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    Aires Mateus: “Não transformar o Pavilhão de Portugal no Arquivo Siza é um dos maiores erros da política cultural”

    Na segunda parte da entrevista concedida ao CONSTRUIR, o vencedor do Prémio Pessoa 2017 fala dos seus modelos, das suas inspirações e critica a falta de sentido estratégico na construção do património histórico “do nosso tempo”. Parece-me que Portugal é um país que não está interessado nos seus, não está virado para aí. Podemos dizer que é uma pena. É, irreversivelmente, uma pena

    Ana Rita Sevilha
    Arquitectura

    Aires Mateus: “Não transformar o Pavilhão de Portugal no Arquivo Siza é um dos maiores erros da política cultural”

    Na segunda parte da entrevista concedida ao CONSTRUIR, o vencedor do Prémio Pessoa 2017 fala dos seus modelos, das suas inspirações e critica a falta de sentido estratégico na construção do património histórico “do nosso tempo”. Parece-me que Portugal é um país que não está interessado nos seus, não está virado para aí. Podemos dizer que é uma pena. É, irreversivelmente, uma pena

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    Ana Rita Sevilha
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    ENTREVISTA A MANUEL AIRES MATEUS (1ª parte): “A CIDADE É O LUGAR DE TODOS, NÃO É O LUGAR DE UNS”

    Por altura do Prémio Pessoa 2017, disse que aquele era um Prémio para a arquitectura portuguesa. Entende esta distinção como um bom presságio?
    A arquitectura tem coisas neste momento muito positivas e coisas que não o são. Há um lado claramente positivo que é a qualidade da arquitectura portuguesa. Aqui, distinguem-se as super excepções dos nossos grandes arquitectos, mas também uma massa de jovens muito boa. Temos muitos bons estudantes nas faculdades, temos muitos bons jovens profissionais com facilidade em se colocarem em ateliers internacionais, temos muitos bons jovens a criar uma arquitectura delicada, coerente e com grande qualidade e portanto penso que a arquitectura portuguesa está a passar um momento muito bom. A arquitectura portuguesa vem de uma relação com a artesania, que sempre foi boa em Portugal e que sempre conseguiu construir um ambiente muito interessante e muito forte.
    Depois, o lado menos bom é que a arquitectura é uma disciplina muito frágil, porque tem muita dificuldade em explicar a sua verdadeira diferença. É necessário fazer criar uma espécie de nova busca de qualidade para que a arquitectura possa sobreviver de uma outra maneira. A arquitectura também é muito frágil porque está muito dependente de muita gente e é um processo que leva muito tempo. Ou seja, normalmente é feita, ou com redução da qualidade – porque não se pode empregar tanto tempo -, ou com um esforço do próprio para lá do razoável. Porque um bom projecto precisa desse tempo e ninguém reconhece essa necessidade.
    É como se a poesia fosse sufragada. Imagine um poema de Pessoa a ir à Câmara Municipal. A qualidade arquitectónica é uma coisa frágil, muito complicada de proteger, muito complicada de garantir, muito complicada de se fazer pagar.
    Na essência, a nossa arquitectura é muito boa, mas não é que a aproveitemos muito… Neste rally paper que se tornou fazer um projecto, a mediocridade navega melhor. Ou porque se vai adaptando sem grandes questões e a coisa fica “mediocrezinha”. As coisas com qualidade, afrontam, põem questões, não são tão fáceis de fazer passar.
    E nós, que somos um País preocupado com o património e que nunca o tivemos em grande, porque não somos Itália, nem França, quando falamos no “belo património português” temos de saber relativizar isto. Não há um grande património português. Nós não temos um extraordinário Barroco, um Renascimento único, um Medieval incondicional, não temos nada disso e o pior é que não temos consciência de que não temos nada disso. Temos coisas interessantes, que fazem um bom equilíbrio num País muito simpático, mas não temos essas excepções. Por isso, não sei se não é um País que tem de pensar em construí-las, ou que deveria pensar em construí-las.
    Não quero dizer com isto que devemos apagar os traços do passado, é muito importante deixá-los e isso é uma das características boas da cidade europeia, o saber preservar e adicionar. Hoje percebemos que preservar é tão importante como adicionar, que preservar é uma forma de construir, e isso é muito interessante e é a grande lição da Europa num mundo em transformação. Mas construir património é fundamental.
    Nunca se construiu porque nunca tivemos arquitectos e técnicos tão bons como os que temos hoje? Ou porque a mediocridade acabou sempre por prevalecer?
    Talvez, mas fundamentalmente porque não estávamos no centro da Europa, porque não tínhamos essa cultura. Quando vamos a Itália, são dois mil anos a afinar sensibilidades. Na verdade, nós temos coisas muito interessantes na nossa arquitectura: é uma arquitectura chã, muito bonita, feita de pouco, que hoje nos dá imensas vantagens. Mas o Borromini não nasceu aqui, nem o Miguel Ângelo…

    Mas nasceu o Siza e o Souto de Moura…?

    Esse é o nosso tempo. É o tempo de construir esse património. Se calhar devíamos investir nisso. Mas a primeira coisa que fazemos aos arquivos do Siza, é obriga-los a sair de Portugal e ir para o Canadá. Por isso, não sei se estamos na estrada justa. Nós temos o melhor arquitecto vivo, temos hipótese de ficar com os arquivos dele – evidente que para lhes dar condições absolutamente ímpares , e nunca ninguém lhe ofereceu nada…Começámos bem? Direi que não.
    Parece-me que Portugal é um país que não está interessado nos seus, não está virado para aí. Podemos dizer que é uma pena. É, irreversivelmente, uma pena. Não termos transformado o Pavilhão de Portugal no Arquivo Siza Vieira é um dos maiores erros do ponto de vista da política cultural portuguesa dos últimos anos. Porquê? Porque não somos capazes de olhar para a excepção, culturalmente nunca aceitámos a excepção. Aceitar que aquele homem foi tocado de uma forma diferente dos outros. Portugal que poderia, na verdade, se traduzir nesta centralidade da arquitectura para o mundo a partir de um gesto destes, perdeu. Os arquivos foram para o Canadá. Do Canadá irão para o Mundo? Sim, mas do Canadá. E daqui a uns anos será um belo arquitecto espanhol que tem os arquivos no Canadá. Vá lá, talvez seja Ibérico…
    Pegando na arquitectura chã, na acta do júri do Prémio Pessoa, vinha mencionada a capacidade de relacionar as formas modernas, abstractas e contemporâneas com uma arquitectura vernacular. Concorda?
    Concordo que a procuro, agora se lá chego… Que quero? Sim. Se chego? Às vezes.
    E como é que se relacionam estes dois lados sem criar uma ruptura?
    Há dois aspectos muito importantes de se perceber. Na verdade, há esse lado da permanência da vida. Eu hoje olho para a tipologia de uma casa romana, com 2500 anos, e é uma casa pátio igual às nossas. Não me passaria pela cabeça mover-me como um romano, mas podia viver numa casa romana. A arquitectura tem esse lado muito imobilista, é talvez das coisas que menos tende a mudar. Isto é um lado da questão, há uma certa permanência nas coisas que é importante respeitar.

