Arquitectura

“O objectivo é centrar a OA enquanto agente activo e reconhecido na sociedade”

Para Rui Alexandre, candidato a Presidente do Conselho Directivo Nacional pela Lista B, “no presente urge acima de tudo aproximar as pessoas da Ordem”

Ana Rita Sevilha
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“O objectivo é centrar a OA enquanto agente activo e reconhecido na sociedade”

Para Rui Alexandre, candidato a Presidente do Conselho Directivo Nacional pela Lista B, “no presente urge acima de tudo aproximar as pessoas da Ordem”

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LISTA B
Estamos em continuidade com o trabalho desenvolvido a Sul e queremos alarga-lo a todo o País”. Rui Alexandre é o rosto da Lista B candidata aos Órgãos Nacionais da Ordem dos Arquitectos e ao CONSTRUIR falou sobre as principais linhas da candidatura

 Esta é uma candidatura de continuidade com o que foi feito no último triénio?

Rui Alexandre: Esta é efectivamente uma candidatura de continuidade com o trabalho feito pela Secção Regional do Sul. Trata-se de dar continuidade a um trabalho aturado de serviço aos membros, de apoio à sua prática, de sensibilização da sociedade para o papel do arquitecto e da promoção da arquitectura enquanto valor cultural e humanista. No entanto, as outras candidaturas tentam colar-nos ao histórico de apatia da Ordem dos Arquitectos, etiqueta que rejeitamos em absoluto. Na verdade, a SRS tem mantido, contra-corrente e ao longo dos dois últimos mandatos, uma postura de combate lutando por objectivos muito concretos e lançando projectos que, concorde-se com eles ou não, tentaram agitar as águas e tirar os arquitectos (e a Ordem) do pântano. Exemplo disso são a campanha Trabalhar com Arquitectos e o programa Escolha Arquitectura, ou mais recentemente o lançamento dos Cadernos Técnicos, do Portal dos arquitectos, da Plataforma da Encomenda e da Calculadora. Se alguém tem tentado agitar as águas nestes últimos anos, a SRS tem com certeza a sua quota de responsabilidade. Repito: estamos em continuidade com o trabalho desenvolvido a Sul e queremos alarga-lo a todo o país, com uma candidatura Nacional. A continuidade com o marasmo e apatia, essa está em outras listas candidatas. Basta verificar os nomes.

Nas últimas eleições houve uma abstenção que rondou os 92%. Como olham para estes números?

Com enorme preocupação, mas também esperança no futuro. Penso que o afastamento dos arquitectos em relação à Ordem se deve à grande falta de estratégia e objectivos concretos para resolver os problemas da classe. É contra essa falta de estratégia que nos candidatamos. Percebemos os problemas e temos propostas concretas para os resolver. Muitos arquitectos olham hoje para a Ordem como uma máquina burocrática, pesada, que lhes pede quotas e não dá nada em troca. Temos portanto de tornar a Ordem mais útil e mais próxima. Isto resolve-se partindo do princípio que o valor da quota deve ser proporcional aos serviços prestados, ou seja, a quota paga deve valer cada cêntimo. Acontece que nem todos necessitam dos mesmos serviços porque exercem a profissão de forma diferente. Estamos apostados em resolver esta questão, tema para o qual apresentámos inclusivamente uma proposta de moção ao último congresso. Essa moção foi rejeitada pelos congressistas, e estou convicto que a razão dessa rejeição é exactamente a mesma que a que causa níveis de abstenção como os que referiu nos actos eleitorais. São sempre os mesmos, poucos, a votar e esses têm um entendimento da Ordem  muitas vezes incompatível com a mudança de paradigma que professamos. Não desistimos desta intenção e procuraremos encontrar formas de tornar esta proposta mais consensual se formos eleitos.
Ainda que tenhamos esperança que as nossas propostas mobilizem por si só os arquitectos a votar, há também que considerar que neste acto eleitoral há mais listas concorrentes, ao passo que no último acto eleitoral, pelo menos a Sul e ao Nacional, haviam listas únicas a concorrer. A concorrência e o debate de ideias é saudável e mobilizador. Por outro lado, o voto electrónico, pelo qual aliás nos batemos veementemente na SRS, poderá ajudar a combater a abstenção que se tem verificado nos últimos tempos.

Quais os problemas da e na profissão que considera mais urgentes?

Realizámos um ciclo de debates no âmbito da nossa candidatura, aberto à participação de todos – simpatizantes ou não –, que espelham exactamente as nossas maiores preocupações. A esse ciclo de debates chamámos precisamente “A urgência da Arquitectura” e foram cinco dias de intensa reflexão e discussão, dois dias no Porto e três dias em Lisboa. Os temas que elegemos para os debates são:

Arquitectura, Cidadania e Paisagem – depois da PNAP;

Honorários, Concursos e Contratação – a que preço?;

O Acesso à Profissão, Estágios e Futuro – por onde começar?;

Identidade e Património – o que interessa promover?;

Liberdade e Limites no Exercício da Profissão – Precisamos de mais limites? Quais?

