Engenharia

“Procuramos criar uma rede colaborativa”

Em 2014, António Ruivo de Meireles, materializou a sua experiência nas áreas da inovação e da tecnologia ao serviço do sector da construção, prevendo o rumo que tomaria o processo […]

Pedro Cristino
Engenharia

“Procuramos criar uma rede colaborativa”

Em 2014, António Ruivo de Meireles, materializou a sua experiência nas áreas da inovação e da tecnologia ao serviço do sector da construção, prevendo o rumo que tomaria o processo […]

Pedro Cristino
Sobre o autor
Pedro Cristino
Artigos relacionados
Drones e câmaras 360º ao serviço da TPF Consultores
O caminho do Simplex é “dar-nos liberdade, com responsabilidade”
Arquitectura
Alcácer do Sal tem a vantagem de “conseguir disponibilizar oferta para diferentes segmentos”
Imobiliário
CIMPOR conclui investimento de 155M€ no novo Centro de I&D
Empresas
Grupo Sanindusa aposta na produção de “energia limpa”
Empresas
Município de Barcelos vai investir 12,7M€ em novo pavilhão multiusos
Construção
Leandro Silva junta-se à AM48 como responsável pelas áreas financeira e de auditoria
Imobiliário
Forum Coimbra investe 12M€ em expansão de lojas âncora
Imobiliário
Abreu Logistics arrenda armazém logístico à Logicor
Imobiliário
TC dá luz verde ao município de Cascais para investimento de 12,5M€
Construção

Em 2014, António Ruivo de Meireles, materializou a sua experiência nas áreas da inovação e da tecnologia ao serviço do sector da construção, prevendo o rumo que tomaria o processo de desenvolvimento tecnológico deste mercado. Desta aposta, nasceu a ndBIM Virtual Building, empresa que presta consultoria especializada em Building Information Modeling (BIM), a metodologia que está a alavancar o salto tecnológico da construção e que levou já governos de vários países a elaborarem planos para a sua implementação a nível de contratação pública.

Em entrevista ao CONSTRUIR, António Ruivo Meireles explica o impacto da metodologia BIM em toda a fileira da construção e aborda a sua experiência de mais de uma década no campo da inovação e desenvolvimento dentro do sector.

Como se inicia o percurso da ndBIM?

Empresa nasceu no início de 2014. Começámos como uma empresa de consultorias e serviços, mas, inicialmente, muito focada na área da consultoria, isto é, criar competências em empresas de construção, em promotores imobiliários, também projectistas que quisessem começar a adoptar o BIM nas suas empresas. Eu diria que a maior parte dos nossos clientes estava em São Paulo, no Brasil. Mais do que em Portugal. São Paulo está muito avançado na adopção do BIM em comparação com Portugal e, portanto, houve uma procura muito grande, na altura, em várias cidades do Brasil, mas principalmente em São Paulo. Passado um ano, fruto da crise que se instalou no Brasil, houve uma diminuição da procura e isso gerou uma oportunidade boa, porque, aí, comecei a ter tempo para falar com algumas empresas em Portugal. Começámos então a trabalhar também em Portugal, sempre numa lógica de trabalhar principalmente construtores e promotores imobiliários. A opção de não trabalhar com projectistas não foi uma decisão tomada de uma forma explícita, mas acabou por acontecer.

Porquê?

Porque adoptar o BIM num atelier de arquitectura ou num gabinete de engenharia civil é menos complexo. Basta uma formação e vontade da equipa em mudar, uma vez que estamos a trocar somente um software 2D por um 3D com mais valências. Complexo é quando se pretende começar a trabalhar com BIM, misturando vários “stakeholders”, várias partes. Isso acontece quando se trabalha com um promotor imobiliário que contrata um gabinete de engenharia, um atelier de arquitectura e um construtor. Então, o processo para colocar essas várias partes a comunicarem entre si é que se torna complexo. Uma construtora compreende os subempreiteiros, a área de projeto, de orçamentação, de planeamento, a obra, o financeiro e, portanto, acabamos por ter várias áreas a trabalhar em conjunto sobre uma mesma base de dados.

E já conhecia bem esse cenário, pela sua experiência na Mota-Engil…

Trabalhei sete anos na Mota-Engil, é uma realidade que conhecia muito bem. Era o coordenador da área de Inovação da empresa e também o BIM manager, o coordenador da área BIM na empresa. Eu sempre gostei muito de pessoas, quer na componente de inovação, quer na de BIM, tinha, de alguma forma, que trabalhar com pessoas para que mudassem o actual processo de trabalho delas para um processo novo. E esses sete anos em que trabalhei nessa área, na Mota-Engil, fez com que eu ganhasse maturidade, enquanto profissional de engenharia, para saber implementar novos processos de trabalho. Aproveitei essa experiência para, quando comecei a criar a ndBIM, apoiar outras empresas, outras construtoras que não a Mota-Engil, a mudarem de um processo tradicional para um processo mais moderno, mais colaborativo, suportado em BIM.

E como se desenvolveu o resto do percurso?

Com a crise que se viveu no Brasil, começámos a trabalhar mais em Portugal, que também estava em crise, e começámos a explorar mais a área de serviço, ou seja, as empresas não demonstraram tanto querer criar a competência interna, porque isso exigia um investimento…

Mas é um investimento assim tão avultado?

O software não é muito mais caro que o AutoCAD. O problema é que, além do software, tem de se investir em formação e há uma curva de aprendizagem. Além de terem formação, as pessoas têm de saber que, no primeiro ano, vão perder produtividade, porque estão a aprender uma forma nova de trabalhar. E essa necessidade de investimento nas pessoas cria um paradigma: as empresas estão a despedir porque não têm trabalho ou porque o trabalho se reduziu mas, por outro lado, as pessoas que ficam, têm provavelmente de substituir-se às pessoas que saíram. A conjugação desses factores faz com que algumas empresas prefiram subcontratar e, deste modo, evitar o risco, em vez de fazerem tudo internamente. A ndBIM passou então de uma empresa que, inicialmente, tinha um perfil muito grande em termos de serviço de consultoria, para prestar, na mesma, consultoria e capacitar internamente as empresas – a empresas como a Teixeira Duarte ou a Elevo em Portugal e a CCDI, a Odebrecht, a Método Engenharia, a Edalco Construtora, a Caparaó entre outras no Brasil, – mas ao mesmo tempo se tornar um parceiro de confiança que funciona como um backoffice de serviços das empresas parceiras, como é o caso da Gafisa, da Brookfield entre outros. Desta forma, as empresas garantem que têm uma empresa dimensionada para um determinado nível de serviço, e quando têm picos de trabalho, têm um bom parceiro em quem confiam, que somos nós. Uma das parcerias que melhores resultados tem obtido é com promotores imobiliários que, no seu corpo técnico, têm normalmente economistas, financeiros, advogados (técnicos altamente qualificados responsáveis pela gestão do processo) e que muitas vezes não têm profissionais alocados às questões mais técnicas, de pormenor e operacionais de análise dos projetos. Estas empresas têm confiado em nós, na nossa capacidade, para os auxiliar quando tiverem de lançar um projeto de um empreendimento imobiliário ou um concurso a construtores garantindo-lhes um menor risco ao nivel de falta de coordenação ou erros e omissões no processo de concurso. Desde então, estamos em 2017, e vai ser um ano muito bom, em que criámos parcerias – vemos os clientes como parceiros – onde existe um nível de confiança muito elevado, através do qual ajudamos a que o empreendimento final seja um sucesso, sem derrapagens orçamentais, sem exceder prazos, etc. Eles têm a certeza absoluta de que aquilo que planearam é realmente o que vai acontecer, e que o retorno expectável é aquele que terão no final quando fizerem a venda do empreendimento. Para nós, tem sido uma evolução e uma surpresa os resultados que temos obtido já que os mesmos superam todas as nossas expectativas iniciais. Inicialmente, o nosso target de cliente era o construtor e temos caminhado para o início da cadeia, para opromotor imobiliário. Desta forma temos um impacto desde o início do processo e não somente na fase de construção. Vamos à génese do empreendimento e procuramos agregar valor logo nessa fase – no projecto, na concepção, no concurso. No final, o que acho que tem sido uma mais-valia e até enriquecedor é que todas as empresas com quem temos estado envolvidos vêem valor no processo. Não nos substituímos a ninguém, simplesmente agregamos valor ao que as empresas fazem. Isso cria um clima de colaboração muito bom, que traz transparência ao processo, algo que, de acordo com a minha experiência passada, não acontecia, todos se tentavam proteger de todos. Um arquitecto tinha um processo e rapidamente o queria entregar para ter a certeza de que recebia os seus honorários e que cumpria as suas estimativas de horas alocadas ao projeto (o risco que ele tem no processo tradicional é muito elevado devido às constantes alterações de projeto seja devido às interações com as outras especialidades seja porque o cliente somente tem uma percepção do projeto numa fase muito avançada do seu desenvolvimento). Com o BIM e com o tipo de serviços que prestamos, o que procuramos criar, em conjunto com os nossos parceiros, é uma rede colaborativa, em que todos trabalham para um objectivo último, que é ter um produto, um edifício, um projecto imobiliário que, no final, corresponde àquilo que o cliente – o promotor imobiliário – tinha como expectativa.

