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    “É provável que o paradigma das obras públicas em Angola se altere”

    José Miranda Rodrigues e José Bruno Costa Martins, international division manager e coordenador internacional da Consulgal, respectivamente, acreditam que a actual conjuntura menos positiva do mercado angolano resultante da quebra do preço do petróleo, que leva à falta de liquidez do país, é transitória e não constitui motivo para deixar de apostar na região. Angola… Continue reading “É provável que o paradigma das obras públicas em Angola se altere”

    Pedro Cristino

    “É provável que o paradigma das obras públicas em Angola se altere”

    José Miranda Rodrigues e José Bruno Costa Martins, international division manager e coordenador internacional da Consulgal, respectivamente, acreditam que a actual conjuntura menos positiva do mercado angolano resultante da quebra do preço do petróleo, que leva à falta de liquidez do país, é transitória e não constitui motivo para deixar de apostar na região. Angola… Continue reading “É provável que o paradigma das obras públicas em Angola se altere”

    Pedro Cristino
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    José Miranda Rodrigues e José Bruno Costa Martins, international division manager e coordenador internacional da Consulgal, respectivamente, acreditam que a actual conjuntura menos positiva do mercado angolano resultante da quebra do preço do petróleo, que leva à falta de liquidez do país, é transitória e não constitui motivo para deixar de apostar na região.

    Angola continua a reunir um interesse grande por parte da Consulgal, apesar dos problemas que advêm da quebra do preço do petróleo?

    JMR – Continua. Estamos em Angola desde 2006 e, portanto, não é por uma situação que é recente e transitória – pelo menos é a interpretação que fazemos – que deixaríamos de considerar este mercado como uma região de menos interesse para a Consulgal. Temos a sensação que esta situação é transitória e é um problema de liquidez que tem alguns pontos que são importantes do ponto de vista das empresas e das pessoas. No caso das empresas, está relacionado com a própria questão dos pagamentos e, no caso das pessoas que trabalham no país, e dos nossos colaboradores, está relacionado com as dificuldades de transferência dos salários para Portugal – diria até que essa é a maior questão. Paralelamente, e fruto de algumas dificuldades financeiras que Angola teve na sequência desta crise do petróleo, verifica-se uma diminuição clara do volume de obras públicas. Portanto, isso acaba por afectar as empresas na sua generalidade, porque Angola era um país que investia fortemente na área das obras públicas e está numa fase de contenção e, inclusive, a repensar alguns dos investimentos importantes que iria fazer. No entanto, entendemos que tal facto não é razão nem motivo para não continuarmos em Angola. Vamos aguardar que esta fase que, como disse, considero transitória, passe. É provável que o paradigma angolano se altere do ponto de vista da forma de olhar para as obras públicas e que se pense de uma forma diferente em futuros investimentos, em comparação com o passado, no sentido de se escolher os que são prioritários e mais importantes.

    Trabalham com os privados para colmatar esta quebra de investimento público?

    JMR – Temos alguns contactos com privados. Alguns ligados à área do petróleo, o que significa que também vivem este desafio. Mas o maior projecto em que estamos envolvidos em Angola é na área das obras públicas neste momento. Diria que 80% da nossa actividade está relacionada com as obras públicas.

    JBCM – No campo do investimento privado, tivemos duas expectativas. Uma na área das telecomunicações, para uma nova sede de uma empresa do sector e ainda não recebemos feedback, mas penso que, fruto da situação económica actual, o projecto estará em “standby” a aguardar uma conjuntura mais favorável. Também temos sido abordados por algumas empresas ligadas à área da indústria ligeira porque, como Angola viveu todo aquele período de guerra, a produção nacional diminuiu bastante. Então, ao longo destes anos, tem havido uma aposta forte na produção nacional. Obviamente que isto é um processo que leva tempo mas, aos poucos, vão surgindo fábricas, como uma fábrica de tomate, uma fábrica de películas para embalar produtos ou uma fábrica de sapatos, tudo isto está a aparecer aos poucos em Angola, porque também não é comportável para o país ter tantos recursos naturais e estar no modelo de importação em que esteve nas últimas décadas. E este volume de importação existe porque o tecido produtivo foi destruído durante o tempo da guerra. Está agora a ser reconstruído e acredito que, no médio prazo, em Angola, esta balança de importação e exportação, com os recursos naturais que o país tem, haverá tendência para diminuir as importações, para aumentar as exportações e atingir o equilíbrio ou até uma situação positiva de défice comercial.

    Portanto, estão a ser criadas as bases para impulsionar uma mudança no tecido produtivo angolano…

    JMR – É a estratégia que o Governo de Angola está a tentar implementar e que esta crise do petróleo ajudou a tornar transparente. Temos que olhar para a balança de pagamentos e para a balança de transacções com o exterior e temos que apostar na produção angolana. Isto é o que o Governo terá pensado para precaver futuras situações idênticas a esta, porque o que se passa aqui é, neste momento, a dificuldade de liquidez que as empresas enfrentam, que resulta da dificuldade da existência de moeda estrangeira e de ter havido menor exportação na área do petróleo.

    Em que tipo de projectos estão envolvidos em Angola?
    JMR – São contratos na área das águas e saneamento, cujo cliente é a Direcção Nacional de Águas (DNA), são trabalhos tanto na área do projecto como na área de fiscalização e supervisão de obra. São as duas actividades em que temos vindo a operar nesta área. Temos um contrato ligado à área dos resíduos, que está na fase final de apresentação dos estudos elaborados e que é referente aos resíduos sólidos de uma zona de Angola, nomeadamente o Sumbe.