Para todos estes temas temos as nossas respostas bem claras, espelhadas no nosso programa. Mas abrimos a nossa reflexão a todos, porque a nossa lista é plural e as boas ideias são para aproveitar. Ainda assim, sem distinção de importância algumas das nossas respostas para estes problemas são:
No âmbito da implementação de uma política para a Arquitectura e o Território, promover um fórum com os Arquitectos Portugueses na Política Activa; desenvolver instrumentos e ferramentas à participação pública nas acções de preparação dos Orçamentos Participativos das Autarquias; criar um Gabinete de Imprensa que permita afirmar o reconhecimento da OA enquanto player de referência na arquitectura conferindo-lhe visibilidade mediática nacional e internacional e criar uma comissão multidisciplinar com as outras entidades do sector da construção, coordenada pela OA, com o objectivo de implementar um Código de Edificação e Construção.
Relativamente aos honorários e às condições de exercício da profissão e de acesso à encomenda, definir padrões de qualidade para os serviços de Arquitectura, bem como concertar com o Estado os critérios para a formação do preço base dos honorários dos Arquitectos em concursos públicos.
Quanto ao acesso à profissão e ao estágio, incluir nos regulamentos da OA a obrigatoriedade de remuneração e a sua comprovação, bem como articular com as universidades as exigências formativas para o exercício da profissão.
Com o objectivo de promover a Arquitectura e a marca “Arquitectura Portuguesa”, activar o Congresso da OA como grande fórum de discussão da profissão e da disciplina da Arquitectura; realizar iniciativas editoriais que visem a divulgação de obras e percursos de Arquitetos portugueses para um público alargado, com especial ênfase em casos menos conhecidos ou de natureza particular bem como implementar parcerias e divulgar os acervos existentes, num acolhimento da memória e da história como partes estruturais da OA.
Por fim, para melhor regular a profissão é preciso também conhece-la. Para tal propomo-nos emitir uma certidão específica por acto próprio da profissão, baseada em informação detalhada sobre objecto e sobre a equipa técnica; identificar todos os ajustes directos para prestação de serviços de arquitectura e outras formas de contratação pública; promover os Normativos de Jurisprudência que se exigem aos Conselhos de Disciplina, Nacional e Regionais e criar um Gabinete de Monitorização que active protocolos com entidades externas, públicas ou privadas, ao abrigo do Regime Jurídico das Associações Públicas Profissionais, para o acompanhamento da profissão e apresentação de propostas.

O que urge mudar no presente e como olha para o futuro da prática em Portugal?

No presente urge acima de tudo aproximar as pessoas da Ordem. Isso só se consegue com acções concretas que apoiem os arquitectos no seu dia-a-dia. Tornar a Ordem útil e não a esgotar em acções de negociação à porta fechada em gabinetes ministeriais é uma tarefa difícil mas não impossível. É também urgente ajudar a criar um ambiente propício à contratação dos arquitectos. Muitos dos problemas que temos hoje surgem pela falta de trabalho. Haveriam seguramente menos problemas com os estágios, com a contratação publica ou com os honorários se houvesse mais trabalho. Para tal é necessário sensibilizar a sociedade para o seu papel e a mais valia que representa no garante de qualidade do ambiente construído, bem como das vantagens económicas que podem advir da sua contratação. O futuro, se alcançarmos o objectivo de colocar o arquitecto como agente reconhecido em todos os aspectos, mesmo os mais pequenos, que se relacionam com o sector da construção, será seguramente mais promissor pois haverá mais trabalho. Mais trabalho significa melhores honorários; melhores honorários significam ateliers mais saudáveis e capazes de empregar, tanto arquitectos como estagiários. Se paralelamente dermos aos arquitectos melhores condições e capacidade técnica para desenvolver o seu trabalho, então estamos no bom caminho.

Pelo que auscultaram, quais as grandes ansiedades e expectativas da classe?

As ansiedades e expectativas da classe prendem-se com a capacidade de a Ordem ser capaz de agir. De dar resposta aos seus problemas concretos. De falar a uma só voz e interceder junto das estruturas do poder, salvaguardando os seus direitos. Por outro lado espera-se da Ordem regular eficazmente a profissão, pois é esse o seu principal propósito, e criar condições de equidade e distribuição justa da encomenda. É para dar resposta a esses anseios que desenvolvemos o nosso programa, que esperamos seja bem acolhido.

Quais as grandes linhas da candidatura da Lista B > “Pelos Arquitectos, Pela Arquitectura”?

A candidatura da lista B assenta em 10 grandes objectivos pelos Arquitectos e pela Arquitectura: Integrar, Qualificar, Internacionalizar, Adequar, Estar presente, Promover, Monitorizar, Participar, Cooperar, Ser um bem público.
Pelos Arquitectos queremos, integrar melhor os novos membros, qualificar o trabalho dos arquitectos e a sua justa remuneração, potenciar a sua internacionalização, reforçar a presença da OA no território nacional, e garantir a gestão financeira da Ordem de forma sustentável, eficaz e transparente.
Pela Arquitectura propomo-nos promove-la enquanto serviço de interesse publico e direito do cidadão, criar mecanismos de monitorização da profissão para ajudar a legislar, ser um agente activo e reconhecido da sociedade, estabelecer relações de cooperação internacional debatendo e divulgando a arquitectura nacional, e defender a arquitectura enquanto bem publico através da educação e da contratação com base em critérios qualitativos.

Obter o reconhecimento da sociedade tem sido uma meta recorrentemente apontada por direcções anteriores e até motivou acções para aproximar os arquitectos à Ordem e a sociedade aos arquitectos. Mais uma vez, a procura desse reconhecimento é apontado nesta candidatura. O que tem falhado?

Foi no seio da SRS à qual presido que foi lançado, no mandato anterior, o programa trabalhar com arquitectos, e neste último mandato, o programa Escolha Arquitectura. Esta vontade de aproximar os arquitectos da restante sociedade sempre foi um dos nossos objectivos e não podia deixar de ser assim nesta candidatura, pois é nisso que acreditamos. Na nossa perspectiva, ambos os projectos tiveram um enorme sucesso e foram impactantes junto da sociedade, cumprindo assim os seus objectivos. Haverá eventualmente quem não reconheça valor nestes projectos mas é isso que é a diversidade de opinião que nós respeitamos, ainda que as reacções que tivemos tenham sido, na sua esmagadora maioria, extremamente positivas. A nossa orientação estratégica é esta: fazer do arquitecto uma profissão respeitada, central e incontornável, e para isso é necessário, por um lado, garantir a competência técnica dos arquitectos, por outro, mostra-los a toda a gente. Se alguma coisa pode ser melhorada nestes programas é garantir a sua implementação efectiva a nível nacional para que o seu impacto possa ser ainda mais efectivo. Sendo uma candidatura nacional, estaremos em condições de o fazer.

