“As dificuldades transformaram-se em ajudas, resultando em motivações”
Pedro Brígida e Alice Faria assinam o projecto de arquitectura do Colmeal Countryside Hotel
Ana Rita Sevilha
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A arquitectura, neste caso, contemporânea, foi o elo de ligação entre a autenticidade, o património histórico e o natural, dando nova vida ao antigo aldeamento da Quinta do Colmeal e transformando-a numa unidade hoteleira de slow tourism – o Colmeal Countryside Hotel.
A Quinta de 650 hectares localizada na Serra da Marofa – união entre as freguesias do Colmeal e Vilar Torpim, no distrito da Guarda – é dona de um legado que só por si, confere ao Colmeal Countryside Hotel, exclusividade cultural e histórica que vão desde pinturas rupestres do tempo do Neolítico a uma casa que pertenceu a Pedro Alvares Cabral.
Teve a arquitectura neste contexto a missão de conjugar a preservação do património, a valorização da autenticidade rústica e natural do lugar e a sustentabilidade energética e comodidade contemporânea.
Pedro Brígida e Alice Faria assinam o projecto de arquitectura que com este legado às costas, reinterpretou e reconverteu um conjunto de edifícios rústicos em ruínas, num hotel moderno de 13 quartos e uma suite, distribuídos por dois volumes.
Implantação
O Colmeal ocupa uma pequena elevação entre duas ribeiras, no encontro dos seus vales e tem uma estrutura urbana rudimentar, que se desenvolve numa encosta de declive considerável, tendo por isso as construções ao longo do tempo sido implantadas a diferentes cotas.
De acordo com a descrição do projecto, percebe-se na organização do existente, que há uma dependência do caminho principal, da Casa dos Cabrais e sobretudo da igreja e do seu adro. Recorde-se que o Colmeal está documentado desde o séc. XII, sendo evidentes construções desde o séc. XIV, nomeadamente a igreja de raiz românica e a casa dos Cabrais, com elementos góticos, caracterizando de forma decisiva o lugar e o seu contexto.
Desafios que motivam
Como já era expectável, dado o lugar de intervenção, somaram-se os desafios para a dupla de arquitectos. A aldeia estava em ruínas, recorda Pedro Brígida ao CONSTRUIR. “A reabilitação do Colmeal, na sua forma e significado, a partir dos elementos físicos que resistiram ao tempo, à natureza e ao Homem, foi, e ainda é, o principal desafio da intervenção, em que as dificuldades se transformaram em ajudas, resultando em motivações para o projecto”.
Topografia, clima, programa, construções existentes e História, foram “ferramentas na reconversão funcional reinterpretando e reorganizando os espaços que resultaram das ruínas”. Contudo, refere o arquitecto ao CONSTRUIR, “partiu-se da consciência de que não seria fácil a adaptação aos novos programas, pela natureza construtiva e pelo seu estado, mas também pelos elementos espaciais e organizacionais”.
Esta foi uma percepção que “foi evoluindo, adaptando-se ao longo das várias fases do projecto e obra, por um lado na divisão da intervenção em vários momentos temporais, por outro, com a diversificação de intervenientes, nomeadamente a reabilitação da Igreja, a definição e qualificação do largo e dos espaços públicos, bem como, das infra-estruturas básicas incluindo as vias de comunicação”.
A reabilitação
A reabilitação do Colmeal, a partir dos elementos físicos que resistiram ao tempo, à natureza e ao Homem, foram o principal motivo da intervenção, lê-se na descrição do projecto. Parte do sucesso do projecto, reside na forma como Pedro Brígida e Alice Faria conseguiram “coser” a contemporaneidade e as soluções modernas com a autenticidade e a rusticidade do lugar.
Entenderam a ruína como forma física, explica Pedro Brígida ao CONSTRUIR. “As formas das ruínas foram decisivas na forma dos novos edifícios e, em função do seu grau de definição, motivaram volumetrias aparentadas com as originais, submissas a elas, ou autonomizando-se, consoante a situação”. Uma vez que as estruturas existentes se encontravam em avançado estado de degradação, “em vez de as utilizar, havia que as sustentar”.
Desta forma a opção foi “construir dentro e não sobre, aproveitando para ancorar às novas estruturas as antigas paredes de alvenaria de pedra. Estes condicionantes, a necessidade de cumprir determinados níveis de qualidade espacial -conforto térmico e acústico, qualidade do ar, entre outros – a preocupação com o desempenho energético e sua sustentabilidade ambiental, aliados à situação geográfica, foram decisivas na procura do melhor equilíbrio e na compatibilização de especialidades”.
Em suma, conclui Pedro Brígida, este projecto de arquitectura que integra uma estratégia mais alargada de reabilitação do território, que tem como objectivo desencadear, num processo de causa e efeito, o repovoamento da Aldeia do Colmeal, “é apenas o suporte das diferentes camadas que compõem qualquer estrutura urbana”. Neste caso, continua, “partiu-se do zero enquanto estrutura funcional e a partir da matéria existente reformulou-se o funcionamento da aldeia”.
Programa
Para além da sua capacidade de alojamento, o Colmeal Countryside Hotel funciona como fornecedor de um conjunto de programas utilizáveis também pelos utilizadores das Casas de Campo. Destes fazem parte um bar, salas de estar, um restaurante, uma sala de reuniões, um ‘Spa’, uma adega com sala de eventos, uma piscina descoberta, um campo de jogos e um parque infantil. São também aqui integradas todas as áreas de serviço comuns. O hotel tem como momento mais central a sala de refeições, que se relaciona por sua vez com o espaço exterior a Nascente e culmina nos quartos, em dois núcleos e três níveis.