    JBCM – Depois temos alguns contratos na área dos edifícios. São edifícios públicos, de pequena dimensão – um auditório no Caxito, para o Governo Provincial do Bengo – e, neste momento, temos também um contrato em que existe uma entidade financiadora, que é a União Europeia, existe uma entidade local que gere o financiamento, que é o Ministério do Planeamento, e existe uma entidade beneficiária que é o Ministério da Energia e Águas. Neste caso, é um centro de formação profissional para o sector das águas. No anterior quadro do Fundo Europeu de Desenvolvimento, portanto, a ajuda europeia a outros países, foi concedido este financiamento a fundo perdido e, com isto, o que se pretende é criar um centro de formação profissional para o sector das águas, que é um sector que está em forte expansão no país. Isto porque existem ainda muitos locais onde a população não tem acesso à água potável.

    A área das águas é uma das que estará, porventura, em maior expansão?

    JMR – É uma área com grandes investimentos porque também tem grandes necessidades e é fundamental para o desenvolvimento de um país. Há também a área dos transportes que me parece importante. Temos uma proposta entregue para um trabalho ligado à ferrovia, mas não há ainda decisões. Há ainda expectativas na área dos portos. Na área do petróleo estamos a acompanhar duas empresas nacionais que trabalham em Angola, e temos aqui algumas expectativas no que concerne a dois trabalhos, um na zona norte de Cabinda-Soyo e outro em Benguela, mas ainda não são situações definitivas. Uma delas está mais encaminhada para se tornar numa situação objectiva de trabalho, que inclui projecto e fiscalização de uma unidade industrial ligada à componente do petróleo. Do ponto de vista do urbanismo, também existem algumas possibilidades. Em Luanda, concretamente, há alguns trabalhos nessa área que se podem transformar em possibilidades. Mas a sensação que tenho é que, há alguma contenção e se está a fazer aquilo que é realmente prioritário e que estava em marcha. Alguns dos contratos que temos, inclusivamente no sector das águas, estão a ser repensados ou recalendarizados para uma situação posterior.

    Como se podem classificar as infra-estruturas ferroviárias e portuárias que existem no país actualmente?

    JBCM – Em desenvolvimento.

    JMR – As infra-estruturas existem. Agora, a nível ferroviário, o país tem muita coisa para fazer, mas também já fez muita coisa. Após a descolonização, sobretudo nos últimos 10 anos, fez-se alguma coisa na área da ferrovia. O país é muito grande, a área ferroviária é, se calhar, estrategicamente importante, também para os países limítrofes, sobretudo os que estão no interior e que precisam da ferrovia para alcançar o litoral. Esse projecto no qual temos uma proposta entregue está relacionado precisamente com este tipo de ligações.

    Portanto, Angola está a virar-se para as exportações…

    JBCM – Está a virar-se para a diminuição das importações, que é diferente. No médio prazo, a ideia é consumir o produto nacional em detrimento da importação porque existem muitos recursos naturais no país. Se calhar, no longo prazo, depois de alcançar o equilíbrio, em que a população possa ser alimentada maioritariamente por produção nacional, se existir excedente, a exportação será o caminho normal. Quando os portugueses ainda eram o povo colonizador de Angola, falava-se no petróleo, mas o petróleo representava apenas 5% do PIB da região. Havia café, algodão e outras matérias primas. Hoje, o petróleo representa cerca de 50% do PIB, 95% das exportações e 76% da receita fiscal. Agora, obviamente, para não estar amarrado a este produto, como tudo na economia a diversificação é também a chave para a diminuição do risco. Como Angola ainda tem a economia muito dependente do petróleo, se o petróleo sobe, quem exporta fica satisfeito, quando desce, toda a economia fica prejudicada, porque não existe diversificação de fontes de receita.

    O peso de Angola no negócio da Consulgal é significativo?

    JMR – Diria que não ultrapassa, neste momento, os 10% da nossa facturação. A Consulgal está há sete ou oito anos em Angola mas só nos últimos dois anos é que consolidámos um pouco mais a nossa presença, devido a factores internos e que são referentes à nossa organização no país. Mas a expectativa que temos em Angola, independentemente da crise, é que Angola possa, juntamente com Moçambique e o Brasil, ser um dos pólos importantes da internacionalização da Consulgal.

    São mercados naturais?

    JMR – Sim, são mercados naturais, embora esteja aberto a outros mercados, mas diria que os mercados dos PALOP são mercados importantes, porque a língua facilita a ligação e também somos vistos nesses países como parceiros de importância, face ao passado e às questões culturais inerentes. Em Angola isso é evidente. A visão das empresas portuguesas em Angola é positiva, porque têm dado um contributo para o desenvolvimento do país bem diferente do que tem sido aquilo que outras empresas têm feito, embora haja uma empresa muito grande de empresas chinesas no desenvolvimento de Angola, mas isso é comum aos países africanos. Estas empresas chinesas têm grande capacidade financeira mas, do ponto de vista prático, o que sinto é que Angola está bastante dependente do apoio das empresas portuguesas. Basta dizer que algumas das grandes empresas de construção portuguesas hoje estão em Angola, implantadas, algumas delas mesmo como sendo empresas angolanas, que mudaram inclusive as suas sedes sociais para Angola, e, portanto, há aqui uma importância extraordinária no que os portugueses têm vindo a fazer no país.

    O trabalho da engenharia portuguesa é bastante bem visto…

    JBCM – Sim. Não só em Angola, mas diria que a engenharia portuguesa tem boa aceitação em todo o mundo. Provavelmente não precisaram de nós nos Estados Unidos mas, nos países onde há necessidade do contributo de empresas de engenharia estrangeiras, os portugueses são bem vistos pela qualidade do trabalho ser superior à média.

    Além dos problemas de liquidez e da dificuldade de transferir salários, que outros desafios enfrentam as empresas portuguesas em Angola?

