Atelier Ar hitecture propõe torre de 100 metros para Museu da Moda de Tóquio
Tem 100 metros de altura e a capacidade de albergar no seu interior os últimos 100 anos da moda japonesa,

Ana Rita Sevilha
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Tem 100 metros de altura e a capacidade de albergar no seu interior os últimos 100 anos da moda japonesa, de 1920 a 2000. Falamos do futuro Museu Japonês de Moda, a mais recente proposta internacional do gabinete português ar hitecture, pensado para o centro de Tóquio, mais concretamente para a Omotesando Street, também apelidada de “Tokyo’s Champs-Élysées”.
Enquadramento
Com uma das mais elevadas taxas de densidade populacional – contabilizam-se cerca de 14 mil habitantes por metro quadrado, Tóquio é também a metropole japonesa com mais postos de trabalho e oferta cultural. Estes factores originam uma enorme pressão e densidade urbanística, que por sua vez levam a que as casas sejam hoje cada vez mais pequenas, contrapondo-se ao que acontecia no passado em que as casas eram de madeira e para além de um ou dois pisos, contemplavam jardim, pátio e um espaço religioso. Contudo, embora o cenário seja o descrito e se verifique uma intensa actividade na construção de edifícios, a procura supera a oferta o que dá origem a um contínuo aumento do preço do solo e como consequência, do preço dos alugueres. Como tal, a proposta da dupla Jorge Rocha Antunes e Pedro Goes Janeira, do colectivo ar hitecture , assenta numa estratégia “que liberte espaço/território ao nível da rua”, sendo isso, “uma mais valia urbana”, explicam os mesmos na memória descritiva do projecto.
Tabuleiro virtual
O terreno destinado a receber o museu, “é uma limitada parcela de 20x20m aproximadamente, com duas frentes”, sendo que, como foi explicado anteriormente, a estratégia da dupla de arquitectos passou por libertar a maior quantidade de espaço possível ao nível da rua. Nesse sentido, foi libertado cerca de 1/3 da área de implantação, que de acordo com a memória descritiva do projecto, “adquire um carácter urbano com a criação de uma zona verde”, e “pretende romper com a sensação de barreira provocada pelos edifícios ao nível da rua, criando uma situação com uma elevada densidade de vegetação que promova o encontro e a permanência dos cidadãos nesta parte da cidade”. A proposta do gabinete assenta num tabuleiro virtual de 8×8 círculos com 2,25m de diâmetro cada, e “é a partir desta definição que se resolvem todos os elementos estruturais e espaciais do edifício”, uma vez que, “estes círculos, por vezes elementos estruturais ou de circulação vertical, sustentam e ligam todas as partes do Museu”, explicam os arquitectos.
Três pontos de vista
O edifício está dividido em três grupos que permitem três pontos de vista, e três vivências diferentes. A saber, são eles: Bairro – dos zero aos 21 metros, Cidade – dos 21 metros aos 100 metros, e Natureza – dos 100 aos 110 metros. A primeira zona, apelidada de Bairro, tem, segundo os arquitectos, “uma relação mais próxima com a escala dos edifícios circundantes, com a rua e com as pessoas”, é uma parte do edifício que interage com a dinâmica da rua. “É nesta zona do edifício que encontramos a passarela que se projecta e interage com a Omotesando Street”, e uma vez que aqui dominam os espaços transparentes e translúcidos, os mesmos contribuem para a interacção entre o interior e o exterior. Dos 21 aos 100 metros segue-se a zona chamada de Cidade. “Desde o ponto de vista da escala da cidade, este é um dos elementos que caracteriza o Museu”, referem. Neste espaço, grandes e variados contentores recebem as exposições mas não perdem a relação com a cidade, garante a dupla projectista, sublinhando que, “estes espaços são intercalados com espaços vazios de contemplação e de transição entre as exposições”, e “do ponto de vista técnico também reduzem a resistência do edifício ao vento e sismo”. No topo do edifício aparece a Natureza, uma parte que “remete para um universo de relação e contemplação com a natureza, com o território e com o indivíduo”. Nesta zona, Jorge Rocha Antunes e Pedro Goes Janeira recriaram uma montanha no topo do edifício, à semelhança das montanhas que rodeiam Tóquio, e projectaram um Japanese Garden e o Skybar. Aqui, “não se estabelecem quaisquer relações visuais com as zonas anteriores do edifício, intensificando a independência deste universo em relação ao restante edifício”. Ao nível das salas expositivas, cada uma “está caracterizada de uma forma diferente e pode ser identificada desde o exterior”, criando uma “diversidade e multiplicidade na relação entre as partes, quer a nível interno como a nível urbano”. Para além do programa pedido, Jorge Rocha Antunes e Pedro Goes Janeira projectaram ainda um espaço complementar ao espaço da passarela e do Museu, que funciona como recepção e zona de apoio, sendo o acesso ao mesmo totalmente independentente podendo se processar pelo exterior.
Storytailors
Nesta proposta, aos arquitectos juntaram-se os designers Storytailors, como consultores de moda. “Desenvolvemos juntos as soluções expositivas – que no caso da Moda têm algumas particularidades, como sejam o facto de os manequins terem de ter as dimensões físicas da época ou deverem estar posicionados à altura dos visitantes ou ainda possibilitar a visualização a 360º dos manequins e peças ou acessórios – assim como das soluções da zona dos desfiles/ passarela, que nesta proposta se projecta na rua permitindo que os transeundes assistam aos desfiles. Também nos apoiaram no enquadramento histórico da Moda Japonesa e no contexto das influencias externas”, explicaram ao Construir Jorge Rocha Antunes e Pedro Goes Janeira.