«Construir agora no Algarve é muito caro»
Simon Burgess e Gerry Fagan, administradores do Grupo Oceânico «Em que circunstâncias foi criado o Grupo Oceânico? Simon Burgess (SB): Originalmente nasceu em 1984 mas nós só a adquirimos no ano 2000. Estes últimos seis anos foram passados a fazer renascer a empresa e a estruturá-la enquanto grupo. Originalmente era uma empresa muito ligada a… Continue reading «Construir agora no Algarve é muito caro»
Ruben Obadia
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Simon Burgess e Gerry Fagan, administradores do Grupo Oceânico
«Em que circunstâncias foi criado o Grupo Oceânico?
Simon Burgess (SB): Originalmente nasceu em 1984 mas nós só a adquirimos no ano 2000. Estes últimos seis anos foram passados a fazer renascer a empresa e a estruturá-la enquanto grupo. Originalmente era uma empresa muito ligada a uma construtora denominada Contacto. Acontece que essa relação empresarial alterou-se e quiseram vender a Oceânico juntamente com os seus activos, que no caso eram terrenos.
Quando é que surgiu este vosso interesse pelo sector imobiliário?
SB: Eu já estou ligado ao sector há bastante tempo mas só conheci o Gerry há seis anos atrás, fomos apresentados, por pura coincidência, por um amigo comum. Fomos apresentados no aeroporto de Dublin. Eu já estava para comprar a Oceânico e esse amigo falou-me de um potencial investidor. Assim que nos conhecemos, aquilo que inicialmente começou por ser um projecto individual mudou logo para uma relação 50/50. Eu apenas conhecia Portugal desde 1998, mas o Gerry já visita Portugal há mais de 30 anos.
Como é que analisam a evolução do Algarve nos últimos anos?
GF: Os acessos tornaram-se fantásticos, com voos diários oriundos de 10 ou 12 cidades do Reino Unido. Quando eu comecei a vir para o Algarve tinha de apanhar um avião de Dublin para Gatwick (Londres), daàpara Faro e depois ainda demorava três horas de carro por uma estrada. O que aconteceu é que agora há viagens directas das principais cidades inglesas, podendo chegar ao Amendoeira Golf Resort 20 minutos depois e em 40 minutos estar na praia.
Outro aspecto que recordo é que há 32 anos quando vim paguei na altura cerca de 400 euros na moeda actual e actualmente pode-se vir do Reino Unido por 100 euros. Portanto, o que mudou não foi só as acessibilidades, que melhoraram substancialmente, como o preço a pagar pela viagem baixou drasticamente. Para além disso, o produto turÃÂstico apresentado pelos bons promotores é de inegável qualidade e bastante avançado.
Começaram a construir na Meia Praia e avançaram depois para a Praia da Luz, também em Lagos. Porquê a escolha desta região especÃÂfica?
SB: Isso tem uma explicação. Quando chegámos a Portugal e começámos a procurar terrenos verificámos que era tudo muito caro na região da Quinta do Lago e então fomos mais para Oeste e viemos parar àPraia da Luz. Na altura, os terrenos tinham preços comportáveis e foi por aàque começámos e é aàa nossa casa, independentemente de agora estarmos a avançar para os Açores ou Óbidos. Avançaram então com dois empreendimentos na Praia da Luz…
ConcluÃÂmos o Estrela da Luz há cerca de um ano, estamos a acabar o Vila BaÃÂa, e vamos arrancar com a segunda fase do Estrela da Luz no final deste ano, com um montante de investimento de 33 milhões de euros. Com este último projecto concluÃÂmos a nossa intervenção na Praia da Luz, avançando no final deste Verão para Porto de Mós, com o empreendimento Belmar. Para aqui pretendemos criar um Spa de cinco estrelas associado ao qual irão estar de 189 unidades de tipologias diversas, num investimento de quase 70 milhões de euros. No caso do Belmar já temos quase tudo vendido, faltam muito poucas unidades a comercializar para esgotar.
Como é que explicam o vosso sucesso comercial?
SB: Bem, os nossos empreendimentos são, na grande maioria, comercializados em grande parte na Irlanda. Costumamos lançar os projectos na Irlanda ainda em planta, uma vez que os irlandeses estão habituados a este tipo de comercialização, e depois avançamos para Inglaterra, porque os ingleses gostam de ver mais do projecto e só avançam quando as coisas estiverem mais concluÃÂdas. E esse é um bom equilÃÂbrio. Cerca de 60 % das nossas vendas é de clientes irlandeses, a maioria ainda em planta, e os restantes 40 é de ingleses, já com a construção em andamento.
Apesar de operarem em Portugal, quase não têm compradores portugueses…
GF: Eu posso avançar com uma explicação. O Grupo Oceânico é uma marca muito forte na Irlanda, com um reconhecimento e notoriedade muito elevada. A marca já vende por si, é um selo de qualidade. Os portugueses gostam de praia, preferem-na a qualquer outra coisa. Enquanto que ingleses e irlandeses gostam das praias mas também de usufruir de um conjunto de infraestruturas para os quais estão dispostos a pagar um valor de condomÃÂnio. Os portugueses apenas vão utilizar a casa para férias, enquanto que os ingleses/irlandeses adquirem-na a pensar na reforma. Portanto, são pontos de vista muito diferentes.