    Há outro lado dessa resposta que é um lado cultural. A arquitectura faz-se e lê-se a partir de pontes que, de alguma maneira, são culturais. Ou seja, a arquitectura é feita de coisas que todos nós reconhecemos. Eu não posso ensinar a uma pessoa de 20 anos o que é uma porta. E a sua qualidade tem a ver com a capacidade de manipular e dar sentido a essas coisas banais. Significá-las, dar-lhes uma forma intencional. Quando desenho uma porta não escrevo “porta”, não vá alguém não saber o que aquilo é! Eu trabalho com a memória, o preconceito e a cultura de cada pessoa. Daí muitas vezes utilizarmos elementos muito arquetipais, porque as pessoas têm uma familiaridade que lhes pode fazer descobrir outras coisas. Posso ter o arquétipo de uma porta mas variar-lhe a escala. É importante jogar com um lado que é a realidade física da coisa e por outro lado, com o conhecimento que as pessoas têm da mesma coisa. Quando jogamos com estas duas coisas, ampliamos o valor que a pessoa atribui à porta.Há uma descrição que li há 30 anos, do Ferran Adrià, que uso sempre como exemplo porque foi a pessoa que melhor “vi” a descrever isto. Dizia assim: “eu cozinho de uma forma em que a pessoa reconhece aquilo que vai comer e depois descobre uma realidade que não é necessariamente exactamente a que ela conhece. Quando se aproxima amplifica-se por uma sensação e depois descobre outra. A distância entre estes dois mundos é a qualidade do que eu estou a oferecer”. Em arquitectura fazemos o mesmo. Fazemos reconhecer e depois introduzimos uma carga intencional. A distância entre essa carga intencional que é dada por um uso e a pré-concepção que a pessoa tem, define o valor. Por vezes recorremos a coisas que são chãs, vernaculares, porque é o que as pessoas conhecem mais enraizadamente. É uma cultura comum que nós temos, e que é bom usar. Agora, podemos desconstruí-la, ampliá-la, distorcê-la, mas partimos de uma base de entendimento.

    Estreou recentemente o documentário “Aires Mateus: Matéria em Avesso”, do realizador Henrique Pina. Como ‘Homem das Artes’, como viu o trabalho do atelier retratado num suporte que uniu a arquitectura, o cinema e o bailado?
    Há muitas coisas, ao mesmo tempo, que eu penso sobre o documentário. A primeira coisa é que é um trabalho exterior ao meu trabalho. É um pensamento de alguém sobre o meu trabalho. Como alguém que escreve um texto crítico. Digo isto porque me dá imensa liberdade. Eu só vi o filme quando estreou, exactamente porque para mim tinha de ser entendido dessa maneira, como uma coisa que me era exterior, era uma visão.
    O que me interessa mais naquele filme é, para além dessa visão exterior, e das críticas que podem fazer movimentar o meu trabalho, de haver movimento, da coreógrafa e bailarina contemporânea Teresa Alves da Silva. De haver uma utilização com o corpo, a partir da arquitectura. E aí que acho que o filme introduz um nível diferente. Esse medir o espaço através do corpo. Depois também fiquei contente porque acho que o filme tem uma capacidade boa de comunicação para um público generalista.

    O que é que lhe serve de inspiração?

    A Arquitectura é influenciada por tudo, tem essa vantagem. Influenciada por coisas muito próximas de nós, influenciada pela vida. Depois a Arquitectura é também muito influenciada pelas Artes. Há uma precisão na Arte que é muito interessante para a Arquitectura. Quando olhamos para uma peça do Richard Serra, percebemos que aquilo é exactamente aquilo ou não é nada. Na Arquitectura, como é muitas vezes confundida com a construção, essa percepção perde-se. Pode-se viver e ser feliz numa casa mal desenhada. A Arquitectura perde-se muitas vezes e inveja essa capacidade da Arte de ser muito precisa. Portanto, acho que há um lado na arquitectura que é muito abrangente e por isso pode ser influenciada por qualquer coisa: tecnologia, economia, pela vida em conjunto, pela política… por coisas que são muito reais. A mim interessa-me muito as influências artísticas, porque acho que procuro dialogar com elas no lado do ganho de liberdade. Gosto muito do trabalho de muitos escultores, e são pessoas com quem eu gosto de dialogar porque de alguma maneira estudam dimensões da nossa percepção que são importantes para a arquitectura, mas trabalham com elas muitas vezes com fórmulas muito directas. O problema da descodificação da arquitectura é que ela responde a muita coisa ao mesmo tempo, e algumas artes respondem a coisas muito mais precisas e portanto permite-nos aí usar uma arte para discutir com ela.Por exemplo, quando o Daniel Malhão fotografava para nós, introduziu no atelier a presença dos fotógrafos e então começámos todos a ver fotografia e a usar a fotografia para coisas que não eram reproduzir o nosso trabalho, nomeadamente como forma de pensamento. Outro exemplo, uma coisa para mim evidente, quando trabalhei na Irlanda, foi que percebi Dublin através da visão de fotógrafos, não percebi Dublin pela minha visão. Eu precisei da visão de outro. Muitas vezes os artistas dão-nos isso. A Arte dá-nos pontos de vista. Há sempre na Arte, uma forma de representação, que às vezes é tão acutilante, que ajuda imenso uma visão de um arquitecto.Depois, como é óbvio gosto muito de arquitectos. Vivos, a capacidade formal do Siza e a capacidade de desenhar espaços a partir da possibilidade do uso dos espaços, desenhar espaços em movimento. Isso é que me descodifica o Siza. E há outro lado no Siza, que talvez nunca tenha falado e que adoro, que é um lado verdadeiramente crítico: o Siza é capaz de fazer o projecto mais holandês na Holanda, o mais belga na Bélgica, o mais italiano em Itália, há um lado de compreensão do Mundo muito crítico que é muito interessante. Depois, gosto muito do Peter Zumthor, porque visitei as obras dele e porque o vi dar aulas e fiquei com muito respeito pela forma como o fazia. Gosto muito do trabalho dele, da ideia de uma procura por uma arquitectura mais total, uma arquitectura muito envolvente, que se termina no enraizar da vida. Eu acho muito forte. Depois, o Francesco Borromoni, um homem da liberdade formal e do Barroco e o Andrea Palladio pela capacidade de ser muito rigoroso e pela consciência espacial.
    E depois há as arquitecturas clássicas, que são para mim uma espécie de pano de fundo, os egípcios, os gregos, mas acima de tudo a súmula romana destas influências. E serve-me de inspiração a vida, influencia-me todos os dias.

