Indústria europeia de máquinas tem de ser “a melhor” para se manter competitiva
Para o presidente da CECE, a Europa, “como um todo”, tem que se “empenhar para ser uma potência de engenharia, bem com digital”. “É a abordagem correcta para as nossas sociedades e economias”, concluiu

Pedro Cristino
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“Só poderemos ser competitivos no longo-prazo, de forma sustentada, se nos certificarmos de que somos os melhores”, afirmou Bernd Holz, presidente do Comité Europeu de Equipamento de Construção (CECE)
Enquanto orador no Congresso CECE 2016, decorrido em Praga, na República Checa, Holz explicou que a indústria europeia de equipamento de construção é “um exemplo de liderança tecnológica”. “As nossas máquinas estão cada vez mais “digitais” e não há forma de escapar a isso”, acrescentou.
Para o presidente da CECE, a Europa, “como um todo”, tem que se “empenhar para ser uma potência de engenharia, bem com digital”. “É a abordagem correcta para as nossas sociedades e economias”, concluiu.
Esta foi a principal mensagem de Bernd Holz neste congresso que reuniu perto de 200 líderes da indústria de equipamento de construção da Europa, bem como peritos técnicos e gestores comerciais, entre outros.
O tema principal do congresso este ano foi “Indústria em Transformação – Factores de Sucesso” e foi através deste que o evento explorou “uma panóplia de temas relevantes, desde as forças de transformação na Europa Central e de Leste, à onda de digitalização que envolve actualmente a indústria e às perspectivas económicas globais, bem como aos mais recentes desenvolvimentos técnicos no campo da electrificação, e na organização dos estaleiros de construção do futuro”.
Na sua apresentação, Holz reflectiu nos desafios diários deste sector na Europa. “Enquanto fabricantes, estamos determinados a servir os nossos clientes, independentemente do peso regulatório ou dos condicionamentos económicos com que somos confrontados”, assegurou.
Segundo o responsável da CECE, o sector “usou a última década para simplificar a sua produção”. “Sentimos que estamos bem colocados para competirmos uns com os outros e com o resto do mundo”, acrescentou, admitindo estar confiante de que o sector pode aumentar a sua quota de mercado mundial.
Perspectivas do sector
A confiança do sector é apoiada pela performance do mercado europeu, “onde um desenvolvimento estável a níveis altos na Europa Ocidental e do Norte ofusca uma continuada, embora lenta, recuperação no Sul da Europa, e um relativamente fraco crescimento na Europa Central e de Leste”. De acordo com Bernd Holz, as vendas de equipamento de construção na Europa registaram um crescimento de dois dígitos na primeira metade deste ano, quando comparadas com o mesmo período de 2015. “A recuperação da procura alargou-se a todos os subsectores de equipamento, com o equipamento de construção de edifícios a tomar a liderança, e em quase todos os mercados da Europa”, revelou.
Apesar da forte procura nos primeiros seis meses de 2016, o sentimento da indústria relativamente ao futuro apresenta-se mais contido. O índice do clima comercial da CECE voltou a níveis positivos em Setembro, depois de “digerir” uma acentuada quebra em Julho, gerada pelo “Brexit” e após oito meses de melhorias graduais desde o Outono de 2015.
Os fabricantes de equipamentos de betão são actualmente o subgrupo mais optimista dentro do Barómetro CECE, enquanto que os fabricantes de equipamento para estradas são os menos confiantes quanto a crescimento. A procura do sector mineiro permanece “muito fraca” o que levou a um efeito de contenção também nas vendas de equipamento de construção. Segundo Holz, “se as condições gerais dentro do sector e das indústrias dos seus clientes não se alterarem substancialmente nos próximos meses, a CECE prevê que o crescimento do mercado europeu durante este ano se situe entre 5% e 10%”.
Mercados
França registou um crescimento de 53%, recuperando de um 2015 “muito mau”. O mercado alemão, com um crescimento de 14%, acerca-se de níveis “recorde” e o Reino Unido, que registou uma quebra de 12%, vinha de níveis recorde. Espanha e Itália apresentaram crescimentos de 33% e 11%, respectivamente. Paralelamente, permanece a incerteza para os mercados russo e turco, embora o primeiro pareça ter “batido no fundo”. As vendas na Rússia aumentaram 4% após seis meses mas encontram-se ainda “a um nível muito baixo”. Segundo o Comité, o mercado Russo é actualmente mais pequeno que os mercados austríaco, sueco e norueguês.
A região da Europa Central e de Leste está a observar um “forte crescimento” no sector da construção, primordialmente impulsionado pelos investimentos em infra-estrutura. A produção do sector da construção prevista pela Euroconstruc para a República Checa, Hungria, Polónia e Eslováquia deverá crescer em 4,1% em 2016, 5,7% em 2017 e 6,7% em 2018.
Neste grupo, a Polónia lidera de forma clara, com um crescimento previsto, na engenharia civil, de 13% ao ano entre 2015 e 2018. A CECE destaca que 2014 e 2015 foram já anos bons para a indústria na União Europeia, com um crescimento anual de 5%. Perante estes resultados, o Comité afirma-se surpreso pela “fraqueza” das vendas em 2016, que diminuíram 18%, por razões que se poderão prender com a forte performance dos períodos anteriores e com a instabilidade causada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.
O sector de equipamento de construção continuou o seu crescimento na Europa, com um aumento de cerca de 30% na primeira metade de 2016. Isto não é surpreendente, frisa o CECE, explicando que as indústrias de construção residencial (+3,1%) e não residencial (+2,5%) estão a viver o período de crescimento “mais forte desde 2007”. Embora os níveis da actividade da construção estejam ainda bem atrás dos níveis pré-crise, “é de notar que a recuperação se iniciou em regiões onde não tem havido qualquer crescimento nos últimos anos”.
As vendas de equipamentos de movimentação de terras alcançaram um nível de 84 mil unidades durante os primeiros seis meses deste ano, o nível mais alto desde 2008, e que corresponde a um crescimento anual de 14%. Esta performance é justificada pelo CECE com o aumento da procura depois da Bauma, uma actividade de investimento muito mais forte por parte do sector de arrendamento, uma boa performance no sector de engenharia civil mas, “de forma mais significativa”, uma junção de desenvolvimentos de mercado positivos nos países e regiões europeus.