Crise no imobiliário vai agravar-se nos próximos anos, diz ESAI
A política monetária do Banco Central Europeu (BCE) tem vindo a endurecer desde Dezembro de 2005, com a duplicação das taxas de juro de referência em menos de dois anos
Pedro Cristino
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A crise que tem vindo a assolar o mercado imobiliário nacional já há cinco anos agravar-se-á nos anos vindouros, de acordo com as previsões de Manuel Ferreira dos Anjos, director da Escola Superior de Actividades Imobiliárias (ESAI). Segundo o mesmo, este agravamento tem origem no aumento das taxas de juro e antevê-se que a crise tenha o seu pico em 2010.
A política monetária do Banco Central Europeu (BCE) tem vindo a endurecer desde Dezembro de 2005, com a duplicação das taxas de juro de referência em menos de dois anos. A taxa de juro corresponde hoje a 4%, quando se situava em 2% no final de 2005.
"Enquanto as taxas de juro se mantinham baixas, ainda era possível aguentar o sector, mas com este aumento "estapafúrdio" das taxas, o sector está morto e vai bater no fundo em 2010", afirmou Manuel Ferreira dos Anjos, em entrevista à Lusa.
O director da ESAI prevê que sejam construídas apenas 22 mil habitações novas em Portugal no ano de 2010, contra os 122 mil fogos construídos em 2001, ou os 36 mil em 2006.
Ainda assim, Ferreira dos Anjos considera que, para conseguirem ser vendidas, aquelas habitações terão que ser de qualidade superior e destinadas a proprietários de meia idade, com maior poder de compra.
Na sua opinião, a banca poderia falir, em caso de situação limite do aumento das taxas de juro, uma vez que "73% dos seus créditos estão directa ou indirectamente ligados à construção". Contudo, este cenário é afastado pelo especialista, que mesmo assim realça a importância do sector da construção civil, que representa 75% do mercado imobiliário e 550 mil empregos, frisando a necessidade de "medidas urgentes" para que a crise se inverta.
"O sector precisa que o Governo arranje alternativas, através de parcerias, porque já não vive da habitação, mas pode viver dos aldeamentos turísticos, hotéis, escolas, dos lares da terceira idade e das estradas", afirma.
Entre as alternativas, inclui-se também o necessário aumento da exportação e a atracção do investimento estrangeiro, com a internacionalização das empresas nacionais de construção e imobiliário, com preferência para os países lusófonos. "Por outro lado, devíamos beneficiar a venda de produtos portugueses a estrangeiros".
Para isto, "o Estado não precisa de dar nada, basta melhorar o tratamento fiscal na aquisição de casas por estrangeiros", assegura Ferreira dos Anjos.
No que concerne à Reabilitação Urbana, o director da ESAI considera que existe "uma possibilidade de crescimento", sendo esta, todavia, "de fraca expressão", uma vez que a possibilidade de lucrar depende de legislação nesse sentido. "É preciso ter em conta que o Estado é proprietário de 80% dos fogos que estão por reabilitar. O Governo que abra concursos para reabilitação urbana que as construtoras concorrem", conclui.
Para Manuel Ferreira dos Anjos, a causa desta crise reside nos impostos, que correspondem a mais de 5% do custo total da habitação. Impostos esse que considera "imorais, injustos e um disparate completo".