Os arquitectos portugueses têm sido amplamente distinguidos, nomeadamente a nível internacional e nos últimos tempos somam prémios e distinções. Contudo, um dos vossos objectivos passa pela Promoção da Arquitectura. Que leitura faz deste paradoxo?

É verdade e um motivo de grande orgulho para toda a classe. Demonstra a vitalidade da nossa arquitectura, das nossas escolas e dos nossos ateliers. No entanto, à luz das minha resposta anterior, esse reconhecimento deve ser estendido à sociedade em geral. A ideia que temos é que esse reconhecimento é feito em circuito fechado, entre arquitectos. É preciso uma linguagem mais inteligível e acções que cheguem a outros agentes e potenciais clientes. São esses que compram os nossos serviços. É nessa perspectiva que falamos em promover a arquitectura.

Pretendem implementar uma Política Participativa de Arquitectura em Portugal. Quais seriam os seus grandes objectivos e competências?

O objectivo é centrar a OA enquanto agente activo e reconhecido na sociedade. A Ordem deve ter voz presente e influente em todos os locais de debate e decisão sobre a qualidade do território, do espaço público e do património edificado.
Implementar uma Política Participativa de Arquitectura em Portugal, permitirá à OA intervir nas medidas legislativas e de regulamentação em curso na Assembleia da República. Queremos estar cada vez mais presente nos centros de decisão, mobilizando e envolvendo os Arquitectos que ocupam posições de destaque na vida política nacional e autárquica, promovendo relações e convergências na defesa da Arquitectura, do património, do urbanismo ou da cultura, seja no âmbito da discussão legislativa, seja na implementação concertada de políticas autárquicas coerentes em todo o território.
Recentemente a OA conseguiu que o Governo reconhecesse a importância da implementação de uma Política Nacional de Arquitectura e Paisagem. Este será um primeiro passo que importa agora divulgar junto da sociedade e adoptar medidas concretas para a sua implementação efectiva, reforçando a sua mais valia junto das demais entidades públicas que actuam na regulação do território.

A internacionalização é outra das vontades expressas na vossa candidatura.  De que forma a Ordem dos Arquitectos pode ajudar a colocar os arquitectos portugueses no mundo e ajudar a exportar serviços em vez de pessoas?

Apesar do reconhecimento internacional que a Arquitectura Portuguesa tem alcançado, há muito mais a fazer, nomeadamente porque acreditamos que podemos chegar mais longe e alargar o número de arquitectos que conseguem exportar os seus serviços. O nosso objectivo não é exportar arquitectos mas sim ajudar a exportar arquitectura e projectos. Para tal é necessário dotar os ateliers de maior capacidade competitiva, propiciar o networking entre empresas do sector da construção, desde as engenharias às construtoras, fomentando consórcios e parcerias com vista ao aumento, pontual por projecto ou em permanência, da escala das estruturas que querem competir no exterior. Por outro lado há que fomentar a ideia da marca “Arquitectura Portuguesa” que deverá juntar à já reconhecida qualidade “poética” da nossa arquitectura o reconhecimento pela competência técnica dos nossos profissionais.

 

Sobre o autorAna Rita Sevilha

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O mais recente inquérito realizado pela AICCOPN junto das empresas que actuam no segmento da Reabilitação Urbana reforça a tendência de crescimento “expressivo” da carteira de encomendas e sublinha a estabilização da actividade

Em Março de 2025, os resultados do inquérito realizado pela AICCOPN junto das empresas que operam no segmento da Reabilitação Urbana evidenciam uma evolução positiva do mercado, com uma melhoria expressiva na percepção dos empresários quanto às encomendas e uma estabilização da actividade, revela o mais recente Barómetro da Reabilitação Urbana.

Assim, o Índice de Carteira de Encomendas registou um crescimento de 8,7%, em termos homólogos, reforçando o forte dinamismo que este indicador tem vindo a apresentar nos últimos meses.

Relativamente ao índice que mede a opinião dos empresários quanto ao Nível de Actividade, apura-se uma variação nula face ao mesmo mês do ano anterior.

No que respeita à Produção Contratada, indicador que mede o tempo médio de trabalho assegurado a um ritmo normal de execução, registou-se uma variação marginal, passando de 9 meses em Fevereiro para 8,9 meses em Março, traduzindo, na prática, uma estabilização deste indicador.

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A construção do Edifício da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal foi entregue à NOV Pro Construções. A empreitada tem o valor de cerca de 7,7 milhões de euros e deverá estar concluída em meados do próximo ano 

O Instituto Politécnico de Setúbal consignou a “Empreitada de Construção do Edifício da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal”,  à NOV Pro Construções. O valor da obra é de cerca de 7,7 milhões de euros e deverá estar concluída em meados de 2026.

O edifício contará com três pisos, dois acima e um abaixo da cota de soleira, interligados de forma fluida e funcional. A nova infraestrutura será implantada num terreno com cerca de 11.000 m², localizado no campus de Setúbal do IPS.

O projecto contempla a construção de salas de aula, laboratórios, biblioteca e áreas de estudo. Estão igualmente previstas zonas administrativas e de apoio, incluindo escritórios, salas de reuniões, secretaria, gabinetes e espaços de descanso. Para responder às exigências específicas da área da saúde, o edifício integrará também instalações especiais como salas de simulação, laboratórios e salas de enfermagem.