A empresa tem crescido desde então…

Sim. Inicialmente era só eu. Passados uns meses, contratei quatro pessoas e, entretanto, tínhamos cada vez mais serviços e actualmente somos oito pessoas. Agora vamos contratar mais duas pessoas e, à partida, devemos fechar o ano com 10 pessoas no escritório. A ideia é continuar a crescer. Acho que ainda não tivemos um cliente que, no final, não tenha visto o valor agregado que proporcionamos. Estamos sempre a viajar. Fora de Portugal, o Brasil é o nosso maior mercado – principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte

Portanto, no Brasil, mesmo com crise, continua a haver trabalho?

Muito trabalho. Neste momento, diria que 50% da nossa facturação é no Brasil, sendo o restante volume de facturação em Portugal e de forma mais residual noutros países.Temos uma dor de crescimento que se traduz em falta de tempo para explorar outros mercados. Acabamos por estar constantemente focados nos clientes actuais.

Isso também mostra que têm cada vez mais procura.

Sim. Existe uma filosofia segundo a qual, os clientes adquiridos são os mais importantes. Mesmo que seja um cliente novo, que potencialmente possa ser um belíssimo cliente, o cliente adquirido, aquele com quem já trabalhamos há um ano, continua a ser o mais importante. Portanto, procuramos fidelizar os clientes. O nosso objectivo último é o resultado do nosso cliente ser um sucesso, mesmo que isso ultrapasse um pouco aquilo que é o contrato inicial, porque isso fideliza o cliente. Sabemos que, se o serviço correr bem, o cliente vai lembrar-se de nós.

A ndBIM pode ser uma empresa útil na prestação de serviços num contexto de concursos públicos?

Para se utilizar o BIM num concurso público tem de se ir um pouco a montante e preparar legislação que institua o seu uso. Ou seja, um gestor de uma Parque Escolar, por exemplo, não tem, muitas vezes, a liberdade de contratar um serviço que não seja o standard dos serviços normalmente necessários para uma obra de uma escola, pois tem de obedecer a um conjunto de regras definidas e, a menos que haja uma nova portaria que institua que há uma especialidade – que é a especialidade BIM – que ele deve obrigatoriamente contratar, ele, mesmo que tenha essa visão, está limitado. Portanto, a nossa actuação principal tem sido no mercado privado porque, aí, o promotor, o gestor, toma as decisões que bem entender, desde que considere que isso traz maior valor para o seu projecto. Na área pública é um pouco diferente.

E no sentido de apoiarem as empresas do sector privado a apresentarem os seus projectos a concurso?

Isso sim. Por exemplo, agora estivemos envolvidos com uma construtora, que está a concorrer a um edifício público num país europeu. Basicamente, é um edifício com uma dimensão grande, maior do que é comum no país e, portanto, contrataram-nos para os ajudarmos a avaliar o risco de concorrerem a este projeto. Fazemos o modelo, avaliamos todas as quantidades e os trabalhos envolvidos e apoiamos a elaboração de erros e omissões para esta empresa. Depois, são eles próprios a avaliar se se justifica ou não concorrerem a esse projeto. É uma obra pública, somos contratados por uma empresa privada, como consultores, para os auxiliarmos a perceberem se aquela obra é ou não vantajosa para eles,até onde podem ir nos “apertos” dos preços e a partir de que ponto, potencialmente, irão perder dinheiro se ganharem a obra. De uma forma indirecta – sermos contratados por empresas privadas que estão a concorrer a concursos público ou a gerir obras públicas – é totalmente viável. Por outro lado, a ndBIM tem apoiado entidades públicas no sentido de desenvolver normas que mais tarde possam dar origem a portarias para um gestor de uma Parque Escolar ou de um hospital público poder contratar projectos ou consultoria BIM. É nesse sentido que temos um protocolo com o LNEC e coordenados um subgrupo de trabalho da Comissão Técnica 197 responsável pela produção da normalização BIM em Portugal.  Em resumo, neste momento, essa contratação directa da ndBIM é muito difícil, porque os gestores públicos ainda não têm essa liberdade mas, através das entidades privadas tradicionais que eles contratam, é viável. Podem contratar um arquitecto e o arquitecto contratar a ndBIM para o apoiar na coordenação de projecto. De outra forma ainda é um pouco difícil. Claro que, mesmo um gestor público, se quiser contratar a ndBIM diretamente, pode fazê-lo como empresa de coordenação de projecto. Obviamente que essa coordenação será feita por nós recorrendo à metodologia BIM com todos os beneficios que daí advém. Agora, a contratação do BIM por um órgão público de forma assumida, directa e explícita, vai exigir uma mudança a nível da legislação e das regras internas dos órgãos públicos. Mas, de uma forma indirecta, é possível.

Com oito pessoas neste momento, conseguem dar resposta às solicitações?

Conseguimos. Temos uma coisa de que nos orgulhamos muito: somos altamente eficientesPorquê? Porque tudo aquilo que qualquer um de nós descubra, implemente e se comprove mais eficiente, nós escrevemos e generalizamos a toda a equipa. Temos uma metodologia interna de gestão de conhecimento muito boa. São vários anos de experiência acumulada que é partilhada por toda a equipa. Sendo que, o facto da nossa equipa ser multidisciplinar permite uma flexibilidade na atribuição das tarefas. Qualquer pessoa nova que entre para a empresa tem um período de adaptação de um mês, para o qual temos um projecto-tipo. Essa pessoa lê os nossos processos internos todos, implementa-os durante um mês num processo real, em ambiente simulado e, no final, diria que estará com 80% dos conhecimentos que os seus colegas já têm. É uma formação intensiva que faz com que a nossa equipa possa crescer rapidamente. Temos um cliente muito bom em São Paulo, um verdadeiro parceiro, que, de vez em quando, me pergunta se temos capacidade para um determinado projecto. Respondo sempre que, se me avisarem com um mês e meio de antecedência, sabem que me podem enviar o que quiserem. É um mês e meio para integrar e formar as pessoas.

Ao longo dos últimos três anos, têm crescido em termos volume de negócio e carteira de clientes?

Sim. Temos crescido de uma forma que, por mais planeamento que eu fizesse, não imaginava que seria tão rica. Crescemos em mercados geográficos, o que é bom, por causa das crises, crescemos no perfil do cliente, uma vez que inicialmente o nosso cliente era construtor e agora, além dos construtores, já são projectistas e promotores imobiliários, e já temos até um cliente na área de gestão e manutenção.

O sector de “facility management” também beneficia com o BIM?

Sim, quer na componente de gestão de ativos quer na manutenção do edificio. Por exemplo, se alguém quiser fazer a reforma de um edifício, saberá quais as quantidades de materiais necessários para os compartimentos a reformar. Ou se quiser alterar o layout do edificio ou alterar a alocação das equipas aos espaços, saber as áreas de cada espaço simulando a sua alocação. Ou ainda facilitar e otimizar a gestão dos vários equipamentos do edificio (motores, elevadores, etc) referenciando a sua localização no edificio e automatizando os alertas de intervenções. Os cenários de utilização são imensos, mas o mais importante é que a informação está centralizada. Está tudo no modelo. Portanto, também estamos nessa área. Isso faz com que, em termos de carteira de clientes, tenhamos os promotores imobiliários, que são quem arranca com os processos, projectistas, construtores e equipas que fazem a gestão e manutenção. Temos facilidade em dar apoio a empresas portuguesas, que estão a trabalhar em Portugal ou lá fora, e empresas internacionais e isso dá-nos uma agilidade muito grande. Outra mais-valia para os nossos clientes é o facto de não sermos uma empresa regional, e sermos uma empresa internacional, que trabalha em vários mercados. Eu vou para o Brasil e trabalho com grandes empresas imobiliárias e, se vejo algo que é interessante, é uma lição aprendida que trago comigo para o meu gabinete. E vou aprendendo com todos eles. Se eu, a seguir, for contratado por outra empresa, vou levar-lhe o meu conhecimento e o melhor conhecimento que encontrei um pouco por todo o mundo e desta forma apoiar a empresa não só na implementação do BIM mas na optimização de todo o seu processo. Nesta área do BIM, uma coisa que é boa é que todos gostam de partilhar as boas práticas e nós, na ndBIM, promovemos, através de uma iniciativa que chamamos BIM Management Institute, conferências internacionais. Eu viajo muito e sempre que conheço alguém interessante nesta área, eu convido, para no ano seguinte, essa pessoa vir a Portugal apresentar o seu caso. Essa partilha de conhecimento acaba por ser interessante e quem colabora connosco acaba por, de uma forma indirecta, ir beber esse conhecimento internacional do melhor que se faz no mundo.