    JMR – Diria que estas questões financeiras são as primordiais, na medida em que as empresas dificilmente conseguem sobreviver se não tiverem garantido os pagamentos, a capacidade de transferência dos dividendos e do fruto do seu trabalho para o país de origem, até para manterem as suas estruturas nas suas sedes e porque também, muitas vezes, as suas sedes trabalham directamente para as empresas e subsidiárias e sucursais que têm em Angola. Portanto, estas questões são fundamentais. Diria também que o facto de se estar a trabalhar em África, com problemas de logística, problemas ligados a questões de saúde, não é o mesmo que estar a trabalhar em Portugal. Assim, a questão da adaptação das pessoas que estão a trabalhar localmente para as empresas, é, juntamente com estas questões financeiras, um dos pontos fundamentais e mais difíceis. Mas nós também temos uma capacidade de adaptação extraordinária e tenho sentido que os técnicos que temos colocado em alguns destes países, nomeadamente em Moçambique e em Angola, dispõem de uma capacidade de adaptação muito grande e rápida. Os nossos técnicos também já estão habituados a circular por Cabo Verde, por Angola e por Moçambique, a trabalhar em pontos mais remotos, com mais dificuldades, onde a alimentação é diferente e as facilidades não existem.

    Além das empresas chinesas, que países compõem a concorrência em Angola?

    JMR – O Brasil é um concorrente forte para as construtoras, mas também para as empresas da nossa área da engenharia, onde as empresas sul-africanas também têm algum peso. Depois há algumas grandes empresas de consultoria internacionais que estão em África e Angola faz parte do continente e, portanto, estão neste país, como estão no Congo ou noutros países. São empresas europeias e americanas, que são grandes concorrentes, indiscutivelmente, porque têm uma dimensão diferente da Consulgal, embora a Consulgal não deixe de ter importância local e acaba por ter tanta importância como um grande consultor internacional, porque a relação cultural e linguística facilitam exactamente esta situação. Seria, se calhar, mais difícil, estarmos no Congo ou no Senegal, pois seríamos vistos como mais uma empresa estrangeira. Em Angola, somos vistos como uma empresa portuguesa, que é diferente. Depois, outros concorrentes na área da engenharia são as próprias empresas angolanas. Temos, em Angola, grande empresas de engenharia que cresceram durante a fase de crescimento do próprio país e que têm Angola uma “share”, nesta área da consultoria, muito forte. Há empresas angolanas com dimensão, que têm já uma importância grande e que dispõem de quadros que, muitas vezes, são portugueses.

    JBCM – O grande “player” do mercado angolano até é uma empresa libanesa, mas que também é uma empresa muito grande a nível mundial na área da consultoria em engenharia. É a empresa que, tradicionalmente, tem liderado o mercado da consultoria em Angola. Já está no país há muitos anos, tem uma dimensão bastante maior que a Consulgal e é também um competidor forte.

    Uma questão que tem sido importante para as construtoras consiste na necessidade de ter um parceiro local no país. Isto também se aplica na área da engenharia?

    JMR – Sim. As parcerias existem pelas mais variadas razões e nós temos feito algumas com empresas angolanas, porque achamos que ter um parceiro angolano pode proporcionar uma visibilidade externa de um consórcio, numa oportunidade específica, num concurso, que pode ser importante. Mas diria que, na maior parte das vezes, estas parcerias resultam das necessidades dos próprios concursos, porque, para garantir os requisitos de qualificação desses concursos, muitas vezes temos de somar as experiências de mais do que uma empresa.

    É difícil encontrar parceiros adequados ao que a Consulgal pretende?

    JMR – Não. Depende de cada caso. Neste momento, temos contratos em que até estamos sozinhos, mas temos feito várias propostas de parcerias. Não é difícil, é preciso é que haja relações. Temos relações com algumas empresas internacionais e também empresas angolanas e, caso a caso, avaliamos as possibilidades. Muitas vezes surge um convite da nossa parte, outras, surge o convite de outras partes.

    Quais são os critérios de maior peso num concurso de obra pública no campo da engenharia?

    JMR – Diria que é 50% ou 40% para o preço e 50% ou 60% para a apreciação técnica. Depende um pouco do tipo de concurso mas, normalmente, não há um grande privilégio do factor preço.

    JBCM – Curiosamente, neste contrato da União Europeia, os critérios consistiam em 80% valia técnica e 20% preço, o que é um cenário diferente daquele que existe no mercado português actualmente, em que, maioritariamente, se valoriza o preço mais baixo. No caso de serviços de engenharia em que, ao contrário do fornecimento, há uma componente intelectual e até de qualidade da organização da abordagem proposta para a realização do serviço, não me parece que, privilegiar, em exclusivo ou maioritariamente, o preço, seja o melhor caminho a seguir. No entanto, sabemos que o factor económico também pesa mas, muitas vezes, os decisores esquecem-se que, neste caso concreto, da parte do projecto, ou da parte da fiscalização ou da parte da gestão do projecto, o investimento relativamente ao valor do global é percentualmente muito reduzido. Portanto, não se justifica estar a poupar muito numa coisa, se dessa poupança até poderá resultar um prejuízo bastante maior do que a percentagem que seria justa pagar por um serviço de qualidade.

    Que é o que acontece em Portugal…

    JMR – Sim. Mas também acontecia em Portugal antes da crise. Na minha opinião, no caso das prestações de serviço, desnecessáriamente, porque o peso do valor das prestações de serviço nos investimentos não é significativo e, se calhar, acaba por ter um factor negativo no cômputo geral porque, ao diminuir a qualidade da prestação de serviços, está-se a aumentar o preço da construção de forma global e uma série de problemas associados.