A concepção do edifício teve como base princípios de sustentabilidade e eficiência energética, prevendo-se a adopção de soluções de design passivo, como uma adequada orientação solar, utilização de luz natural e ventilação cruzada, com o objectivo de reduzir o consumo energético e promover o bem-estar de todos os utilizadores.

A NOV Pro Construções, sedeada em Leiria, é uma empresa do Grupo NOV Engenharia e Construções, sendo a mais internacional das sete unidades de negócio existentes. Com presença consolidada em Portugal Continental e Ilhas, destaca-se ainda por um vasto portfolio de obras em África e na América Latina.

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A autarquia considera que o projecto apresenta “evidentes e significativos efeitos negativos” para a população, território, paisagem e ambiente, “comprometendo o desenvolvimento sustentável do concelho”

A Câmara Municipal de Grândola emitiu parecer desfavorável ao projecto da Mina da Lagoa Salgada, no âmbito da consulta pública que termina a 30 de Abril.

A Câmara considera que o projecto viola o Plano Director Municipal, ao “ignorar zonas protegidas pela Estrutura Ecológica Municipal, ameaça recursos hídricos, coloca em causa a saúde pública, devido a poeiras, ruído e vibrações de explosões subterrâneas, destrói a biodiversidade e coloca em causa a qualidade de vida da população, principalmente a que reside nos aglomerados rurais de proximidade, cujo desenvolvimento fica, também, seriamente comprometido”.

O projecto tinha como objectivo a exploração de depósitos minerais metálicos de cobre, chumbo, zinco e outros metais, sendo ainda exploradas mineralizações secundárias, como estanho, prata e ouro

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O Grupo tecnológico Midea concluiu o processo de aquisição do Grupo Teka (com excepção da Teka Rússia LLC). Esta operação, inicialmente comunicada em Junho de 2024, “fortalece a competitividade global” do Grupo Teka e posiciona-o para uma “rápida expansão” em novas categorias de produto e mercados.

Esta aquisição combina a liderança tecnológica, inovadora e a escala industrial do Grupo Midea, com a herança centenária das marcas do Grupo Teka e a sua robusta presença na Europa, Ásia e América Latina. “Juntas, estas duas organizações disponibilizarão aos consumidores em todo o Mundo soluções ainda mais abrangentes e inovadoras para a casa”, indica o Grupo em comunicado.

Esta transacção permitirá o reforço da estrutura organizacional e das três marcas registadas do Grupo Teka: Teka, Küppersbusch e Intra, enquanto alavanca operações globais e a capacidade de investigação e desenvolvimento da Midea, de forma a criar sinergias.

Esta transacção “solidifica”, também, a estabilidade financeira do Grupo Teka, a sua “eficiência” operacional e liderança de mercado, factores cruciais no actual contexto económico.

O Grupo Midea, fundado em 1968, ocupa o 277º lugar na lista Fortune Global 500 de 2024, sendo, por isso, uma das maiores empresas fabricantes de equipamentos para a casa, cujos negócios vão para lá dos electrodomésticos inteligentes.

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Decorreu esta quarta-feira, dia 30 de Abril, na Casa Ásia – Coleção Francisco Capelo, a apresentação da 14ª edição do Open House Lisboa, que terá lugar nos dias 10 e 11 de Maio, e que tem como tema “A Invenção de Lisboa”. A apresentação contou com a participação dos comissários,  a dupla de arquitectos Daniela Sá e João Carmo Simões, fundadores da editora Monade, e do presidente da Trienal de Arquitectura de Lisboa, José Mateus.

Durante um fim-de-semana, a iniciativa, organizada pela Trienal de Arquitectura de Lisboa, abre ao público espaços de diferentes naturezas, através de visitas e passeios gratuitos. Este ano, apresenta uma lista de 72 espaços, dos quais 23 em estreia absoluta; quatro novos Percursos Urbanos, apresentados e desvendados por especialistas; as Visitas Acessíveis, os Passeios Sonoros, o Programa Plus e o Programa Júnior, com actividades desenhadas pelo serviço educativo da Trienal e parceiros do Open House.

“A cada edição, o Open House Lisboa mostra-nos até que ponto esta cidade continua a surpreender-nos. Este ano, voltámos a convidar uma equipa de comissariado que nos pudesse revelar um olhar diferente sobre a cidade, a sua visão da cidade”, referiu José Mateus, presidente da Trienal de Arquitectura de Lisboa, no início da conferência de imprensa.

O tema deste ano convida a uma reflexão sobre a cidade que se habita e se vive, mas também sobre tudo o que está por trás desta – as suas infraestruturas, os espaços habitualmente invisíveis, os bastidores -, lugares que unificam as cidades e as ligam aos seus habitantes. É nestas ligações que está a base da invenção da arquitectura da cidade, esse sistema complexo de camadas de que nem sempre existe uma consciência, mas que determina decisivamente o dia-a-dia de quem a habita e a forma como se vivem e se sentem os espaços.

Daniela Sá, da dupla de comissariado, justificou esta escolha como o querer revelar a arquitectura além do que está visível. “Quisemos ir ao centro da arquitectura como sistema capaz de interligar, de nos interligar, para vivermos em conjunto, viver em comunidade. E a expressão máxima da arquitectura é a cidade. É a maior construção colectiva”, disse na apresentação.

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Nova edição do Prémio Secil Engenharia abre candidaturas

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A Secil acaba de lançar a XII edição do Prémio Secil de Engenharia Civil, que distingue a excelência, a inovação e o talento nacional. Instituído em parceria com a Ordem dos Engenheiros, este galardão premeia uma obra que se destaque pela qualidade da concepção técnica, pela inovação e execução e pela utilização do betão estrutural como material essencial.