Acabaram por criar uma rede global de conhecimento?

Sim, e essa rede é essencial quando se trabalha numa área inovadora numa industria tradicionalmente pouco tecnologica. Permite-nos não reinventar a roda e exponenciar os resultados dos investimentos dos nossos clientes. Mas há outra coisa: na área de projecto de arquitectura ou de engenharia, já temos profissionais em Portugal que começaram a trabalhar com estas ferramentas BIM há bastantes anos e têm um conhecimento tão bom ou, em alguns pontos, talvez até melhor que o meu. Mas, na componente de promoção imobiliária ou gestão de obra já não é o caso. Eu já trabalho nisto há 12 anos e cooperei, inclusive, de forma intensiva no desenvolvimento dos softwares BIM lideres hoje no mercado. Apesar de haver outras empresas de consultoria e formação BIM em Portugal, a maior parte delas falta-lhes a experiência prática e o conhecimento de gestão de pessoas e da mudança. A componente mais fácil de uma implementação é a aquisição do software (Revit,o Archicad, Tekla ou outro), e ligar a um formador destes softwares e pedir-lhe uma formação. Mas o mais difícil é colocar as pessoas a trabalhar nesta metodologia e é essa competência de compreender como gerir a mudança organizacional que tenho mais orgulho e que mais distingue a ndBIM das restantes. Eu trabalho com pessoas há 12 anos e sei quais são os seus receios. Eu sei que, se abordar alguém sénior e com resistência a tecnologias e começar a apresentar o BIM como facilitador do processo, me vão dizer que desconfiam dos resultados da tecnologia ou que já trabalham há várias dezenas de anos de uma determinada forma e que o seu processo funciona. Toda a sua experiência e vivência têm bastante valor e o BIM não vem substituir isso, vem sim suportar e exponenciar essa experiência e intuição. Vem, então, proporcionar ferramentas que irão suportar a sua tomada de decisão. É muito importante que as pessoas compreendam que o conhecimento e a experiência adquiridos ao longo de anos, em engenharia, em arquitectura, são essenciais para o BIM, porque o BIM só me vai dar mais tempo para eu pensar sobre isso. A modelação da estrutura em ambiente BIM permite simular com mais rigor a solução estrutural e como a otimizar, permitindo o desenvolvimento de um maior número de cenários em menor tempo. Saber o custo? Desde que tenha uma base de dados de preços organizada e codificada e integrada com o software de modelação BIM, num reduzido espaço de tempo temos o orçamento produzido.. Acho que existem vários patamares nas carreiras das pessoas. Existe um patamar, quando uma pessoa começa, que consiste em ser bom tecnicamente, que é o que aprende na faculdade: fazer cálculo, saber compreender as questões funcionais, legislação, regulamentação, etc. À medida que evoluímos, ganhamos conhecimento técnico e experiência profissional, percebemos que, apesar de, na teoria, este dimensionamento, por exemplo, ser feito desta forma, nesta envolvente, potencialmente, consigo otimizar a solução e desta forma reduzir o custo com determinado material. Em resumo, na industria da construção temos de compreender que é importante acompanhar a evolução tecnológica e que temos de estar constantemente a evoluir e a aprender. Costuma-se dizer, noutras profissões, como é caso a medicina, que os médicos têm de estar constantemente a estudar e temos de perceber que, também na indústria da construção, temos de estar constantemente a vigiar o que de novo vai surgindo seja em termos de processos construtivos seja em termos de metodologias e tecnologias..

Têm concorrência?

Costumo dizer que depende da definição de concorrência. Há outras empresas que dão formação em BIM, mas que não considero concorrência porque lhes falta a experiência adquirida de 12 anos a trabalhar com esta metodologia. Não na área de projecto, onde já existem outros profissionais que trabalham nisso mas, na componente de promoção imobiliária, de viabilidade económica, de estudo de erros e omissões, orçamentação, planeamento de obras, não considero que tenha concorrência no mercado com a nossa experiência e resultados. Tenho concorrência, sim, em gabinetes parecidos com o nosso, que fazem implementações em ambiente de projecto. Agora, entre empresas que dão apoio a promotores imobiliários e a construtores, acho que não. Cá em Portugal, e mesmo no mundo, existem poucos. Nós temos apoiado numa perspetiva colaborativa e de parceria – e felizmente vive-se um ambiente muito saudável neste meio – outras empresas de consultoria BIM internacionais. Por exemplo, tenho estado a falar com uns colegas na Suécia e Hong Kong, que estão um pouco atrapalhados porque sabem trabalhar muito bem com softwares de modelação 3D, mas têm agora pedidos de construtores e promotores e não fazem a menor ideia do que é um orçamento ou um planeamento, etc. Eles sabem construir o edifício em 3D, mas não sabem como é que, em 3D, o edifício tem de ser construído para, mais tarde, fazerem um orçamento e um planeamento. Então, tenho estado a apoiá-los nesse âmbito.

Porque não sabem?

Uma das minhas referências quando me fazem essa pergunta é a história da Torre de Babel: um conjunto de habitantes de uma terra chamada Sinear queria construir uma torre para chegar até Deus e nunca conseguiram construir essa torre porque os deuses ao acharem esse objetivo prepotentes, puseram todos a falar línguas diferentes. Como não conseguiam comunicar entre si, não conseguiram construir a torre. Isso é o que se passa na indústria da construção: este sector funciona por silos. Temos um silo que são os promotores imobiliários, depois temos os arquitectos, depois temos os engenheiros, depois temos os construtores, depois temos os profissionais de gestão e manutenção. Se perguntar a todos eles quais os seus objectivos, cada grupo tem o seu objectivo. De uma forma simplificada, a perspetiva do promotor imobiliário é saber se o projeto que lhe apresentam terá custos reduzidos de construção, se originará boas vendas e se vai lucrar; o arquitecto não está tão preocupado com o custo. O Arquiteto quer um bom projecto, que todos reconheçam como muito bonito e funcional. O engenheiro, consoante a engenharia em causa, preocupa-se, por exemplo,com o cálculo estrutural e a segurança do mesmo. Depois, o construtor não quer saber se a estrutura do edificio está sobredimensionada ou não.. Ele parte do presssuposto que o projeto esta bem concebido e quer construir com o menor custo possível para ter uma maior margem. Então o foco dele é orçamentação e controle economico. Os profissionais da gestão e manutenção querem saber o que existe e o que terá de gerir e manter. O facto de todos não terem objectivos comuns, faz como que todos sejam, entre aspas, “egoístas”, ao longo do processo. Isto é o que se passa na indústria: esta falta de partilha de risco ao longo do processo. Existe uma metodologia que se chama “Integrated Project Delivery”, IPD, que está a ter muito sucesso a nível internacional e começa a ser bastante utilizada nos Estados Unidos em conjunto com a metodologia do “Value engineering”. Como funciona? Um promotor imobiliário faz um único contrato com os projectistas, com o construtor e com quem vai fazer a gestão e manutenção. E estes vários “stakeholders” recebem um “fee” no final do projecto, ou seja, têm os seus honorários mas, no fim, podem receber mais um prémio se conseguirem reduzir os custos previstos. A que leva isto? Imaginemos que eu vou pagar 1 milhão de euros de honorários ao arquitecto para fazer um projecto cuja estimativa de investimento inicial era de 50 milhões de euros. Se ele conseguir optimizar o projecto sem lhe retirar as suas funções e objetivos para a obra custar 48 milhões, e se isto, no final, efetivamente ocorrer, ele vai receber uma percentagem destes 2 milhões de otimização na proporção do valor dos seus honorarios. Assim, o arquitecto tem um aliciante para ter uma maior preocupação em procurar soluções eficientes que permitam a redução do custo da obra. A estrutura a mesma coisa, o projecto de ar condicionado idem, e etc. No final, o empreendimento, pelo qual eu estava disposto a pagar 50 milhões – em Portugal normalmente custaria 53, porque derraparia – passa a custar 48 milhões, porque todos os intervenientes conseguiram reduzir os custos e trabalharam em conjunto para o mesmo objetivo.

Nesse campo, o BIM pode ter um papel importante?

Pode ter um papel fundamental, porque apoia na coordenação e simulação de todas as especialidades. E qual é o nosso trabalho aqui? Por exemplo, o arquitecto propõe uma solução e os engenheiros das várias especialidades propõe as suas. A minha equipa inicia o processo de construção virtual das várias especialidades e propõe otimizações às mesmas alertando os projetistas para a omissão de informação e incompatibilidade entre especialidades. Assim, neste processo, todos trabalhamos para o mesmo objectivo. O objectivo é conseguirmos garantir a coordenação e definição do projeto no mais curto espaço de tempo. Ganham todos os intervenientes. O promotor pode iniciar a comercialização mais rapidamente e tem a garantia que o produto definido em fase de concepção (incluindo custo e prazo) é aquele que no final será construído. Os projectistas dedicam menos tempo a realizarem revisões de projeto e coordenação e têm uma maior garantia que o seu projeto está todo definido (reduzem o seu risco). E por fim, o construtor tem a certeza que em fase de obra terá toda a ifnormação necessária para construir o edificio sem percalços ou omissão de informação. Enquanto empresa, a postura da ndBIM consiste em apoiar os clientes nesse sentido, ou seja, ultrapassar as expectativas que eles tinham no início e, ao mesmo tempo, ter um trabalho de “evangelização” com as várias entidades envolvidas no processo, tentando explicar-lhes que, por exemplo, se os projectistas colaborarem connosco, apesar de não serem nossos clientes – o nosso cliente é o promotor – no final, também vão ganhar, porque terão poupanças nos respectivos processos internos e isso acaba por beneficiá-los. O BIM ajuda todos os intervenientes, é transparente e reduz o risco.