    JBCM – É curioso porque Angola até é mais exigente na qualificação para os concursos públicos das empresas de consultoria do que Portugal. Basta dizer que, em Angola, para as empresas que concorrem a projectos ou a fiscalização de obras públicas existem alvarás, situação idêntica à que existe para os empreiteiros. Em Portugal não existe alvará para estas empresas. Não existe nenhum dispositivo legal que faça uma diferenciação entre um grande consultor de engenharia, que tem uma determinada estrutura, dimensão e número de quadros técnicos e um gabinete, muitas vezes, unipessoal. À luz da legislação portuguesa, estão ambos qualificados. Em Angola, não. Existem oito níveis de alvará e, por exemplo, para o alvará da classe máxima, já é necessário ter um quadro com um mínimo de 25 pessoas, sendo que cinco delas terão de ser técnicos superiores também – arquitectos ou engenheiros –, a empresa tem de ter um determinado currículo e não dever nada ao Estado. Existe uma qualificação em função do valor das prestações de serviço.

    Relativamente aos quadros, as empresas têm que obedecer a quotas no que concerne ao número de funcionários angolanos?

    JBCM – Normalmente, têm de ter 70% de funcionários angolanos. O que acontece é que, muitas vezes, essa percentagem diminui pelo facto de, no nosso caso em específico, o contrato requerer alguma experiência. Em Angola ainda não existem técnicos em número suficiente e com essa experiência e, portanto, o currículo é ajustado em função da realidade.

    É difícil encontrarem quadros qualificados angolanos?

    JBCM – Não são suficientes em função das necessidades, embora o país tenha apostado na formação. Mas, se fossem, também não precisavam de nós, das empresas portuguesas ou internacionais. Isto tem que ser uma situação de “win-win”. Não têm número suficiente no país e nós temos essa experiência e essa capacidade.

    Crêem que, de alguma forma, a exportação de formação possa ser um desígnio da engenharia portuguesa em Angola?

    JBCM – Pode. Nós fomos abordados por uma grande construtora angolana para fornecermos formação profissional no sector de engenharia. Se não há quadros suficientes é necessário formá-los e essa é uma aposta do próprio governo de Angola.

    A confiança dos investidores no mercado angolano está abalada com a quebra do preço do petróleo ou demonstra robustez?

    JMR – Não diria que está abalada mas está refreada. Acho que há alguma contenção e expectativa para perceber o que vai acontecer. Por outro lado, há alguns investimentos privados em áreas relacionadas com a produção de bens próprios em Angola, nomeadamente na área industrial. Isso é uma consequência do país estar a travar algumas importações. Por exemplo, no caso da cerveja, havia uma quota da cerveja portuguesa em Angola e, agora, ao bloquear-se a importação de cerveja está-se a obrigar ao aumento da produção da própria cerveja local.

    JBCM – Existem já quotas de importação para promover a produção nacional. É lógico, legítimo e parece ser o caminho certo a nível de desenvolvimento do país.

    Contam aumentar a actividade em Angola?

    JMR – Estamos com uma expectativa positiva. Se algumas das expectativas que estamos a seguir se concretizarem, vamos ter, nos próximos dois ou três anos, um aumento da nossa presença em Angola do ponto de vista de trabalho efectivo, independentemente da crise. Mas seria necessário que algumas destas oportunidades, que estão em fase final de decisão, se concretizassem.

    Angola desenvolveu-se muito na zona de Luanda. Nota-se iniciativa para desenvolver outras regiões do país?

    JBCM – Nota-se. O que aconteceu foi que, fruto da guerra, uma grande parte da população refugiou-se em Luanda. Agora, aos poucos, está a ser feita uma aposta não só na requalificação urbana da cidade, como têm estado a ser desenvolvidos alguns pólos industriais e outras actividades económicas fora da capital. A forma de resolver alguns dos problemas urbanísticos de Luanda também passa pela criação de oportunidades e de postos de trabalho noutros locais. Diria que, a nível de decisão, a maioria das decisões é tomada naturalmente em Luanda, mas abrange todo o país. Estão a ser feitos pólos industriais em Menongue, no Cuando-Cubango, que era chamada a “Terra do Fim do Mundo” e agora tem tido um grande desenvolvimento, em Benguela, tradicionalmente uma das cidades mais importantes, no Huambo, etc. Portanto, nota-se que há uma aposta no desenvolvimento de todo o país. Em Luanda existe a maior concentração, mas o que acontece é que a grande parte dos investimentos públicos que têm ocorrido não é em Luanda, mas sim no desenvolvimento de todo o país, desde a linha férrea, portos, pólos industriais.

    Quantas pessoas tem a Consulgal a trabalhar em Angola?

    JMR – Temos duas empresas em Angola, a Consulgal Angola, detida a 100% pela Consulgal, e a Afrigal, detida em 50% pela Consulgal e 50% pela Sistec, que é uma empresa angolana. O Grupo Sistec é um grupo muito importante ligado às tecnologias de informação e tem mais de mil pessoas. O facto de termos hoje essa empresa ligada a um grupo angolano importante dá-nos a expectativa de podermos crescer no país e sentirmo-nos no país também como uma empresa angolana. Neste momento, em função dos quadros e dos contratos que temos, diria que temos entre 18 e 20 pessoas em Angola e esperamos crescer se alguns contratos, nomeadamente este da área do petróleo, se vierem a confirmar, se a obra do abastecimento de água ao Huambo, que é um contrato que está já firmado, arrancar – que temos a expectativa de que arranque dentro de um mês e meio, dois meses.

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    Quintela e Penalva | Knight Frank vende 100% das unidades do novo D’Avila

    Desenvolvido pela Finangeste, o edifício, em plenas Avenidas Novas, em Lisboa, conserva a fachada original. Além da venda, a mediadora acompanhou e apoiou o arquitecto no desenho e concepção do projecto

    A consultora imobiliária especializada no segmento luxo, Quintela e Penalva, acaba de anunciar o fecho de vendas do projecto residencial D’Avila. Desenvolvido pela Finangeste, investidor institucional que actua no mercado português há mais de 40 anos, o D’Avila foi um “enorme sucesso comercial”.