A vossa maior aposta actual é o Amendoeira Golf Resort. Em que fase se encontra?
SB: Comprámos a propriedade Morgado da Lameira, em Silves, em Fevereiro de 2005. Realizámos um estudo de impacto ambiental e fizemos o projecto em tempo recorde. Actualmente já começaram os trabalhos de movimentação de terras, as infraestruturas de saneamento também já começaram e vamos avançar para a construção da parte residencial no final do Verão em simultâneo com os dois campos de golfe. Esta é sem dúvida a maior obra a decorrer no Algarve este ano. Isto é um investimento global de 600 milhões de euros.
Já arrancaram com a comercialização?
SB: Estamos já na segunda fase. Vendemos 70% do que tÃÂnhamos para vender e estamos já a planear lançar a última fase em Setembro.
Todos os projectos do Amendoeira foram desenvolvidos internamente?
SB: Sim, apesar de pontualmente recorrermos a outsorcing. Temos toda uma estrutura interna a esse nÃÂvel. Não apostamos em designs modernos, queremos o projecto tradicional português, mourisco, mediterrâneo. Um projecto como o Bom Sucesso em Óbidos não conseguiria ser comercializado aqui, porque os turistas esperam o tradicional, querem sentir que entraram de férias mal colocam o pé no empreendimento.
Ainda há mais mercado para construÃÂrem no Algarve?
SB: Está cada vez mais difÃÂcil e em parte somos responsáveis por essa situação. Os valores que praticamos são altos, também tendo em conta os padrões de qualidade que estabelecemos. Actualmente, verificamos que os terrenos disponÃÂveis com qualidade são limitados e depois os preços que nos pedem são exagerados. Posso-lhe dizer que em seis anos os valores dos terrenos na região de Lagos inflaccionaram 800 por cento! É incrÃÂvel! É demasiado caro construir agora no Algarve. Por isso avançámos agora para Óbidos e Açores.
O que pretendem fazer em Óbidos?
SB: Adquirimos junto da Lagoa um terreno lindÃÂssimo e estabelecemos uma parceria com a construtora MSF. Com a construção do Bom Sucesso passarão a existir quatro campos de golfe num raio de poucos quilómetros, o que significa que Óbidos passará a ser um destino de golfe. E o feed-back que temos tido dos mercados ingleses e irlandeses tem sido fantástico. Este é um projecto de 160 milhões de euros e prevê a construção de 800 unidades residenciais.
Como é que tem corrido essa parceria?
SB: A MSF tem construÃÂdo quase todos os nossos empreendimentos e não poderÃÂamos estar mais satisfeitos. É das empresas mais honradas com quem já trabalhámos, isto incluindo as de Inglaterra e Irlanda. Cumprem com os prazos de uma forma muito profissional. O que têm planeado para os Açores?
SB: Para já adquirimos dois campos de golfe na Ilha de São Miguel – Campo de Golfe das Furnas e da Batalha – e vamos avançar para a construção de um outro na Ilha do Faial, onde será desenvolvido projectos imobiliários associados. Prevemos investir cerca de 200 milhões de euros na construção.
Mas não vão ter dificuldade em vender o projecto na Irlanda ou Inglaterra?
GF: Não. Os Açores é muito semelhante a uma parte da Irlanda, só que é mais quente em dez graus. Apaixonei-me totalmente pelo local, pela flora, pela geografia, a história. Actualmente começam a haver muitos voos para os Açores e portanto tudo se resume àfórmula das acessibilidades. E os Açores tem uma situação geográfica que é estratégica, cativando não só ingleses e irlandeses como luso-canadianos, americanos, etc. Os preços ainda são acessÃÂveis e vamos conseguir vender lá por metade do preço que praticamos no Algarve, com a mesma qualidade. Numa primeira fase vamos avançar com um Hotel & Spa, academia de ténis, ginásio.
SB: Mas aqui já não estamos a falar só no mercado que já trabalhamos, mas sim paÃÂses escandinavos também, Holanda (que passou a ter voos directos para os Açores), Canadá, América, especialmente oriundos de Boston, descendentes de portugueses, etc.
Ultimamente têm sido apresentados vários projectos imobiliários de grandes dimensões em Portugal. O que pensam deles?
GF: Eu acho que primeiro tem de existir mercado e actualmente a economia não ajuda. SB: Veja o caso da Sonae, que é das maiores empresas em Portugal, que a coisa mais corajosa que fizeram até hoje foi rebentar com as torres em Tróia. Falta-lhes coragem. Andam para ali a engonhar.
Temos é de apostar na promoção. Por exemplo, fomos aos Açores e de imediato deram-nos 100 mil euros para promover e organizar um torneio internacional de golfe televisionado. A Região de Turismo do Algarve nem sequer patrocinou uma taça de champanhe, quanto mais um cocktail! É uma vergonha e uma falta de estratégia. Provavelmente fizemos mais pelo Algarve no último ano que a própria Região de Turismo. Investimos cerca detrês milhões de euros em campanhas de publicidade em TV e imprensa na Irlanda e Inglaterra.