    Voltando à escultura, a arquitectura pode ser uma escultura habitável?

    Eu detesto a distinção. E tenho muita dificuldade em ver a diferença. Qual a diferença entre escultura e arquitectura? A escultura não se habita e a arquitectura habita-se. Quando convencionamos que é uma escultura é uma escultura, quando convencionamos que é uma arquitectura, é uma arquitectura. O que distingue a arquitectura é essa necessidade de ser habitada e o facto de se completar aí. Agora, começam a haver coisas que são quase híbridas. Há lugares em que nós já estamos a tocar uma coisa e outra, embora eu ache que as devemos distinguir, porque há um propósito diferente e esse propósito é importante.A escultura deve ser uma coisa finita em si, a arquitectura não. Penso que a Arquitectura tem de ser aceite como uma Arte, porque senão o que nós fazemos é absurdo. E ainda bem que é uma Arte porque só a Arte nos pode motivar. E as pessoas têm de ser motivadas no espaço público e no espaço privado, o espaço tem de ser uma possibilidade de educação para as pessoas, tem que ser usado. Nós raras vezes estamos expostos a pintura, mas à arquitectura somos expostos constantemente, por isso a arquitectura tem de ser boa, tem que ser uma Arte que nos motive, que nos acrescente. O drama da arquitectura é que está muito perto de uma coisa corrente. Toda a gente sabe construir uma casa, agora dar-lhe um significado, só alguns. Mas não são os arquitectos, é a arquitectura. O que não é bem a mesma coisa.Fotografias: Frame It
    Sobre o autorAna Rita Sevilha

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    CCDR-Norte apresenta Prémio Arquitectura do Douro 2024

    A apresentação da iniciativa acontece por ocasião do Dia Internacional dos Monumentos e Sítio, no Museu do Douro, no Peso da Régua. Podem concorrer intervenções de construção, conservação ou reabilitação de edifícios ou conjuntos arquitectónicos, bem como intervenções de desenho urbano em espaço público

    A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte apresenta, esta quinta-feira, dia 18 de Abril, a oitava edição do Prémio Arquitectura do Douro.

    A apresentação da iniciativa acontece por ocasião do Dia Internacional dos Monumentos e Sítio, marcado pela entidade com uma conferência dedicada ao tema “Economia, Paisagem e Arquitectura: O Alto Douro vinhateiro, património e futuro”, no Museu do Douro, no Peso da Régua.

    Podem concorrer intervenções de construção, conservação ou reabilitação de edifícios ou conjuntos arquitectónicos, bem como intervenções de desenho urbano em espaço público.

    Lançado em 2006 por ocasião das comemorações dos 250 anos da Região Demarcada do Douro, o Prémio de Arquitectura do Douro tem uma periodicidade bienal e destina-se a promover a “cultura arquitectónica e as boas práticas” do exercício da arquitectura numa “paisagem cultural evolutiva e viva” como o Douro vinhateiro. A atribuição das distinções nas edições anteriores distingue intervenções arquitectónicas exemplares num território dinâmico classificado pela UNESCO.

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    Arquitecto britânico John Pawson assina projecto de 110M€ na Herdade da Palheta

    A propriedade contará com um hotel de 5 estrelas com 60 quartos, 35 villas e 20 casas de campo e contará, também, com um clube de vinhos numa adega centenária. A data de abertura está prevista para 2028

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    O britânico John Pawson foi seleccionado para supervisionar a arquitectura e o design interior da Palheta, um novo empreendimento turístico, localizado na herdade com o mesmo nome, próxima da vila do Redondo e de Évora. O projecto é um dos maiores investimentos de sempre no sector hoteleiro em Portugal e está a ser desenvolvido por Lucas e Philippe Bitencourt, que têm mais de vinte anos de experiência na área da hotelaria e serviços premium.

    Com um investimento estimado em 110 milhões de euros, o empreendimento tem data de abertura prevista para 2028.

    Com mais de 40 anos de actividade na arquitectura, este é o primeiro projecto de John Pawson em Portugal, cujo conceito tem por base a “paisagem natural” e o “património cultural” característicos do local.

    “As formas são a essência da arquitectura, mas nada transcende a primazia do lugar e da atmosfera. A paisagem de Palheta é de uma beleza extraordinária, abrangendo vinhas e montado e azinho, o acidentado contraposto pelo ondulado. Poderia passar uma eternidade aqui, simplesmente a observar a forma como a luz muda, de acordo com a hora do dia e a estação do ano. Estou ansioso por desempenhar o meu papel na criação de um ambiente muito especial, onde as pessoas virão para desfrutar de uma oferta única de tranquilidade, cultura e hospitalidade”, afirma John Pawson.

    A propriedade contará com um hotel de 5 estrelas com 60 quartos, 35 villas e 20 casas de campo e contará, também, com um clube de vinhos numa adega centenária, marca do rico legado enológico da propriedade, cujas vinhas se estendem por 25 hectares.

