Ordem dos Arquitectos diz que decisão sobre arquivo de Siza Vieira “cabe ao autor”
A possibilidade de o arquivo de Siza Vieira poder ir para o Centro Canadiano de Arquitectura, em Montreal, foi noticiada na passada sexta-feira
Lusa
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O presidente da Ordem dos Arquitectos, João Santa-Rita, declarou à agência Lusa que gostaria que o arquivo da obra do arquitecto Álvaro Siza Vieira ficasse em Portugal, mas essa decisão “cabe ao autor”.
Contactado pela Lusa sobre a possibilidade de saída do país do arquivo do Prémio Pritzker, noticiada no final da semana passada, o presidente da Ordem dos Arquitectos, João Santa-Rita, disse que “é preciso separar vários aspectos desta questão delicada: os autores são livres de entender qual é o melhor modo e como querem ver a sua obra guardada, conservada, apresentada e divulgada”.
No sábado, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, disse à Lusa, nas Caldas da Rainha, que o Governo estuda há meses uma solução para o arquivo de Siza Vieira, cuja obra considera “um tesouro vivo do Portugal contemporâneo que merece todo o respeito, reconhecimento e atenção no que deverá ser a preservação do seu trabalho”.
A possibilidade de o arquivo de Siza Vieira poder ir para o Centro Canadiano de Arquitectura, em Montreal, foi noticiada na passada sexta-feira, pela revista Visão e pelo jornal Público.
Os dois títulos apontavam que um dos projectos do primeiro Pritzker português que ficou pelo caminho foi o da Casa da Arquitectura, em Matosinhos, que deveria acolher espólio de arquitectos nacionais do Norte.
Também indicavam algum mal-estar que o arquitecto terá manifestado com a falta de atenção que sente no país em relação ao estado de edifícios que projectou em solo nacional.
João Santa-Rita, em declarações à Lusa, sustenta: “Enquanto arquitectos portugueses podemos dizer que muito gostaríamos que [esse acervo] ficasse em Portugal em vez de no exterior, e depois ser difundido a partir daqui para o estrangeiro”, comentou, acrescentando que a situação “é um motivo de preocupação para Portugal e é uma reflexão a fazer”.
O presidente da Ordem dos Arquitectos considera que esta questão se “coloca tanto sobre [o arquivo de] Siza – ímpar, na História de Portugal e que ainda não acabou – mas também no caso de outros arquitectos portugueses”.
Comentou ainda que “Portugal sempre teve dificuldade em fazer a manutenção do seu património edificado”. “Não é que haja vontade de não o fazer, há limitações” e “é uma realidade que custa sempre mágoa a qualquer autor”.
Em 2012, o então presidente da Ordem, João Belo Rodeia, tinha alertado para a “situação dramática de abandono” do Pavilhão de Portugal, desenhado para a Expo98 por Álvaro Siza Vieira.
Na altura, Belo Rodeia chegou a enviar uma carta ao anterior Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT), questionando aquela tutela sobre o estado do emblemático edifício, que tem vindo a receber exposições temáticas nos últimos anos.
Concluído para a Expo98, o pavilhão, que acolheu a representação nacional portuguesa naquele evento, custou 23,5 milhões de euros e, em 2010, foi classificado como Monumento de Interesse Público (MIP) pelo antigo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), cujas competências se concentram agora na Direção-Geral do Património Cultural.
A Ordem dos Arquitectos, que chegou a apresentar um projecto para o edifício, relacionado com a arquitectura e a cidade de Lisboa, que não se chegou a concretizar, viria depois a promover esse projecto através da Trienal de Arquitectura de Lisboa, que actualmente tem identidade e espaço próprio no Palácio Sinel de Cordes.
“Somos um país pequeno, mas do ponto de vista da arquitectura não deixa de ter um grande expoente a nível mundial”, comentou à Lusa João Santa-Rita, defendendo que ” deveria existir no país um espaço com condições para albergar e dinamizar a cultura da arquitectura em Portugal”.
O arquitecto sublinhou que um arquivo “é uma coisa dinâmica, que serve não só para ilustrar uma obra mas depois deve ser estudada, dada a conhecer em público”. “Deve ser mantida viva”.