Tirone Nunes desenha Parque Oriente
A zona dos Olivais, em Lisboa vai ser palco de um novo empreendimento «amigo do ambiente», já que aposta na construção de edifÃÂcios com energias renováveis. O investimento para o Parque Oriente, um projecto assinado por Tirone Nunes, ronda os 80 milhões de euros, e as obras arrancam já em 2006, com o fim dos… Continue reading Tirone Nunes desenha Parque Oriente
Magda Jiná
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A zona dos Olivais, em Lisboa vai ser palco de um novo empreendimento «amigo do ambiente», já que aposta na construção de edifÃÂcios com energias renováveis. O investimento para o Parque Oriente, um projecto assinado por Tirone Nunes, ronda os 80 milhões de euros, e as obras arrancam já em 2006, com o fim dos trabalhos agendado para daqui a três anos
Foi em 2001, quando se encontrava a terminar a construção da segunda Torre bioclimática residencial no Parque das Nações, que o ateliê Tirone Nunes, responsável pela promoção do Parque Oriente, se apercebeu que construir no espaço da antiga Expo’98 seria, daàpara a frente, um investimento sensato. O Parque das Nações tinha finalmente «a procura que o colocaria no bom caminho para a consolidação». Por esta razão, a Tirone Nunes optou estrategicamente pela realização de um quarteirão integrado na malha urbana existente da cidade de Lisboa.
Localizado no cruzamento das Avenidas Infante D. Henrique e Pádua, a cerca de 300 metros do Parque das Nações, em Lisboa, o Parque Oriente irá ocupar o terreno onde estava instalada a Fábrica Barros, que já há algum tempo se encontrava àvenda, com a sua actividade praticamente parada e em vias de ser abandonada. O facto de se tratar de um terreno já urbanizado e abandonado pela indústria foi encarado como um factor positivo pela autora do projecto.
Próximo do Parque das Nações quanto baste, o futuro empreendimento Parque Oriente constitui, na opinião da empresa promotora, um passo que ruma «àconsolidação do único eixo urbano que poderá, um dia, tornar-se a ligação entre o Parque das Nações e a cidade». Esta ligação é uma meta a atingir desde o conceito inicial da Expo 98, sendo que todas as infraestruturas e funcionalidades do Parque das Nações foram criadas com plena consciência de que poderiam vir a servir as áreas circundantes.
Arquitectura do Oriente
«O Parque Oriente será o empreendimento sustentável com maior impacte no paÃÂs e espera influenciar positivamente a qualidade de vida das pessoas que nele habitam, trabalham e convivem». Esta é a opinião que LÃÂvia Tirone exprimiu ao Construir, em relação a este projecto, pelo qual é responsável. A arquitecta referiu ainda que todas as medidas implementadas são replicáveis e foram introduzidas numa óptica da prática comum.
O empreendimento envolve um quarteirão aberto, que beneficia de uma grande diversidade de utilidades, nomeadamente a habitação com um amplo jardim de condomÃÂnio, escritórios, superfÃÂcies comerciais, uma biblioteca municipal, um centro para construção sustentável e uma importante praça pública, com acesso directo àestação de Metro do Cabo Ruivo.
As facilidades tanto a nÃÂvel do empreendimento como a nÃÂvel de toda a área que envolve a zona dos Olivais, poderão tornar o futuro Parque Oriente no «berço de uma comunidade sustentável, ao mesmo tempo que dá continuidade e complementa a qualidade e diversidade urbana introduzidas no Parque das Nações, marcando o eixo de ligação entre este e o tecido urbano consolidado da cidade de Lisboa», na opinião da arquitecta.
Passo a passo
A construção do Parque Oriente conta com uma área bruta de cerca de 28.000m2 destinada àhabitação. Este espaço envolve a construção de 240 apartamentos distribuÃÂdos por dez edifÃÂcios, cada um com oito pisos acima do solo, sete dos quais serão para uso habitacional e respectivos lugares de estacionamento. «A pensar no bem estar dos futuros habitantes», foram desenvolvidas mais de 60 tipologias diferentes, nomeadamente T0, T1, T2, T2 Duplex, T3, T4 e T5. Em qualquer uma das tipologias, as salas são bastante amplas, dotadas de grandes janelas com vista para a Praça Oriente, para o Parque das Nações ou para o Estuário do Tejo.
As varandas e os SOHO (pequenas áreas de escritório em casa) também estão presentes em todos os tipos de apartamentos, que desfrutam ainda de um jardim para uso exclusivo dos moradores. É sob este jardim que, num espaço com aproximadamente 2.000m2, será construÃÂda a biblioteca municipal e o centro para construção sustentável. Está ainda prevista a construção de uma loja de conveniência, localizada no piso térreo do edifÃÂcio A, num espaço com cerca de 700m2.
