Reabilita: “Actualmente, habitação e turismo convivem paredes meias”
“No longo prazo o mercado vai-se equilibrar entre Alojamento Local e residentes de longa duração. Vão nascer outras zonas e as cidades vão ser pólos multiculturais com qualidade”
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Estão no mercado da reabilitação há 10 anos. Este ano vão aventurar-se na construção nova de um edifício emblemático que irá combinar turismo, comércio, restauração e habitação – o Dom Pedro Cascais. Um projecto que lhe permitiu uma maior liberdade, mas que não desviou a atenção da empresa do seu core business. E com o crescimento da reabilitação em todo o País, a Reabilita irá estar onde as oportunidades surgirem
Texto: Cidália Lopes (clopes@construir.pt)
Tendo como ponto de partida o início das obras do empreendimento Dom Pedro, em Cascais, quisemos conhecer um pouco mais a promotora do projecto e o seu trabalho. A Reabilita, tal como o próprio nome indica é especialista em obras de reabilitação e tem tido o seu foco na cidade de Lisboa, sendo o Dom Pedro o primeiro fora da capital.
Tomás Champalimaud, administrador da empresa relembra como surgiu a ideia de ‘entrar’ neste empreendimento: “Surgiu de um convite de um dos sócios do projecto que, não tendo na sua especialidade o imobiliário e tendo já feito um negócio connosco em 2012, nos convidou para o ajudarmos no desenvolvimento do negócio. Isto numa fase em que ainda estava para ser decidida proposta vencedora do concurso da Câmara”.
Além disso, este é também o primeiro projecto da Reabilita em construção nova, que em nada se assemelha às obras de reabilitação onde normalmente operam, mas que por outro lado também permite “uma maior liberdade em termos de definição de soluções e de espaços”, como explica aquele responsável: “A premissa era uma nova construção, com muito menos área e volumetria. Há que definir toda a imagem do edifício, o impacto que tem na envolvente e o seu enquadramento quanto às novas regras de construção”.
“A construção nova é sempre uma possibilidade”
Além das obras que têm em Lisboa, e agora em Cascais, a Reabilita está, definitivamente, à procura de novas oportunidades de investimento noutros pontos do País. Pode dizer-se de Norte a Sul, desde o Porto até Tavira, que a empresa tem procurado imóveis onde possa apostar no mesmo conceito que tem vindo a desenvolver até aqui. Até ao momento nenhum foi ainda concretizado, mas para o futuro “é muito provável que tenhamos projectos noutras cidades”. Da mesma, que a construção nova poderá ser também uma aposta.
Mas o futuro não é algo que Tomás Champalimaud goste de ‘planear’. Pela experiência dos últimos 10 anos, a Reabilita tem sabido adaptar-se ao mercado e às oportunidades que vão surgindo, já que “os nossos planos foram sempre evoluindo e sendo alterados. Qualquer previsão a mais de seis meses saiu furada”, explica.
Da mesma forma que “se a oportunidade surgir” poderão também apostar noutras áreas do imobiliário. Aliás, essa já não seria uma estreia, já que desde o início da Reabilita surgiram projectos que os fazia repensar o conceito tradicional de reabilitação. Talvez por isso tenha desenvolvido projectos como o hostel EquityPoint Lisbon (anteriormente designado por Lisbon Palace Hostel), várias lojas de retalho e restaurantes. Actualmente mantém o palacete, também recuperado, onde funcionam os escritórios da empresa do chef Kiko Martins, em Lisboa.
A reabilitação “chegou muito tarde”
Fazendo também a Reabilita parte integrante da regeneração urbana que tem vindo a ocorrer em Lisboa, era incontornável questionar sobre a forma como esta tem ocorrido e, sobretudo, a relação directa com o turismo e o crescimento do alojamento local.
Tomás Champalimaud não tem dúvidas que a reabilitação e o turismo trouxeram “muitos benefícios para Lisboa”, mas só peca por ter chegado tarde e demasiado rápido e “como acontece neste tipo de situações, sem espaço para uma adaptação gradual”.
“É preciso relembrar que a Lisboa estava completamente abandonada. Por exemplo os restaurantes da Baixa fechavam à noite porque não havia ninguém. Mais de metade do parque habitacional do centro histórico estava em ruínas”, recorda.
Tomás Champalimaud considera também que a grande responsabilidade por esta degradação foi o congelamento das rendas e que, curiosamente, “foi com a crise que as pessoas começaram a querer voltar para o centro” para evitar gastos desnecessários com as deslocações de casa para o trabalho. Atrás dessa procura veio o turismo porque Lisboa começou a ter mais vida e era uma das cidades mais baratas para visitar. É obvio que rapidamente se percebeu que existia falta de oferta alternativa e de qualidade. Daí ao boom da reabilitação para o chamado alojamento local foi apenas um passo.
O crescimento do turismo “trouxe muito benefícios aos lisboetas: empregos, reabilitação, nova oferta de serviços. As cidades (não só Lisboa) ganharam uma nova vida”, acrescenta Tomás Champalimaud.
E falar hoje de habitação é falar de um sector que convive “paredes meias” com o turismo. Muitas vezes os edifícios são mistos – habitação e alojamento, como por exemplo os apartamentos de tipologias mais pequenas como T0 ou T1 ou mais vocacionados para habitação, fora das zonas centrais, “mas não quer dizer que algumas unidades não sejam utilizadas para alojamento local”.
E explica porque é que cada vez mais se reabilita para o turismo: “A habitação no centro histórico está a preços proibitivos, em linha com o acontece em todas as cidades europeias. Mas acho que no longo prazo o mercado vai-se equilibrar entre Alojamento Local e residentes de longa duração. Vão nascer outras zonas e as cidades vão ser polos multiculturais com qualidade”.
Caixa
O projecto Dom Pedro
O atelier de arquitectura Subvert Studios, da responsabilidade do arquitecto Tiago Rebelo de Andrade, assinou o projecto que vai transformar uma das zonas mais frequentadas da vila de Cascais, o Largo da Estação. A conclusão das obras está previstas para Setembro de 2019, num investimento na ordem dos 18 milhões de euros.
Onde anteriormente funcionava o velho hotel Nau, vai dar lugar a um com uma arquitectura inovadora, onde sobressai uma fachada inspirada em filigrana, construída em pedra.
Ali vai surgir uma unidade hoteleira, com cerca de 20 quartos, com conceito inovador para atrair turistas e “global citizens”, uma cervejaria, com produção de cerveja artesanal, que oferecerá um espaço de restauração e mercearia mas também outras áreas criativas. O espaço incluirá uma área destinada a coworking disponibilizando espaços com internet gratuita bem como um espaço dedicado às artes, cultura e música e uma zona habitacional de qualidade.