O desafio é ‘”fazer mais e melhor em cada vez menos tempo”
O actual coordenador BIM da Foster + Partners esteve na Ordem dos Arquitectos a convite da Reynaers Aluminium. Ao CONSTRUIR, Décio Ferreira mostrou-se preocupado por Portugal estar atrasado na implementação destas exigências
Ana Rita Sevilha
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A Ordem dos Arquitectos recebeu o actual coordenador BIM da Foster + Partners para uma Terça Técnica da responsabilidade da Reynaers Aluminium. Em entrevista ao CONSTRUIR, Décio Ferreira explicou como dá apoio técnico às equipas de projecto, nomeadamente a coordenar e implementar processos de trabalho. “A melhoria nas decisões de projecto, a coordenação entre as várias disciplinas, o auxílio na quantificação de materiais e objectos por questões de orçamentação, a ajuda nos vários tipos de estudos e simulações necessárias (energéticas, solares, entre outras) e o fácil o acesso à informação”, foram os principais benefícios apontados pelo arquitecto relativamente ao software. De futuro, garantidamente o desafio é ‘”fazer mais e melhor e em cada vez menos tempo, ou seja, ser mais eficazes no desenvolvimento do nosso trabalho como técnicos, dando a melhor resposta aos clientes para quem trabalhamos”.
Quais foram as grandes mais-valias que o BIM trouxe à arquitectura?
Eu acho que a grande mais-valia, essencialmente é a colaboração, porque como trabalhamos em ambiente tridimensional acabamos por não resolver o projecto em determinadas áreas, e quando trabalhamos num ambiente colaborativo acabamos por partilhar tudo e é muito mais fácil coordenar o processo inteiro. Existe uma economia de tempo, embora exista um investimento muito maior de tempo no início, quando comparado com o CAD, mas depois está lá tudo e ajuda-nos tanto a nós como aos nossos clientes a ter uma decisão final muito mais facilitada.
Do que veio falar às Terças Técnicas?
Vim falar sobre o que é o BIM, como é que se está a propagar no Reino Unido – que ao nível europeu está na vanguarda -, mas também para em Portugal se perceber o que é que se está a fazer lá fora nestas áreas de BIM, nomeadamente na Europa. No Reino Unido as exigências BIM, nomeadamente por parte dos concursos públicos para reduzir custos e tempos de espera da resolução de problemas em obra, começaram no dia 4 de Abril. É um processo lento que está a ser confuso por lá e que será por cá também. Nós em Portugal estamos um bocado atrasados nestas exigências. Começa-se a dar alguns passos, nomeadamente na Ordem dos Arquitectos e a Raynaer – que é pioneira neste sentido -, que desenvolve as bibliotecas. Nós Portugal e nós portugueses onde eu me incluo, temos aquela ideia típica de que podemos mudar o que for preciso à última da hora. Penso que estamos atrasados massivamente, mas existem algumas empresas de Norte a Sul do país que estão dedicadas e já perceberam que mais cedo ou mais tarde vai passar por aqui. Na Europa não é só uma exigência pública, existem ateliers que também pedem. Portanto, por cá temos de acompanhar esta evolução.
Quando fala em países que estão na vanguarda, são países em que o software é dado na formação de arquitecto?
O BIM não envolve só software, software são 30%. Estamos a falar de um método de trabalho que vai desde o momento em que começamos a fazer o projecto até à gestão do próprio edifício construído e se tivermos tudo integrado, o produto final, para além da obra construída, é um modelo tridimensional com toda a informação constante no próprio projecto. Do que me apercebo, começam a existir cursos de pós-graduação, formações complementares que não fazem parte da componente formativa dos arquitectos e vejo isso com preocupação, porque não podemos perder o barco e se o perdemos depois é muito difícil. Acho mesmo que a própria Ordem devia tomar uma atitude em relação às Universidades Públicas e tentar incentivar. Acho que esta componente é importante na formação dos arquitectos. É importante perceber que existem estas tecnologias e que as mesmas não nos limitam a componente projectual, pelo contrário, ajudam-nos a encontrar soluções.