A exposição “Neighbourhood: Where Alvaro meets Aldo”, com curadoria de Nuno Grande e Roberto Cremascoli, que representou Portugal na 15.ª Bienal de Arquitectura de Veneza em 2016, vai estar patente na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), em parceria com a Direção-Geral das Artes, de 19 de Junho a 17 de Setembro. A inauguração está marcada para o dia 18 de Junho, na Galeria de Exposições da FAUP e a anteceder a abertura será entregue a Medalha de Mérito da Universidade do Porto ao arquitecto Siza Vieira.
De acorco com nota da DGArtes, a FAUP acolherá a terceira versão da exposição inicialmente pensada para um formato “site specific” na ilha da Giudecca, em Veneza, e que já passou pela Garagem Sul do CCB, em Lisboa, “surgindo agora como um momento de balanço após três anos de trabalho em torno deste projecto”.
No Porto, revela a mesma fonte, “serão apresentados conteúdos que dão a conhecer o processo de investigação que resultou na exposição e que realçam a sua importância – as viagens com Álvaro Siza, as cidades e os habitantes dos seus bairros sociais”.
A DGArtes lembra que, tal como já tinha acontecido em Veneza, a apresentação da exposição na FAUP acontece num edifício desenhado pelo próprio Siza Vieira. “Nele procura-se estabelecer um diálogo entre a arquitectura essencialista e despojada do arquitecto português e o ideário cenográfico e cromático do arquitecto italiano Aldo Rossi, com quem a exposição procura estabelecer uma afinidade cultural: onde Álvaro encontra Aldo”.
Nesta terceira itinerância, adianta a DGArtes que se procura divulgar as obras de Siza e de Rossi, assim como “as ‘vizinhanças’ que se estabeleceram entre ambas, a um público alargado, a partir de uma Universidade e de uma Faculdade que reflectem sobre a cidadania e exercitam o desenho da cidade”.
Recorde-se que, “na sua origem, esta representação portuguesa, por iniciativa do Ministério da Cultura/ Direcção-Geral das Artes, respondeu ao desafio lançado pelo curador geral da 15.ª Bienal de Arquitectura de Veneza, em 2016, Alejandro Aravena – “Reporting from the Front”, propondo um Pavilhão de Portugal “site-specific” construído numa frente urbana em plena regeneração física e social, dentro da cidade de Veneza, e mais especificamente da ilha de Giudecca”. Na verdade, sublinha a DGArtes, “a ideia de instalar o pavilhão português ‘in situ’ despoletou a conclusão do projecto de regeneração do Campo di Marte, proposto pelo arquitecto Álvaro Siza, há mais de 30 anos”. Estima-se que as obras estarão completas no final de 2018.
A representação oficial portuguesa em 2016 havia escolhido como tema central o trabalho de Siza Vieira no domínio da habitação social, abarcando os seus projectos em diferentes cidades – Campo di Marte (Veneza); Schlesisches Tor (Berlim); Schilderswijk (Haia); e Bairro da Bouça (Porto) –, e neles “evidenciando a sua experiência de participação social, enquanto reflexo de uma compreensão democrática da cidade e da cidadania europeias”, recorda a DGArtes, salientando que, “esses diferentes projectos geraram verdadeiros lugares de vizinhança, tema central na actual agenda política europeia, em prol de uma sociedade mais inclusiva e multicultural”.
A DGArtes lembra ainda que, no início de 2016, alguns meses antes da inauguração da Bienal de Veneza, “Siza Vieira regressou, a convite dos curadores, aos quatro bairros sociais que constituem o centro desta exposição. No Porto, em Veneza, em Haia e em Berlim, Siza visitou e conviveu com os diferentes residentes, entre antigos e novos vizinhos, percebendo a evolução dos seus ‘habitats’, mas também as principais transformações sociais e urbanas ali ocorridas e hoje partilhadas por muitas outras cidades europeias: processos de imigração, guetização, gentrificação e turistificação. Essas visitas e esses vizinhos foram retratados em imagens de diferentes suportes, respectivamente mostradas no exterior e no interior do Pavilhão de Portugal”.