    O envolvimento do departamento de empreendimentos da mediadora foi significativo, tendo iniciado com o apoio ao arquitecto no desenho e concepção do projecto, desde o ajuste de plantas à introdução de amenities adaptadas em função das necessidades do mercado e à coordenação da criação integral do branding e infopack do projecto.

    Segundo Jorge Costa, COO da Quintela & Penalva, “o D’Ávila é um excelente exemplo de como o nosso departamento de empreendimentos, e o trabalho de desenvolvimento em estreita colaboração com os promotores, contribui para o sucesso comercial dos projectos e para a satisfação dos clientes”.

    Recuperado a partir de um edifício antigo, em plenas Avenidas Novas, em Lisboa, o edifício conserva a fachada original que, conjugada com a “leveza e simplicidade” da arquitectura contemporânea, apresenta um “cariz muito especial”.

    Os interiores foram projectados para oferecer o “máximo conforto”, enquanto as áreas comuns são onde os residentes podem aproveitar para desfrutar do spa e do ginásio.

    O D’Avila dispõe de 22 apartamentos, de tipologias T1 a T3, dos quais fazem parte duas penthouses duplex. Todas as unidades são “espaçosas e funcionais”, com vãos envidraçados, do chão ao tecto, e quartos todos em suite.

    O sucesso do D’Avila mostra, segundo Francisco Quintela, CEO da Quintela e Penalva, parceiro em Portugal da Knight Frank, “que Lisboa continua a estar no radar dos investidores e que os produtos de qualidade têm procura garantida”.

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    Gebalis apresenta segunda fase do programa ‘Morar Melhor’

    Com um investimento de quase 1,3 M€, a obra contempla a construção de seis núcleos necessários para instalação de 10 novos elevadores no bairro Padre Cruz e todas as intervenções necessárias associadas

    O programa de reabilitação dos bairros municipais de Lisboa ‘Morar Melhor’ apresentou esta sexta-feira, dia 26 de Abril, uma nova empreitada, no Bairro Padre Cruz. Com um investimento de quase 1,3 milhões de euros, acrescido de IVA, o projecto prevê a instalação de 10 elevadores em edifícios localizados na Rua Rio Sado e na Rua Rio Guadiana que vai beneficiar 201 fracções e aproximadamente 500 moradores.

    Está considerada na empreitada a construção de seis núcleos necessários para instalação de 10 novos elevadores e todas as intervenções necessárias para cumprimento da legislação de segurança, segurança contra incêndios, acessibilidades, iluminação, electricidade e ventilação. Serão, ainda, construídas duas rampas para assegurar o acesso necessário em dois dos lotes.

    “Tendo em conta o número de pessoas idosas que aqui habitam, esta intervenção responde a uma necessidade que há muito tinha sido identificada e à qual conseguimos agora responder. Esta instalação é totalmente nova, o que eleva ainda mais a importância deste investimento e o impacto na qualidade de vida dos moradores”, refere Fernando Angleu, presidente do Conselho de Administração da Gebalis.

    Esta empreitada faz parte de um conjunto de 58 que compõem o Plano de Reabilitação acordado entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Gebalis e que teve início em 2023. Até ao final de 2024 estarão concluídas as primeiras obras de reabilitação dos bairros 2 de Maio, Açucenas, Alfinetes, Boavista, Bom Pastor, Condado, Flamenga, João Nascimento Costa, Padre Cruz, Rego e Telheiras Sul.

    Considerado o maior investimento realizado na habitação municipal desde o Programa Especial de Realojamento (PER), o ‘Morar Melhor’ inclui intervenções de fundo em 478 edifícios, impactando 8614 frações, e reabilitação directa de 1545 fogos habitacionais.

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    Reabilitação Urbana abranda ritmo de crescimento

    Os dados obtidos no último inquérito realizado pela Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, AICCOPN, junto dos empresários do sector que actuam no segmento da Reabilitação Urbana revelam abrandamento do crescimento do nível de actividade

    De acordo com os dados obtidos no inquérito realizado pela AICCOPN, observa-se um abrandamento da tendência de crescimento do índice Nível de Actividade, que registou em Março, um crescimento de 1,4%, em termos homólogos, Já o índice qualitativo referente à evolução da Carteira de Encomendas observou um decréscimo de 3,3%, face ao apurado no mesmo mês de 2023.

    Relativamente à Produção Contratada, ou seja, quanto ao tempo previsto de laboração a um ritmo normal, no mês de Março, fixou-se em 10,3 meses, o que corresponde a um aumento em relação aos 8,5 meses registados em Março de 2023.

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    EDIH DIGITAL Built com apresentação pública

    O consórcio do EDIH DIGITALbuilt vai realizar o primeiro evento de apresentação pública, no próximo dia 30 de Abril na sede da Ordem dos Engenheiros. O projecto tem como objectivo contribuir para aumentar a competitividade, sustentabilidade e eficiência do sector AEC e aumentar a eficiência da administração pública na temática do ambiente construído

    Financiado pelo Programa de Recuperação e Resiliência, DIGITALbuilt é um European Digital Innovation Hub (EDIH) que unifica três clusters na temática do ambiente construído: arquitectura, engenharia e construção, recursos minerais e ferrovia. Conta com a parceria do BUILT CoLAB, de Centros de Interface Tecnológica (ITECONS, StoneCITI, Centro de Competências Ferroviárias e INESC TEC) e com outras entidades de suporte (FI GROUP e FNWAY).

    Este EDIH, irá disponibiliza às PME e à administração pública, quando aplicável, serviços de transformação digital, capacitação, inclusão digital, apoio à procura de financiamento e de intermediação, serviços de incubação de PME e diagnósticos de maturidade digital. Tem como objectivo contribuir para aumentar a competitividade, sustentabilidade e eficiência destes sectores e aumentar a eficiência da administração pública na temática do ambiente construído.