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    Porto: Estudantes de arquitectura paisagista desenham projecto para Largo Tito Fontes

    Propostas devem atender a princípios basilares de sustentabilidade, função, ecologia, estética, integração social, cujas soluções sejam capazes de promover a infiltração de águas pluviais, atenuação de temperaturas de ponta e resiliência climática

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    A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto voltou a desafiar os alunos de arquitectura paisagista para pensarem e desenvolverem um projecto para a cidade. Na segunda edição, o “Urban Scape” procura propostas de intervenção para o Largo Tito Fontes, em Santo Ildefonso. A iniciativa, que já foi distinguida com um prémio de inovação pedagógica atribuído pela Universidade do Porto, decorre até Sábado na Porto Innovation Hub.

    Na abertura dos trabalhos, FilipeAraújo, vice-presidente da Câmara do Porto destacou “o profícuo envolvimento da Academia, e em particular da UP, e o amplo número de exemplos de aplicação das suas soluções”.

    Filipe Araújo reforçou, ainda, “a preocupação permanente de ajudar e orientar, também, a Academia a ajustar as suas áreas de investigação à cidade real e à dinâmica entre as várias orgânicas da Câmara do Porto, sempre com o foco no bem-estar do cidadão”.

    Este é um evento destinado a alunos de arquitectura paisagista, que são desafiados a criar, desenvolver e apresentar uma proposta de intervenção num espaço público de pequena e média dimensão, até ao termo do evento.

    As propostas devem atender a princípios basilares de sustentabilidade, função, ecologia, estética, integração social. São, também, desenvolvidas propostas capazes de promover a infiltração de águas pluviais, atenuação de temperaturas de ponta e resiliência climática.

    Ao longo de três dias, os estudantes são organizados em grupos constituídos com elementos de diferentes anos, mimetizando a prática da profissão com projectistas com diferentes níveis de experiência, sob orientação de um tutor. O projecto é desenvolvido com recurso a suportes digitais tridimensionais, em realidade virtual.

    O momento foi, também, aproveitado para lançar o livro que agrega os resultados da primeira edição do “UrbanScape”, que colocou os alunos a redesenhar, em 24 horas, o espaço interior de um dos edifícios da Faculdade de Ciências.

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    Terra Lodge Hotel

    Arquitectura

    A arquitectura consciente e social [c/galeria de imagens]

    Eloisa Ramos e Moreno Castellano são a dupla de arquitectos que forma o atelier Ramos Castellano. É, sobretudo, em Cabo Verde que desenvolvem o seu trabalho que apelidam de “arquitectura consciente”. Uma consciência que vem do local e das suas gentes, das suas necessidades, mas também do seu conhecimento intrínseco e geracional. De projecto em projecto, testam o potencial transformador da arquitectura no espaço e os seus impactos sociais

    Eloisa Ramos nasceu na ilha de Santo Antão e Moreno Castellano é originário da Sardenha. Portugal e Itália serviram de ponto de encontro, para o trabalho e para a vida, numa fase ainda de formação dos dois arquitectos. Cabo Verde é casa e campo de experimentação da sua arquitectura há década e meia. Uma arquitectura “consciente”, do local e do seu impacto nas pessoas. Porque apesar de estabelecerem a sua base na cidade do Mindelo, em São Vicente, podemos encontrar os seus trabalhos noutras ilhas que compõem o arquipélago.

    O que os levou a estabeleceram-se em Cabo Verde?
    Eloisa Ramos (ER): Foi uma coisa quase natural. Estabelecemo-nos primeiro em Itália, onde chegámos a criar um gabinete e a fazer algumas coisas, mas a vida deu voltas e em 2008, ainda antes da crise [económica], decidimos vir para Cabo Verde. Não houve nenhuma razão extraordinária. Terminámos os projectos que tínhamos em curso e depois embarcamos nessa nova aventura que, para mim, era um bocadinho o regresso a casa, embora o Moreno também já conhecesse. Decidimos voltar.

    Moreno Castellano (MC):
    Aqui em Cabo Verde havia espaço para desenvolver arquitectura, ou seja, aqui podemos de deixar uma marca, de fazer algo concreto, de construir fisicamente. Isso aconteceu construímos um museu, por exemplo, algo que teria sido muito difícil de acontecer na Europa. O que era importante para nós era fazer arquitectura e não onde a arquitectura é feita. Agora estamos a reparar que é muito importante onde a arquitectura é feita para o interesse que vão despertar. O Mindelo [onde o atelier tem a sua base] não é uma cidade muito grande, tem 75 mil habitantes e a ilha [São Vicente] é praticamente uma cidade-ilha mas é muito cosmopolita porque sempre foi uma cidade porto, com pessoas de vários lugares, e isto é muito interessante também para o nosso trabalho porque deu-nos a oportunidade de trabalhar com clientes de muitíssimas nacionalidades e ter uma visão mais ampla, apesar de estarmos nesta latitude mais descentralizada.

    Que tipo de projectos têm ocupado o vosso gabinete?
    ER: Temos feito um pouco de tudo ao longo destes quase 20 anos de carreira, desde habitação, hotéis, projectos urbanísticos… museus, um já construído e outro ainda em projecto. Inclusive design de interiores, um pouco por necessidade, que aqui não há assim tanta escolha. Mas em contrapartida há mão de obra artesanal especializada, se é que podemos dizer assim. Fruto das necessidades as pessoas desenvolveram o seu engenho e aqui há gente incrível ao nível da carpintaria, marcenaria, etc. Pessoas com muita sabedoria a nível artesanal.

