A arte de preservar o património
António Secca Oliveira e Joaquim Bragança, responsáveis por este gabinete portuense,

Pedro Cristino
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António Secca Oliveira e Joaquim Bragança, responsáveis por este gabinete portuense, explicaram ao Construir os diversos ramos de actividade em que o mesmo opera.
Em que áreas actua a Engenheiros Associados desde a sua criação?
António Secca Oliveira: O grupo tem 52 anos e desde então tem criado, em termos de alvarás, de experiência de obra e de portfólio, uma história invejável. Começou por fazer obras de engenharia muito complexas, passando depois para a reabilitação, numa altura em que poucos sabiam bem o que isso era – porque o que se fazia era construir nas periferias. É o chamado “Efeito Donut”, em que há muita coisa construída à volta e um buraco no meio. Passámos também a trabalhar no campo do project management.
Como se define esse campo?
ASO: Define-se na satisfação integral do cliente. O processo de construção, numa sociedade que tende a ser cada vez mais legalista e exigente, é, na sua totalidade, complexo. Todo o processo de legalização de uma qualquer construção é muito complexa. Este grau de complexidade que se coloca hoje é de tal maneira vasto que uma entidade tem de gerir uma enormidade de processos, todos eles articulados – porque, se não o forem, tornam-se muito confusos – e de responder a um sem fim de exigências legais. Depois existe também o lado financeiro. As entidades necessitam de ter uma lógica financeira para justificar o seu investimento, o que passa por encontrar o parceiro financeiro adequado ao negócio, acabando por levar à necessidade de uma série de diálogos. Fechar este círculo é muito complexo. O nosso conhecimento e experiência permitem que uma só empresa se apresente diante do seu cliente final e lhe proponha uma solução integrada.
De que forma se desenvolve essa actividade?
ASO: Se um cliente tem um lote, que não sabe como desenvolver, nós fazemos o projecto, encontramos os meios de financiamento para esse empreendimento e ajudamos na comercialização final. Este género de produto tem todo um único interlocutor.
Que especialidades envolve?
ASO: O Joaquim Bragança é arquitecto e tem um atelier. Portanto, tudo o que se relacione com especialidades técnicas e de projectos está resolvido por este meio. A interligação com o mercado financeiro também faz parte do gabinete e a construção é o que a Engenheiros Associados sempre fez. Acabamos por fazer o projecto, de forma a que satisfaça os propósitos do cliente e garantimos uma rentabilidade final.
Como conseguem garantir essa rentabilidade?
ASO: Qual é o problema neste processo? É o custo da obra. Tenho que garantir que a obra é suficientemente analisada para, sob o ponto de vista racional, custar um preço que o mercado escoa. Temos que adequar o projecto ao tipo de produtos, e a obra ao tipo de projecto. Esta é a lógica do project management.
No campo de reabilitação vocês estabeleceram uma parceria com uma empresa de restauro italiana chamada Lares. A que se deve essa parceria?
ASO: Em Portugal, que eu conheça, não existe mão-de-obra qualificada em restauro para intervir em obras de reabilitação. Quando olhamos para o miolo das cidades, percebemos que não basta caiar. Existe uma série de peças com valor arquitectónico e com classificação histórica, que não podem ser mexidas pelas mãos da construção civil, porque é preciso saber. Em termos de valorização cultural, não há igual aos italianos. Então fomos buscá-los para desenvolver a nossa componente de reabilitação de forma a que contenha também restauro. Por outro lado, estas empresas, em Itália, também têm necessidade de se internacionalizar, porque estão num mercado que começa a esgotar. Um processo de internacionalização acarreta custos altos e nós precisávamos do know-how e, portanto, esta parceria foi muito fácil.
Que outras componentes englobam no âmbito da reabilitação?
ASO: Para além da engenharia, temos as técnicas de reabilitação de edifícios. Temos uma componente de comportamentos térmicos muito forte.
Joaquim Bragança: A componente de reabilitação tem uma característica que a construção tradicional não tem, que é a do diagnóstico. Os edifícios que necessitam de reabilitação são edifícios doentes, com problemas. Uma das partes mais complexas reside exactamente na identificação do tipo de patologias. Há umas mais fáceis de diagnosticar e outras são mais complexas. Sendo técnicos, conseguimos identificar o tipo de patologias, mas há outras que são mais complexas e remetem-nos para todo um conjunto de especialidades e de especialistas. Acaba por ser um processo mais complexo comparativamente ao processo tradicional da construção, na medida em que requer uma avaliação sistemática.
Sentem que se dá mais atenção à reabilitação?
JB: Face aos outros países europeus, Portugal está numa fase muitíssimo atrasada. Na maior parte dos países do centro da Europa, a reabilitação tem uma quota muito forte no sector da construção, entre 20% e 30%. Em Portugal anda na casa dos 7%. Há razões de fundo que explicam isto e têm, essencialmente, a ver com questões do âmbito legal. O problema que se coloca hoje tem a ver com o fenómeno, relativamente recente, da patrimonialização da cidade, o que impõe um conjunto enorme de normativas e de regras que, na prática, se traduzem num espartilho enorme para se poder intervir na cidade. Num país desorganizado como o nosso, isto gera muitos problemas.
ficha técnica
Nome: Engenheiros Associados
Morada: Rua de Gonçalo Sampaio, 379, 4.º andar 4150-368 – Porto
Telefone: 22 093 30 26
URL: www.engenheirosassociados.com
E-mail: ea@engenheirosassociados.com
Projectos: Reabilitação do Bairro da Ponte, Reabilitação do condomínio da Rua da Graciosa, Reabilitação da Vila D’Este, Project Management do Tecmaia, Construção de armazém em Gondomar, Construção do Aparthotel de Paredes, Construção de edifício de escritórios em Ermesinde