    No painel de Oradores, encontra-se confirmada a participação do deputy head da unit “Digital Transformation of Industrial Ecosystems” na DG CONNECT da Comissão Europeia, Gaspard Demur e da vogal do conselho de administração da ANI, Sílvia Garcia.

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    @Miguel Nogueira e Filipa Pinto

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    Porto: Infraestruturas desportivas com investimento superior a 17 M€

    Através da GO Porto, a Câmara do Porto, investiu nos últimos seis anos no alargamento e renovação de uma dezena de infraestruturas polidesportivas da cidade

    tagsPorto

    A aposta do município do Porto na saúde e desporto acessível para todos foi reforçada com mais de 10 obras dedicadas à prática de exercício físico. Entre empreitadas já inauguradas, em curso ou ainda em projecto, o investimento supera os 17 milhões de euros, em zonas distintas da cidade, como Ramalde, Lordelo do Ouro, Paranhos ou ainda Campanhã.

    Entre as principais infraestruturas novas da cidade, é de realçar a empreitada do Campo Municipal do Outeiro, em Paranhos, num investimento municipal na ordem dos 5,5 milhões de euros, divididos por aquisição de terrenos, custos de projecto, empreitada e fiscalização.

    Com a construção das instalações desportivas, bancada com 510 lugares, edifício de apoio e respectivos acessos de circulação, a cidade deixou de ter campos pelados para a prática do futebol e devolveu ao histórico Sporting Clube da Cruz, assim como a outros clubes do Porto, um espaço de jogo digno.

    De forma a abranger mais modalidades e mais adeptos de um estilo de vida saudável, o Parque Desportivo de Ramalde/ INATEL, que está sob gestão da Ágora – Cultura e Desporto do Porto, oferece, desde 2017, uma pista de atletismo com seis corredores e um campo de relva homologado para a prática de futebol de 11 e de râguebi.

    Em 2019, foi inaugurado o Skate Park de Ramalde, dentro do complexo desportivo, onde crianças, jovens e adultos têm pela primeira vez um espaço onde podem aventurar-se nesta modalidade. Dois anos depois, a GO Porto avançou com a ampliação do espaço e a construção de um bowl.

    Neste momento, está a decorrer a segunda fase da empreitada neste Parque Desportivo, que engloba um novo campo de jogos de futebol e râguebi, com um edifício de apoio com bancada coberta, um recinto para as práticas de atletismo e de zonas de tiro ao arco. Esta última empreitada está orçada em perto dos 4,9 milhões de euros.

    A Piscina Municipal Engenheiro Armando Pimentel, da responsabilidade da empresa municipal Ágora, voltou a abrir portas, totalmente equipada e requalificada. Num investimento municipal a rondar os 2 milhões de euros, esta intervenção permitiu colmatar um conjunto de deficiências de carácter estrutural no interior e exterior do edifício.

    De forma a fomentar a prática de exercício físico na aprendizagem das crianças da cidade do Porto, o Município investiu, ainda, cerca de 400 mil euros na requalificação de 10 infraestruturas exteriores de seis Escolas Básicas: EB 2/3 António Nobre, EB 2/3 Areosa, EB 2/3 Manoel de Oliveira, EB 2/3 Pêro Vaz de Caminha e EB 2/3 Leonardo Coimbra.

    Entre as várias intervenções, contam-se novos pisos e equipamentos para diferentes modalidades desportivas: futebol, basquetebol e andebol, contribuindo assim para a integração social destas comunidades.

    Durante o primeiro trimestre de 2024, arrancaram também as obras na bancada do Campo do Viso, e nas infraestruturas elétricas do Estádio da Praia. Esta primeira empreitada, estimada em 215 mil euros, pretende requalificar a bancada existente, com vista à melhoria das condições de conforto, segurança e circulação.

    Já o Estádio da Praia, a maior infraestrutura desportiva sazonal gerida pela Ágora e que funciona há 15 anos com diversas competições e atividades, está a ser reabilitado ao nível do equipamento eléctrico e torres de iluminação, com um valor de empreitada de 79 mil euros.

    Com arranque previsto para o segundo semestre de 2024, o Campo Municipal de Campanhã, um novo equipamento desportivo com implantação em terreno entre a Rua de Justino Teixeira e as piscinas municipais, ainda carece do visto do Tribunal de Contas.

    Com uma área que ascende aos 17 mil metros quadrados, o espaço abrange um campo de jogos com bancada coberta, além de um edifício de apoio e novo arruamento com lugares de estacionamento. Este novo complexo desportivo tem um valor de empreitada na ordem dos 4,6 milhões de euros.

    Ainda em contratação de projeto encontra-se a Zona Desportiva Oriental, em Campanhã. Designada por Espaço Radical Zona Oriental, trata-se da construção de um parque de desporto com a instalação de um skate park, pump track, estações de street workout, basquetebol e escalada.

    Também em fase de contratação de projecto, a GO Porto tem ainda em mãos a construção de um novo complexo desportivo no Campo Municipal da Ervilha, que serve o Futebol Clube da Foz, com três campos de futebol com relvado sintético, bancada, balneários, ginásio, edifícios de apoio para áreas administrativas e arranjos exteriores.

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    Mapei leva nova gama de produtos à Tektónica

    A Mapei irá marcar presença de 2 a 5 de Maio no evento anual dedicado ao sector da construção, com a apresentação de uma nova linha de produtos dedicada ao segmento da reabilitação

    O fabricante mundial de produtos químicos para a indústria da construção marcará, uma vez mais, presença na Tektónica, uma feira que considera estratégica para divulgar soluções, estabelecer contactos estratégicos e acompanhar as mais recentes tendências do mercado.

    Em destaque nesta edição estará a sua nova linha Mape-Antique, uma gama completa de argamassas compostas por cal e eco-pozolana uma gama de produtos, completamente isentos de cimento, dedicadas à consolidação e reabilitação da alvenaria de edifícios de valor histórico e arquitectónico, realizados em tijolo, pedra, tufo ou alvenaria mista.

