Ateliê á Lupa – Contemporânea
Na sequência do concurso para o Pavilhão de Portugal em Sevilha, Manuel Graça Dias e Egas José Vieira formaram o ateliê Contemporânea. Reflectindo a vontade de fazer uma arquitectura «do nosso tempo», esta é uma equipa empenhada em resolver e surpreender os problemas que vão surgindo, através da procura de soluções inesperadas. Uma vontade «Contemporânea»… Continue reading Ateliê á Lupa – Contemporânea
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Na sequência do concurso para o Pavilhão de Portugal em Sevilha, Manuel Graça Dias e Egas José Vieira formaram o ateliê Contemporânea. Reflectindo a vontade de fazer uma arquitectura «do nosso tempo», esta é uma equipa empenhada em resolver e surpreender os problemas que vão surgindo, através da procura de soluções inesperadas.
Uma vontade «Contemporânea»
O nome Contemporânea, é por alguma razão em especial?
Manuel Graça Dias (MGD): É Contemporânea porque a nossa arquitectura é feita hoje e portanto tem esse lado da contemporaniedade, e depois por brincadeira, queriamos que qualquer que fosse o nome escolhido contivesse as iniciais dos nossos nomes. O nome Contemporânea preenchia esses requisistos para além de reflectir uma vontade que sempre tivemos de fazer uma arquitectura que fosse do nosso tempo.
Têm trabalhado com alguns promotores imobiliários, tem sido uma experiência positiva?
Egas José Vieira(EJV): Depende. Com uns tem sido uma experiência mais positiva e com outros menos positiva.
MGD: O facto de se ser promotor imobiliário àpartida não classifica ninguém, pode haver promotores imobiliários interessados num trabalho de qualidade ainda que tenham certamente o lucro das suas vendas como objectivo final. E existem outros, menos escrupulosos nesse acto de construir cidade, e que portanto acabam por não nos interessar enquanto clientes. Isto é, não nos interessa especialmente trabalhar numa área puramente comercial, ajudar as pessoas a fazer dinheiro sem nenhuma espécie de preocupação, interessa-nos que cada trabalho seja um pretexto para modificar um pouco e tornar mais interessante a vida das pessoas. Tem experiência (Manuel Graça Dias) ao nÃÂvel da televisão, rádio, revistas e jornais na divulgação da arquitectura. Acha que isso ajuda a que os portugueses tenham mais gosto pelas suas cidades e pela sua arquitectura?
MGD: Gostaria de imaginar que sim, porque por um lado a quantidade de revistas que se vão produzindo sobre arquitectura em Portugal parecem responder a uma procura de mercado, hàpúblico para isso, e se existe público é porque as pessoas se interessam por esses temas. Mas de uma maneira geral penso que sim, neste momento as pessoas interessam-se mais por esses problemas. Só que isto é tudo muito lento, estamos a falar de coisas que se desenrolam lentamente no tempo, não é de um dia para o outro que os problemas das cidades ficam todos resolvidos através de artigos, mas penso que existe mais produção crÃÂtica e há um público cada vez mais alargado que está atento a essas situações, não só especialistas, mas também estudantes, engenheiros, historiadores, não é um conhecimento exclusivo da classe, até porque toda a gente vive nas cidades, toda a gente habita casas, toda a gente circula nas ruas e apercebe-se que são problemáticas que lhes dizem respeito.
E relativamente às nossas cidades. Os arquitectos tem um apapel interventivo no desenho das mesmas?
EJV: Os arquitectos não tem de ter um papel interventivo no desenho das cidades, apesar de eu achar que deveriam de ter. Isto porque os arquitectos por si só podem ter opiniões, pode contribuir para, mas não são eles que decidem nada, a não ser que seja um arquitecto politico que esteja na assembleia da república ou na assembleia municipal, e consega influenciar determinadas opções. É evidente que eu tenho pena que isso não aconteça porque àuns anos as maiores transformações modernas da cidade de Lisboa foram de iniciativa camarária, foram apostas politicas, tal com a Infante Santo, que apesar de ser promoção privada foi sobre um projecto camarário, e isso é que seria interessante, que as câmaras tivessem a consciência que a expansão das cidades deve ser estudada e analisada, e canalisar esses estudos para as pessoas que estão eventualmente mais habilitadas para o fazer, e não esta coisa de deixar tudo um bocadinho àiniciativa privada.
