Autarcas e ambientalistas querem estudo mais sério e credível sobre impacto ambiental da Barragem do Alto Tâmega
A “cascata” do Alto Tâmega, adjudicada à espanhola Iberdrola, visa a construção de quatro barragens: as de Alto Tâmega (Vidago), Daivões – ambas no rio Tâmega -, Gouvães e Padroselos (afluentes).
Lusa
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Autarcas, ambientalistas e representantes de movimentos cívicos defenderam hoje, em Vila Real, a substituição do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) das Barragens do Alto Tâmega, em consulta pública até 14 de Abril, por outro mais “sério e credível”.
A “cascata” do Alto Tâmega, adjudicada à espanhola Iberdrola, visa a construção de quatro barragens: as de Alto Tâmega (Vidago), Daivões – ambas no rio Tâmega -, Gouvães e Padroselos (afluentes).
No âmbito do EIA, em consulta pública até 14 de abril, a Agência Portuguesa do Ambiente promoveu hoje uma reunião que contou com a presença de responsáveis da Iberdrola, de representantes da empresa responsável pelo estudo, a Procesl, e ainda de autarcas, movimentos cívicos, ambientalistas, universitários ou agricultores.
Domingos Dias, presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, o concelho mais afectado pela construção das barragens, defendeu que o EIA deve ser “retirado e substituído por outro”.
“Este EIA é demasiado pobre para poder levar a que empreendimentos com tão grandes impactos no Alto Tâmega sejam executados”, afirmou o autarca.
Como impacto mais significativo, Domingos Dias realçou a deterioração da qualidade da água, sendo que o estudo não refere se esta vai ficar inutilizada para consumo humano, animal ou para regadio.
O autarca apontou ainda falhas sobre as consequências que as albufeiras poderão ter nos ventos, afectando os parques eólicos da Empreendimentos Hidroelétricos do Alto Tâmega e Barroso, principal fonte de rendimento da empresa que junta os seis municípios deste território.
Também Pedro Couteiro, da Coordenadora de Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases (COAGRETE), defendeu que deve ser submetido a consulta pública um estudo “sério e decente”, salientando que estes empreendimentos não vão trazer nenhum benefício para as populações.
O economista Amílcar Salgado chamou a atenção para os “custos sombra” que não estão contabilizados no EIA, como o aumento dos tratamentos nas vinhas devido ao aumento da humidade e dos custos com o aquecimento das casas e frisou que os 3500 postos de trabalho criados pela construção destes aproveitamentos hidroelétricos são “temporários”.
Perante as críticas, Paulo Ferreira, representante da Procesl, reconheceu que o estudo tem lacunas, mas frisou que muitas das questões ambientais apontadas serão desenvolvidas na fase do Relatório de Conformidade Ambiental.
Pina Moura, presidente da Iberdrola Portugal, afirmou que a retirada do EIA está “fora de questão”, explicou que a reunião serviu para ouvir as “reacções, tomar nota e reflectir” e defendeu o projecto, que considerou ser “bom” para as populações daquela que é uma das regiões mais deprimidas do país.
Em relação à população de bivalves, espécie rara e protegida que foi encontrada no rio Beça, para onde está prevista a Barragem de Padroselos, Pina Moura recusou antecipar cenários.
Na sequência da descoberta, o EIA revela um “possível cenário alternativo do projecto”, que passa pela exclusão desta barragem aumentando a potência prevista para Gouvães.
“Esperamos que as regras fixadas pelo concurso se cumpram com rigor por parte de todos os intervenientes neste processo. Esperamos contribuições críticas mas num quadro de concretização do projecto”, sublinhou.