Sobre o autorPedro Cristino

Pedro Cristino

Mais artigos
Artigos relacionados
Drones e câmaras 360º ao serviço da TPF Consultores
O caminho do Simplex é “dar-nos liberdade, com responsabilidade”
Arquitectura
Alcácer do Sal tem a vantagem de “conseguir disponibilizar oferta para diferentes segmentos”
Imobiliário
CIMPOR conclui investimento de 155M€ no novo Centro de I&D
Empresas
Grupo Sanindusa aposta na produção de “energia limpa”
Empresas
Município de Barcelos vai investir 12,7M€ em novo pavilhão multiusos
Construção
Leandro Silva junta-se à AM48 como responsável pelas áreas financeira e de auditoria
Imobiliário
Forum Coimbra investe 12M€ em expansão de lojas âncora
Imobiliário
Abreu Logistics arrenda armazém logístico à Logicor
Imobiliário
TC dá luz verde ao município de Cascais para investimento de 12,5M€
Construção
default

Drones e câmaras 360º ao serviço da TPF Consultores

TPF Consultores

Num setor cada vez mais exigente, onde os prazos são curtos e a eficiência é essencial, tornou-se evidente a necessidade de adotar tecnologias que acelerem tarefas tradicionalmente realizadas de forma manual.

Neste contexto, a TPF Consultores tem vindo a incorporar soluções tecnológicas avançadas, como drones e câmaras 360º, para transformar a forma como realiza inspeções e capta a realidade nos seus projetos. Esta aposta estratégica permite aumentar significativamente a eficiência operacional, reforçar a segurança no terreno e disponibilizar soluções técnicas inovadoras, capazes de responder aos desafios atuais da engenharia e da construção civil.

 

Desde 2022, a TPF Consultores utiliza drones regularmente para executar levantamentos topográficos, medição de volumes em obra, produção de ortofotomapas, geração de nuvens de pontos e modelos digitais do terreno. Estes equipamentos, integrados com plataformas na nuvem, permitem o planeamento e a execução de voos automatizados, bem como o processamento e a análise dos dados recolhidos. Complementarmente, a utilização de câmaras 360º, aliada a ferramentas de comparação com modelos BIM, oferece uma experiência imersiva que possibilita inspeções mais completas e um acompanhamento detalhado da evolução das obras.

A aplicação destas tecnologias tem-se revelado eficaz em projetos de grande complexidade e dimensão, como o Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL) e a monitorização de barragens de rejeitados. Nestes contextos, os drones e as câmaras 360º permitem um acompanhamento contínuo e rigoroso, reduzindo a necessidade de deslocações em ambientes de risco, promovendo a segurança das equipas no terreno.

Atualmente, a TPF Consultores está registada como operador de UAS (sistemas de aeronaves não tripuladas) na plataforma da ANAC (Autoridade Nacional da Aviação Civil) e conta com quatro drones operacionais, operados por uma equipa qualificada de quatro pilotos remotos. Esta capacidade interna permite à TPF integrar de forma consistente e eficiente o uso de drones nos seus projetos, garantindo elevados padrões de qualidade, segurança e inovação.

A TPF Consultores mantém um compromisso firme com a inovação contínua, investindo em tecnologias que impulsionam a qualidade, a segurança, a sustentabilidade e a eficiência dos seus serviços. A adoção de drones e outras ferramentas digitais é um exemplo claro deste compromisso, assegurando soluções modernas que respondem às exigências crescentes do mercado e que promovem o desenvolvimento sustentável.

Sobre o autorBrand SHARE

Brand SHARE

Mais artigos
André Caiado, arquitecto e fundador da Contacto Atlântico
Arquitectura

O caminho do Simplex é “dar-nos liberdade, com responsabilidade”

Fundou a Contacto Atlântico há quase 30 anos e orgulha-se por ser um dos ateliers com mais “caminho” feito no mundo da arquitectura e com um conjunto de trabalhos assinados que vão desde a loja, ao escritório, à reabilitação de edifícios icónicos como o Quarteirão do Rossio ou o antigo edifício sede do Diário de Notícias. Acredita que o Simplex veio para ajudar e não complicar e com uma maior “liberdade, vem, também, uma maior responsabilidade”

O arquitecto André Caiado é o rosto à frente do atelier. O antigo espaço do estirador deu lugar a ecrãs onde se imaginam e desenham, tecla a tecla, os “sonhos” dos clientes. E não há mal nisso. A tecnologia está aí e é preciso aproveitar e tirar o melhor partido desta. “O arquitecto adapta-se a tudo”, diz e avança, mesmo que para isso tenha que, por vezes, recuar e relembrar que é no esquiço que nasce a ideia

Que balanço faz do vosso percurso?

Ao longo de 29 anos, quase 30, a Contacto Atlântico tem trazido imensa satisfação e eu diria quase felicidade durante o seu desenvolvimento como gabinete de arquitectura. Os projectos são entidades autónomas e são todas diferentes.

Portanto, o que acontece é que a probabilidade de termos projectos repetitivos é muito reduzida porque ou muda o cliente, ou muda o local, ou muda a condição da envolvente e, portanto, é um trabalho que é sempre novo. É um trabalho que se reinventa diariamente.

Ou seja, não há rotinas na vida de um arquitecto…

Sim, por outro lado as interacções entre as várias pessoas envolvidas também são diferentes porque um projecto, actualmente, é conciliar muitos interesses, entre o interesse do promotor que procura criar algo que lhe traga satisfação e o seu resultado económico.

O arquitecto acaba por ser um coordenador de vários intervenientes importantes durante o seu ciclo, entre o primeiro acto criativo de representação da intenção do cliente e a ter que um bocadinho de muitas coisas, a relacionar-se com conjuntos de realidades muito diversas ao longo do qual.

“O que o Simplex vem dizer é que, em determinadas situações, podes começar a construir desde que te responsabilizes por aquilo que estás a fazer. Acho que isso é importantíssimo numa sociedade onde o tempo de contexto representa mais de 30% do custo de um novo apartamento”

De que forma tem o atelier conseguido inovar e crescer? Qual o factor distintivo do vosso trabalho?

Há sempre um conjunto de pessoas que trazem consigo uma atitude muito curiosa. E, portanto, sempre que aparece qualquer coisa diferente, nós vamos tentar experimentar. Há uma vontade de experimentar o diferente e, quando ela é executada, há vezes que esse diferente é irrazoável e irrealista, mas há muitas vezes que esse diferente de facto tem uma componente de novidade, mas também de tecnologia e também de sucesso.

Eu lembro-me que começámos a trabalhar com um estirador e com tinta da China. Hoje não há estiradores, há computadores e há ferramentas tridimensionais fabulosas. Mas, por outro lado, não se perdeu o bloco com o papel vegetal, com o esquiço, para representar à mão as primeiras ideias do projecto.

Neste aspecto, a Contacto Atlântico foi-se adaptando aos tempos, sempre com a perspectiva de utilizar as últimas ferramentas tecnológicas, mas sem deixar de parte o traço criativo. Portanto, a primeira ideia, o primeiro esboço, o gabinete trabalha em todas as áreas de projecto e procura atribuir ao cliente o melhor que o cliente possa esperar em termos de soluções para o desafio que nos é apresentado.

Por outro lado, o facto de trabalharmos em todas as áreas da arquitetura, desde a industrial, a logística, a hospitais, restaurantes, de habitação a escritórios, de lojas, hotéis de luxo, permite-nos encaixar os diferentes ciclos do mercado. Se tivermos 15% de uma coisa, 20% de outra, 9% de outra, 14% de outra, as coisas conseguem acontecer de uma forma muito suave, é muito perigoso e às vezes é fácil deixar a empresa ir por um caminho, digamos, de monoproduto.

Acredito que esta é a aposta que leva a que o atelier tenha uma longevidade não muito comum neste tipo de negócio que é, pura e simplesmente, ser muito cuidadoso, dar os passos correctos, mas perceber, acima de tudo, que o objectivo é a satisfação do cliente e o sucesso do cliente, quer seja um sucesso emocional, como uma casa para um casal, quer seja um sucesso económico, como um promotor que pretende vender apartamentos ou explorar um hospital ou um restaurante.

