Retalho: o sector mais exposto aos impactos da pandemia
De acordo com a Worx, o impacto da pandemia levou os lojistas a procurarem soluções práticas tais como o serviço ‘lastmile delivery’
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O retalho foi particularmente prejudicado pelo período de confinamento ao restringir a mobilidade e confiança do consumidor, provocando uma natural quebra no consumo. O cenário é mais pessimista no caso do retalho não alimentar, onde os valores do consumo desceram a pique. No entanto, as restrições à mobilidade vieram acelerar o crescimento do e-commerce.
O sector do retalho apresenta as maiores quebras no consumo e confiança do consumidor desde que há registo, cerca de 35 pontos no mês de Abril, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Apesar disso, a procura por bens essenciais foi sustentada. O volume de negócios no comércio a retalho alimentar, por exemplo, registou apenas duas ligeiras quebras, uma em Abril e outra em Maio. Nos últimos anos, o comércio de lojas de rua tem sido o principal responsável pelo dinamismo do mercado de retalho nos centros urbanos.
“A incerteza quanto à duração da pandemia e o impacto no volume de vendas forçou os lojistas a procurarem soluções práticas e rápidas para os problemas actuais. Em alternativa, a encerrarem o seu negócio, alguns lojistas optam por usar os seus espaços com a finalidade de servirem o lastmile delivery, aproveitando o ritmo do crescimento do comércio online, ou como ponto de distribuição para serviços de entrega (de produtos alimentares, por exemplo) ao domicílio”, indica a consultora Worx em comunicado.
No geral, a par das limitações da actividade neste sector foram surgindo incentivos e moratórias por parte dos proprietários, que continuam flexíveis e a negociar, apesar de ainda haver um adiamento na decisão final. Quanto às rendas, é sabido que continuam diferidas por forma a dar possibilidade dos lojistas se recomporem, apesar da situação actual continuar a ser desfavorável para os mesmos.
No caso dos centros comerciais o contexto é semelhante, embora o impacto previsto seja maior. As limitações dos horários e suspensão das rendas fixas aos lojistas comprometeu ainda mais a actividade dos proprietários dos centros comerciais, ficando limitados apenas à renda variável. Além disso, o tráfego e vendas contraíram significativamente por todo o País, prevendo-se assim um ano com uma variação homóloga negativa face ao ano anterior, com a perspectiva para serem retomadas aquando da recuperação da confiança no consumidor.
Relativamente às rendas no sector do mercado imobiliário, é de salientar que neste primeiro semestre o segmento prime voltou a registar os mesmos valores do final do ano 2019. No entanto, face ao período homólogo de 2019, apenas o comércio de rua em Lisboa e no Porto registaram uma subida (de 5€/m2 /mês), marcando actualmente os 140 €/m2 /mês e 70€/m2 /mês, respectivamente.
Em Lisboa, com a excepção para uma ligeira descida em 2011, a renda prime tem traçado uma trajectória ascendente, fruto do crescimento e atractividade do comércio de rua em Lisboa, registando uma variação anual de 65p.p. face à última crise financeira. Os centros comerciais e retail parks mantiveram os mesmos valores de renda prime, mas poderão vir a sofrer uma pressão descendente no curto-prazo, uma vez que são um estabelecimento do comércio a retalho altamente exposto à pandemia.
Contrariamente, a este segmento está o mercado prime no comércio de rua, prevendo-se que este não seja tão afectado pela crise, uma vez que a oferta disponível no mercado é limitada e alvo de muita procura ao longo de todos os ciclos do mercado.