    Qual é o traço comum dos vossos projectos? É esta ligação com os artesões, com o saber local, é a questão da sustentabilidade, porque nos vossos projectos há muito esta preocupação com a reutilização de materiais?
    MC: Há uma ideologia comum de certa maneira. Nós vemos a arquitectura como uma manifestação da vida, então posso dizer que não há um preconceito, ou seja, os projectos nascem das necessidades e muitas vezes tentamos que a arquitectura contribua para a resolução de problemas da sociedade. Por exemplo, temos um projecto na Cruzinha (Santo Antão), de uns investidores alemães, e o que fizemos foi canalizar e distribuir esse investimento para a sociedade local. Agora como se manifesta isso na arquitectura? Nas escolhas e decisões que fazemos. Em vez de usar o material importado, por exemplo, utilizamos o material local, em vez de utilizar técnicas que ocupam poucos trabalhadores, usamos as que precisam de mais mão de obra. Há aqui múltiplos aspectos e nenhum projecto é igual a outro ou tem as mesmas soluções. Portanto, o que tentamos fazer através do projecto é contribuir para o bem-estar e para a felicidade da comunidade onde o projecto está a ser desenvolvido.
    Até hoje, isto sempre funcionou de uma forma quase espontânea, biológica, porque onde escolhemos colocar os projectos, a comunidade floresceu. A instalação do hotel em São Pedro (Aquiles EcoHotel), por exemplo, fez com que a comunidade mudasse. A Mudança veio com a luz eléctrica, com a pavimentação das ruas, os pescadores, que até aí se dedicavam só à pesca tradicional passaram a realizar passeios com os turistas. Mas nada disto foi propositado.

    “Tentamos que a nossa arquitectura vá mais fundo, vá tocar a emoção das pessoas”

    Mas houve uma primeira decisão de investir. Um promotor?
    ER: Inclusive até muita gente dizia que era de loucos porque quem imaginava um hotel mesmo no meio daquela comunidade piscatória? Mas este hotel gerou uma energia muito forte e acabou por agregar valor acrescentado à comunidade, que como o Moreno estava a dizer aconteceram várias coisas boas e a comunidade mudou para melhor

    MC: O objectivo primeiro de um investidor é o proveito, mas é preciso fazê-lo compreender que o seu proveito pode ser maior com algumas mudanças.

    ER: Com respeito à tua pergunta anterior, eu diria que o traço comum na nossa prática é que tentamos sempre fazer uma arquitectura consciente, completamente inserida onde ela está a ser feita. Uma arquitectura que põe o homem no centro, o homem utilizador, o cliente utilizador final, aquele que vai desfrutar do espaço, no centro da atenção
    E o nosso traço comum digamos assim gira a volta disso. Tentamos fazer essa arquitectura consciente, em harmonia com o ambiente onde está inserida e isso tem funcionado, porque as pessoas não vêem esta nova adição como uma coisa estranha. O hotel Aquiles ou o Centro Nacional de Artes, Artesanato e Design, podiam ser algo muito estranho ou criar uma certa apatia, mas foram muito bem aceites. Tentamos que a nossa arquitectura vá mais fundo, vá tocar a emoção das pessoas. Claro que nunca vai satisfazer a todos no mesmo sentido, mas pelo menos tentamos.

    Foi o que fizeram na Cruzinha, em Santo Antão?
    MC: O projecto da Cruzinha está em desenvolvimento há sensivelmente oito anos. Está localizado numa grande extensão de terreno, quase que todo uma encosta da montanha, e começou por ser um projecto imobiliário e depois passou a incluir um hotel. Os investidores são alemães. Mas o que é que acontece quando vem um investidor de fora e
    compra uma grande extensão de terreno, para não criar logo uma fricção com o território, com a população, com o lugar, tem de dar algo em troca daquilo que vai receber. Então criamos terraços na encosta que permitissem o cultivo de produtos, então esta decisão que não é do foro da arquitectura, no fim é muitíssimo arquitectónica.

    ER: Porque Cabo Verde não tem muitas zonas agrícolas não queríamos que o hotel criasse um déficit de recursos. Então pensámos, porque não ser o hotel a produzir e se calhar a criar excedente que pode ser inserido no mercado? Com isto estamos a minimizar essa insatisfação que às vezes vem do ‘turismo explorador’.

    MC: Propusemos um sistema alternativo a este fenómeno e em troca fomos empregando a mão de obra local na construção de hotel, formando artesões em sistemas construtivos locais, utilizando os recursos locais na construção e com isto vemos a comunidade a ganhar força e a sentirem-se valorizados.

    Isso acontece em todos os vossos projectos?
    MC: Num outro projecto em que estamos a trabalhar, optamos quase por não ter soluções pré-concebidas. Tentamos formar uma estrutura e os artesões que participam vão acrescentando algo. Como se um projecto de arquitectura fosse uma música jazz…

    ER: Ainda é algo muito experimental. Existe um projecto que é seguido, mas ao invés de forçar soluções, adaptamos e absorvemos com naturalidade as soluções que vão surgindo.

    “Estamos totalmente convencidos que a Arquitectura é fruto de seres humanos, não é o resultado de posições geográficas”

    Apesar destes vários intervenientes locais, os projectos são só concebidos pela Eloisa e pelo Moreno? Como é que gerem todo o processo?
    ER: No momento da concepção somos só nós, mas depois temos outros intervenientes ao nível da finalização do projecto, apenas. Cada um de nós tem uma personalidade muito vincada, mas há sempre um respeito mútuo. E quando um está a ir por um caminho ou a optar por soluções não tão convenientes, então o outro acrescenta algo, a bem do projecto que neste processo ganha ímpeto de crescimento.

    MC: Ou seja, vimos ambos de lugares geográficos diferentes, mas somos muitíssimo flexíveis e ao longo destes anos a trabalhar não só em Cabo Verde, mas também noutros países, vimos que muitas vezes na arquitectura os problemas surgem onde há uma força a querer obrigar outra força a fazer algo para o qual não está pronto, preparado, um pouco como na vida.
    A arquitectura transmite sensações, umas mais que outras, trabalhamos para que a nossa arquitectura, os nossos projectos, transmitam algo e esse algo não vem só da forma ou dos materiais, mas antes de um conjunto de decisões que vão sendo tomadas ao longo do processo construtivo. As ideias, como os materiais, nunca são preconcebidos, quando nos propusemos a fazer um museu cuja fachada foi feita com tampas de barris, as pessoas olhavam para nós como se fossemos doidos, mas agora vais àquela praça e o edifício em si transmite uma grande alegria, domina a praça. Prova de que o valor da matéria é o valor que as pessoas lhe dão e não o que lhe é intrínseco.