Quais os principais desafios?

Acho que o desafio mais divertido é manter sempre na memória as palavras do Charles Darwin na evolução das espécies, quando ele escreve: “O mundo não é dos mais fortes. O mundo é daqueles que se adaptam mais depressa às alterações”. Nós fomos das primeiras equipas a adoptar o BIM em Portugal, há já uma década, e hoje acompanhamos as ferramentas de inteligência artificial todas que vão aparecendo e fomentamos na equipa esse acompanhamento e o aprofundar desses conhecimentos, nomeadamente, nos mais novos.

E depois é proporcionar à equipa a oportunidade de testar tudo. Nós estamos num momento onde, e eu já defini isto há algum tempo, onde eu começo a ver que começar a ter situações onde vamos ter um sistema automático com incorporação de inteligência artificial a aprovar projectos. É uma questão de tempo. É introduzir um conjunto de regras ao sistema, associar um modelo BIM e deixá-lo decidir se estão a ser respeitadas todas as regras. Em vez de termos um colega, um humano com uma lista, a fazer uma checklist a verificar se respeitámos todas as regras.

“Hoje com a IA a criação projectual representada verbalmente é, depois, representada não pelo esquiço, resultado do desenho manual ou da maqueta, mas pela imagem produzida por uma máquina que responde ao meu texto. Houve uma altura que eu pensei que isto podia destruir a profissão, mas hoje está claríssimo que não vai acontecer. Isto porque cada humano tem uma percepção da realidade envolvente de uma determinada maneira e vai deixar características suas no objecto criativo”

Estamos num caminho em que vimos a evolução da tecnologia em cada década, não é?

Absolutamente. Em cada década os saltos são gigantes, multiplicam-se várias vezes. O multiplicador é do para a tecnologia. Portanto, eu acho que não abraçar a tecnologia é suicido. Eu não diria o princípio do fim. É o fim do fim. É o suicídio directo. Já não há espaço para pôr as mãos nos olhos e não querer ver.

Que projectos foram mais marcantes?

É muito complicado conseguir escolher um projecto, mas há um que eu gosto especialmente, por ter sido um dos nossos primeiros projectos, que é o Clube Naval em Cascais, um projecto em betão branco onde nós desenhámos ao detalhe até os caixilhos das janelas. O betão branco requer que toda a infraestrutura seja desenhada e localizada dentro da laje, depois quando a laje é betonada, tudo o que não está feito já não se pode fazer porque o betão não é nem rebocado, nem pintado, como é descofrado, é como fica. Mas, também, porque naquele caso tratava-se de um equipamento público e, portanto, não era necessário ir ao encontro dos objectivos económicos de um cliente.

Um trabalho público, principalmente em termos de equipamentos e situações de concurso, é um trabalho onde a liberdade criativa é muito grande porque a conta é paga pelos impostos de todos e não há ninguém a dizer ao arquitecto que matéria deve ou não utilizar.

Estes projectos são interessantes por essa razão. E, depois, neste caso concreto, o uso do betão branco tornou o projecto extremamente desafiante em termos de metodologia construtiva.

Onde fica hoje o esquiço, o traço à mão? Ainda é valorizado?

Não há ainda outra opção, ou de outra maneira. O arquitecto é alguém que deve ter visto muito dos quatro cantos do Mundo. É importante é criar um universo de conhecimento na cabeça de cada um dos arquitectos. Por isso é que se diz, com uma certa graça, que o arquitecto é o homem velho. Não por ter 99 anos, mas por ter visto tudo. Por ter conhecimento. O arquitecto deve ter conhecido tudo. E, portanto, o arquitecto tem o projecto na cabeça. Como tirar o projecto da cabeça para explicar aos outros? Há dois caminhos. Um, que é perigosíssimo, eu conto uma história, que é a história do projecto. Só que o problema é que quando eu conto uma história, eu vou representar o imaginário e do outro lado as pessoas vão apreender dessa história aquilo que lhes interessa baseada na sua estratégia cultural. A outra alternativa é a passagem do cérebro para uma imagem através de uma representação do desenho.

Portanto, o famosíssimo esquiço do arquitecto, que tem a capacidade única de transmitir o meu sonho de uma forma realista, com menos filtros. Mas o grau de liberdade é muito menor do que uma descrição verbal e ao ser menor não temos o desencanto mais à frente e, portanto, ainda não há outra ferramenta que consiga ter a função do esquiço na representação. E quem diz o esquiço diz uma maqueta.

Portanto, a outra alternativa, para quem não tem jeito para desenhar, é fazer um pequeno modelo do edifício ou do objecto arquitectónico. Agora, no último ano, as coisas modificaram-se brutalmente outra vez e apareceu uma coisa que se chama Prompt. Portanto, há uma quantidade de ferramentas da inteligência artificial que cada dia melhoram, à qual o arquitecto descreve um determinado objectivo e a produção

é uma imagem. E, depois, eu vou produzindo uma nova descrição verbal, neste caso uma descrição escrita, e a ferramenta produz novamente uma imagem melhorada, e uma imagem melhorada, e uma imagem mais afinada, até o momento em que eu digo, ok, é mesmo isto. Isto é o meu objectivo. E nesse momento estou a tratar a IA como se fosse outro humano. Não deixa de ser assustador.

É engraçado termos chegado aqui a este paradigma, onde a criação projectual representada verbalmente é representada não pelo esquiço, resultado do desenho manual ou da maqueta, mas pela imagem produzida por uma máquina que responde ao meu texto. Vale a pena perceber que houve uma altura que eu pensei que isto podia destruir a profissão.

E actualmente já não está convencido disso?

Está claríssimo que não vai acontecer. Isto porque cada humano tem uma percepção da realidade envolvente de uma determinada maneira e vai deixar características suas no objecto criativo. O que nos salva é a nossa subjectividade e a IA poderá fazer sozinho milhares de soluções, mas só uma delas é que será apropriada para cada humano.

Então, face às reivindicações da profissão, umas mais antigas, outras mais recentes, como vê o papel da arquitetura na sociedade e junto de quem quer fazer cidade?

A arquitectura deve ser uma profissão de extrema humildade, porque tem um impacto brutal na cidadania. Quando no universo universitário eu pergunto aos alunos quem foi o maior ditador, normalmente os europeus todos respondem Hitler. O maior ditador para mim é o arquitecto que fez o apartamento onde eu vivo porque ele dita o percurso que eu faço entre a minha cama e a casa de banho todos os dias quando acordo. Por isso, a profissão deve ser olhada com extrema humildade, perceber o impacto da má decisão na vida das pessoas. Se eu fizer um degrau sozinho no meio de uma sala, eu tenho uma probabilidade imensa de provocar contínuas quedas de pessoas que não vêm o degrau.

De facto, a arquitectura é uma profissão que as pessoas abraçam por amor à arquitectura, não é? Aliás, eu acho que o arquitecto não é quem estuda arquitectura. O arquitecto é quem gosta de arquitectura. Eu posso dizer que alguns dos mais famosos arquitectos de sempre não estudaram arquitectura de início. É o caso da Zahid, que era Matemática, ou o mais famoso arquitecto holandês, Ren Koolhaas, que era jornalista ou até o Ricardo Bofill que nunca concluiu o curso de arquitectura.

E digo isto mesmo tendo sido professor catedrático de arquitectura de projectos durante 20 anos, mas acho mesmo que, mais do ter a formação de arquitetura, a chave é querer ser arquitecto.

“O facto de trabalharmos em todas as áreas da arquitetura, desde a industrial, a logística, a hospitais, restaurantes, de habitação a escritórios, de lojas, hotéis de luxo, permite-nos encaixar os diferentes ciclos do mercado”

Na prática, de que forma tem sido aplicado o Simplex e de que forma o arquitecto pode utilizar as novas regras também para se salvaguardar?

O Simplex faz todo o sentido na medida em que eu defendo a responsabilização dos profissionais. O que o Simplex vem dizer é que, em determinadas situações, podes começar a construir desde que responsabilizes por aquilo que estás a fazer. Acho que isso é importantíssimo numa sociedade onde o tempo de contexto representa mais de 30% do custo de um novo apartamento.

Na Contacto Atlântico, utilizamos todas as semanas projectos em modo de comunicação prévia para zonas consolidadas dos centros das cidades que não estão protegidas pelo património. Portanto, sim, é uma vantagem brutal. Por outro lado, cria uma muito saudável questão de responsabilidade em que o arquitecto já não vai tentar ver se dá para pôr mais um andar em cima daquilo, porque se correr mal, corre muito mal para ele próprio, por causa da maior responsabilização. Eu sou favorável a que, quando eu cometer o erro crasso de pôr seis pisos, quando o loteamento diz cinco, que venham buscar-me ao escritório e me levem de braço dado com o promotor e com o construtor para a prisão e que haja condenação de quem incumprir brutalmente de uma forma mais do que óbvia com aquilo que são as suas obrigações profissionais. Portanto, eu penso que é altamente positivo. Eu libertaria ainda mais as responsabilidades dos municípios e responsabilizaria ainda mais os engenheiros, os arquitectos, os construtores e os promotores.

