Roseta desafia futuros arquitectos a misturar funções nas cidades
“Na área do planeamento ainda estamos marcados por um paradigma funcionalista”
Lusa
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A vereadora da Câmara de Lisboa, Helena Roseta, desafiou hoje os estudantes de arquitectura da Universidade de Coimbra a procurarem “um novo paradigma” de planeamento para as cidades, com maior mistura de funções.
“Na área do planeamento ainda estamos marcados por um paradigma funcionalista (…), com a defesa de uma cidade organizada de forma muito racional, com habitação de um lado, serviços do outro e os transportes no meio”, afirmou Roseta, acrescentando: “isto resultou num desastre de planeamento das nossas cidades”.
“Não funciona porque para funcionar já se percebeu que tem de haver mistura de funções. Contudo, a nossa legislação ainda nos obriga a fazer planos directores municipais dessa forma, segundo regras de zonamento muito deterministas”, afirmou a arquitecta, que assumiu em 2009 o pelouro da Habitação na Câmara de Lisboa.
Helena Roseta falava à Lusa depois de participar no seminário “Mulheres da Arquitectura”, uma reflexão proposta pelo departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra no âmbito da XII Semana Cultural daquela unidade de ensino.
Para a ex-bastonária da Ordem dos Arquitectos, que falou sobre o tema ‘As mulheres na cidade’, “já começam a aparecer alguns novos modelos e exemplos, mas é preciso desenvolvê-los”.
“A moda do urbanismo dos anos 60 eram os planos regionais”, afirmou Roseta, dando como exemplo a economista canadiana Jane Jacobs, que criticou nos anos 60 as práticas de renovação urbana nos Estados Unidos, analisando a vida de várias cidades norte-americanas.
“Ela foi pioneira. Já na altura, com toda a gente a falar em planos regionais ela dizia que as cidades estavam mal pensadas e que era preciso ter atenção à escala do bairro, ao comércio de rua. Na altura foi acusada de estar a trazer para o planeamento problemas domésticos, mas agora tem sido homenageada por várias universidades”, explicou.