Arquitectura de portas abertas
Lisboa e Porto foram consideradas as cidades que concentram o maior número de obras relevantes no panorama arquitectónico nacional, e que poderiam acolher um evento semelhante ao Open House London. Este é um evento que se irá realizar na capital britânica mas que também poderia ser realizado com sucesso em terras lusas Durante 48 horas,… Continue reading Arquitectura de portas abertas
Ana Rita Sevilha
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Lisboa e Porto foram consideradas as cidades que concentram o maior número de obras relevantes no panorama arquitectónico nacional, e que poderiam acolher um evento semelhante ao Open House London. Este é um evento que se irá realizar na capital britânica mas que também poderia ser realizado com sucesso em terras lusas
Durante 48 horas, a cidade de Londres vai abrir as portas de cerca de 600 obras, de diferentes usos, de forma a dar a possibilidade aos seus habitantes e visitantes de explorar, debater, habitar e compreender a arquitectura, a engenharia e o design dos vários edifÃÂcios de relevância arquitectónica que povoam a capital. A inúmera lista de obras inclui residências privadas, casas históricas, bancos, edifÃÂcios governamentais e escritórios contemporâneos, entre outros. Este é um evento que se realiza anualmente na cidade de Londres e que também já se estendeu a Nova York através do Open House New York. De acordo com os arquitectos e autarquias contactadas pelo Construir, este era um acontecimento que a realizar em Portugal seria de sucesso, uma vez que o paÃÂs reúne em determinadas cidades um leque de obras de referência, sendo as de uso habitacional as que poderiam suscitar maior curiosidade por parte dos visitantes. Eventos com alguma semelhança já foram realizados no paÃÂs, no entanto nenhum deles teve a dimensão de um Open House, situação esta que poderá ser alterada uma vez que, de acordo com o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, José Manuel Amaral Lopes, está a ser estudada a viabilidade de um projecto semelhante a realizar em Lisboa.
Open House London
Financiada através de fundações, donativos individuais, governamentais e autoridades locais, o Open House London é realizado pela Open House, uma associação britânica que promove diversos eventos em parceria com arquitectos, designers, artistas e engenheiros, com o objectivo de fomentar um melhor entendimento da arquitectura através de uma interacção entre os profissionais e o público em geral. Sendo a qualidade do design e da arquitectura os critérios de escolha dos edifÃÂcios a integrar o Open House, os mesmos são abertos ao público pelos seus proprietários, no caso de edifÃÂcios de carácter particular. De acordo com a directora da Open House, Victoria Thornton, através do Open House London a associação pretende contribuir para que no futuro se construa melhor, na medida em que o evento serve para alertar as pessoas para a necessidade de ter edifÃÂcios bem desenhados e bem construÃÂdos de forma a conseguir um ambiente urbano equilibrado. Relativamente aos resultados obtidos com estes eventos, Victoria Thornton refere, «se experimentar um edifÃÂcio interior e exteriormente pode ajudar a compreende-lo e a avalia-lo de uma forma que nunca seria possÃÂvel através de uma fotografia, e se esta possibilidade pode fazer com que os londrinos se importem com a sua cidade e com os seus edifÃÂcios, então nós conseguimos realmente algo».
E se fosse em Portugal?
Apesar de este ser um evento até àdata único na Europa, existem acontecimentos similares, os European Heritage Days, que se organizam durante o mês de Setembro em 48 paÃÂses europeus, dos quais Portugal não é excepção.