Que conselhos daria aos jovens arquitectos que estão a iniciar? 

O conselho é nunca desistir. Never, ever, ever, ever give up. O Mundo é daqueles que não desistem. A pessoa, the only ones that wins, the only one that never gets portanto, quer continuar a insistir no seu sonho. Eu acho que isto acontece em todas as áreas, em todos os assuntos quem nunca desiste acaba por ser bem-sucedido e acaba por chegar a qualquer lado.

Sobre o autorCidália Lopes

Cidália Lopes

Jornalista
Mais artigos
Metropolitan Living
Imobiliário

Alcácer do Sal tem a vantagem de “conseguir disponibilizar oferta para diferentes segmentos”

Nos próximos anos, a Metropolitan Living prevê investir perto de 80 milhões de euros, repartidos pelo pipeline de 200 apartamentos para Lisboa e dois novos projectos de turismo residencial em Alcácer do Sal. Uma nova aposta da empresa e cuja localização, Ricardo Kendall, CEO Metropolitan Living, acredita ter “potencial” e com valores mais adequados ao perfil nacional

Cidália Lopes

Ricardo Kendall e Vera Kendall são o rosto da Metropolitan Living. Depois do sucesso das residências de estudantes Smart Studios e da alienação dos seus activos, estudos e análises de mercado levaram-nos para o mercado turístico. Alguns dos edifícios que já vinham da anterior empresa foram adaptados a este novo negócio.

Depois da venda da Smart Studios centraram a vossa actuação em apartamentos turísticos com a Metropolitan Living, inclusive mantendo alguns dos activos que já vinham da empresa anterior. Qual o motivo para esta mudança de estratégia?

Existe uma série de estudos, sobretudo da consultora McKinsey, altamente especializada em turismo, que mostram que nos próximos 10 a 15 anos vai existir um grande boom no turismo a nível mundial. Países como a India, a China, a Indonésia, que representam mais de 50% da população mundial, vão registar um amento significativo da sua classe média. Esta classe média vai viajar mais, e por isso acreditamos que Portugal estará no radar destas pessoas como um dos destinos turísticos mais procurados na Europa, prevendo-se que o sector do turismo ganhe assim ainda mais robustez do que a tem hoje, em Portugal.

O turismo tem vindo a ganhar grande destaque nas últimas décadas, impulsionado pela diversidade e a oferta de qualidade, faz, por isso, todo o sentido apostar no sector, e os apartamentos turísticos são uma parte importante da indústria de turismo e hospitalidade. A Metropoltan Living dispõe de vários apartamentos, para estadias temporárias ou de longa duração, e têm-se revelado a alternativa de excelência aos hotéis tradicionais. Os turistas procuram nesta solução ter mais conforto, privacidade e flexibilidade, muitas vezes esta é também a resposta mais adequada para turistas que viajem em grupos. Termos mais pessoas e por mais tempo em virtude da oferta e da experiência que conseguimos proporcionar será a tendência.

A Metropoltan Living dispõe de vários apartamentos, para estadias temporárias ou de longa duração e os turistas procuram nesta solução ter mais conforto, privacidade e flexibilidade ou é também a resposta mais adequada para turistas que viajem em grupos

Como olham para o sector e quais as principais tendências que antecipam?

A Metropolitan Living entrou num segmento muito específico com os apartamentos turísticos. A estratégia foi retirar da equação as três áreas onde, se perde mais dinheiro num formato de hotel e que são, tradicionalmente, o restaurante, o bar e a recepção. É tudo feito através das OTA’s, plataformas digitais que ligam os viajantes aos diversos serviços de viagem, como o booking ou o airbnb, e através do seu smartphone têm acesso ao edifício e ao seu apartamento. Outra mudança que adoptámos foi equipar todos os quartos com kitchenette, transformando todas as unidades em formato de apartamento, versátil e prático. Assim, também asseguramos, por exemplo, situações inesperadas, como uma eventual segunda pandemia, ou um downturn na economia em que o turismo estagna, e desta forma é possível alugar estes apartamentos a médio e longo prazo, e não ter um embate tão negativo, como teve a hotelaria tradicional durante o período da pandemia.

Esta tendência que estamos a criar, de apartamentos turísticos, com registo destes edifícios em modelo H1, modelo que não tem, por exemplo, obrigatoriedade de ter garagem ou elevador, e que são condições que a generalidade destes edifícios mais antigos da capital não tem, e que são o nosso mercado, para comprar e reformular na totalidade, e depois a superação de expectativas e o pricing são a nossa grande aposta.

Esta tendência que estamos a criar, de apartamentos turísticos, com registo destes edifícios em modelo H1, modelo que não tem, por exemplo, obrigatoriedade de ter garagem ou elevador, e que são condições que a generalidade destes edifícios mais antigos da capital não tem, e que são o nosso mercado, para comprar e reformular na totalidade, e depois a superação de expectativas e o pricing são a nossa grande aposta.

O “potencial” do Alentejo

O Olive Green é o vosso primeiro projecto fora de Lisboa. Apesar de ser também um produto turístico, este apresenta características distintas e um público-alvo diferenciado. Quais as principais diferenças?

O Olive Green é um projecto que se distingue desde logo pela sua essência, por ser uma oportunidade de escolher um estilo de vida equilibrado, consciente e cuidado, num local calmo e envolto na natureza, para tirar proveito das experiências e do momento, e também pela arquitectura, desenhada para se harmonizar e integrar com o ambiente.

Apresenta-se, por isso, como uma escolha ideal tanto para residência permanente como para segunda habitação. Os preços também se distinguem, começam nos 168 mil euros, sendo por isso uma oferta apelativa, acessível e direccionada para o público nacional. O metro quadrado aqui ronda os cerca de 4.700 euros, em contraponto com os cerca de 10 mil a 15 mil euros praticados na vizinha Comporta, preços incomportáveis para a generalidade dos portugueses.

Fruto desta diferenciação, preço, proximidade e qualidade, são já 24 os apartamentos vendidos em planta, ainda sem terem arrancado as obras de construção no terreno. É também um projecto diferenciador que redefine o conceito de habitação sustentável e moderna e se destaca da oferta imobiliária local, como um conceito apelativo para as famílias, com um conjunto de espaços comuns que permitem realizar diversas actividades.

Não sendo um formato turístico puro, a sua génese é residencial, haverá com certeza compradores investidores que poderão desejar rentabilizar o seu investimento, até porque Alcácer do Sal não tem, ainda, restrições para o alojamento local, e neste sentido, se assim houver interesse, a Metropolitan Living assegurará esse serviço aos seus clientes.

Porquê a escolha de Alcácer do Sal?

Alcácer do Sal é uma das cidades mais antigas da Europa, com mais de 3000 anos, uma cidade bonita, com rio, a 85 km de Lisboa, a pouca distância do futuro aeroporto e a cerca de 23 km das praias e da Comporta. A vantagem desta localização privilegiada são também as infraestruturas da cidade, nomeadamente acessos, centro de saúde, escolas, espaços de lazer e cultura e espaços comerciais, e com a chegada de novas famílias jovens haverá lugar para novos negócios e empreendedorismo na cidade, criando também novas oportunidades e um novo mercado, além das inúmeras actividades de lazer que se pode fazer desde canoagem, stand up paddle, golfe,  passeios de barco na Reserva Natural do Estuário do Sado, percorrer os trilhos de bicicleta ou pela ciclovia que liga a cidade às praias.

Por isso, Alcácer do Sal tem muito potencial, com a vantagem de conseguirmos disponibilizar oferta residencial e turística para diferentes segmentos o que, naturalmente, terá maior abrangência em termos de alcance e diversidade dos interessados, quer de nacionais quer de estrangeiros.

O próximo grande investimento será também em Alcácer do Sal, onde comprámos recentemente mais um terreno, e onde vai nascer um segundo projecto na região, o Salt Residences, com características mais exclusivas, mais direccionado para o segmento de luxo

Que outras localizações estão, também, no vosso radar? Que características procuram?

O próximo grande investimento será também em Alcácer do Sal, onde comprámos recentemente mais um terreno, e onde vai nascer um segundo projecto na região, o Salt Residences, com características mais exclusivas, mais direccionado para o segmento de luxo. Nós acreditamos e estamos a apostar muito nesta localização e nesta região porque reconhecemos o seu potencial.

Neste caso será um projecto diferente, composto por 25 moradias/vilas, com um pricing bem distinto, com valores acima de um milhão de euros. Localizado junto à estrada da Comporta, num terreno mais nobre em termos de privacidade e iniciámos agora o processo de licenciamento. Estes dois projectos em Alcácer do Sal, Olive Green Residences e Salt Residences, envolvem um investimento bastante avultado, na ordem dos 60 milhões de euros, por isso, sim, apostamos e acreditamos no potencial da região. Alcácer do Sal vai tornar-se num sítio com muita vida, aprazível e que os portugueses vão conseguir alcançar e onde vão querer estar.

