Ricardo Salgado considera “um erro” constituição da OPWAY por fusão com a SOPOL
Ricardo Salgado garante que as vendas previstas dos projectos do grupo em Angola, e que a KPMG não considerou como activos, rondavam os 2,7 biliões de dólares
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O antigo presidente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, considera ter sido um erro a constituição da OPWAY, a construtora que nasceu da fusão da OPCA com a construtora do então grupo A. Silva & Silva, a Sopol.
A garantia foi dada esta quinta-feira, pelo antigo banqueiro, durante a segunda audição na comissão parlamentar de inquérito que investiga as irregularidades na queda do Banco Espírito Santo e do Grupo Espírito Santo. O lamento de Ricardo Salgado surgiu quando o antigo presidente do Banco Espírito Santo respondia à questão formulada pelo deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim, sobre o seu conhecimento da fabricação de activos fictícios em Angola para disfarçar as perdas da ESI. Ricardo Salgado garante que não houve qualquer fabricação de activos fictícios. “A partir de um certo momento, depois das reuniões com o Banco de Portugal quando foi necessário reorganizar o grupo, as contas começaram a ser consolidadas. E as contas consolidadas mostravam desvios importantes, que iam além do passivo. Não havia relação entre as empresas do grupo pelo que quando houve essa necessidade de reorganização, houve problemas no processo”, garante Ricardo Salgado que justificou ainda com o regime praticado em Angola para a falta de consideração dos activos angolanos nas contas.
“Ainda hoje, ao fim destes anos todos, há muitas propriedades em nome do Estado angolano, para as quais o Estado concede licenças para os privados construírem. Pode haver desenvolvimento urbanístico importante e depois serem vendidas as fracções me propriedade horizontal. Nunca conseguimos demonstrar os títulos de propriedade que tínhamos ou que estávamos em vias de ter. Tínhamos projectos em Talatona, Metropolis, Ferreiras & Comandita e Bros Tito. Só o de Talatona tinha uma área de mais de 90 mil metros quadrados, onde o Grupo já tinha inclusivamente investido”, defende o antigo banqueiro. Ricardo Salgado garante que as vendas previstas dos projectos do grupo em Angola, e que a KPMG não considerou como activos, rondavam os 2,7 biliões de dólares.