    Os produtos da gama Mape-Antique têm características físico-mecânicas muito semelhantes às das argamassas para alvenaria e rebocos utilizadas no passado, razão pela qual resultam mais compatíveis com qualquer tipo de estrutura original.

    Ao mesmo tempo, têm elevada resistência físico-química às acções agressivas, ambientais (chuva ácida, gelo-degelo e gases poluentes) e internas à alvenaria (sais solúveis e humidade). A maioria dos produtos Mape-Antique possui elevados valores de transpirabilidade e, no caso dos rebocos desumidificantes, de porosidade. Graças à sua estrutura macroporosa, são capazes de favorecer a evaporação da água presente na alvenaria muito mais do que as tradicionais argamassas para reboco de base cimentícia ou de cal-cimento. Este processo permite que as estruturas húmidas sequem, ou evitem a ascensão capilar de humidade, o que proporciona um maior conforto habitacional. Além disso, se estiverem presentes na alvenaria sais solúveis, estes cristalizam dentro dos macroporos, sem produzir tensões no reboco que o possam degradar.

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    Passivhaus Portugal com programa extenso na Tektónica

    A Passivhaus Portugal marca mais uma vez presença na Tektónica. Juntando num espaço próprio vários dos seus parceiros e criando várias dinâmicas de workshops e conversas em contínuo. Uma oportunidade para conhecer melhor este padrão que é também uma certificação

    Em conjunto com os parceiros em exposição, a Passivhaus Portugal construiu um programa de workshops práticos contínuos, com apresentação de soluções, formas de aplicação, resolução de problemas, e muito mais. Entre workshops poderá também assistir à apresentação de projectos Passivhaus e algumas conversas entre stakeholders da área.
    De notar que o sector da eficiência energética é o que mais vai crescer nesta edição da Tektónica. Não será por acaso. A procura de soluções de habitação, residencial e de escritório, que geram poupança ao mesmo tempo que garantem conforto, saúde para os seus habitantes, e protecção para o meio ambiente, está a crescer.

    “Porque é que em Portugal, um país com um clima ameno, temos de viver com maior desconforto dentro de nossa casa ou do escritório onde trabalhamos, do que alguém que vive num clima frio? Não faz sentido. E isso é algo que entre a classe profissional é já óbvio e começa a tornar-se também para o público em geral. O padrão Passive House dá resposta a todas as questões de conforto, saúde e eficiência e, em Portugal, de forma até mais simples do que, por exemplo, na Alemanha, uma vez que falamos do único padrão no mundo que é quantitativo e rigoroso. E esta é uma das mensagens que levamos para a Tektóncia”, afirma João Marcelino, presidente da Passivhaus Portugal.

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    OASRS apresenta conferência “As Brigadas de Abril”

    No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, a Secção Regional do Sul da Ordem dos Arquitectos recordou o estabelecimento e a acção do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) na conferência “As Brigadas de Abril”

    O aprofundamento das pesquisas sobre o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), corpo de especialistas criado em 1974 para desenhar e pôr em marcha soluções habitacionais para a imensa população dos bairros de lata, barracas e casas degradadas de Portugal, em coordenação com associações de moradores e os seus recursos eventualmente disponíveis, levou o arquitecto e investigador da CEAU-FAUP Ricardo Santos a afirmar-se espantado pela dimensão, heterogeneidade e desenvolvimentos do “processo”.

    Presente na sessão organizada pela Secção de Lisboa e Vale do Tejo “As Brigadas de Abril”, que decorreu no dia 23 de abril, na sede da Ordem dos Arquitectos, o arquitecto contextualizou o SAAL como um “processo”.

    “As pessoas não falam em projecto, começava antes da intervenção e continuava depois do projecto, com alta participação popular, a ideia de democracia directa, o controlo pelo povo, ao serviço do qual estavam os técnicos”, destacou.

    O SAAL registou 170 operações iniciadas, a construção de 76 bairros e o envolvimento de 42 mil famílias entre 1974 e 76, ano em que passou para a alçada das autarquias. “Só em Lisboa houve intenção de construir 17 bairros, sete chegaram à construção, dois foram terminados”.

    A arquiteta Lia Antunes, a preparar uma tese sobre a intervenção das mulheres no SAAL (no Darq-UC e Centro Interdisciplinar de Estudos de Género do ISCSP), destacou o papel das moradoras dos bairros de lata, a sua tomada da palavra como a primeira ideia de cidadania, a sua organização e o conhecimento sobre os fogos existentes, sobre as casas que seriam necessárias e sobre a composição das famílias. “As mulheres preparavam as palavras de ordem para as manifestações”, sinal da consciência da sua condição e da vontade reivindicativa.

    Quanto às técnicas, o seu papel é significativo, como foi o caso da arquiteta Ana Salta e de Manuela Madruga (da Brigada Técnica, nome das equipas técnicas do SAAL, maioritariamente com jovens arquitetos e estudantes, que viriam a elaborar planos e projetos e a diagnosticar as situações habitacionais) no Bairro Esperança de Beja; com Nuno Portas, a arquiteta Margarida de Souza Lobo tinha esboçado um modelo de intervenção multidisciplinar e de habitação evolutiva para o bairro de lata da Quinta do Pombal; a socióloga Isabel Guerra, que trabalhou nos bairros sociais de Setúbal, “em janeiro de 74 já tinha apresentado uma proposta para o Bairro da Liberdade que antecipava o SAAL”; “as assistentes sociais foram a cola do processo”, com presença diária nos bairros mediando conflitos, respondendo aos inquéritos sobre as condições físicas dos bairros, e sobre necessidades e desejos das populações. Houve também “uma dimensão internacional” com participação de técnicas de outros países e muitos outros exemplos de compromisso, de “urgência, intensidade, generosidade” podiam ser dados.

