Cozinhas e Casas-de-Banho: Confiança aumenta a procura…e a exigência
A melhoria do clima económico, que se faz sentir também ao nível do rendimento disponível por parte das famílias, trouxe não só um crescimento do número de iniciativas para a remodelação e reabilitação como, essencialmente, resultou numa maior exigência por parte dos investidores. Eficiência, versatilidade e funcionalidade são determinantes mas, na hora de escolher, o critério sensorial é hoje muito mais marcante
Home Tailors lança modelo de franchising com “condições especiais”
PRR: disparam os alertas sobre os riscos de execução do plano
Investimento em Construção cresce no 4º trimestre
“Arquitecturas provocadas pela transição” dão o mote à 13ª edição da Open House
NBS Summit Urban Edition com foco no desenvolvimento urbano sustentável
Investimento em Construção e VAB do sector crescem no 4.º trimestre de 2023
Athena Advisers: crescimento do investimento de imobiliário comercial motiva lançamento de marca própria
Bonjardim chega ao Porto
Túnel da linha Circular já liga Santos ao Rato
Concurso para a Linha Violeta do metro é lançado esta sexta-feira
A área da Construção tem destes fenómenos. Quando se assiste ao ressurgir de uma corrente, como aquela a que se assiste na remodelação dos espaços de banho e cozinhas, o passo dado traz muito mais do que a mera renovação: há sempre qualquer coisa a acrescentar. E esse passo é uma clara transformação naquilo que eram, até há alguns anos, os hábitos de consumo, hábitos esses que, diga-se, foram marcados profundamente por uma quebra significativa da procura. Ao CONSTRUIR, entre os profissionais contactados a propósito deste dossier, há uma lógica que sobressai e que passa pelo aumento significativo da procura e, essencialmente, por uma melhoria da qualificação dessa procura. Há hoje, dizem, uma exigência maior por parte de quem compra. E é, também, a pensar nisso que as empresas se posicionam de modo a vincar o seu espaço num segmento tão competitivo.
Para o Managing Director da Roca, estamos a falar de espaços que até agora se apresentavam “como meras áreas de ‘trabalho’ ou onde se passava apenas o tempo suficiente para garantir a higiene diária. Hoje, a cozinha e a casa de banho são as principais áreas de intervenção nas obras de reabilitação ou renovação”. Para Jorge Vieira, “o conceito destes espaços mudou radicalmente”, e assim sendo a mera funcionalidade não é suficiente. “a estética assume um papel importante, tal como o prazer. Hoje são espaços de lazer e partilha, no caso da cozinha e de paz e intimidade, no caso dos espaços de banho”.
Lina Sousa reconhece, por seu lado, que “as renovações de cozinhas e casas-de-banho tendem a ser investimentos dispendiosos na manutenção de uma casa”. A responsável de comunicação da Sanitana defende que “por essa razão são habitualmente as infra-estruturas que se encontram mais descuradas e envelhecidas. É precisamente nestes momentos de maior confiança na economia, que muitos proprietários optam por fazer renovações nestas áreas – lugares essenciais de vivência funcional e social de uma casa”. No entender do responsável de marketing da Barros & Moreira, “tal como acontece um pouco em todos os sectores ligados à construção, também no caso das empresas que se dedicam ao espaço de banho teve de haver uma adaptação à actual realidade do mercado, às novas formas de consumo e sobretudo a um mercado que mudou bastante em termos de volume, passando de uma fase com altos índices de construção para um novo paradigma em que a reabilitação e a renovação dos espaços existentes assume cada vez mais uma importância crescente”. Rui Palaio garante ao CONSTRUIR que “hoje em dia, o espaço de banho é um dos que é mais utilizado na habitação e é frequente ser alvo de atenção especial aquando da renovação de uma casa”. “Procuram-se espaços de banho funcionais, para um uso prático e diário mas sem esquecer a qualidade dos materiais usados, o requinte e o design dos acabamentos que compõem cada espaço de banho”, garante. O sócio-gerente da