiva
Em entrevista ao CONSTRUIR, o arquitecto fala sobre os desafios e as especificidades do projecto que caracteriza como “uma verdadeira sala de espectáculos”
Ana Rita Sevilha
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Com o projecto para o novo complexo desportivo do Sporting Clube de Portugal – Pavilhão João Rocha – Andreas Mörschel estreia-se na arquitectura desportiva. O edifício, implantado nos terrenos contíguos ao Estádio Alvalade XXI, nasceu da necessidade de construir um pavilhão multi-modalidades desportivas, com capacidade para receber competições internacionais e polivalência para acolher outros eventos, como espetáculos e concertos. Em entrevista ao CONSTRUIR, o arquitecto fala sobre os desafios e as especificidades do projecto que caracteriza como “uma verdadeira sala de espectáculos”.
O Pavilhão João Rocha foi a estreia do gabinete em arquitectura desportiva. Quais os grandes desafios que este programa lhe trouxe?
O projecto foi muito condicionado pelo Plano de Pormenor Alvalade XXI, que definiu toda a volumetria do pavilhão assim como a sua implantação e os espaços verdes adjacentes. O desafio foi dotar o projecto de uma identidade própria, que reflectisse a história, o presente e as aspirações do clube num contexto urbano não consolidado.
Houve algum conceito orientador? Qual foi?
O conceito orientador foi desenhar uma arena onde o campo de jogo é o palco dos acontecimentos. Tudo se resume a criar um palco de espetáculos onde os jogadores e os espectadores são os principais actores. Para tal, a nave da arena é uma caixa negra de linhas claras que faz a arquitectura recuar para um segundo plano.
Um edifício desportivo é muitas vezes um palco de emoções. Neste caso, por exemplo, essas emoções podem ser vistas na fachada. Como é que isto vai acontecer? Que outros “detalhes” a este nível podemos encontrar no Pavilhão?
Existe um sofisticado sistema de luminárias LED (RGB) montado por detrás das chapas de alumínio perfuradas que revestem a fachada exterior. Isto permite não só regular a cor como também a intensidade da luz desta fachada retro-iluminada. Temos disponível todo o espectro de cores RGB, e a utilização depende, obviamente, do operador. Mas são possíveis cenários como o atingido com a iluminação nocturna da torre Eiffel, por exemplo.
Leveza, pureza e elegância são algumas das palavras que descrevem este edifício. Numa frase como o definiria?
Simplicidade estrutural, inversão da lógica construtiva clássica – leveza na base, solidez no topo – ao serviço da expressividade, visível na forma como está materializada a ideia de caixa negra, de palco teatral.