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Bartolomeu Costa Cabral (1929-2024): Ordem recorda legado forte na arquitectura portuguesa
O Presidente da República lamenta, também, a morte de uma das figuras maiores do modernismo arquitectónico e sublinha a forma como Costa Cabral era reconhecido pelos seus pares, nomeadamente pela preocupação com a noção de cidade, não de unidade estanque, o que talvez explique que uma exposição comemorativa, em 2019, escolhesse como título a bela expressão “a ética das coisas”.
A Ordem dos Arquitectos recorda a obra e o “legado” de Bartolomeu da Costa Cabral no momento de assinalar a morte do arquitecto, aos 95 anos, ele que era considerado como figura marcante do modernismo arquitectónico português.
Numa nota publicada na página na Internet, e assinada pelo presidente Avelino Oliveira, a Ordem dos Arquitectos presta homenagem ao membro número 142, “um enorme e consagrado arquiteto português”.
Nascido em Lisboa, a 8 de Fevereiro de 1929, obteve o diploma em Arquitectura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa em 1957, tendo, no ano anterior, estagiado em França, onde estudou o tema da habitação de que resultariam diversos estudos de habitação social para o Gabinete Técnico de Habitação (GTH), Federação das Caixas de Previdência, Câmara Municipal de Lisboa e Fundo Fomento Habitação (FFH – atual IHRU), entre 1959 e 1968.
Bartolomeu da Costa Cabral integrou, ainda estudante, o atelier da Rua da Alegria de Nuno Teotónio Pereira. Trabalhou com Manuel Alzina de Menezes, Manuel Taínha, Nuno Portas, Gonçalo Byrne, Pedro Vieira de Almeida e Pedro Viana Botelho.
Entre 1968 e 1969 trabalha com Conceição Silva e Maurício de Vasconcellos. Integra o GPA (Grupo de Planeamento e Arquitectura), fundado por Maurício de Vasconcellos e Luís Alçada Baptista, onde desenvolveu, até 1996, diversos edifícios universitários para Bragança, Guimarães, Covilhã, Santarém, Tomar e Oeiras.
Da sua obra construída será, porventura, o muito destacado e impressivo Bloco das Águas livres, em Lisboa (1953-1955), projetado em coautoria com Nuno Teotónio Pereira, o edifício mais emblemático e uma referência na arquitectura portuguesa. Destaca-se ainda a Escola Primária do Castelo (Lisboa, 1960), a Estação do Metropolitano da Quinta das Conchas (1998-2002) e os Blocos de Habitação Social dos Olivais, 1961 (com Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas).
Premiado com o Prémio Eugénio dos Santos, em 1997 (com Nuno Teotónio Pereira pela remodelação do Teatro Taborda, em Lisboa), Prémio de arquitectura Raúl Lino, em 1978 (do GPA, com a notável Agência da CGD de Sintra), Menção Honrosa do Prémio Valmor 2009 (habitação individual na Travessa da Oliveira, em Lisboa), Grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (2022), uma distinção entregue pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa sublinha a forma como Costa Cabral era reconhecido pelos seus pares, nomeadamente pela preocupação com a noção de cidade, não de unidade estanque, o que talvez explique que uma exposição comemorativa, em 2019, escolhesse como título a bela expressão “a ética das coisas”. “A Arquitectura tem de falar às pessoas, tem de ser uma companhia, tem de dar sentido aos espaços criados e, só assim, podemos falar da sua humanização. Julgo que nas obras que fui fazendo ao longo da minha vida profissional, existe uma constante relação com as pessoas”, assumia Costa Cabral em 2019, a propósito da exposição “A Ética das Coisas”