Nesta edição podem concorrer obras concluídas entre 2022 e 2024, realizadas em qualquer país da União Europeia e cuja solução estrutural tenha sido concebida por engenheiros portugueses. As candidaturas estão abertas até 30 de Junho de 2025. O prémio inclui um valor monetário de 50 mil euros e a atribuição de diploma e troféu aos autores da solução técnica, bem como ao dono de obra, projectista e construtor. A obra vencedora será ainda assinalada com uma placa comemorativa.

Ao longo das suas edições, o Prémio Secil de Engenharia Civil tem contribuído para afirmar o papel da engenharia como motor de desenvolvimento e de modernização do país. Esta distinção constitui, por isso, um estímulo ao reconhecimento público de obras que se destacam não apenas pela sua qualidade técnica, mas também pelo seu contributo para o bem comum, a sustentabilidade e o progresso das comunidades.

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O manifesto, intitulado ‘Arquitectura como Solução 2025’, surge na sequência do debate com arquitectos candidatos à Assembleia da República, promovido pela OA, e incide sobre propostas “concretas” para habitação, território, simplificação administrativa e profissão

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Convocar a arquitectura para a resolução dos problemas actuais da sociedade é o propósito do manifesto apresentado pela Ordem dos Arquitectos (OA). O documento, que surge na sequência do debate com arquitectos candidatos à Assembleia da República, promovido pela OA, e incide sobre propostas “concretas” para habitação, território, simplificação administrativa e profissão.

A ideia era perceber o que pensa cada um dos partidos relativamente aos problemas que afectam a arquitectura e relativamente às questões onde a arquitectura é parte interessada e no qual participara candidatos de todos os partidos / coligações com representação no parlamento, nomeadamente André Castanho (CDU), Lia Ferreira (PS), Margarida Saavedra (AD), Marta Silva (Chega), Marta Von Fridden (IL), Patrícia Robalo (Livre), Ricardo Gouveia (BE).

O manifesto “Arquitetura como Solução 2025”, disponibilizado online no site da Ordem e que será enviado aos partidos políticos, aborda problemas “prementes e emergentes” da sociedade portuguesa, directa ou indirectamente ligados ao domínio da arquitectura, e avança com propostas concretas para os solucionar.

Mais do que um mero diagnóstico, “Arquitetura como Solução 2025” configura-se como um manifesto da disponibilidade dos arquitectos portugueses para serem parte activa na resolução de constrangimentos sociais importantes.

“Este documento é um roteiro detalhado e um convite ao diálogo e à acção”, sublinha Avelino Oliveira, presidente da Ordem dos Arquitectos. “Apelamos aos partidos políticos e ao futuro Governo que reconheçam o papel estratégico da arquitectura. As soluções que propomos não representam um custo acrescido, mas sim um investimento no futuro de Portugal, na qualidade do ambiente construído, na sustentabilidade das nossas cidades e territórios, na eficiência da administração e na dignificação de uma profissão essencial ao desenvolvimento do País”, afirma.

De forma a contribuir para um diálogo “profícuo” e para a construção de um “futuro melhor para todos os portugueses”, assente num ambiente construído mais qualificado, sustentável e inclusivo, a Ordem tem expectativa de que “este apelo seja acolhido pelos partidos políticos e pelo futuro executivo”.

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Desta forma, passou a fornecer energia para cobrir necessidades imediatas em diferentes zonas da Península, nomeadamente, Valência, Corunha, Sevilha, Madrid e em Portugal. O volume total de energia fornecido, 10 MVA (milhões de volt-amperes), equivale ao consumo diário de uma cidade de 20 mil habitantes, indica a empresa

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A LoxamHune, fornecedora de aluguer de máquinas e de energia para vários sectores, forneceu os seus equipamentos para cobrir serviços básicos em grandes áreas de Espanha e Portugal durante a falha geral de energia da passada segunda-feira. O volume total de energia fornecido, 10 MVA (milhões de volt-amperes), equivale ao consumo diário de uma cidade de 20 mil habitantes, de um grande centro comercial ou de mais de 21 mil lares.

Após o apagão, a LoxamHune começou a responder a chamadas que solicitavam equipamento para reabastecer vários centros e instalações na Península, dando prioridade aos serviços de fornecimento com base no nível de urgência.

“Face à inundação de necessidades, decidimos de imediato dar prioridade a setores críticos como os hospitais, as empresas de electricidade e os fornecedores de água”, explica José Bolaños, director da divisão de Energia da LoxamHune. Após a prestação dos primeiros serviços, a empresa alargou o seu fornecimento a outros sectores importantes, como laboratórios e centros logísticos agroalimentares.

Bolaños sublinha a “importância de contar com a colaboração e os recursos das empresas privadas em momentos críticos para fazer face às necessidades mais urgentes e ajudar a repor a normalidade o mais rapidamente possível”.

Desta forma, passou-se a fornecer energia para cobrir necessidades imediatas em diferentes zonas da Península. Em Valência, tal como na DANA, a prioridade foi servir a Iberdrola. Outro cliente importante em Valência foi a Red Eléctrica Española (REE), a quem forneceu energia a uma subestação eléctrica.

Na Corunha foram entregues 3 MVA ao Hospital Chuac, que ali se mantém como reforço de segurança, e em Sevilha foram transportados de urgência 750 kVA para o terminal de contentores de Algeciras.

Houve menos actividade em Madrid, uma vez que as comunicações foram interrompidas após as 14h00. Ainda assim, um gerador de 500 kVA foi entregue no centro logístico da Eroski em Ciempozuelos, e foi fornecido combustível para um gerador que estava a ficar sem energia num lar de idosos na mesma cidade.

Em Barcelona, ​​foi dada prioridade ao serviço à empresa pública de água do Governo catalão, e foi também fornecido um grupo para uma subestação da REE e foi satisfeita uma necessidade crítica devido à potencial perda de medicamentos e vacinas nos laboratórios Almirall.