Contactado pelo Construir, fonte do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) revelou que «muitas vezes acontece algo semelhante ao Open House, pois algumas entidades privadas abrem as portas ao público». De acordo com a mesma fonte «a receptibilidade a este evento têm sido bastante grande», e «a adesão das autoridades locais tem sido crescente». Para além deste tipo de actividade a Ordem dos Arquitectos tem vindo a promover eventos com alguma semelhança, tais como a «Baixa depois da Baixa» que consiste num conjunto de visitas guiadas àBaixa Pombalina e que pretende mostrar o que foi pensado e feito ao longo dos últimos dois séculos, e o Ciclo «Obra Aberta», que contempla visitas guiadas a edifÃÂcios ou conjuntos arquitectónicos de referência do século XX. Contudo, nenhum deles teve a dimensão nem o conceito de um Open House, e desta forma o Construir foi saber junto de autarquias e arquitectos, se é ou não viável a criação de um evento com estas caracterÃÂsticas em Portugal. De uma forma geral a ideia foi bem aceite e segundo os mesmos, a realizar, este seria um evento de sucesso, uma vez que Portugal reúne obras de grande interesse arquitectónico. Lisboa, Porto, Braga e Coimbra foram as cidades referidas como as que teriam o volume e a qualidade de obras necessário para receber um Open House, sendo que de todos os usos, os de carácter residencial e privado seriam os que suscitariam maior interesse por parte do público em geral. Contactado pelo Construir, o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, José Amaral Lopes, revelou que «está neste momento a ser estudada a possibilidade de se fazer um projecto em tudo análogo» ao Open House London, no entanto, o mesmo responsável adiantou que «este é um projecto que ainda está em fase de estudo estando neste momento a serem avaliadas as condições em que o mesmo pode ser realizado», e como tal, «torna-se prematuro adiantar quaisquer detalhes». De acordo com o responsável pelo gabinete de comunicação do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, João Reis, a capital portuguesa está àcabeça da lista de cidades que poderiam receber o evento, uma vez que «tanto pode oferecer e mostrar o património arquitectónico pós-terramoto nas suas zonas históricas, como também bons exemplos de arquitectura contemporânea». Para o mesmo responsável, este era um evento «a ter algum eco tanto a nÃÂvel nacional como internacional», e questionado sobre a viabilidade da sua organização na cidade de Lisboa, sublinha que a autarquia «está sempre aberta a eventos inovadores», sendo que este poderia ser «um excelente cartão de visita», para além disso, «um evento deste género permite tanto ao público especializado como o mais leigo nesta matéria aprofundar as caracterÃÂsticas arquitectónicas da cidade». Desta forma, esta era uma iniciativa que, «poderia ter uma enorme procura e interesse não só pelos portugueses como também pelos turistas que nos visitam», e assim promover Portugal a nÃÂvel internacional. Alexandre Burmester foi um dos arquitectos contactados pelo Construir, e de acordo com o mesmo, um Open House «seria uma óptima oportunidade quer para o público em geral como para os profissionais da área poderem conhecer melhor algumas obras». Para o arquitecto sediado no Porto, cada cidade «poderia fazer este tipo de evento», sendo que cada uma o faria àsua escala. Questionado sobre que obras poderiam integrar uma lista para um possÃÂvel Open House, Alexandre Burmester refere que em traços gerais, habitação individual e colectiva, espaços de trabalho, tais como fabricas, escritórios, oficinas e ateliês, bem como monumentos religiosos e oficiais e ainda museus poderiam ser os temas a integrar o evento, sendo que, relativamente a nomes o arquitecto refere a Casa da Música, Serralves e o Centro Cultural de Belém, que são do conhecimento público, mas também, edifÃÂcios de habitação, tais como, a recuperação e ampliação do edifÃÂcio projectado por Gonçalo Sousa Soares e Vitor Brandão no Largo de Nevogilde no Porto; a remodelação e recuperação a cargo de Arnaldo Furtado num edifÃÂcio na Rua do Dr. Nunes da Ponte, no Porto; a habitação unifamiliar projectada por Henrique Brandão em Esposende, entre outras. Relativamente às mais valias que este tipo de acontecimento pode trazer para o paÃÂs, Alexandre Burmester refere «o conhecimento do panorama arquitectónico de Portugal e do trabalho dos profissionais envolvidos». Pedro Appleton refere Lisboa e Porto como as cidades eleitas, sendo que, na opinião do arquitecto a cidade do Porto «tem uma arquitectura residencial com grande valor de conjunto que, por ser de uso privado, não é possÃÂvel visitar». O arquitecto que integra a equipa da Promontório, salienta que a «abertura das casas a um evento é muito interessante», fazendo uma alusão «ao tempo das procissões, onde era possÃÂvel entrar nos oratórios, e onde se era bem recebido uma vez por ano, sem ser intruso». Já Jorge Mealha, arquitecto e professor universitário, refere ter «a certeza que se conseguem reunir um conjunto de obras/arquitectos muito consistentes», no entanto, sublinha que o sucesso de um evento com estas caracterÃÂsticas «depende sobretudo da produção/logÃÂstica/financiamento que se reunir», dando mesmo a ideia de que «teria de ser uma operação muito conhecida em Portugal e no estrangeiro», logo, o ideal seria «associá-la a um outro evento (cimeira/congresso/feira) que estivesse a decorrer». Contactado pelo Construir, Mário Sua Kay refere que «a adesão a este evento (Open House London), tem vindo a ser cada vez mais assÃÂdua de ano para ano», pelo que, na opinião do arquitecto, «seria interessante realizar um evento semelhante em Portugal e concentrado nas duas maiores cidades do paÃÂs – Lisboa e Porto». A realizar em Portugal, o evento deveria ser «o mais abrangente possÃÂvel e ser direccionado para o público em geral», de maneira a «transmitir a ideia de que os arquitectos são, e a arquitectura é, a melhor garantia para o bem-estar dos cidadãos da cidade».