De acordo com o mais recente estudo Investment Market Overview da Savills, o investimento em imobiliário comercial em Portugal totalizou 651 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025, o que representa um aumento de 151%, face ao mesmo período do ano anterior. Quando comparado com a média do primeiro trimestre dos últimos três anos, este crescimento cifra-se nos 144%.
“Este primeiro trimestre de 2025 revelou sinais muito positivos para o mercado de investimento imobiliário comercial em Portugal, com um crescimento assinalável face ao período homólogo. Apesar do actual contexto internacional marcado pela incerteza, tudo indica que 2025 poderá ser um ano particularmente dinâmico, com volumes de investimento expressivos. O sector de hospitality continuará a desempenhar um papel de relevo, beneficiando das condições únicas que o país oferece aos visitantes. Ainda que se antecipe uma ligeira desaceleração no curto prazo, a economia portuguesa está bem posicionada para manter a sua trajectória de crescimento, sustentada por uma procura interna robusta, investimento consistente e um alinhamento positivo com as tendências económicas da zona euro”, reflecte Paulo Silva, head of country da Savills Portugal.
O sector do retalho destacou-se ao captar aproximadamente 59% do volume total de investimento num total de 385.5 milhões de euros, seguido pelos segmentos de hospitality com 155.7 milhões de euros (24%), escritórios com 88 milhões de euros (13%) e logística com 24 milhões de euros (4%).
Geograficamente, a Região Norte, com especial destaque para a cidade do Porto, liderou a captação de capital, concentrando cerca de 67% do investimento realizado. O Algarve registou 16,9% do volume total, enquanto a cidade de Lisboa e respectiva Área Metropolitana atraíram 15,5%. No que diz respeito à origem do capital investido, os investidores nacionais ocuparam uma posição de liderança, representando 77,6% do total do volume de investimento registado nos primeiros três meses do ano. seguidos por capital proveniente do Reino Unido e da Suíça.
A par do crescimento do investimento em imobiliário comercial em Portugal, prevê-se que o segmento de escritórios registe também um aumento durante o ano de 2025, prosseguindo a recuperação, ainda que gradual, que se tem verificado de forma consistente desde a pandemia. O bom desempenho e a resiliência do mercado ocupacional constituem factores adicionais de confiança e segurança para os investidores, devendo reflectir-se positivamente no mercado de investimento.
O mercado de logística mantém-se resiliente, sustentado pelo elevado apetite dos investidores, sobretudo por oportunidades de development. No entanto, verifica-se uma muito interessante dinâmica que nos pode apontar a um dos melhores anos de investimento no segmento. As operações de sale and leaseback permanecem pontuais, reflexo das actuais pressões de mercado e das condições de financiamento mais exigentes, que ainda não criaram um contexto propício para um maior fluxo de transacções.
O sector do retalho tem sido fortemente impactado pela incerteza gerada pela guerra comercial entre os EUA e a China e pela aplicação de novas tarifas aduaneiras. Esta conjuntura tem incentivado uma postura de cautela por parte dos consumidores e um posicionamento de wait and see por parte de investidores e operadores com intenções de expansão. Em Portugal, os centros comerciais, retail parks e supermercados mantêm-se como os activos mais atractivos, concentrando o maior volume de investimento no trimestre. Destaca-se, em particular, a aquisição da totalidade do capital social do NorteShopping pelo Fundo Sierra Prime, gerido pela Sonae Sierra, que contribuiu de forma decisiva para a liderança deste segmento neste primeiro trimestre.
Hospitality continua a afirmar-se como um dos principais motores do mercado de investimento comercial. A tendência deverá manter-se nos próximos anos, sustentada por um pipeline robusto de novos projectos, sobretudo em Lisboa e no Porto, e por uma crescente aposta na requalificação e reposicionamento de activos existentes. No primeiro trimestre, o segmento foi o segundo mais activo, representando 24% do volume total de investimento. Este desempenho foi impulsionado pela venda de activos de elevada qualidade, adquiridos por Sociedades de Investimento Imobiliário e gestoras de activos que procuram imóveis prime para integrar os seus portfólios.
Neste contexto, “a Região Norte está a assumir um papel cada vez mais relevante na captação de investimento nacional e internacional em Portugal. O dinamismo que temos vindo a assistir em segmentos como os de escritórios e de industrial e logística vai certamente manter-se ao longo de 2025, pois existe um número crescente de empresas que pretendem instalar-se ou expandir as operações e consequentemente as suas instalações no norte do país. A mão de obra altamente qualificada, a qualidade das infraestruturas e a proximidade a rotas marítimas e terrestres de grande importância são apenas alguns dos factores que tornam a região tão atractiva para os investidores”, sublinha Ricardo Valente, managing director, Savills | Porto Division.