Por fim, em Portugal, foi prestado serviço ao Hospital dos Lusíadas, no Porto.

“Além disso, estamos a auxiliar na reposição de serviços nos equipamentos de backup em mais de 40 subestações e centros eléctricos, como o Media Markt, ambos clientes com os quais temos contratos activos para estes serviços, caso haja necessidade”. Acrescenta Bolaños.

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Drones e câmaras 360º ao serviço da TPF Consultores

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Num setor cada vez mais exigente, onde os prazos são curtos e a eficiência é essencial, tornou-se evidente a necessidade de adotar tecnologias que acelerem tarefas tradicionalmente realizadas de forma manual.

Neste contexto, a TPF Consultores tem vindo a incorporar soluções tecnológicas avançadas, como drones e câmaras 360º, para transformar a forma como realiza inspeções e capta a realidade nos seus projetos. Esta aposta estratégica permite aumentar significativamente a eficiência operacional, reforçar a segurança no terreno e disponibilizar soluções técnicas inovadoras, capazes de responder aos desafios atuais da engenharia e da construção civil.

 

Desde 2022, a TPF Consultores utiliza drones regularmente para executar levantamentos topográficos, medição de volumes em obra, produção de ortofotomapas, geração de nuvens de pontos e modelos digitais do terreno. Estes equipamentos, integrados com plataformas na nuvem, permitem o planeamento e a execução de voos automatizados, bem como o processamento e a análise dos dados recolhidos. Complementarmente, a utilização de câmaras 360º, aliada a ferramentas de comparação com modelos BIM, oferece uma experiência imersiva que possibilita inspeções mais completas e um acompanhamento detalhado da evolução das obras.

A aplicação destas tecnologias tem-se revelado eficaz em projetos de grande complexidade e dimensão, como o Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL) e a monitorização de barragens de rejeitados. Nestes contextos, os drones e as câmaras 360º permitem um acompanhamento contínuo e rigoroso, reduzindo a necessidade de deslocações em ambientes de risco, promovendo a segurança das equipas no terreno.

Atualmente, a TPF Consultores está registada como operador de UAS (sistemas de aeronaves não tripuladas) na plataforma da ANAC (Autoridade Nacional da Aviação Civil) e conta com quatro drones operacionais, operados por uma equipa qualificada de quatro pilotos remotos. Esta capacidade interna permite à TPF integrar de forma consistente e eficiente o uso de drones nos seus projetos, garantindo elevados padrões de qualidade, segurança e inovação.

A TPF Consultores mantém um compromisso firme com a inovação contínua, investindo em tecnologias que impulsionam a qualidade, a segurança, a sustentabilidade e a eficiência dos seus serviços. A adoção de drones e outras ferramentas digitais é um exemplo claro deste compromisso, assegurando soluções modernas que respondem às exigências crescentes do mercado e que promovem o desenvolvimento sustentável.

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André Caiado, arquitecto e fundador da Contacto Atlântico
Arquitectura

O caminho do Simplex é “dar-nos liberdade, com responsabilidade”

Fundou a Contacto Atlântico há quase 30 anos e orgulha-se por ser um dos ateliers com mais “caminho” feito no mundo da arquitectura e com um conjunto de trabalhos assinados que vão desde a loja, ao escritório, à reabilitação de edifícios icónicos como o Quarteirão do Rossio ou o antigo edifício sede do Diário de Notícias. Acredita que o Simplex veio para ajudar e não complicar e com uma maior “liberdade, vem, também, uma maior responsabilidade”

Cidália Lopes

O arquitecto André Caiado é o rosto à frente do atelier. O antigo espaço do estirador deu lugar a ecrãs onde se imaginam e desenham, tecla a tecla, os “sonhos” dos clientes. E não há mal nisso. A tecnologia está aí e é preciso aproveitar e tirar o melhor partido desta. “O arquitecto adapta-se a tudo”, diz e avança, mesmo que para isso tenha que, por vezes, recuar e relembrar que é no esquiço que nasce a ideia

Que balanço faz do vosso percurso?

Ao longo de 29 anos, quase 30, a Contacto Atlântico tem trazido imensa satisfação e eu diria quase felicidade durante o seu desenvolvimento como gabinete de arquitectura. Os projectos são entidades autónomas e são todas diferentes.

Portanto, o que acontece é que a probabilidade de termos projectos repetitivos é muito reduzida porque ou muda o cliente, ou muda o local, ou muda a condição da envolvente e, portanto, é um trabalho que é sempre novo. É um trabalho que se reinventa diariamente.

Ou seja, não há rotinas na vida de um arquitecto…

Sim, por outro lado as interacções entre as várias pessoas envolvidas também são diferentes porque um projecto, actualmente, é conciliar muitos interesses, entre o interesse do promotor que procura criar algo que lhe traga satisfação e o seu resultado económico.

O arquitecto acaba por ser um coordenador de vários intervenientes importantes durante o seu ciclo, entre o primeiro acto criativo de representação da intenção do cliente e a ter que um bocadinho de muitas coisas, a relacionar-se com conjuntos de realidades muito diversas ao longo do qual.

“O que o Simplex vem dizer é que, em determinadas situações, podes começar a construir desde que te responsabilizes por aquilo que estás a fazer. Acho que isso é importantíssimo numa sociedade onde o tempo de contexto representa mais de 30% do custo de um novo apartamento”

De que forma tem o atelier conseguido inovar e crescer? Qual o factor distintivo do vosso trabalho?

Há sempre um conjunto de pessoas que trazem consigo uma atitude muito curiosa. E, portanto, sempre que aparece qualquer coisa diferente, nós vamos tentar experimentar. Há uma vontade de experimentar o diferente e, quando ela é executada, há vezes que esse diferente é irrazoável e irrealista, mas há muitas vezes que esse diferente de facto tem uma componente de novidade, mas também de tecnologia e também de sucesso.