Italbox recorda que “as empresas da área do banho conseguiram minimizar os efeitos da conjuntura dos últimos anos, com a criação de novos produtos, novos mercados e implementação de serviços focados no cliente. Nota-se uma procura cada vez mais exigente de produtos de qualidade e com design”. Carlos Duarte acrescenta que “estes espaços são os de referência para a maior parte das pessoas em qualquer habitação. São também os de maior uso e desgaste”. Já no entender da Revigrés, reiteram o carácter prioritário da cozinha e casa-de-banho entre quem avança para a reabilitação ou remodelação de uma casa. Fonte do Conselho de Gerência da empresa defende, ao CONSTRUIR, que “nos últimos tempos, e com o aparecimento de uma grande oferta de serviços de mão-de-obra especializada para reabilitar e remodelar, o consumidor sente mais confiança em avançar com a decisão de fazer obras e, em muitos casos, opta por remodelações integrais”. Nesse capítulo, garantem, a Revigrés “tem acompanhado as necessidades do mercado e dos nossos clientes, apostando em produtos que vão ao encontro das tendências actuais e que preenchem as necessidades do consumidor para qualquer dos espaços”. Teresa Lagoa, directora de Marketing da Teka Portugal, lembra os “progressos” evidenciados pelo fenómeno da reabilitação. “Os antigos prédios urbanos e, inclusive, as velhas casas deixadas ao abandono, são agora transformadas em espaços modernos. Embora uma parte significativa deste mercado se destine ao arrendamento, há também um forte investimento na reabilitação para uso doméstico e esta é uma tendência para perdurar”, garante Teresa Lagoa, para quem “as cozinhas e as casas de banho continuam a ser uma prioridade e são espaços essenciais para o conforto e para a definição do lar”. Para Marco Cirino, Chief International Officer da ATZ, “nota-se uma procura por produtos de design muito simples e duradouros, isto porque uma renovação ocorre normalmente por 2 motivos, ou o produto não está funcional ou então está desactualizado esteticamente. Utilizando produtos com alta qualidade de design simples e intemporal, adiamos o próximo processo de renovação”.
Zonas de “estar”
Olhando para este cenário, que tendências identificam as empresas que actuam nestas áreas? Teresa Lagoa defende que a grande transformação deu-se, sobretudo, ao nível das cozinhas, “que não são um espaço para cozinhar mas para confraternizar, para juntar família, para receber amigos. O espaço é essencial. Há então duas vertentes que são uma escolha cada vez mais consensual: ou a opção de ilha, que oferece uma zona de circulação à volta da cozinha, mas também um espaço de reunião; ou a opção de estender a cozinha até à sala, dando à preparação de refeições um protagonismo forte e digno”. Para a directora de Marketing da Teka, “a presença dos cromados e a confraternização dos estilos rústico e industrial exigem das marcas de cozinha uma panóplia mais alargada de ofertas. A Teka oferece uma variada gama de opções que permitem a conjugação dos estilos mais em voga”. Salomé Pedro salienta, por sua vez, que “tem havido uma evolução no fabrico de revestimentos e pavimentos, com o lançamento de séries com peças menos espessuradas, mantendo as suas características técnicas, o que facilita a aplicação”. A administradora da Mantovani defende, no CONSTRUIR, que “em obras de renovação, se forem colados por cima de revestimentos já existentes, são reduzidos o tempo de instalação e o entulho. Os tons cinza, bege, branco, imitações de cimento e madeiras continuam como os preferidos dos consumidores”.
“Cozinhas minimalistas, portas sem puxadores visíveis; podem ser brancas, pretas, com apontamentos de outras cores (por exemplo cinza), cores lisas combinadas com madeira”, acrescenta, sublinhando que “é possível colocar os mesmos materiais nos tampos e nas paredes, entre móveis”. Já no capítulo das casas-de-banho, Salomé Pedro confirma que “continua a registar-se o aumento de vendas de bases de duche e chuveiros higiénicos, em detrimento de banheiras e bidés, por exemplo”.