    Justamente sobre a “intensidade” dos trabalhos e da vivência que os caracterizou falou Adelaide Cordovil, assistente social e elemento da equipa do SAAL no Fonsecas-Calçada. “Já lá vão 50 anos, era tudo muito intenso. Estava a destapar-se uma panela de pressão?”. Adelaide Cordovil explicou que as pessoas acreditavam no que podiam transformar, tinham essas vontade e energia, aprendiam umas com as outras e tinham ideias claras e fundadas do que precisavam para as suas casas.

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    2024 será um ano de expansão para a Hipoges

    A Hipoges atingiu 49 mil milhões de euros em activos sob gestão a nível global até ao final do de 2023, mantendo uma taxa de crescimento contínuo em todos os países onde opera e avançando no seu plano de crescimento estratégico

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    O anúncio foi feito pelos líderes da Hipoges, Hugo Velez e Claudio Panunzio, durante o Town Hall 2024 realizado a nível global, que reuniu os quase 2.000 colaboradores que a Hipoges tem espalhados pelos seus 11 escritórios em Espanha, Portugal, Itália e Grécia.

    “Somos uma marca cada vez mais importante”, sublinha Hugo Velez. “O ano passado foi desafiante e 2024 também o é, mas continuamos a crescer, e fazemo-lo de forma sustentada e nos quatro países onde estamos presentes”.

    Claudio Panunzio refere que a Hipoges tem o desafio de “continuar a desenvolver as melhores práticas na gestão de activos”.”Ǫueremos concentrar-nos na nossa expansão internacional e tirar partido da nossa posição para continuar a crescer organicamente e também através de novas aquisições. Estamos actualmente a avaliar quatro ou cinco oportunidades de aquisição em Espanha, Portugal e Itália”.

    Durante o evento, a Chief Financial Officer da Hipoges, Marta Márquez, destacou a “clara tendência de crescimento” da empresa durante o ano de 2023, apesar do contexto de incerteza em que opera, o que lhe permite desfrutar de uma “sólida posição de mercado”.

    Já o Global Chief Operations da Hipoges, Juan Ramón Prieto, fez um balanço do desempenho da empresa em 2023, um ano em que “tivemos de superar grandes desafios devido à evolução da actividade jurídica e imobiliária em Espanha e Portugal”. Apesar dos atrasos nos prazos legais, da redução da quantidade de stock para venda e da queda das hipotecas, a Hipoges “conseguiu aumentar o volume de negócios e comercializar activos mais rapidamente do que o esperado, tanto em Espanha como em Portugal”.

    Durante o ano de 2023, a Hipoges reforçou as suas linhas de negócio e serviços, bem como a sua quota de mercado, através da criação de duas novas empresas e da aquisição de uma participação maioritária numa terceira: a KPI Hotel Management Solutions, especializada na gestão de hotéis e resorts, com presença em Portugal e Grécia; a Finanwin, uma plataforma de mediação hipotecária que opera em Espanha e Portugal; e a F&G, focada na gestão de documentação de activos financeiros.

    Durante a sua intervenção, Margarida Maia, Chief Services Officer, explicou que a equipa da Hipoges cresceu 15,8% em relação ao ano anterior, para 1.820 colaboradores no final de Dezembro de 2023 a nível global, e a empresa espera ultrapassar a marca dos 2.000 este ano. Foram abertos novos escritórios em Espanha, em Sevilha e na Corunha, e em Portugal, em Lisboa, existiu uma mudança para um novo escritório com uma capacidade mais adequada às necessidades da empresa.

    Durante o seu Town Hall 2024, a Hipoges avançou ainda as quatro grandes linhas do plano estratégico em que a empresa pretende alicerçar o seu crescimento: diversificação dos mercados geográficos e das linhas de actividade; aposta na inovação tecnológica; melhoria da eficiência e das margens de rentabilidade; e aposta na captação e fidelização de clientes.

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    Roca Group assegura o fornecimento de energia renovável a todas as suas operações na Europa

    Esta iniciativa representará uma redução de mais de 50 000 toneladas de CO2 equivalente por ano nas emissões provenientes do consumo de electricidade do Grupo

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    O Roca Group, líder mundial em design, produção e comercialização de produtos para a casa de banho, anunciou um contrato de compra de energia renovável a longo prazo (PPA – power purcha-se agreement), que terá vigência de dez anos, de 2025 a 2035, ligado às novas instalações solares Trévago I & II, situadas na província de Sória, em Espanha.

    A entrada em funcionamento das instalações de produção solar Trévago I e II está prevista para Julho de 2025. Estas instalações contam com uma capacidade de 86,84 MWp. Do total da capacidade, 80% destina-se ao Roca Group e prevê-se a produção de 120 GWh de energia limpa anualmente, o que corresponde ao volume necessário para abranger o consumo eléctrico de todas as operações do Grupo em território europeu.

    Os projectos estão a ser desenvolvidos pela Bruc Energy, uma empresa de produção de energia renovável, e contou-se com a consultoria jurídica da Baker McKenzie, por parte do Roca Group, e da Allen & Overy, por parte da Bruc, assim como com o apoio estratégico da Schneider Electric, através dos respectivos serviços de consultoria em PPA, no que respeita à coordenação de todo o processo.

    Este processo representará uma redução de mais de 50 000 toneladas anuais de CO2 equivalente, o que corresponde ao consumo de energia do Grupo na Europa. Trata-se de mais um objectivo atingido no plano de descarbonização do Roca Group que se vem juntar à recente entrada em funcionamento da primeira fábrica de produção de louça sanitária neutra em emissões de carbono a nível mundial. O Grupo acumula já uma redução de 39% nas respectivas emissões directas de CO2 equivalente e de 47% na respectiva intensidade energética entre 2018 e 2022, aproximando-se do objectivo de reduzir para zero as emissões líquidas em 2045.

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