    O facto de estarem numa ilha e de (quase) tudo ser importado e por isso mais caro, torna mais fácil a abertura para a reutilização de materiais no processo construtivo, mesmo os mais inusitados como a utilização de tampas de bidons na construção de uma fachada?
    ER: A necessidade aguça o engenho, não é? Com poucos recursos tivemos de explorar ao máximo a potencialidade de coisas que, de outra forma iriam para o lixo. A nossa arquitectura não é só baseada nisso, mas esta é uma componente importante, temos imenso prazer em tentar contribuir e deixar a nossa pegada ecológica aqui neste planeta. E pelo menos que a nossa arquitectura seja para agregar e não para tirar. Que seja um exemplo também e que os jovens arquitectos vejam isso como, não uma estrada única, mas pelo menos uma estrada que pode ser válida no futuro.

    MC: Nós estamos a trabalhar num contexto que sempre foi marginalizado. E há uma falta de conhecimento, histórica, sobre o que acontece e está a ser construído em África. Então para nós é importante que a Arquitectura ajude a reverter esta tendência. Estamos a tentar mostrar que aqui onde estamos também não temos nada a menos que outros países mais na vanguarda. Estamos totalmente convencidos que a Arquitectura é fruto de seres humanos, não é o resultado de posições geográficas, de latitudes ou longitudes, de educações superiores ou de grandes orçamentos.

    Como é que tem evoluído a Arquitectura em Cabo Verde? Como é que olham para p desenvolvimento por exemplo da Cidade da Praia, em Santiago, ou mesmo do Mindelo onde estão localizados?
    ER: A nível urbanístico não vou falar. Prefiro falar do saber tradicional que havia na construção de antigamente, das casas super frescas que eram de terra batida que eles molhavam todos os dias de manhã, as paredes de pedra, as coberturas de palha, a orientação, os ventos, o sol… isso era tudo levado em consideração quando por exemplo o meu pai fez a nossa casa em Santo Antão. E ele não era arquitecto, nem nada disso, mas utilizou a sabedoria popular. Orientou a casa na melhor posição, estudando o percurso do sol, do vento, da queda da água, das chuvas e das pedras, porque Santo Antão é montanha. Aqui temos também uma encruzilhada de várias influências portuguesas, inglesas, entre outros, com as suas influências no uso na madeira ou de betão. Mas sinto que este conhecimento se vem perdendo no que está a ser construído agora. O progresso é muito betão, o progresso são as janelas enormes de alumínio, mesmo que o edifício esteja orientado a sul.
    Há muita coisa que está a ser perdida e que devia ser valorizada e se calhar estudada mais a fundo que é um pouco o que nós estamos a tentar desenvolver, numa chave mais contemporânea. Mas Cabo Verde é um país novo e não podemos ser duros na crítica, de certa forma este percurso é compreensível quando se está ainda a tentar construir uma identidade.

    Que projectos têm actualmente em mãos?
    ER: Terminamos o projecto, para um cliente privado, de um museu sobre o fenómeno da escravatura na Cidade Velha, património da Unesco. É um projecto bastante interessante, mas sobre o qual não podemos adiantar muito. Estamos a terminar um projecto de uma pequena guest house, apenas com oito quartos, também em Santiago…

    MC: Estamos a trabalhar este projecto ao nível da experimentação. Propusemos a sua criação como parte de um viveiro e os seus ocupantes vivem no meio das plantas. O sistema de rega usa água reciclada. Existe uma orientação que foi estudada para a criação de dinâmicas. Depois temos outros projectos de habitação em curso. Mas existe sempre uma preocupação e consciência com a sustentabilidade. Fomos convidados pelas autoridades da Sardenha, a minha ilha, para fazer propostas para alguns projectos. O objectivo é o de replicar projectos, como os que desenvolvemos em Cabo Verde, que têm impacto e geram valor para as comunidades locais. Porque a Sardenha também tem problemas de desertificação de abandono da população do seu interior e a ideia é estes projectos, que ainda não sabemos quais são, ajudem a reverter essa tendência.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Arquitectura

    Programa de actividades “explica” relação de Siza com o Barroco

    A proposta da equipa de investigação liderada pelos investigadores José Miguel Rodrigues, director do CEAU e professor da FAUP, e Joana Couceiro, investigadora do CEAU-FAUP, é verificar na obra de Álvaro Siza a presença das ideias e dos ideais Barrocos. As iniciativas terão lugar no Museu Nacional Soares do Reis e na Igreja dos Clérigos

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    As relações entre a arquitectura de Álvaro Siza e o Barroco estão presentes em vários autores que escreveram sobre Álvaro Siza, além de permanecerem no modo como o próprio, referindo-se ao Porto, e a Nasoni, em textos escritos, seus, anuncia o seu interesse e empenho em conhecer melhor a arquitetura e a cidade Barrocas.

    Neste sentido, o Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (CEAU-FAUP), tem vindo a desenvolver nos últimos três anos o projecto  “Siza Barroco”, que visa “colocar em evidência a relação entre a ideia de Barroco e a obra de Álvaro Siza”.

    A proposta da equipa de investigação liderada pelos investigadores José Miguel Rodrigues, director do CEAU e professor da FAUP, e Joana Couceiro, investigadora do CEAU-FAUP, é verificar na obra de Álvaro Siza a presença das ideias e dos ideais Barrocos, procurando compreender o quanto esta é uma arquitectura sem tempo.

    “Tratou-se de prosseguir um caminho, um percurso natural, cientes de que a colocação lado-a-lado da ideia de Barroco e da arquitectura de Álvaro Siza traria ganhos de conhecimento a ambas as partes” refere a equipa, sublinhando que “se, por um lado, a arquitectura de Siza se compreende melhor à luz do Barroco (ideológico), também o Barroco (cronológico) resulta mais inteligível com a obra de Siza.”

    O programa, que tem início em Abril e prolonga-se até Dezembro de 2024, integra conferências, uma exposição, um colóquio e um concerto que cruzam e entrecruzam a arquitectura de Siza, a arquitectura de Nasoni, a talha dourada, a música barroca-contemporânea, entre outras.

    O calendário de iniciativas abre com uma conferência de Eduardo Souto de Moura sobre “A Actualidade do Barroco”, a 20 de Abril, no Museu Nacional Soares dos Reis.

