Iberdrola vai replicar tecnologia de La Muela no Tâmega
Após apresentar ao país o Sistema Electroprodutor do Tâmega, um projecto constituído por três aproveitamentos hidroeléctricos em Trás-os-montes, que envolve um investimento de 1.500 milhões de euros, a Iberdrola promoveu uma visita de imprensa à Central Cortes-La Muela, a 50 quilómetros de Valência, Espanha, no sentido de mostrar o modelo que tentará replicar no norte de Portugal
Pedro Cristino
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Após apresentar ao país o Sistema Electroprodutor do Tâmega, um projecto constituído por três aproveitamentos hidroeléctricos em Trás-os-montes, que envolve um investimento de 1.500 milhões de euros, a Iberdrola promoveu uma visita de imprensa à Central Cortes-La Muela, a 50 quilómetros de Valência, Espanha, no sentido de mostrar o modelo que tentará replicar no norte de Portugal.
Gouvães à imagem de La Muela II
O complexo de Cortes-La Muela é constituído por um conjunto de instalações hidroeléctricas, construídas no Rio Júcar, na década de 80, às quais se juntou o projecto hidroeléctrico de La Muella II, como resultado de uma obra iniciada em 2006. Segundo o grupo espanhol, durante os sete anos de construção, 30 empresas da Comunidade Valenciana trabalharam no projecto, proporcionando emprego a mais de 3 mil pessoas. A ampliação de La Muela, que tem uma potência de turbinação de 852 MW, complementou as restantes instalações existentes na região – La Muela I (630 MW), Cortes II (280 MW), Salto de Cofrentes (120 MW) e Millares II (67 MW), totalizando uma potência de quase 2 mil MW, “capaz de abastecer energia para cerca de meio milhão de habitações”. O investimento para este projecto de ampliação ascendeu aos 350 milhões de euros. As centrais de La Muela I e II são reversíveis, permitindo a produção de energia por turbinação e o armazenamento de água numa albufeira superior – o princípio que será seguido para a central de Gouvães, inserida no Sistema Electroprodutor do Tâmega. Os números da ampliação de La Muela e o aproveitamento de Gouvães apresentam-se “muito idênticos”, segundo a informação avançada pela Iberdrola, que refere que a central de La Muela II conta com uma potência de 852 MW, quatro turbinas/bombas, um desnível de 518 metros, uma albufeira com capacidade de 20hm3 de água, com um caudal de 192m3/s (48 m3/s por cada turbina/bomba) e um comprimento de circuito subterrâneo de 850 metros de betão com blindagem. Já a central de Gouvães possui uma potência de 880 MW, quatro turbinas/bombas, um desnível de 657 metros, uma albufeira com capacidade de 13,7hm3 de água, com um caudal de 160m3/s (40m3/s por cada turbina/bomba) e um comprimento de circuito subterrâneo de 6.827 metros, dos quais 4.673 metros de betão sem blindagem e 2.154 metros de betão com blindagem, o que torna esta parte da obra de Gouvães “um pouco mais complexa que a de La Muela II”. “Toda a experiência de exploração, toda a engenharia que se desenvolveu, [para a central de La Muela II] serviu de base para o projecto do Tâmega”, afirma Salvador Alafarga, chefe de serviço da área de Manutenção do Mediterrâneo da Iberdrola. Segundo o mesmo responsável, o projecto do Tâmega integrou “praticamente toda a experiência” envolvida no projecto da central em Espanha. Uma experiência que consiste numa engenharia “desenvolvida, experiente e optimizada”, resultante do projecto que o grupo desenvolveu primeiro em terras espanholas.
Bombagem “fundamental”
De acordo com o grupo espanhol, as centrais que contemplam o sistema eléctrico por meio de bombagem hidroeléctrica, a partir de um reservatório inferior para uma albufeira superior, apresentam-se “como o método mais eficiente para o armazenamento de energia” actualmente, possibilitando “a geração de uma grande quantidade de energia num reduzido espaço de tempo”, sem emissão de CO2 para a atmosfera. Neste sentido, a Iberdrola considera que esta tecnologia “é fundamental como “backup” e suporte às energias renováveis”, contribuindo ainda para a estabilidade (“do preço e do sistema”) e segurança no fornecimento, “moderando os preços e permitindo reduzir os custos dos serviços complementares”. Assim, esta tecnologia constitui “uma forte aposta da empresa nesta visão ecológica e de sustentabilidade energética”. Este tipo de central permite armazenar energia, através do enchimento por bombagem de água de uma albufeira a uma cota inferior, para um cota superior. La Muela II dispõe de quatro grupos reversíveis, que permitem totalizar uma potência de turbinagem de 852 MW – 744 MW em bombagem – aproveitando o desnível de mais de 500 metros existente entre o depósito superior e o reservatório de Cortes de Pallás para gerar energia. A instalação da nova central obrigou à escavação de uma caverna com 115 metros de comprimento, 50 metros de altura e 20 metros de largura. Segundo a Iberdrola, um dos grandes marcos desta infra-estrutura consistiu na construção de um circuito hidráulico de 5,45 metros de diâmetro e de 850 metros de comprimento, que se encontra escavado no maciço rochoso, com uma inclinação de 45 graus, que, por sua vez, permite que a água da albufeira superior chegue até ao núcleo de La Muella II. No seu todo, foram 270 mil metros cúbicos de escavação e 90 mil metros cúbicos de betão, que necessitarem de 54 mil e 15 mil camiões, respectivamente, para serem transportados.