No que respeita àárea de destinada aos escritórios, esta envolve aproximadamente 8.500m2, com estes espaços distribuÃÂdos por dois edifÃÂcios. Estes últimos relacionam-se directamente com a Praça Oriente e situam-se acima do piso 0, que é composto por uma galeria de áreas comerciais que envolve grande parte da ampla Praça Oriente. O edifÃÂcio de escritórios localizado ao longo da Av. Infante D. Henrique foi planeado com o objectivo de «responder às necessidades funcionais de uma grande empresa ou alternativamente para várias micro, pequenas e médias empresas», de acordo com a arquitecta responsável pelo projecto. Já o EdifÃÂcio Pádua, cujos escritórios se prolongam pela Av. De Pádua, «usufruem de áreas de duplo pé direito orientados a Norte, com espaços que se adaptam a layouts interiores diversificados, respondendo às necessidades de pequenas empresas e permitindo a centralização de alguns dos serviços partilháveis», continuou LÃÂvia Tirone, em declarações ao Construir.
A arquitecta não quis deixar ainda de salientar uma caracterÃÂstica que considera marcante em relação ao edifÃÂcio Pádua, nomeadamente, «a preservação da memória do recente passado industrial desta zona Oriental de Lisboa, através da reconstrução da fachada Norte industrial ao longo da Avenida de Pádua nos três pisos inferiores»
As áreas comerciais do Parque Oriente orientam-se no sentido da Avenida de Pádua, da Avenida Infante D. Henrique e, principalmente, da Praça Oriente, «cuja dinamização fará certamente parte do quotidiano deste quarteirão, contribuindo simultaneamente para a qualidade de vida das populações locais», refere a arquitecta responsável. No total, as zonas comerciais dos diversos lotes têm uma área de cerca de cinco mil metros quadrados.
Todo o estacionamento relativo aos edifÃÂcios de escritórios e às áreas de comércio encontram-se nos dois nÃÂveis abaixo do solo.
Com aproximadamente cinco mil metros quadrados de superfÃÂcie, a Praça Oriente será aberta para a Avenida Infante D. Henrique numa extensão de cerca de 70 metros. Marcada pela diversidade urbana, esta praça irá oferecer um equilÃÂbrio harmonioso entre zonas ajardinadas, espaços de circulação e estrados de madeira que servem de esplanadas, espelhos de água, um anfiteatro informal e acesso directo àestação de Metro do Cabo Ruivo. LÃÂvia Tirone confessou acreditar que o comércio animará de tal forma a Praça Oriente, que não tardará muito até começarem a nascer bares, restaurantes, lojas, serviços, e muitas outras actividades compatÃÂveis, naquela zona.
No que toca a acessibilidades, não poderia ser mais fácil e cómodo chegar ao Parque Oriente, de acordo com a arquitecta. «Existe uma excelente rede de transportes públicos na Gare do Oriente, transportes fluviais através da Porta do Tejo e o acesso directo àestação de metro de Cabo Ruivo, através do interior da Praça Oriente», refere. Para além disso, o empreendimento situa-se ainda entre dois eixos que ligam a zona Oriental à2ª circular, ao aeroporto e àPonte Vasco da Gama.
Amigo do ambiente
Cada vez há mais empresas que apostam na construção de edifÃÂcios que respeitam o meio ambiente. O Parque Oriente é um deles. Desta forma, apresentará uma forte presença visual de água, parte do sistema de reciclagem de águas cinzentas e da chuva, através do qual os moradores terão acesso a uma rede de água secundária para os usos que não requeiram água potável.
Através da aplicação de tecnologias solares passivas e activas, o projecto propõe-se também a minimizar as necessidades energéticas dos edifÃÂcios através da utilização de energias renováveis e energias fósseis. De acordo com a arquitecta LÃÂvia Tirone, também irão ser estabelecidas metas especificamente direccionadas para a redução do consumo de energia, assim como das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera.
Também as tecnologias de construção utilizadas neste projecto são «amigas do ambiente», com o uso de materiais reutilizáveis e com a redução dos desperdÃÂcios em obra.
A arquitecta responsável pelo projecto explicou que todas as funções a serem desempenhadas nos edifÃÂcios do empreendimento foram contempladas na concepção dos projectos, de maneira a incentivar um comportamento ambiental positivo por parte dos utilizadores. «A qualidade dos espaços criados deve ser suficiente para estimular o empenho na qualificação contÃÂnua dos utilizadores», acrescenta.
Segundo a responsável pelo projecto, não deixa de ser dada também uma atenção especial aos produtos de limpeza utilizados nos edifÃÂcios, que «irão ser isentos de fosfatos e outros produtos quÃÂmicos».
O Plano de Pormenor do Parque Oriente é, de acordo com a arquitecta LÃÂvia Tirone, o primeiro em Portugal que estabelece metas de desempenho, prevendo a sua verificação através da monitorização contÃÂnua durante o funcionamento útil do empreendimento. LÃÂvia Tirone admitiu ainda ao Construir que não tem dúvidas quanto ao futuro da construção de empreendimentos, acreditando que é apenas uma questão de tempo até começar a haver «uma maior consciência e exigência ao nÃÂvel do desempenho energético-ambiental dos edifÃÂcios», matéria que recentemente foi legislada.