Ateliê à Lupa-Ricardo Moreno Arquitectura
O Construir foi descobrir o atelier de Ricardo Moreno, onde, em pleno centro de Lisboa, são projectadas moradias de carácter moderno e remodelações de espaços interioresEntre Macau e Lisboa Como […]

Pedro Cristino
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O Construir foi descobrir o atelier de Ricardo Moreno, onde, em pleno centro de Lisboa, são projectadas moradias de carácter moderno e remodelações de espaços interioresEntre Macau e Lisboa
Como surgiu o atelier?
Ricardo Moreno – Eu acabei o curso em 96 e, entretanto fiz o estágio e, depois disso, começaram a surgir projectos e atirei-me de cabeça. Os meus pais são ambos arquitectos e isso também me facilitou bastante, deram-me todo o apoio. Iniciei sozinho o atelier, mas agora tenho uma colaboradora e, dependendo da carga de trabalho, vou contratando outras pessoas. Já tivemos aqui quatro pessoas a trabalhar.
Em que género de projectos começaram a trabalhar?
RM – Basicamente trabalhámos com clientes privados. Desenhámos moradias e tivemos propostas para fazer alguns estudos maiores onde não estávamos tão ambientados como, por exemplo, o estudo para um campus universitário em Macau para um bar em Timor que requer algum estudo sobre as características do local e da paisagem.
Continua a trabalhar só para o sector privado?
RM – Sim, desde o início. Ainda não temos trabalho realizado para o sector público.
Neste momento que tipo de projectos são feitos por si?
RM – Basicamente são moradias e remodelações. Já fizemos várias, tanto cá em Portugal, como no estrangeiro, em Macau, basicamente. Estamos a fazer também um projecto de um lar de idosos em Sintra, o qual obrigou a uma extensa investigação, para compreendermos o que era um lar de idosos, falámos com psicoterapeutas e com diversos responsáveis por lares, tentando perceber o que falta e as questões mais importantes, como a mobilidade, por exemplo. O projecto tem um programa muito específico, procurámos fazer com que os quartos tivessem uma independência física, de modo a que cada um seja reconhecido pelo utente como o seu novo espaço de intimidade.
Em que aspectos se foca mais quando projecta uma moradia?
RM – Este tipo de projectos são muito estimulantes mas, ao mesmo tempo, difíceis, porque todos nós habitamos e devemos perceber o modo de vida do cliente, ter em conta os seus desejos e vontades, o seu modo de habitar e teremos de encontrar naquele local, e naquela família, o modo de banalidade para nos encantar e para os encantar a eles. Para além disso, a moradia unifamiliar dá-nos a oportunidade de experimentar outros modos de projectar. Normalmente há mais tempo para testar, quando comparamos com projectos mais complexos, e concentramo-nos mais na concretização da nossa ideia. As grandes transformações da arquitectura partiram da habitação unifamiliar, porque há disponibilidade para a reflexão de um projecto.
Relativamente aos projectos realizados em Macau, porquê esse local?
RM – Porque eu vivi em Macau desde 82 a 96 e guardei lá alguns contactos, como é natural.
Além de Macau e Timor, tem expectativas de trabalhar noutros locais?
RM – É claro que tenho vontade de participar em concursos a nível internacional. Houve já a possibilidade de fazer um apartamento em Amesterdão, mas que depois não se concretizou.
Durante a elaboração do projecto, quais os aspectos que, para si, são essenciais?
RM – Satisfazer as necessidades do cliente e, se possível, as nossas também. No caso das moradias, temos que perceber que a casa não é feita para nós, mas sim para o cliente. Felizmente temos conseguido com que o cliente nos deixe actuar.
Como vão surgindo estas propostas de trabalho?
RM – Até agora têm surgido por intermédio de conhecimentos.
A sustentabilidade é uma preocupação constante quando projecta?
RM – Cada vez mais. Por exemplo, na questão dos painéis solares, pensamos logo a priori num local para os colocar de modo a que não interfiram na ideia que queremos transmitir. Existem outras questões que nos fazem pensar mas que ainda não estão muito desenvolvidas, por exemplo, os painéis fotovoltaicos, que têm preços muito elevados e não estão muito desenvolvidos.
E na sua opinião este é um assunto tido em conta pelos restantes ateliers em Portugal?
RM – Sim, há muitos ateliers com essas preocupações. Eu julgo que é o caminho a seguir, embora ainda não seja muito abordado nas universidades.
Acha que a arquitectura feita no país tem qualidade?
RM – Sim, sem dúvida. Há ateliers muito bons em Portugal.
Como acha que os portugueses vêem o papel do arquitecto?
RM – Acho a nossa sociedade muito fechada e, consequentemente, pouco receptiva ao papel do arquitecto, embora eu note que, cada vez mais, as pessoas percebam que é importante contactar um arquitecto e distinguir a sua função de a de um outro técnico. A Trienal é uma boa forma de divulgar o nosso trabalho.
Que benefícios trará a revogação do decreto 73/73 à actividade do arquitecto?
RM – Acho que vai trazer bastantes benefícios, porque quando se intervém num local, está-se a alterá-lo e acho que o arquitecto é o técnico qualificado para executar essas intervenções.
Recorre à arquitectura paisagista?
RM – Sempre, é uma componente importantíssima do nosso trabalho, é o que está para fora das paredes, dentro dos limites de intervenção. O paisagismo é um complemento da arquitectura que deve estar sempre presente.
Também executa trabalhos de arquitectura de interiores. Em que é que estes consistem?
RM – No fundo é a interpretação de um espaço já existente, de modo a que correspondamos às vontades do cliente e também transformar esse espaço num local mais aprazível, com outra atmosfera e introduzir-lhe, muitas vezes, uma ideia.
O que é mais estimulante para si neste ramo?
RM – Para mim tudo é interessante. Já desenhei mobiliário e isso é tão estimulante como projectar um edifício. É algo que me dá prazer fazer. Dou tanta importância a desenhar um balcão como a desenhar uma moradia. O meu trabalho passa por várias fases: contactos com o cliente, com o empreiteiro, as partes burocráticas. É a reunião desses elementos que, a meu ver, faz com que um projecto dê mais prazer do que outros, não só no caso da intervenção mas também na relação com o cliente, que também é muito importante.
Pensa vir a concorrer a concursos públicos no futuro?
RM – Sim, é um objectivo deste atelier.
Ambiciona trabalhar em algum local em particular?
RM – Gostaria de fazer uma intervenção num local tropical, o qual me obrigasse a repensar tudo e a libertar-me das ideias que possuo e reaprender outros métodos construtivos.
ficha técnica
Nome: Ricardo Moreno Arquitectura
Morada: R. do Comércio, nº 8 – 5º Esq., 1100-148 Lisboa
Telefone: 218 888 333
Fax: 218 853 052
E-mail: rm0r3n0@gmail.com
Site: www.rmoreno.pt
Projectos: Casa Galvão – Macau; Moradia unifamiliar – Aroeira; Moradia unifamiliar – Sintra; Centro de Congressos – Macau; Edifício de apoio ao Campus Universitário – Macau; Estudo para um Bar – Timor; Lar de 3ª Idade – Sintra; Pacific Pearl Bay – Macau