“Esta é a vossa casa. Visitem-na”
A sede nacional da Ordem dos Engenheiros (OE), em Lisboa, foi o palco da sessão de abertura do 13.º Encontro Nacional de Estudantes de Engenharia Civil (ENEEC), que se realizou entre os dias 9 e 12 de Marços, e incluiu visitas técnicas e conferências
Pedro Cristino
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A sede nacional da Ordem dos Engenheiros (OE), em Lisboa, foi o palco da sessão de abertura do 13.º Encontro Nacional de Estudantes de Engenharia Civil (ENEEC), que se realizou entre os dias 9 e 12 de Marços, e incluiu visitas técnicas e conferências (dedicadas aos temas da ferrovia em Portugal, à mobilidade urbana e à componente de engenharia no projecto do MAAT). Nas palavras de Gabriel Sousa, presidente da Federação Nacional de Estudantes de Engenharia Civil (FNEEC), esta iniciativa, que este ano foi organizado pelo Fórum Civil do Instituto Superior Técnico, serve, entre outras organizadas pelas associações de estudantes das diferentes universidades do país, para dar aos estudantes uma oportunidade para “angariar um pouco mais de conhecimento sobre o que é a engenharia civil, não só na parte teórica, mas também prática”. Neste sentido, lançou ainda um apelo para que todos os núcleos de estudantes de Engenharia Civil façam parte da Federação porque “neste momento, o que precisamos é de estar juntos e unidos” para “conseguirmos promover eventos e marcar um pouco a nossa posição a nível nacional, de uma forma mais forte”.
“Um parceiro na vossa vida estudantil”
A sessão de abertura do ENEEC contou com as participações de Jorge Proença, coordenador do mestrado integrado de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico (IST), Jorge Grade Mendes, presidente do Conselho Directivo da Região Sul da OE, Carlos Loureiro, vice-presidente nacional da OE, e de Luís Castro, vice-presidente do IST. Para Grade Mendes, iniciativas como o ENEEC constituem “uma parte fundamental na formação académica destes futuros engenheiros”. O responsável da OE salientou que a Ordem pretende ser, “desde já,um parceiro na vossa vida estudantil e na vossa vida profissional”. “Queremos ouvir-vos, conhecer as vossas expectativas, pois acreditamos que este posicionamento nos ajudará a evoluir e a estarmos permanentemente actualizados face às mudanças e necessidades de cada geração”, salientou, explicando que a OE sabe “que os estudantes representam o futuro da profissão e da nossa Ordem”. Como tal, “queremos que, desde muito cedo, ainda na universidade, saibam que esta é a vossa casa – visitem-na, usem-na para as vossas iniciativas e façam-nos chegar as vossas ideias e sugestões”. Segundo Grade Mendes, a engenharia civil “é aquela que tem maior representatividade dentro da OE e assume, para nós, uma importância especial, até por ter sido, porventura, a especialidade mais afectada pela crise financeira e económica que o nosso país tem atravessado nos últimos anos”. Neste sentido, “urge colocar no pelotão da frente do próximo ciclo de industrialização do país – Indústria 4.0 – a construção, podendo chamar-lhe Construção 4.0, para se ganhar o desafio da digitalização da construção”. Neste cenário, Jorge Grade Mendes revelou que “a OE Região Sul quer ser protagonista no apoio dos nossos membros neste desafio fundamental”.
Estudantes “muito bem preparados”
Por sua vez, Carlos Loureiro sublinhou que as escolas de engenharia “muito prestigiam o nosso país”. “São várias delas que estão muito bem posicionadas nos rankings internacionais, mostrando que vocês são pessoas muito bem preparadas para a vida profissional e para prestarem os serviços que todos esperamos de vós”, reforçou o vice-presidente nacional da OE, salientando que a engenharia “é uma profissão de confiança pública” e, como tal, é regulada pela Ordem. Tal não impede, segundo Carlos Loureiro, que a OE “seja uma também uma casa onde se faz uma formação permanente e a valorização dos engenheiros”. Assim, considera que a participação dos estudantes de engnenharia civil nas actividades da Ordem dos Engenheiros “será importante para nós, mas também para todos vocês”, uma vez que “há um programa de formação contínua muito vasto ao longo de todos os anos e todos nós sabemos que o que estão hoje a aprender na escola não será suficiente para a vossa actividade”. “Há um desenvolvimento tecnológico e uma necessidade de actualização permanente que só são possíveis com o esforço para o qual nós queremos também contribuir”, acrescentou. Por outro lado, Carlos Loureiro considera que os estudantes presentes no auditório escolheram “uma das melhores profissões possíveis”. “Temos uma capacidade de entender como poucos o desenvolvimento tecnológico”, assegurou, mencionando também a capacidade, “como nenhuns”, de colocar a referida tecnologia “ao serviço das populações”. O vice-presidente nacional da OE lembrou ainda a plateia de que uma parte dos estudantes terá, na sua vida profissional, “de passar uma parte da vida fora de Portugal”. Contudo, “isso não tem de tornar-se negativo: valoriza-vos também!”, rematou.
