ESPAÇOS VERDES URBANOS
por Rita Guedes, Os espaços verdes urbanos são elementos essenciais numa cidade próspera e sustentável, definindo-se pela variedade de papéis e funções que exercem. O seu valor pode ser quantificado […]

CONSTRUIR
Cegid debate futuro da construção e da logística em evento sobre digitalização e IA
Schneider Electric e Start Campus estabelecem alicerces para a infraestrutura de IA e Cloud em Portugal
De Veneza a Milão: Dois eventos, uma visão transformadora
Libertas conclui urbanização Benfica Stadium; Investimento ronda os 100 M€
Monte da Bica investe 1,5M€ para criar um hotel, dois lagares e uma sala de provas
Remax lança nova app para “optimizar” procura de casa
Lionesa e Maleo Offices lançam novo espaço de escritórios no Porto
Atenor adquire e lança “Oriente”
Casas novas representam 20% da facturação residencial da ERA
Mercado transaccionou 40.750 casas nos primeiros três meses do ano
por Rita Guedes,
Os espaços verdes urbanos são elementos essenciais numa cidade próspera e sustentável, definindo-se pela variedade de papéis e funções que exercem. O seu valor pode ser quantificado em termos culturais, educacionais, estruturais, recreativos, económicos, ambientais e de biodiversidade, podendo influenciar as comunidades que aí habitam sob o ponto de vista físico, social e psicológico.
Os espaços verdes exercem funções vitais como áreas de conservação da Natureza e biodiversidade num contexto urbano, actuando como pulmões verdes, contribuindo para a melhoria da qualidade do ambiente e de vida e promovendo um estilo de vida saudável.
Em geral, zonas urbanas de sucesso, ou seja, locais onde as pessoas se sentem atraídas para viver, trabalhar, visitar e investir, têm espaços verdes de sucesso. Significativamente, um espaço cuidado e frequentemente utilizado, tem um impacto extremamente importante na percepção das pessoas que o visitam.
Os parques têm um papel valioso na projecção de novas zonas urbanas e no melhoramento das funções e carácter do local existente. Proporcionam um espaço recreativo, para socializar e relaxar, contribuindo para a união de elementos de comunidades não coesos, e proporcionando locais de descompressão dentro de uma malha urbana. Estas zonas funcionam como barómetros no sucesso de uma cidade, sendo muito sensíveis ao ambiente de qualidade, ao cuidado e apreço que as pessoas têm pelo local onde vivem e/ou trabalham, e pelos recursos que essa zona dispõe.
Sendo lógico atrair pessoas para residir em zonas urbanas, o ‘countryside' deveria ser acolhido no tecido urbano através da criação de espaços verdes.
Nos tempos de hoje, a paisagem e a cidade não podem ser opostos. Toda a cidade é considerada um sistema articulado da paisagem. Os seus elementos fazem, de facto, parte desta paisagem e não podem ser somente um conjunto de mais e mais edifícios.
Recentes investigações do ‘CABE Space', em Londres, mostram a influência que os espaços verdes têm no valor da economia. O valor das propriedades para habitação e para comércio aumenta quanto mais próximos destes se encontram. Este aspecto é extremamente importante para a requalificação de determinados bairros e zonas degradadas, com vista à sua valorização, tanto económica como social. É um factor importante que assegura a confiança dos investidores, proporcionando bom marketing e bons instrumentos promocionais, apoiando e contribuindo para o aumento de volume de negócios.
Na crise actual em que nos encontramos, este é um ponto de elevada importância. Na cidade contemporânea, é extremamente valorizada a qualidade dos espaços verdes circundantes, assim como é extremamente importante atrair e manter as pessoas na cidade, pois cada elemento que migra representa uma pequena perda da economia da cidade.
De acordo com ‘Soji Adelaja', director do ‘Land Policy Institute (LPI)' da Universidade de ‘Michigan State', nesta nova economia da paisagem, manter e atrair pessoas será a estratégia mais importante. Isto representa uma mudança que as cidades e regiões têm de reconhecer. No passado, uma economia local vital era baseada no facto de atrair grandes empresas através da oferta de terrenos de baixos custos e de mão-de-obra barata. As qualidades do local em particular interessavam pouco, e as pessoas migravam para onde se encontravam as ofertas de trabalho. Mas este facto tem vindo a mudar. As comunidade com maiores vantagens são aquelas que apresentam uma envolvente de melhor qualidade e a qual fomente o uso de peões e bicicletas.
O clima económico que se vive no Mundo, e em Portugal é bastante complexo. Neste momento encontramo-nos numa fase de transição, onde é difícil prever a sua evolução. Novos estilos de vida virão, assim como novos ritmos de vida, e as cidades terão que estar preparadas para acolher estas transformações.
Deveria ser da responsabilidade dos Municípios locais estudar estratégias de requalificação eficazes para a criação e manutenção de espaços verdes urbanos, reconhecendo que estes são um componente chave de comunidades sustentáveis. Durante uma crise económica, a tentação é cortar no planeamento destas estratégias, considerando que são desnecessárias. Mas se negligenciarem estes princípios, poder-se-á criar uma espiral que fará com que a economia local perca a sua fronteira competitiva.
Em suma, os espaços verdes urbanos têm grande influência na vida das cidades ao nível ambiental, social e económico. Desta forma deverá haver um equilíbrio destes três factores nas estratégias de requalificação e de criação destes espaços quando inseridos numa malha urbana.
Arquitecta Paisagista
mariaritaguedes@gmail.com