    Seguem-se três conferências com contributos de outras disciplinas: Ángel Garcia-Posada (4 de Maio), Juan José Lahuerta (18 de Maio) e Maria Filomena Molder (22 de Junho), consultores do projecto de investigação.

    A 12 de Setembro inaugura a exposição “Siza Baroque”, uma mostra patente até 31 de dezembro no Museu Nacional Soares dos Reis, lado a lado com a arte antiga e o projecto de Fernando Távora para o Museu.

    Já no dia 28 de Setembro realiza-se o segundo acto de conferências com José Miguel Rodrigues e Joana Couceiro – “Siza e o Barroco” -, Ana Tostões – “Siza e o Moderno”, e Jorge Figueira – “Siza e o Pós-moderno”. O segundo acto de conferências termina com um debate com todos os convidados moderado por Sílvia Ramos, investigadora do projecto.

    O colóquio “Betão, Branco, Dourado” decorre no dia 7 de Dezembro e integra comunicações dos investigadores do projecto: Sílvia Ramos, Miguel Araújo, Mariana Sá, Ricardo Leitão, Inês Sanz Pinto, Mafalda Lucas, Graça Correia, Hélder Casal Ribeiro, João Pedro Serôdio, Luís Urbano, Marco Ginoulhiac, Nuno Brandão Costa, e dos convidados João Pedro Xavier e Susana Ventura.

    O momento de encerramento vai ser assinalado com um concerto na Igreja dos Clérigos, a 14 de Dezembro, a partir da obra ‘barroca-contemporânea’, Magnificat em Talha Dourada, de Eurico Carrapatoso.

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    ‘Fertile Futures’: A propósito da exposição Palácio Sinel de Cordes recebe diferentes actividades

    Nos dias 20 e 27 de Abril, decorrem visitas guiadas à exposição, inclusive com Língua Gestual Portuguesa, assim como actividades para famílias e crianças

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    Até dia 27 de Abril, a representação oficial portuguesa na 18ª Bienal de Arquitectura de Veneza – Fertile Futures – apresenta no Palácio Sinel de Cordes os resultados desta “investigação multidisciplinar” que aliou à exposição cinco ‘Assembleias de Pensamento’, um seminário internacional de Verão e duas publicações. A par da exposição, estão previstas, ainda, um conjunto de actividades até ao final do mês.

    Neste sentido, está prevista para dia 20 a ‘Fertile Futures: visita relax’, com concepção e orientação da Locus Acesso e do Serviço Educativo da Trienal. Uma visita que adopta uma abordagem “confortável” e “acolhedora” a todo o tipo de público, incluindo com perturbações do espectro do autismo, sensoriais e de comunicação ou dificuldades de aprendizagem, crianças pequenas, pessoas com síndrome de Tourette, com ansiedade ou pessoas idosas que queiram usufruir da medição a um ritmo pausado.

    Ainda neste dia, e a pensar nas famílias, em particular o público infantil, acontece a ‘Fertile Futures: Gincana no palácio’. Invadidas por objectos estranhos de sete paisagens portuguesas, as salas do Palácio Sinel de Cordes expõem novos tesouros e histórias para contar, com concepção e orientação de Daniella Figueiredo e do Serviço Educativo da Trienal.

    Para dia 27 de Abril, haverá possibilidade de visitar, pela última vez, a exposição, com acompanhamento de Ester Donninelli. Também neste dia a exposição estará aberta a pessoas surdas, com interpretação em Língua Gestual Portuguesa.

    Durante a tarde, a iniciativa ‘Fertile Futures: Oficina Hágua?’, para idades entre os seis e os 12 anos, recupera a mostra tendo como base o elemento água que a caracteriza. Num jogo de acção-reacção, será construída uma engenhoca de recolha e redistribuição da água à escala da mão, num projecto pensado por Filipa Tomaz e Letícia do Carmo, do Serviço Educativo, com orientação de Daniella Figueiredo.

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    Openbook assina nova sede da Galp

    A petrolífera portuguesa tem casa nova e o fit out da sua nova sede, que ocupa um dos edifícios do ALLO em Alcântara, tem a assinatura da Openbook Architecture. Um projecto que se desenvolveu pelos sete andares e se centra nas pessoas

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    A nova sede da Galp, projectada pela Openbook, espelha o compromisso da empresa com as pessoas e o futuro. O espaço reflecte a visão de vanguarda da Galp, bem como a sua dedicação à inovação, sustentabilidade e bem-estar dos seus colaboradores.

    Localizada na frente ribeirinha de Alcântara, a nova sede da Galp revela uma arquitectura que se caracteriza por uma dinâmica inspirada na natureza inovadora da marca, com uma fluidez e diversidade de espaços pensados para potenciar a criatividade e a colaboração entre equipas. O ambiente criado ao longo dos sete pisos é caracterizado por um desenho orgânico dos espaços que potencia a transparência do edifício.

    A entrada apresenta-se como um espaço amplo e sóbrio, com um duplo pé-direito e galeria no piso 1. Esta zona funciona como a rótula de distribuição do edifício, com ligação a uma área destinada a exposições e eventos, ao Auditório Américo Amorim e à escadaria que leva ao Meeting Center, localizado no piso um e dois. Aqui estão também localizadas as zonas de suporte, “food & beverage”, o “wellness center” e sala de jogos, os quais permitem uma pausa mais descontraída e informal. As áreas operacionais desenvolvem-se nos restantes pisos, onde se destaca a criação e conjugação de núcleos que compõem as diferentes zonas de trabalho.

    “Estamos especialmente orgulhosos com o resultado deste projecto tão relevante para a Openbook e, certamente, para quem vier a trabalhar nele. Um projecto que eleva a experiência dos colaboradores e incorpora a cultura da marca e os modelos de trabalho que se pretendiam implementar na nova sede da Galp”, afirma Paulo Jervell, partner do Grupo Openbook.

    A materialidade, os tectos, as cores e as formas orgânicas foram cuidadosamente pensados para gerar um espaço de trabalho atractivo e estimulante.

    A construção ficou a cargo da Tétris.

