Fórum do Património teme que centros históricos se transformem em Disneylândias
“De acordo com o Fórum do Património, “o investimento imobiliário nas zonas históricas pode ter fortes impactos negativos sobre a população local, em particular sobre os seus estratos mais carenciados”
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As associações que promovem o Fórum do Património alertam para a importância de se discutir o futuro dos Centros Históricos das principais cidades portuguesas temendo que se esteja a entrar num processo em que estes se transformem em Disneylândias.
Em comunicado, a organização liderada por Vítor Cóias receia que esse processo esteja em curso, não só em Lisboa e Porto como em várias outras cidades, como Coimbra, Faro e Aveiro. “O fenómeno já chegou ao Alentejo e em Évora já se sentem os seus efeitos, desde logo no rápido aumento das rendas”, sublinham em comunicado, divulgado no dia em que se assinala o Dia Nacional dos Centros Históricos.
“A procura resultante do desmesurado crescimento do turismo low-cost, conjugada com uma legislação permissiva e uma fiscalização ineficaz, acrescentou um sem número de pequenos proprietários portugueses à vaga dos pequenos investidores chineses que aterraram em Portugal ao abrigo dos vistos gold. Partes ou a totalidade de edifícios residenciais situados nos centros históricos, devolutos ou esvaziados contra vontade dos inquilinos, foram transaccionados, reabilitados à trouxe-mouxe e abertos ao negócio turístico, com hotéis de charme, pensões, hostels ou alojamentos locais”, acusam, lamentando que essa circunstância esteja a ser apoiada pelos autarcas que “como disse o de Lisboa, desconhecem o conceito de turistas a mais”.
“As medidas agora anunciadas pelo Secretário de Estado [do Ambiente] são tardias e não se sabe até que ponto serão dissuasoras, dado que consistem apenas num aumento da base de incidência do rendimento presumido do alojamento local, que passou de 15% para 35%. Em Berlim, por exemplo, só podem ser destinadas a alojamento de curta duração partes de casa inferiores a metade da área disponível. Em cidades como Amsterdão, Londres, Edimburgo, e Barcelona está em curso uma batalha entre o mercado de arrendamento temporário e as autoridades de habitação e planeamento,
as quais se encontram sob uma pressão cada vez maior dos moradores”, pode ler-se no comunicado.
De acordo com o Fórum do Património, “o investimento imobiliário nas zonas históricas pode ter fortes impactos negativos sobre a população local, em particular sobre os seus estratos mais carenciados. O fenómeno da turistificação (caso da Baixa Pombalina, em Lisboa) tem empurrado os moradores tradicionais e as camadas de menos recursos para as periferias e está a impedir a fixação nesses locais de estratos mais jovens da população”.
“A pressão imobiliária vocacionada para turismo que vem sendo exercida sobre os centros e bairros históricos está a contribuir para a sua rápida descaraterização, desvalorizando-os enquanto herança cultural que deveria ser transmitido em boas condições à geração seguinte”, acrescentam.
É sobre questões desta índole que se vão debruçar as ONG do Património, reunidas no Fórum do Património 2017, que vai ter lugar na Sociedade de Geografia de Lisboa no próximo dia 10 de Abril.