Reunir os engenheiros de amanhã
“A FNEEC tem uma importância muito grande na promoção deste tipo de encontros, especialmente a nível nacional, em que conseguimos juntar todos os estudantes”, afirmou, ao CONSTRUIR, Gabriel Sousa. Segundo o estudante, a grande ideia desta iniciativa consiste em “conseguir que haja uma troca de ideias, porque cada núcleo tem as suas ideias e as suas actividades e este encontro permite socializar, trocar ideias, discutir opiniões e também ter outro ponto de vista na área académica”. É, para Gabriel Sousa, “cada vez mais importante ter outra visualização daquilo que se passa depois de formação académica”, bem como conhecer “o tipo de “soft skills”” que se podem adquirir. Assim, o presidente da FNEEC considera que é “muito gratificante para os estudantes saberem o que as empresas querem do seu lado”. De acordo com este futuro engenheiro, os estudantes de engenharia civil atravessam, actualmente, “uma fase difícil”, dada a falta de emprego de um sector da construção nacional que “não conseguia acompanhar o ritmo de formação de engenheiros civis no país”. Assim, os estudantes de engenharia “tiveram de se sujeitar às oportunidades que foram surgindo”, frequentemente fora do ramo da engenharia. Por outro lado, Gabriel Sousa considera que, actualmente, outra dificuldade que os formandos enfrentam é a adaptação “a um mercado de trabalho que, hoje, está completamente diferente daquilo que era há uns anos atrás”. Questionado sobre se os estudantes de hoje estão preparados para a forte probabilidade de terem de desenvolver a sua carreira no estrangeiro, o presidente da FNEEC respondeu que “a mentalidade dos estudantes está bem aberta, porque os professores e as universidades explicam como se encontra o mercado de trabalho”. “De facto, é uma oportunidade e uma solução procurar trabalho fora do país, porque, infelizmente,se tratam de mercados economicamente mais fortes que Portugal”, explica. Contudo, não se desanima: “Portugal está a crescer devagarinho”, frisa. Para este estudante, um dos “soft skills” importantes para os futuros engenheiros reside na comunicação. “Conseguir comunicar as ideias e os objectivos que pretendemos alcançar para o futuro é uma das “skills” que têm de ser adquiridas”, sublinha, referindo também a necessidade de aprendizagem de línguas estrangeiras, “especialmente o inglês”. “É algo que,dentro do ramo da formação se vai aprendendo, mas não de forma aprofundada”, salienta. Outro elemento importante neste contexto relevado por Gabriel Sousa consiste na aprendizagem de ferramentas no âmbito das tecnologias de informação. Para a presidente do Fórum Civil, a associação de estudantes de engenharia civil do IST, iniciativas como estas revestem-se de importância no sentido em que reunem “os estudantes de todas as faculdades”. “Vamos ter de trabalhar juntos no futuro, eventualmente, logo, é importante conhecermo-nos”, explica Maria Rebelo Monteiro ao CONSTRUIR, referindo também a importância de criar “pontes entre as empresas e os estudantes”. “Temos workshops em que aprendemos coisas que talvez não faculdade não aprendamos e isso é, para mim, o mais importante: desenvolver as “soft skills” e outras coisas que, se calhar, não são os pontos fortes na formação”, acrescentou. Relativamente às forte hipótese de terem de trabalhar no mercado internacional, Maria Rebelo Monteiro não se mostrou intimidada. “Já pensamos muito em ir para fora, até mesmo com o programa Erasmus,que é uma experiência que nos prepara para o futuro de trabalharmos no estrangeiro”, aponta. Em termos das capacidades que os formandos podem adquirir fora do curriculum, a presidente do Fórum Civil refere, além da aprendizagem de línguas estrangeiras – “inglês é essencial” – os “skills” “virados para a gestão”. “O engenheiro pode ser gestor”, conclui.