Retail parks lideram preferências de retalho em 2021
Análise da Savills demonstra que os retail parks foram as preferências dos investidores em 2021 e que o e-commerce não ditará o fim dos centros comerciais, mas transformará o sector
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Os retail parks e instalações de armazenamento dedicadas ao retalho representaram mais de 30% do total de investimento feito no sector em 2021, um aumento face à média de 20% dos últimos cinco anos, de acordo com os últimos dados da Savills.
Os investidores, pretendendo reforçar as margens de lucro e minimizar os riscos, olharam para os retail parks e formatos de retalho alimentar de pequena dimensão em 2021 como activos menos expostos, de forma geral, aos riscos lançados pelas limitações impostas pela pandemia de COVID-19.
Entre 2013 e 2019, os supermercados e hipermercados representavam cerca de 7% do investimento em retalho. Contudo, em 2020 e 2021 essa parcela aumentou para 20% e 17%, respectivamente.
O setor da conveniência na Europa (retail parks, armazéns para retalho, supermercados e hipermercados) captou um investimento de cerca de 14 mil milhões de euros em 2021, representando perto de metade do volume de investimento total no setor, acima dos 23% de 2013. Por outro lado, o segmento dos centros comerciais tem vindo a cair, à medida que o comércio online ganha tracção e as incertezas sobre o futuro ainda lançam sombras sobre os formatos físicos de retalho. Em 2013, os centros comerciais representavam 41% do total de investimento, mas em 2021 essa representatividade caiu para 17%.
As prime yields dos centros comerciais atingiram um máximo de 5,45% no quarto trimestre de 2021, face ao pico anterior de 4,5% registado no terceiro trimestre de 2018. Este aumento deveu-se à suspensão, por longos períodos, da actividade de muitos centros comerciais e a uma forte queda no número de transações desta classe de activos. Em Lisboa, o valor das prime yields de centros comerciais ficou na casa dos 5% em 2021, em linha com a média europeia.
O sector do retalho tem sofrido profundas transformações e a consolidação do e-commerce tem sido uma das principais forças motrizes dessa reconfiguração. Estima-se que uma em cada cinco compras feitas pelos consumidores europeus seja realizada online. O Reino Unido é o país da Europa que regista a mais elevada taxa de penetração de e-commerce.
Recuperação dos shoppings nos próximos anos
Apesar da ascensão do comércio online, os centros comerciais não têm os dias contados. Calcula-se que 72% das compras continuem a ser feitas em lojas físicas e que o poder de compra dos consumidores na Zona Euro cresça 4,2% este ano e 2,4% em 2023, o que deverá aumentar a confiança dos consumidores e potenciar a abertura de novos espaços.
O sector do retalho continuará a sofrer transformações para melhor responder às exigências dos consumidores, que esperam melhores experiências de compra e a redução da pegada carbónica dos negócios.
Na sua trajectória de adaptação aos novos tempos, os centros comerciais vão também procurar diversificar ainda mais a oferta disponibilizada aos clientes, com a adição de novos serviços e lojas, como clínicas, serviços e espaços de cowork. No entanto, os ramos de Alimentação e Conveniência deverão continuar a dominar as preferências de investimento em 2022.
Também se prevê que as relações senhorio-inquilino sofram alterações e se tornem mais transparentes e colaborativas, e antevê-se a celebração de contratos de arrendamento de menor duração e rendas mais reduzidas.