OET contesta “desvirtuação” do modelo do subsistema politécnico
Ferreira Guedes sugere acabar “de vez com os mestrados integrados, que mais não são do que o protelar por dois anos a entrada no mundo do trabalho aos seus estudantes, sem nenhum ganho significativo”
Pedro Cristino
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O bastonário da Ordem dos Engenheiros Técnicos (OET) referiu que o modelo de “ensino/aprendizagem” nas escolas dos institutos politécnicos tem vindo a ser desvirtuado”.
Numa carta enviada ao presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e ao presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Augusto Ferreira Guedes referiu que este facto tem vindo, “crescentemente, a preocupar” os responsáveis da OET.
“Algumas escolas do subsistema politécnico têm seguido uma estratégia de preterir os que no seu dia-a-dia exercem a profissão, funcionando como pontes activas entre as necessidades do mercado, as exigências da profissão e o mundo da formação, apostando no preenchimento dos seus quadros, quase em exclusivo, com docentes da carreira académica – aquilo aque se pode chamar a “doutorização” do processo de ensino/aprendizagem”, acusa Ferreira Guedes no documento.
O bastonário da OET salienta também que a legislação exige “a existência de, pelo menos, 35% de docentes com o título de especialista”, sendo estetítulo “destinado a atestar um currículo profissional de qualidade e relevância numa dada área de saber”.
Por outro lado, Ferreira Guedes ressalva que “algumas escolas alteraram a sua estrutura curricular, retirando conteúdos fundamentais da área da engenharia e substituíndo-os por conteúdos, normalmente apelidades de ciências de base”.
“Na nossa óptica, se alguém teria de alterar os seus planos curriculares, não eram seguramente as escolas do subsistema politécnico, já que o seu modelo, assente na qualidade formativa que exibiu no passado recente, deu provas de ser capaz de capacitar os diplomados com as competências científicas e técnicas necessárias ao cabal exercício da profissão, facilitando a integração rápida no mercado de trabalho”, continua a carta.
Neste sentido, Augusto Ferreira Guedes opina que “deveriam ser as instituições do subsistema universitário a adaptar os seus planos curriculares à estrutura proposta pelo processo de Bolonha, acabando de vez com os mestrados integrados, que mais não são do que o protelar por dois anos a entrada no mundo do trabalho aos seus estudantes, sem nenhum ganho significativo”.
Assim, o responsável da OET considera o actual processo dos institutos politécnicos uma “tentativa de clonagem” do modelo do subsistema universitário que “veio criar situações dúbias, quer para os estudantes, quer para o mercado de desemprego” e que resulta “em cópias muito “desfocadas”, produzindo, por vezes, formações pouco adaptadas às necessidades do mercado de emprego”.