Depois, estamos também a investir em Lisboa, através da Metropolitan Living, com características mais citadinas. Neste momento temos cerca de 80 apartamentos em Lisboa já em operação e mais três prédios, em obras e em licenciamento, o que perfaz um pipeline de 200 apartamentos. A ambição é chegar aos 500 apartamentos, mas há o obstáculo dos preços, que estão demasiado elevados, e por isso esta ambição poderá não ser alcançada já, mas acredito que chegaremos aos 300/350 apartamentos.

Qual a estratégia de crescimento da Metropolitan Living para os próximos anos? Que investimento está previsto?

A estratégia mantém-se no aumento do número de apartamentos turísticos em Lisboa, através da compra de edifícios mais antigos e com boa localização. Como já referi, estamos com um pipeline de 200 apartamentos na capital, há negociações a decorrer para outros prédios, e estamos com uma oferta recente para um prédio com 25 apartamentos no centro da cidade. Acreditamos que a ambição de alcançar as 500 unidades será num horizonte, talvez, a 10 anos, mas nesta fase estamos compradores de mais prédios em Lisboa, embora neste momento os valores estejam tão elevados que está a ser difícil comprar. O investimento envolvido nesta fase para a concluir o pipeline dos 200 apartamentos chega aos 20 milhões de euros.

Sobre o autorCidália Lopes

Cidália Lopes

Jornalista
Mais artigos
Empresas

CIMPOR conclui investimento de 155M€ no novo Centro de I&D

Segundo os responsáveis da empresa, o novo Centro de I&D da CIMPOR será um polo de inovação em construção sustentável, ciência de materiais e transformação digital, com o objetivo de ser um hub de desenvolvimento de soluções que minimizem o impacto ambiental da construção e contribuam para um futuro mais sustentável

CONSTRUIR

A CIMPOR anunciou um investimento de 155 milhões de euros nas áreas da inovação e sustentabilidade, através da modernização do Forno 7 e da criação de um Centro de Investigação e Desenvolvimento (I&D). O ministro da Economia, Pedro Reis, visitou o Centro de Produção da CIMPOR, em Alhandra, onde acompanhou os trabalhos e foi apresentado o projeto do futuro Centro de I&D.

O novo Centro de I&D da CIMPOR será um polo de inovação em construção sustentável, ciência de materiais e transformação digital, com o objetivo de ser um hub de desenvolvimento
de soluções que minimizem o impacto ambiental da construção e contribuam para um futuro mais sustentável. O edifício incorporará cimento verde à base de argila calcinada (LC³), que irá
permitir reduzir significativamente as emissões de CO₂, e agregados reciclados, contribuindo para a diminuição da extração de recursos naturais.

Para Cevat Mert, CEO da CIMPOR Portugal e Cabo Verde, “a apresentação destes dois projetos é um momento importante para nós porque evidencia os progressos que levámos a cabo desde que apresentámos o nosso plano de investimento na modernização dos nossos centros de produção. Por outro lado, o futuro centro de R&D é também um sinal da nossa crença no talento português, na força do seu tecido industrial e no papel que Portugal pode desempenhar na transformação do setor da construção por toda a Europa”.

A investigação e desenvolvimento do novo Centro concentrar-se-ão em áreas-chave para a sustentabilidade, incluindo tecnologias de redução de CO₂, como o desenvolvimento de
cimentos com baixo teor de clínquer, captura de carbono e combustíveis alternativos. A reciclagem de betão e a economia circular serão também áreas prioritárias, com a criação de processos para reutilizar betão demolido como matéria-prima. Já a digitalização e a inteligência artificial (IA) serão utilizadas para otimizar a produção, a manutenção e a eficiência energética,
com o desenvolvimento de gémeos digitais e sistemas de monitorização inteligente. No Centro inclui-se ainda investigação da impressão 3D de betão para construção modular, eficiente e
com mínimo desperdício, e a prototipagem rápida de materiais e estruturas.

Sobre o autorCONSTRUIR

CONSTRUIR

Mais artigos
Empresas

Grupo Sanindusa aposta na produção de “energia limpa”

O projecto abrangeu a instalação de 4.733 painéis solares numa área total de 12.206 m2, representando uma potência global de 2,6 MWp. Com esta medida, o Grupo Sanindusa passa a garantir 25% de autoconsumo

CONSTRUIR

O Grupo Sanindusa, fabricante nacional de soluções para casa de banho e cozinha, concluiu recentemente a instalação de painéis fotovoltaicos nas suas três unidades industriais localizadas em Aveiro, Oiã e Tocha.

O projecto abrangeu a instalação de 4.733 painéis solares numa área total de 12.206 metros quadrados (m2), representando uma potência global de 2,6 MWp. Este investimento tem como principal objectivo “o reforço da produção de energia limpa para autoconsumo, aumentando a eficiência energética e competitividade da empresa”.

Com esta medida, o Grupo Sanindusa passa a garantir 25% de autoconsumo, o que permitirá uma redução significativa da sua fatura energética, bem como a redução de cerca de 1.200 toneladas de CO₂ por ano.

Em comunicado, a Sanindusa, entende que este investimento representa mais um “passo decisivo” na concretização da visão de longo prazo do Grupo. “Acreditamos que o verdadeiro progresso só é alcançado quando há um equilíbrio entre desempenho económico, responsabilidade ambiental e compromisso social. Neste contexto, procuramos constantemente inovar e expandir o negócio de forma sustentável, através da implementação de práticas que minimizem o impacte ambiental, a promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e diversificado e a adoção de um modelo de governação assente na transparência e na ética”.

Paralelamente à aposta na energia solar, a Sanindusa tem vindo a implementar diversas iniciativas complementares, nomeadamente, a reutilização e uso eficiente da água nos processos produtivos, reciclagem e incorporação de resíduos industriais, reaproveitamento da energia térmica proveniente de fornos e caldeiras e o desenvolvimento de produtos com base em matérias-primas recicladas, no âmbito da economia circular.

No seguimento da sua participação na Agenda Mobilizadora ECP – Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal, o Grupo está, ainda, a desenvolver uma nova linha de produtos sanitários com menor pegada ambiental. Este projecto inclui novas formulações de pastas cerâmicas que integram resíduos industriais em substituição de matérias-primas virgens, bem como novos vidrados que permitem a cozedura a temperaturas mais baixas, reduzindo o consumo energético.

Sobre o autorCONSTRUIR

CONSTRUIR

Mais artigos
Construção

Município de Barcelos vai investir 12,7M€ em novo pavilhão multiusos

Localizado nos terrenos contíguos ao Campo de Treinos e Estádio Cidade de Barcelos, o complexo do Multiusos engloba um parque de estacionamento exterior com capacidade para cerca de 180 lugares de veículos ligeiros, acessos de automóveis e autocarro, percursos de ligação ao atual complexo desportivo

CONSTRUIR

O Município de Barcelos acaba de lançar um concurso público com vista à execução dos trabalhos de construção do novo pavilhão multiusos da cidade, espaço que o município liderado por Mário Lopes espera que seja “um equipamento de referência destinado a acolher grandes eventos, congressos e grandes assembleias, exposições e feiras, espetáculos de entretenimento, concertos musicais e outros eventos públicos e culturais”.

Segundo a autarquia, o estudo prévio relativo à Construção do Pavilhão Multiusos foi agora aprovado, estando já em curso o respectivo concurso público.

Localizado nos terrenos contíguos ao Campo de Treinos/Estádio Cidade Barcelos, o novo Pavilhão Multiusos tem um custo estimado de 12,7 milhões de euros. Depois de estar concluído o processo de concurso público da empreitada, o prazo de execução da obra é de 24 meses. A área de intervenção, incluindo espaços exteriores, abrange 27 000 m2.
Segundo a nota justificativa do estudo prévio, “a construção deste equipamento visa dar resposta às necessidades identificadas a nível regional, implementando-se numa localização com fácil acesso a diversos meios de transporte, vias de comunicação, bem como uma forte proximidade ao centro da cidade”.

O equipamento proposto destina-se a acolher atividades que requerem espaços fechados de grandes dimensões, sendo determinante o controlo das condições interiores nomeadamente acústicas, e grande versatilidade no uso dos espaços em qualquer um dos cenários previstos, área de palco e áreas de apoio ao público. Trata-se de um equipamento de interesse público, utilização coletiva e multifuncional, com capacidade de dar resposta à cidade e a uma região alargada. No âmbito deste projeto, foram conjeturados múltiplos cenários de utilização, propondo diversos layouts correspondentes às diferentes solicitações, para acolhimento de eventos de diversas escalas, promotores e naturezas, tais como: espetáculos de música e entretenimento; dinamização de congressos e eventos corporativos; eventos de caráter político, religioso e cultural; montagem de feiras com stands modulares.