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    Margarida Quintã (esquerda) e Teresa Novais (direita)

    Arquitectura

    9ª ediçao do Open House Porto celebra Abril

    Com o tema “50 Anos a Construir a Liberdade” e curadoria das arquitectas Teresa Novais e Margarida Quintã, a iniciativa tem lugar nos dias 6 e 7 de Julho

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    A 9ª edição do Open House Porto (OHP) 2024 celebra os 50 anos do 25 de Abril de 1974, com o tema “50 Anos a Construir a Liberdade” e curadoria das arquitectas Teresa Novais e Margarida Quintã.

    A iniciativa, organizada pela Casa da Arquitectura (CA) que integra, mais uma vez, os municípios da Maia, Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia, tem data marcada para os dias 6 e 7 de Julho.

    “Num ano em que se comemoram os 50 anos da democracia, a CA desafiou as curadoras a pensar em espaços modelo neste processo de construção da democratização. A dupla curatorial, que pela primeira vez está entregue a duas mulheres, de gerações e percursos diferentes, respondeu de forma exemplar a este desafio de mostrar como os princípios de Abril foram concretizados. A arquitetura foi um instrumento de concretização dos princípios da Democracia”, explica Nuno Sampaio, director executivo da CA.

    Margarida Quintã e Teresa Novais explicam assim o conceito que orienta o OHP deste ano: “Se na revolução de 25 de abril de 1974 o povo português reivindicava “a paz, o pão, habitação, saúde e educação” [em alusão à canção de intervenção ‘Liberdade’ de Sérgio Godinho], em 2024 queremos, por um lado, conhecer o que fomos capazes de alcançar, e por outro, identificar o que desejamos para o futuro”.

    As propostas recaem, assim, em visitas a espaços de iniciativa pública, municipal, ou cooperativa, construídos nas últimas cinco décadas, que retratam as transformações operadas nos municípios da Maia, Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia. “O que queremos perguntar é: de que é que nós, portugueses, precisamos hoje para “termos liberdade a sério?”, acrescentam.

    O roteiro é acompanhado pelos Programas Caleidoscópio e Plus que propõem um conjunto de actividades abertas e destinadas a todos os públicos. Todas as visitas e actividades são de participação gratuita

    Até 21 de Abril decorrem as candidaturas para o voluntariado da OHP.

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    Um dos três vencedores do Prémio ArchDaily Brasil 2024 é português

    O edifício Factory Lisbon, com assinatura de Julian Breinersdorfer Architekten, José Baganha e Ângela Maurice, foi o terceiro classificado no Prémio ArchDaily Brasil Obra do Ano 2024

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    Este ano, o primeiro lugar foi atribuído ao Hospital Veterinário Escola da Unileão em Juazeiro do Norte, projecto com assinatura do gabinete Lins Arquitectos Associados. O segundo lugar foi para Angeli.Leão com o projecto para o Marco dos Corais, em Maceió. Em terceiro lugar ficou a Factory Lisbon, localizada em Lisboa, projecto desenvolvido por Julian Breinersdorfer Architekten, José Baganha e Ângela Maurice.

    “A Factory Lisbon resulta da reutilização adaptativa de uma fábrica de bolachas e massas, de 1973 do exército português. O edifício tombado pelo património histórico fica na frente do porto de Lisboa, inserido no complexo histórico de abastecimento do exército, que está a ser transformado num distrito de inovação, o Hub Criativo de Beato”.

    Fotos de Francisco Nogueira

    O edifício tem 200 metros de comprimento por apenas 11 de largura. “Este volume estreito normalmente exigiria a introdução de vários núcleos de betão para a circulação de emergência. Para evitar tal intervenção disruptiva, toda a circulação foi adicionada externamente. Na forma de passarelas de aço leve e escadas de um único lance, ela percorre as fachadas e contorna os silos históricos e um poço de elevador no centro do edifício. Aqui, as escadas são suspensas do tecto para minimizar seu impacto estrutural. O novo poço do elevador é revestido com espelhos, de modo a se misturar com as cores e características históricas”.

    O Prémio Obra do Ano do ArchDaily Brasil, um prémio de arquitectura lusófona, resulta da votação dos leitores do site, que seleccionam os 15 finalistas e, posteriormente, os três vencedores.

     

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    Exposição ‘Lisboa Imagina a Nova Bauhaus Europeia’ mostra 177 propostas

    Os trabalhos apresentados resultaram dos 12 concursos lançados pela Câmara de Lisboa e pela Lisboa Ocidental SRU, entre 2022 e 2023, com o apoio da OA, para projectos de habitação, equipamentos e espaço público

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    A Câmara Municipal de Lisboa e a Lisboa Ocidental SRU inauguram, esta sexta-feira, dia 5 de Abril, a exposição ‘Lisboa imagina a Nova Bauhaus Europeia’, uma mostra que se enquadra nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e que ficará patente na Sala do Risco durante todo o mês de Abril de 2024 e irá depois circular em itinerância por outros locais da cidade.

    À luz da iniciativa Nova Bauhaus Europeia, que apela a uma onda de renovação no edificado, foram lançados pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Lisboa Ocidental SRU, entre 2022 e 2023, 12 concursos públicos de concepção para projectos de habitação, equipamentos e espaço público, com o apoio da Ordem dos Arquitectos.

    São expostas 177 propostas no âmbito dos referidos concursos, com destaque para as três primeiras classificadas de cada um. Os trabalhos espelham o esforço de imaginação realizado pelos concorrentes do que poderá ser a onda de renovação do edificado e da cidade no cumprimento do Pacto Ecológico Europeu, num movimento onde cultura e ciência são indissociáveis e onde tecnologia e arte estão ao serviço das pessoas.

    Ao criar pontes entre diferentes disciplinas e abrindo-se à participação alargada, a Nova Bauhaus Europeia inspira um movimento que pretende facilitar e orientar a transformação das sociedades em três valores inseparáveis: a sustentabilidade, a estética e a inclusão.

    Estarão presentes na cerimónia Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Filipa Roseta, vereadora da Habitação e Obras Municipais, Gonçalo Santos Costa, presidente do Conselho de Administração da Lisboa Ocidental SRU e Avelino Oliveira, presidente da Ordem dos Arquitectos.

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