A estratégia da COBA para o crescimento da carteira de encomendas
A empresa portuguesa de engenharia enfrenta a conjuntura desafiante com um “prudente optimismo” em virtude de uma carteira de encomendas que o mercado internacional trata de rechear
Pedro Cristino
TdC dá luz verde ao prolongamento da Linha Vermelha
Century 21 Portugal espera “crescimento” nos próximos anos
A estratégia da MAP Engenharia, as casas impressas pela Havelar, o ‘novo’ rumo da Mexto e a TRAÇO no CONSTRUIR 503
Consumo de cimento aumentou 23,6% em Janeiro
Encontro de Urbanismo do CIUL regressa com ‘Há Vida no Meu Bairro’
Autódromo Internacional do Algarve desenvolve CER com SES Energia
Rita Bastos assume direcção da Sekurit Service e da Glassdrive Portugal
Dst ganha obra de 5M€ para Volkswagen Autoeuropa
IP conclui intervenção no Viaduto Duarte Pacheco
Hydro produz primeiro lote de alumínio reciclado com pegada de carbono quase nula
A COBA inicia a segunda metade do ano com um “prudente optimismo” derivado da sua carteira de encomendas recheada de vários projectos internacionais e grande dimensão. Em comunicado, o vice-presidente do grupo refere que a carteira de trabalhos contratados permite à COBA “um nível muito apreciável de ocupação dos nossos recursos, podendo ser encarada com confiança a crise que se tem aprofundado em muitas das geografias em que actuamos”. A empresa portuguesa de engenharia destaca a queda generalizada dos preços das matérias-primas, “em particular do petróleo” que tem feito “refrear muitas das intenções de investimento, originando adiamentos, novas calendarizações e até cancelamento de decisões anteriores”. “Felizmente, o Grupo COBA tem na sua carteira muitos empreendimentos de grande importância e considerados estruturantes, por isso inadiáveis, pelo que o ritmo da sua execução não tem sido significativamente afectado, mantendo-se genericamente os objectivos estabelecidos”, explica a mesma fonte. Apesar disto, os responsáveis da empresa não podem dizer o mesmo “da execução financeira dos contratos”, uma vez que se tem testemunhado “uma maior dificuldade de financiamento por parte dos clientes com a correspondente dilatação dos prazos de pagamento”, factor que tem “merecido grande atenção e esforço da parte do grupo”. Neste âmbito, Victor Carneiro frisa que as iniciativas de diversificação geográfica continuam. “Neste momento, há produção significativa investida em desenvolvimento de oportunidades e estamos confiantes que os próximos meses poderão já evidenciar os respectivos resultados”, assegura. Relativamente ao mercado português, “a retoma que se pode antecipar de investimento em infra-estruturas públicas, nomeadamente ferroviárias, marítimas e logísticas, bem como na melhoria do ambiente urbano, também concentrarão muita da nossa atenção e constituem razões para encararmos a nossa actividade com prudente optimismo”, conclui o vice-presidente da COBA.
Plano Nacional da Água
Em Angola, destaca-se a conclusão do Plano Nacional da Água (PNA), que contou com a participação do Grupo COBA, que lhe dedicou, “ao longo dos últimos três anos, várias das suas valências técnicas e de toda a sua muito longa experiência decorrente da elaboração de estudos e projectos no domínio hídrico” no país. Com a finalização da terceira e última fase do PNA, designada por “Objectivos, Medidas e Acções e Programação Física e Financeira”, o relatório deste programa foi entregue para apreciação. A empresa explica que este programa se constitui como um documento que define, “de forma técnica, social, económica e ambientalmente sustentada, integrada e articulada, as linhas de orientação e estratégias relativas à gestão dos recursos hídricos, a inventariação das questões significativas, a definição de cenários de planeamento e a definição das medidas e acções de curto, médio e longo prazo (2040) para o “cluster” da água”. No desenvolvimento do PNA foram tidos em consideração, como eixos fundamentais de acção e intervenção, o planeamento integrado dos recursos hídricos do país a curto (2017), médio (2025) e longo prazos (2040) e o estabelecimento de um programa de investimentos infra-estruturais, de carácter nacional, apoiando o desenvolvimento do “cluster da água”, adequadamente sustentado sob o ponto de vista técnico, social, ambiental e político. Outro eixo fulcral consiste na necessidade de reforço da investigação e desenvolvimento relacionados com as diversas vertentes da utilização da água, procurando a adequação do desenvolvimento relacionados com as diversas vertentes da utilização da água, procurando a adequação do desenvolvimento técnico e científico à realidade de Angola e assegurando a formação de técnicos dos organismos centrais e provinciais, através da ligação a instituições de ensino e centros de investigação de “reconhecida credibilidade”. Ao mesmo tempo, foi considerado o fortalecimento e modernização do quadro institucional, legal e regulatório relativo à questão da água, bem como a promoção da criação de mecanismos económico-financeiros de apoio ao investimento público, privado e resultantes de modelos assentes em parcerias público-privadas (PPP).