Eu lembro-me que começámos a trabalhar com um estirador e com tinta da China. Hoje não há estiradores, há computadores e há ferramentas tridimensionais fabulosas. Mas, por outro lado, não se perdeu o bloco com o papel vegetal, com o esquiço, para representar à mão as primeiras ideias do projecto.

Neste aspecto, a Contacto Atlântico foi-se adaptando aos tempos, sempre com a perspectiva de utilizar as últimas ferramentas tecnológicas, mas sem deixar de parte o traço criativo. Portanto, a primeira ideia, o primeiro esboço, o gabinete trabalha em todas as áreas de projecto e procura atribuir ao cliente o melhor que o cliente possa esperar em termos de soluções para o desafio que nos é apresentado.

Por outro lado, o facto de trabalharmos em todas as áreas da arquitetura, desde a industrial, a logística, a hospitais, restaurantes, de habitação a escritórios, de lojas, hotéis de luxo, permite-nos encaixar os diferentes ciclos do mercado. Se tivermos 15% de uma coisa, 20% de outra, 9% de outra, 14% de outra, as coisas conseguem acontecer de uma forma muito suave, é muito perigoso e às vezes é fácil deixar a empresa ir por um caminho, digamos, de monoproduto.

Acredito que esta é a aposta que leva a que o atelier tenha uma longevidade não muito comum neste tipo de negócio que é, pura e simplesmente, ser muito cuidadoso, dar os passos correctos, mas perceber, acima de tudo, que o objectivo é a satisfação do cliente e o sucesso do cliente, quer seja um sucesso emocional, como uma casa para um casal, quer seja um sucesso económico, como um promotor que pretende vender apartamentos ou explorar um hospital ou um restaurante.

Quais os principais desafios?

Acho que o desafio mais divertido é manter sempre na memória as palavras do Charles Darwin na evolução das espécies, quando ele escreve: “O mundo não é dos mais fortes. O mundo é daqueles que se adaptam mais depressa às alterações”. Nós fomos das primeiras equipas a adoptar o BIM em Portugal, há já uma década, e hoje acompanhamos as ferramentas de inteligência artificial todas que vão aparecendo e fomentamos na equipa esse acompanhamento e o aprofundar desses conhecimentos, nomeadamente, nos mais novos.

E depois é proporcionar à equipa a oportunidade de testar tudo. Nós estamos num momento onde, e eu já defini isto há algum tempo, onde eu começo a ver que começar a ter situações onde vamos ter um sistema automático com incorporação de inteligência artificial a aprovar projectos. É uma questão de tempo. É introduzir um conjunto de regras ao sistema, associar um modelo BIM e deixá-lo decidir se estão a ser respeitadas todas as regras. Em vez de termos um colega, um humano com uma lista, a fazer uma checklist a verificar se respeitámos todas as regras.

“Hoje com a IA a criação projectual representada verbalmente é, depois, representada não pelo esquiço, resultado do desenho manual ou da maqueta, mas pela imagem produzida por uma máquina que responde ao meu texto. Houve uma altura que eu pensei que isto podia destruir a profissão, mas hoje está claríssimo que não vai acontecer. Isto porque cada humano tem uma percepção da realidade envolvente de uma determinada maneira e vai deixar características suas no objecto criativo”

Estamos num caminho em que vimos a evolução da tecnologia em cada década, não é?

Absolutamente. Em cada década os saltos são gigantes, multiplicam-se várias vezes. O multiplicador é do para a tecnologia. Portanto, eu acho que não abraçar a tecnologia é suicido. Eu não diria o princípio do fim. É o fim do fim. É o suicídio directo. Já não há espaço para pôr as mãos nos olhos e não querer ver.

Que projectos foram mais marcantes?

É muito complicado conseguir escolher um projecto, mas há um que eu gosto especialmente, por ter sido um dos nossos primeiros projectos, que é o Clube Naval em Cascais, um projecto em betão branco onde nós desenhámos ao detalhe até os caixilhos das janelas. O betão branco requer que toda a infraestrutura seja desenhada e localizada dentro da laje, depois quando a laje é betonada, tudo o que não está feito já não se pode fazer porque o betão não é nem rebocado, nem pintado, como é descofrado, é como fica. Mas, também, porque naquele caso tratava-se de um equipamento público e, portanto, não era necessário ir ao encontro dos objectivos económicos de um cliente.

Um trabalho público, principalmente em termos de equipamentos e situações de concurso, é um trabalho onde a liberdade criativa é muito grande porque a conta é paga pelos impostos de todos e não há ninguém a dizer ao arquitecto que matéria deve ou não utilizar.

Estes projectos são interessantes por essa razão. E, depois, neste caso concreto, o uso do betão branco tornou o projecto extremamente desafiante em termos de metodologia construtiva.

Onde fica hoje o esquiço, o traço à mão? Ainda é valorizado?

Não há ainda outra opção, ou de outra maneira. O arquitecto é alguém que deve ter visto muito dos quatro cantos do Mundo. É importante é criar um universo de conhecimento na cabeça de cada um dos arquitectos. Por isso é que se diz, com uma certa graça, que o arquitecto é o homem velho. Não por ter 99 anos, mas por ter visto tudo. Por ter conhecimento. O arquitecto deve ter conhecido tudo. E, portanto, o arquitecto tem o projecto na cabeça. Como tirar o projecto da cabeça para explicar aos outros? Há dois caminhos. Um, que é perigosíssimo, eu conto uma história, que é a história do projecto. Só que o problema é que quando eu conto uma história, eu vou representar o imaginário e do outro lado as pessoas vão apreender dessa história aquilo que lhes interessa baseada na sua estratégia cultural. A outra alternativa é a passagem do cérebro para uma imagem através de uma representação do desenho.