Prioridade aos benefícios
“As tendências deixaram de estar centradas nas características do produto, mas nos seus benefícios para o consumidor”, garante Jorge Vieira. O managing director da Roca defende, segundo a sua experiência, que “o bem-estar e o conforto são os grandes impulsionadores desta tendência, mas a estética tem também um papel relevante”. “Mais do que um espaço ou um produto que simplesmente satisfaça as necessidades, os consumidores procuram experiências diferenciadas, oferecidas por soluções esteticamente apelativas, versáteis e funcionais, que se adaptem à sua personalidade e aos diferentes momentos do dia-a-dia”, acredita aquele responsável, uma opinião secundada pela communication manager da Sanitana. Lina Sousa defende que “o mercado está cada vez mais sensível ao novo tipo de consumidor: mais informado e consciente da possibilidade de ter à sua disposição produtos que excedem as possibilidades funcionais mais simples. Vemos cada vez mais uma procura por enquadrar as necessidades particulares do utilizador”. A esse propósito, diz, “notamos cada vez mais como factor relevante na compra o facto de um produto ser adaptável. Esta adaptabilidade pode seguir critérios técnicos e funcionais, como é o caso dos produtos desenhados para públicos com mobilidade condicionada”. “Mas”, acrescenta, “também pode ter uma natureza de afirmação pessoal, como é o caso de produtos que são desenhados com grande foco no estilo pessoal de cada um. Temos procurado ir ao encontro destas diferentes dimensões de percepção do produto, e reforçado o portfolio de uma forma mais inclusiva”. Carlos Duarte, sócio-gerente e director comercial da Italbox, garante ao CONSTRUIR que “os actuais produtos são de tal forma distintos daqueles que as pessoas aplicaram há alguns anos atrás, que é quase uma tentação a sua substituição”. “Acrescentamos também a tendência/preocupação com a mobilidade. É clara a tendência para a substituição das banheiras por bases de duche”, refere. No entender dos responsáveis da Revigrés, “assiste-se à utilização de revestimentos e pavimentos cerâmicos sobretudo com efeito cimento, mármore e madeiras”. Para o Conselho de Gerência da empresa, “a tendência são os tons neutros e monocromáticos, com acabamento mate, aplicados na parede e chão, para dar uma maior profundidade e dimensão ao espaço”. Rui Palaio acredita que é notório o “desenvolvimento por parte da procura que é cada vez mais exigente, com consumidores mais atentos e mais informados. No que aos espaços de banho diz respeito, a tendência é exactamente a de uma crescente busca por espaços arquitectónicos amplos, de fácil acesso, sendo visível a crescente substituição da banheira por espaços de duche, ou mesmo a criação de ‘duche à italiana’ através da instalação de uma calhas de duche para a drenagem de água ilustrando o carácter prático mas simultaneamente requintado que se procura ter nos espaços de banho contemporâneos”. O director de marketing da Barros & Moreira acrescenta ao CONSTRUIR que “os espaços de arrumação são também bastante valorizados hoje em dia, sendo que a estética e o design destas peças é crucial para a sua escolha”. “Em termos de materiais, destaque para o interesse por uma crescente valorização de materiais nobres e que sejam simultaneamente sustentáveis, seja pelas características que assumem na sua produção ou pela eficiência que permitem aquando da sua utilização”, diz, acrescentando que “cada vez mais se procura aliar o design das peças a uma funcionalidade e desempenho de excelência, o que norteia os últimos lançamentos da Ctesi, a marca de Soluções Integradas de Banho da Barros & Moreira, nomeadamente no que diz respeito às novas colecções de torneiras, bem como às novas colecções de mobiliário de banho ou de cabines de duche que são bastante versáteis e funcionais, adaptando-se às fortes exigências do uso diário privilegiando sempre um toque de requinte e distinção”.