Opinião: PORTUGAL, QUE FUTURO?
Nuno Malheiro da Silva
Arquitecto
Presidente do FOCUS GROUP
CONSTRUIR
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1. No dia em que escrevo, soube-se que há diversos acordos entre o PS e os partidos à sua “esquerda”- BE, PCP, PEV e ainda com o PAN – que terão como consequência imediata a rejeição do Programa do Governo recém-empossado. Esta situação tem estado a causar grande tensão na sociedade portuguesa. No caso de isso ocorrer, resta ainda saber qual será a decisão do Presidente da República, que poderá escolher entre indigitar o líder do PS para formar governo, ou manter o actual governo em funções de gestão até que estejam reunidas as condições para que sejam convocadas novas eleições legislativas. No cenário actual, a solução aparentemente mais provável será a de virmos a ter um governo do PS apoiado pelos partidos à sua esquerda: BE, PCP, PEV e PAN. Se pode ser questionada a legitimidade moral de quem perdeu as eleições para governar, não existe qualquer dúvida sobre a legitimidade formal face aos resultados eleitorais e à composição actual da AR. O que poderia ser considerada uma solução governativa estável para uma legislatura, por ter um apoio maioritário na AR, não está, no entanto, a ser percepcionada como tal por grande parte dos agentes económicos e pelos investidores em geral, que estão incrédulos e aparentemente sem reacção (excepção feita aos mercados bolsistas), visto não conseguirem antecipar, nomeadamente, as cedências que um partido como o PS possa vir a ter que fazer aos restantes parceiros da sua coligação ao longo dos próximos anos, quanto tempo durará um entendimento entre partidos com ideias tão diferentes e, ainda, o impacto que isso poderá ter nos seus investimentos e na estabilidade e crescimento da economia em Portugal. Para que se possa perceber melhor as
dúvidas e os receios que refiro e a título de exemplo recordo que no seu programa eleitoral o PCP escreveu:
“(…) a renegociação da dívida nos prazos, juros e montantes, a intervenção com vista ao desmantelamento da União Económica e Monetária, e o estudo e a preparação para a libertação do País da submissão ao euro, visando recuperar instrumentos centrais de Estado soberano (monetário, orçamental, cambial); a eliminação de condicionamentos estratégicos pelo controlo público de sectores como a banca e a energia. “
Espero que os receios não se confirmem e que o PS, caso forme governo, possa rapidamente devolver a confiança aos investidores, nomeadamente os estrangeiros que têm investido no imobiliário em Portugal, para que o sector dos projectos e das obras, depois de tanto esforço e sacrifícios, possa continuar a recuperar de um período ao qual ninguém quer voltar. Nestes últimos tempos e apesar da recuperação da actividade no sector, as empresas de projecto e de gestão de obras têm tido que lidar com uma realidade completamente nova. Temos novos “players” no mercado. Na sua maioria não são investidores de longo prazo. Vêm à procura do retorno rápido, aproveitando o bom momento de um mercado que esteve parado e que pode proporcionar boas oportunidades. São esses mesmos investidores que, face ao cenário político, ameaçam travar os investimentos ou mesmo desistir de investir no nosso país. Será que todos têm consciência deste risco? E o investimento público prometido pelo PS será possível, virá a tempo, ou ainda será
suficiente para substituir o investimento privado que se possa perder? São estas as dúvidas sobre que futuro teremos para o sector dos projectos e das obras em Portugal para as quais neste momento não se consegue antecipar, com certeza, qualquer resposta.
2. A Dra. Maria de Jesus Barroso contribuiu de uma forma marcante para a minha formação enquanto pessoa e, consequentemente, para a minha formação em arquitectura. Não posso deixar passar a oportunidade de fazer a minha homenagem a quem me ensinou o princípio da tolerância e que me deu as condições no Colégio Moderno para poder estudar e aprender a ser quem sou.
Nuno Malheiro da Silva
Arquitecto
Presidente do FOCUS GROUP
nuno.malheiro@focusgroup.eu