Carteira “engorda” no Magrebe
O Norte de África foi outra região que proporcionou à COBA novos projectos para a sua carteira de encomendas. Na Argélia, o grupo venceu contratos para elaborar o projecto de execuçao da auto.estrada de ligação entre o Porto de Skikda e a auto-estrada Este-Oeste, e os estudos de consultoria e de reforço das barragens de Fontaine des Gazelles e de Ighil Emda. Já na Tunísia, o consórcio que integra viu ser-lhe adjudicado o projecto de reabilitação das barragens de Bou Heurtma e de Laroussia, juntamente com a modernização do canal geral de rega Medjerda-Cap Bon. Na Argélia, um consórcio empreiteiro luso-argelino adjudicou à COBA o projecto de execução da auto-estrada que liga o Porto de Skikda à auto-estrada Este-Oeste, com cerca de 31 quilómetros de extensão. Esta rodovia terá uma orientação Norte-Sul, permitindo assegurar a ligação entre a zona portuária e industrial de Skikda e o “principal eixo rodoviário argeliuno”.
Projectada para uma velocidade de 110 quilómetros por hora, esta auto-estrada possui um perfil transversal tipo constituído por duas faixas de rodagem de três vias por sentido. Os estudos referentes a este projecto decorrerão num prazo de seis meses, enquanto que a assistência técnica à obra terá uma duração de 24 meses. Por sua vez, a Agence Nationale des Barreges et Transferts, da Argélia, adjudicou à COBA os estudos de consultoria e de reforço das barragens de Fontaine des Gazelles e Ighil Emda, ficando a cargo do grupo o estudo dos problemas de segurança verificados nestas barragens e a definição de um programa de trabalhos, visando a correcção e reparação das patologias detectadas, por forma a garantir a segurança das mesmas. No âmbito destes contratos, a COBA elaborará ainda a preparação do caderno de encargos.
Aproveitamento
de Caculo Cabaça
Ainda em Angola, o grupo destaca o início da construção do novo aproveitamento hidroeléctrico de Caculo Cabaça, no Rio Kwanza. Nesta obra, a COBA elaborou o projecto base e especificações técnicas para a construção, projecto que serviu de referência à contratação da construção do aproveitamento em regime de projecto-construção (EPC). Situado no curso médio do Rio Kwanza, a montante das quedas de Caculo Cabaça, a barragem localiza-se a cerca de 19 quilómetros a jusante do aproveitamento de Laúca, actualmente em construção. Os estudos e projectos desenvolvidos pelo grupo português iniciaram-se por uma análise das soluções de concepção retidas na fase anterior de estudo prévio, concluída em 2012, tendo resultado como alteração mais significativa o tipo de barragem, optando-se, após análise técnica e económica, por barragem de betão gravidade em betão compactado (BCC), ao invés da solução de barragem de enrocamento com cortina de betão, escolhida em fase de estudo prévio. Segundo a COBA, o aproveitamento hidroeléctrico de Caculo Cabaça é constituído, fundamentalmente, por uma barragem de betão com 103 metros de altura e 553 metros de desenvolvimento de coroamento, permitindo o armazenamento de um volume total de cerca de 440 milhões de metros cúbicos. Tem como órgãos hidráulicos um descarregador de cheias frontal com cinco vãos controlados por comportas, estando projectado para um caudal de dimensionamento de 10.020 metros cúbicos por segundo e uma descarga de fundo constituída por duas condutas de 6 metros de diâmetro. Além do corpo central da barragem existem duas portelas, ambas na margem esquerda, fechadas com diques em betão com 525 metros e 192 metros de desenvolvimento e 36 e 4 metros de altura máxima, respectivamente. Este aproveitamento, que utiliza a queda disponível de 215 metros entre a albufeira e a restituição a jusante das quedas naturais de Caculo Cabaça, integra uma central e um circuito hidráulico previstos para um caudal equipado de 1.100 metros cúbicos por segundo, repartidos