Portanto, o famosíssimo esquiço do arquitecto, que tem a capacidade única de transmitir o meu sonho de uma forma realista, com menos filtros. Mas o grau de liberdade é muito menor do que uma descrição verbal e ao ser menor não temos o desencanto mais à frente e, portanto, ainda não há outra ferramenta que consiga ter a função do esquiço na representação. E quem diz o esquiço diz uma maqueta.

Portanto, a outra alternativa, para quem não tem jeito para desenhar, é fazer um pequeno modelo do edifício ou do objecto arquitectónico. Agora, no último ano, as coisas modificaram-se brutalmente outra vez e apareceu uma coisa que se chama Prompt. Portanto, há uma quantidade de ferramentas da inteligência artificial que cada dia melhoram, à qual o arquitecto descreve um determinado objectivo e a produção

é uma imagem. E, depois, eu vou produzindo uma nova descrição verbal, neste caso uma descrição escrita, e a ferramenta produz novamente uma imagem melhorada, e uma imagem melhorada, e uma imagem mais afinada, até o momento em que eu digo, ok, é mesmo isto. Isto é o meu objectivo. E nesse momento estou a tratar a IA como se fosse outro humano. Não deixa de ser assustador.

É engraçado termos chegado aqui a este paradigma, onde a criação projectual representada verbalmente é representada não pelo esquiço, resultado do desenho manual ou da maqueta, mas pela imagem produzida por uma máquina que responde ao meu texto. Vale a pena perceber que houve uma altura que eu pensei que isto podia destruir a profissão.

E actualmente já não está convencido disso?

Está claríssimo que não vai acontecer. Isto porque cada humano tem uma percepção da realidade envolvente de uma determinada maneira e vai deixar características suas no objecto criativo. O que nos salva é a nossa subjectividade e a IA poderá fazer sozinho milhares de soluções, mas só uma delas é que será apropriada para cada humano.

Então, face às reivindicações da profissão, umas mais antigas, outras mais recentes, como vê o papel da arquitetura na sociedade e junto de quem quer fazer cidade?

A arquitectura deve ser uma profissão de extrema humildade, porque tem um impacto brutal na cidadania. Quando no universo universitário eu pergunto aos alunos quem foi o maior ditador, normalmente os europeus todos respondem Hitler. O maior ditador para mim é o arquitecto que fez o apartamento onde eu vivo porque ele dita o percurso que eu faço entre a minha cama e a casa de banho todos os dias quando acordo. Por isso, a profissão deve ser olhada com extrema humildade, perceber o impacto da má decisão na vida das pessoas. Se eu fizer um degrau sozinho no meio de uma sala, eu tenho uma probabilidade imensa de provocar contínuas quedas de pessoas que não vêm o degrau.

De facto, a arquitectura é uma profissão que as pessoas abraçam por amor à arquitectura, não é? Aliás, eu acho que o arquitecto não é quem estuda arquitectura. O arquitecto é quem gosta de arquitectura. Eu posso dizer que alguns dos mais famosos arquitectos de sempre não estudaram arquitectura de início. É o caso da Zahid, que era Matemática, ou o mais famoso arquitecto holandês, Ren Koolhaas, que era jornalista ou até o Ricardo Bofill que nunca concluiu o curso de arquitectura.

E digo isto mesmo tendo sido professor catedrático de arquitectura de projectos durante 20 anos, mas acho mesmo que, mais do ter a formação de arquitetura, a chave é querer ser arquitecto.

“O facto de trabalharmos em todas as áreas da arquitetura, desde a industrial, a logística, a hospitais, restaurantes, de habitação a escritórios, de lojas, hotéis de luxo, permite-nos encaixar os diferentes ciclos do mercado”

Na prática, de que forma tem sido aplicado o Simplex e de que forma o arquitecto pode utilizar as novas regras também para se salvaguardar?

O Simplex faz todo o sentido na medida em que eu defendo a responsabilização dos profissionais. O que o Simplex vem dizer é que, em determinadas situações, podes começar a construir desde que responsabilizes por aquilo que estás a fazer. Acho que isso é importantíssimo numa sociedade onde o tempo de contexto representa mais de 30% do custo de um novo apartamento.

Na Contacto Atlântico, utilizamos todas as semanas projectos em modo de comunicação prévia para zonas consolidadas dos centros das cidades que não estão protegidas pelo património. Portanto, sim, é uma vantagem brutal. Por outro lado, cria uma muito saudável questão de responsabilidade em que o arquitecto já não vai tentar ver se dá para pôr mais um andar em cima daquilo, porque se correr mal, corre muito mal para ele próprio, por causa da maior responsabilização. Eu sou favorável a que, quando eu cometer o erro crasso de pôr seis pisos, quando o loteamento diz cinco, que venham buscar-me ao escritório e me levem de braço dado com o promotor e com o construtor para a prisão e que haja condenação de quem incumprir brutalmente de uma forma mais do que óbvia com aquilo que são as suas obrigações profissionais. Portanto, eu penso que é altamente positivo. Eu libertaria ainda mais as responsabilidades dos municípios e responsabilizaria ainda mais os engenheiros, os arquitectos, os construtores e os promotores.

Que conselhos daria aos jovens arquitectos que estão a iniciar? 

O conselho é nunca desistir. Never, ever, ever, ever give up. O Mundo é daqueles que não desistem. A pessoa, the only ones that wins, the only one that never gets portanto, quer continuar a insistir no seu sonho. Eu acho que isto acontece em todas as áreas, em todos os assuntos quem nunca desiste acaba por ser bem-sucedido e acaba por chegar a qualquer lado.

Sobre o autorCidália Lopes

Cidália Lopes

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