Areia do deserto pode ser utilizada para armazenar energia térmica
Projecto de investigação denominado “Sandstock” bem procurado desenvolver um sistema de recolha e armazenamento de energia solar sustentável e de baixo custo, utilizando partículas de areia como colectores e meios de transferência de calor

Pedro Cristino
De Veneza a Milão: Dois eventos, uma visão transformadora
Libertas conclui urbanização Benfica Stadium; Investimento ronda os 100 M€
Monte da Bica investe 1,5M€ para criar um hotel, dois lagares e uma sala de provas
Remax lança nova app para “optimizar” procura de casa
Lionesa e Maleo Offices lançam novo espaço de escritórios no Porto
Atenor adquire e lança “Oriente”
Casas novas representam 20% da facturação residencial da ERA
Mercado transaccionou 40.750 casas nos primeiros três meses do ano
As Legislativas esmiuçadas, a Open House e o ‘novo’ Pavilhão de Portugal em destaque no CONSTRUIR 530
Apagão ibérico revela “fragilidades” na Europa
O Instituto de Ciência e Tecnologia de Masdar (ICTM) revelou que os seus investigadores demonstraram, de forma bem sucedida, que a areia do deserto nos Emirados Árabes Unidos (EAU) poderá ser utilizada em centrais de energia solar concentrada (ESC) para armazenar energia térmica até 1000 ºC.
“Sandstock”
O projecto de investigação denominado “Sandstock” bem procurado desenvolver um sistema de recolha e armazenamento de energia solar sustentável e de baixo custo, utilizando partículas de areia como colectores e meios de transferência de calor e armazenamento de energia térmica. A areia do deserto nos EAU pode ser considerada como um possível material de armazenamento de energia térmica. Segundo o estudo desta universidade de Abu Dhabi, a estabilidade térmica, a capacidade de calor específica e a tendência a aglomerar foram estudadas a altas temperaturas. “O sucesso da pesquisa do projecto “Sandstock” ilustra a força da nossa investigação e a sua relevância local”, afirmou Behjat Al Yousuf. De acordo com o reitor interino desta universidade, a mesma alargou o âmbito da sua investigação em energia solar “e acreditamos que alcançaremos mais sucesso nos próximos meses”.
Reduzir custos com areia
Ao trocar os materiais tradicionalmente usados para sistemas de armazenamento de energia solar – óleo sintético e sal fundido – com areia pode aumentar a eficiência de uma estação devido ao aumento da temperatura do material de armazenamento que, consequentemente, reduz os custos de funcionamento. Um sistema de armazenamento de energia térmica com base num material tão natural e local como areia representa uma nova abordagem à energia sustentável que é relevante para o desenvolvimento económico dos futuros sistemas energéticos de Abu Dhabi. De acordo com o Instituto, as análises mostraram que é possível utilizar areia do deserto como material de armazenamento de energia térmica até entre 800ºC e 1.000ºC. A composição química da areia foi analisada com as técnicas de fluorescência (FRX) e defracção (DRX) de raio-X, que revelam a dominância do quartzo e de materiais carbonados. A universidade frisa que a reflectividade radiante da areia face à energia foi também medida antes e depois de um ciclo térmico, uma vez que pode ser possível utilizar a areia não apenas como material de armazenamento de energia térmica mas também como um colector solar directo sob um fluxo solar concentrado.
Protótipo desenvolvido
Segundo Nicolas Calvet, coordenador do estudo, “a disponibilidade deste material em ambientes desérticos como os EAU permite significativas reduções de custos em novas centrais de energia solar concentrada, que poderão usá-lo tanto como um material de armazenamento de energia térmica, como um colector solar”. “O sucesso do projecto “Sandstock” reflete a utilidade e os benefícios práticos da areia do deserto dos EAU”, concluiu Calvet. Paralelamente à caracterização da areia, foi também testado um protótipo á escala laboratorial, com uma pequena fornalha solar em França. Alberto Crespo Iniesta, aluno do Instituto Masdar, foi responsável pelo projecto, construção e experimentação deste protótipo. O próximo passo do projecto consiste em testar um protótipo melhorado a uma escala pré-comercial na Plataforma Solar do Instituto Masdar, utilizando o concentrador de feixes desta instituição – o “beam down concentrator” – , potencialmente, em colaboração com um parceiro industrial.