por qautro grupos turbina – alternador de 530 MW de potência nominal. O circuito hidráulico de alimentação das turbinas é constituído por uma tomada de água na albufeira, a cerca de 2,4 quilómetros a montate do encontro esquerdo da barragem, circuito de adução com quatro túneis de 9 metros de diâmetro interior e 300 metros de desenvolvimento, revestidos com betão armado, central em cavernam, com 26,5 metros de largura, 221 metros de desenvolvimento e 68 metros de altura máxima e dois túneis de restituição igualmente revestidos a betão armado, de 16 metros, com cerca de 5.150 metros de desenvolvimento. O aproveitamento integra ainda uma segunda central hidroeléctrica em pé de barragem, destinada a turbinar o caudal ecológico de 60 metros cúbicos por segundo. Serão ainda construídas duas subestações, sendo a principal de 400 kV e a auxiliar de 220 kV.
Segurança e transportes no Brasil
No Brasil, o grupo presta serviços de consultoria em segurança de barragens para a Agência Nacional de Águas (ANA) e elabora o projecto executivo do Corredor BRT Transbrasil, no Rio de Janeiro. O grupo concluiu recentemente um contrato estabelecido com o Banco Mundial, com a duração de dois anos e meio, com o objectivo de apoiar a organização internacional na elaboração de toda a documentação considerada necessária para a ANA poder actuar adequadamente na implementação da Política Nacional, de Segurança de Barragens do Brasil. “Atendendo à complexidade e extensão dos serviços pretendidos, o Grupo COBA, através do consórcio estabelecido pela COBA Portugal com a COBA Brasil, convidou o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) para constituir o Agrupamento COBA/LNEC que conduziu todas as actividades previstas no contrato com o Banco Mundial”, refere o comunicado do grupo. A equipa deste agrupamento foi constituída por especialistas nas várias áreas de segurança de barragens, que foram responsáveis pela elaboração de toda a documentação produzida. Essa documentação foi discutida com os especialistas do Banco Mundial coordenadores do contrato e em numerosas reuniões em Brasília, também com os especialistas da ANA responsáveis pelas actividades de segurança em barragens. Otrabalho consistiu na elaboração de um conjunto de manuais e guias, onde ficaram patentes propostas de boas práticas, a serem utilizados pelas entidades fiscalizadoras e pelos empreendedores de barragens, bem como documentação relativa à classificação de barragens quanto ao risco e ao dano potencial associado e ao Sistema Nacional de Informação sobre Segurança de Barragens. No Rio de Janeiro, o grupo participa na implantação do sistema de Bus Rapid Transit (BRT), que está a ser estabelecido em cidades “de grande porte em que o transporte colectivo precisa de ganhar o seu espaço e atender um número bastante elevado de passageiros de maneira rápida e confortável”. Para a realização do projecto, foi constituído o Consórcio Projectista Transbrasil, constituído por quatro empresas brasileiras e liderado e coordenado pela COBA Brasil, que assegura também as especialidades de geometria, geotecnia, obras de arte e iluminação. A COBA Portugal participa também na elaboração do projecto com as especialidades de geometria e obras de arte. Projecto está a ser realizado para um consórcio construtor constituído pela Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão, para o dono de obra a Prefeitura do Rio de Janeiro. Esta obra foi adjudicada por cerca de 1,4 mil milhões de reais (323 milhões de euros) e tem uma duração prevista de dois anos. O projecto de consiste na implantação de um corredor exclusivo de autocarro no canteiro central da Avenida Brasil, com uma extensão de cerca de 23 quilómetros, contemplado 16 estações, cerca de 1.500 metros de viadutos de acesso e 600 metros de alargamentos de pontes e viadutos existentes.