Então qual é o papel das figuras de planeamento?
MGD: O problema é que o planeamento como existe tem se mostrado incapaz na resolução de problemas. Já temos planeamento há muitos anos e as pessoas enchem sempre a boca com essas questões, mas os resultados não são muito interessantes. Para já os planos são maus, isto porque se pretende prever o que vai acontecer num prazo de dez anos, e depois tudo é muito limitado porque o que as pessoas que estão envolvidas no plano conseguem prever é aquilo que conhecem do seu próprio tempo, e portanto não se deixa espaço para que aconteçam situações imprevistas.
Qual é então a alternativa?
MGD: Eu não sei qual é a alternativa mas penso que tem de se acreditar mais na arquitectura e no desenho urbano. Concerteza que tem de haver desenho prévio mas provavelmente não pode haver escalas tão grandes, não pode ser uma coisa que abranja uma extensão grande de território, porque quanto maior a área que se abrnge mais resumida tem de ser a informação que se põe no papel, e portanto a vida cada vez está mais condicionada por três ou quatro decisões idiotas que um dia um senhor, uma senhora ou um grupo de pessoas tomou.
Como veêm a situação de haver tantos arquitectos em Portugal e cada vez mais irem buscar as estrelas internacionais para projectarem cá?
MGD: Esse é o chamado «star system». Não vejo isso como nenhuma maldição. Mas temos de ter consciência que uma cidade não vive de coisas pontuais, esse esforço de renovação tem de passar por muitas áreas. Por exemplo é muito interessante que o Rem Koolhas tenha feito a Casa da Música no Porto, mas é também muito importante que o Porto se esteja a reestruturar através do metropolitano, que com isso tem vindo a melhorar bastante a cidade, porque houve a sorte de esse projecto ir parar às mãos do arquitecto Souto Moura que tem sabido liderar muito bem.
Acham que se o estudo que fizeram para os estaleiros da Lisnave tivesse partido de um gabinete de renome internacional teria tido uma aceitação diferente por parte da opinião pública?
EJV: O Siza também fez três torres em Alcântara e o projecto não foi para a frente.
Mas possivelmente vamos assistir a um debate pro sobre a construção em altura, no âmbito da construção de um edifÃÂcio na cidade de Lisboa, com cerca de 105 metros de altura, e da autoria de um arquitecto espanhol…
MGD: Se calhar não houve a mesma atenção, ou o promotor deixou cair o processo quando percebeu que o projecto não estava a ter grande adesão. Mas a nossa proposta para a Lisnave fosse assinada por quem fosse seria sempre mal recebida pela câmara de Almada por uma questão de princÃÂpio, a câmara sentiu-se ultrapassafda pelo facto de o Governo ter tirado aquela área do PDM e portanto combateria qualquer que fosse a solução porque achava que estava no direito de gerir aquele território. Claro que havendo ali umas torres é mais fácil criar uma guerra e tentar pôr a opinião pública contra, mas o processo foi bem recebido por muita gente, foi bastante discutido e houve bastante adesão.
Ficha técnica
Nome: Contemporânea
Morada: Rua D. Diniz, nº5 1º,
250-076, Lisboa
Telefone: 213841250
E-mail:
geral@contemporanea.lda.pt
Projectos: Santa Casa, habitação e comércio em Lisboa (2005); Bom Sucesso, moradias unifamiliares (2005); EdifÃÂcio de serviços e apoios da Universidade Egas Moniz (2004/2005); Plano de Pormenor da Aldeia da Estrela, Alqueva (2004); Museu da Oliveira e do Azeite, Mirandela (2004); Escola de Música, Artes e OfÃÂcios, Chaves(2001/2004); Cinemas Millenium Freeport, Alcochete(200172004); Reconversão urbana do estaleiro da Margeira, Cacilhas (1999);