Localizado nos terrenos contíguos ao Campo de Treinos e Estádio Cidade de Barcelos, o complexo do Multiusos engloba um parque de estacionamento exterior com capacidade para cerca de 180 lugares de veículos ligeiros, acessos de automóveis e autocarro, percursos de ligação ao atual complexo desportivo, e a praça exterior sobrelevada onde será localizado o pavilhão multiusos com uma área de cerca de 7 500 m2 de área de implantação. Sob a plataforma da praça exterior, estão ainda previstos lugares para veículos pesados de suporte a eventos, autocarros, e veículos de socorro.

Multiusos terá uma nave com 3 pisos
O novo Pavilhão Multiusos desenvolve-se numa nave principal com três pisos e um pé direito mínimo de 13m úteis, capaz de acolher uma grande diversidade de eventos. No nível inferior, localizam-se o plano de eventos, bem como a totalidade dos espaços complementares e suporte para a realização de espetáculos.
O espaço será dotado de um piso que possibilite o acolhimento de diferentes eventos em pisos adaptados para o efeito.
Com capacidade para acolher mais de 3 500 pessoas, o recinto pode receber um palco com uma área de montagem de 13x17m, ao lado das áreas de apoio designadamente camarins. A estrutura estará dimensionada e equipada para suspensão de equipamento e cargas adicionais num truss metálico suspenso no teto.
Ao nível da galeria localizada no piso 3, ficarão localizados os camarotes corporativos e no lado oposto localizam-se as áreas destinadas à comunicação social equipadas com mesas de jornalista rebatíveis.
No topo sul, e beneficiando de sobre-elevação da laje localiza-se uma área de restaurante/bar para o público, podendo incorporar uma área de esplanada exterior com vista privilegiada para o estádio e campos de treino, e possibilidade de funcionamento autónomo, em dias sem eventos.

Sobre o autorCONSTRUIR

CONSTRUIR

Mais artigos
Leandro Silva, novo presidente do Conselho de Administração
Imobiliário

Leandro Silva junta-se à AM48 como responsável pelas áreas financeira e de auditoria

“A entrada do Leandro Silva traduz o nosso compromisso com uma liderança sénior, experiente e com provas dadas, capaz de apoiar o Grupo num momento de afirmação. A sua visão estratégica e profundo conhecimento do sector financeiro são determinantes”, afirmou Alejandro Martins, CEO da AM48

CONSTRUIR

O promotor imobiliário Grupo AM48, a operar no mercado nacional há mais de 12 anos, anuncia Leandro Silva como novo presidente do Conselho de Administração, sendo que será ainda responsável pelas áreas Corporativa, Financeira e de Auditoria, reforçando e consolidando, de forma estratégica, a estrutura de governance e gestão da organização. A integração insere-se no “plano de crescimento e profissionalização” do Grupo, reflectindo o compromisso da empresa com os mais elevados padrões de excelência, transparência e boa governação financeira.

Com uma carreira sólida no sector bancário e financeiro, Leandro Silva traz consigo uma vasta experiência nacional e internacional em cargos de elevada responsabilidade, nomeadamente em Macau no Banco Nacional Ultramarino (BNU) e em Cabo Verde no Banco Comercial do Atlântico e na Companhia de Seguros Garantia.

A carreira de Leandro Silva inclui, ainda, as passagens como administrador executivo do Banco Montepio e do Banco de Empresas Montepio e como chief procurement officer do Grupo Caixa Geral de Depósitos. Além do sector financeiro, fez ainda parte do XV Governo Constitucional, como adjunto do Chefe de Gabinete e Conselheiro do Ministro da Economia.

“A entrada do Leandro Silva traduz o nosso compromisso com uma liderança sénior, experiente e com provas dadas, capaz de apoiar o Grupo num momento de afirmação. A sua visão estratégica e profundo conhecimento do sector financeiro são determinantes para continuarmos a reforçar e a consolidar os elevados padrões financeiros, éticos e estratégicos do grupo” refere, Alejandro Martins, CEO da AM48.

Já Leandro Silva, administrador da AM48, afirma que “é com enorme entusiasmo que abraço este novo desafio. Acredito no projecto, na visão estratégica do Grupo e na sua ambição de se afirmar como um player de referência no mercado nacional, com padrões de governação sólidos e uma visão a longo prazo. Estou certo de que o reforço da estrutura corporativa e financeira será um pilar essencial no crescimento sustentável da organização e estou convicto de que poderei contribuir para o crescimento do grupo”.

Ópera LX, Focus LX, The Boulevard, Santa Joana, Promenade, Foz de Prata e a Quinta do Alverde, estando para breve o anúncio de um dos maiores projetos no Concelho de Loures com cerca de 400 fogos e ainda cerca de 5000m2 de comércio, são alguns projectos que fazem parte do portfólio da AM48.

Sobre o autorCONSTRUIR

CONSTRUIR

Mais artigos
Imobiliário

Forum Coimbra investe 12M€ em expansão de lojas âncora

Primark, Stradivarius e Pull&Bear, Lefties terão mais cerca de quatro mil m2 de área. Durante as obras de remodelação, que terão início em Maio de 2025, as lojas irão manter a sua actividade com ligeiros constrangimentos

CONSTRUIR

O Forum Coimbra acaba de anunciar um investimento de 12 milhões de euros na expansão de quatro lojas âncora do centro gerido pela Multi Portugal. ZARA. Primark, Stradivarius e Pull&Bear, Lefties terão mais cerca de quatro mil metros quadrados (m2) de área.

Durante as obras de remodelação, que terão início em Maio de 2025, as lojas irão manter a sua actividade com ligeiros constrangimentos.

A loja Zara, que passará a ter 3.684 m2, vai ser uma das maiores do País localizada num centro comercial, a Primark vê a sua área duplicar para 4.103 m2 e tornar-se a segunda maior da insígnia em Portugal e a Stardivarius e a Pull&Bear também duplicam as suas áreas e irão manter-se no mesmo piso.

A estratégia de expansão das lojas onde operam estas marcas surge da necessidade de “aumentar” as suas superfícies de vendas, com vista a concentrarem no Forum Coimbra as suas principais lojas da região, ficando assim dotadas das características necessárias para poderem suportar uma procura mais alargada.

“É com enorme orgulho que damos mais um passo na renovação e requalificação dos espaços do Forum Coimbra com o objectivo de proporcionar uma visita ainda mais cómoda e completa aos nossos visitantes e maior visibilidade às nossas lojas consolidando o Forum Coimbra como o principal centro comercial da Região Centro e uma referência no nosso mercado. A expansão de lojas âncora e o facto de, em alguns casos, serem das maiores do nosso país, vai totalmente ao encontro desta estratégia.” afirmou João Vaz, director do Forum Coimbra.

O Forum Coimbra é um centro gerido pela Multi Portugal e conta com uma área bruta locável de 48 mi m2, sendo o maior da Região Centro. Conta com 141 lojas, distribuídas por três pisos comerciais, seis salas de cinema, uma área de restauração com 1 070 lugares sentados e 30 restaurantes e disponibiliza 2 579 lugares de estacionamento gratuitos.

Sobre o autorCONSTRUIR

CONSTRUIR

Mais artigos
Imobiliário

Abreu Logistics arrenda armazém logístico à Logicor

A Abreu Logistics tem nova plataforma logística em Palmela, a empresa do grupo Abreu arrendou um armazém de cerca de 19.500m2 em Palmela à Logicor. O negócio foi intermediado pela Cushman & Wakefield, em representação da Abreu 

CONSTRUIR

A Cushman & Wakefield (C&W) representou a Abreu Logistics no arrendamento de um armazém logístico com aproximadamente 19.500 m², em Palmela. O activo, gerido pela Logicor, é a nova plataforma da Abreu Logistics no distrito de Lisboa.

Com acesso directo à autoestrada A2, principal corredor logístico que liga Lisboa a Madrid, a nova plataforma da Abreu Logistics terá capacidade total de 19.500m², com solução de armazenagem em Rack e Massa. O espaço inclui ainda 21 cais de carga e descarga e 200 lugares de estacionamento.
“Situado num dos principais polos industriais da região de Lisboa, este armazém destaca-se pela sua localização estratégica com ligações rodoviárias excepcionais. A proximidade ao centro de Lisboa e a Setúbal assegura uma conectividade ímpar, permitindo uma resposta ágil às necessidades da Abreu Logistics. Estamos, por isso, muito satisfeitos por termos encontrado a solução ideal para o nosso cliente concentrar as suas operações”, afirma Sandra Ferreira, consultora sénior na Cushman & Wakefield.

‘’A nossa nova plataforma logística vem reforçar a nossa estratégia junto dos nossos parceiros, assente na flexibilidade e adaptação de recursos operacionais, tecnologia de informação, gestão eficiente e melhoria continua de processos”, refere David Cerqueira, director nacional logística e qualidade, Abreu Logistcs, empresa do Grupo Abreu, fundado em 1840, a Abreu Logistics conta com uma ampla experiência na gestão de transporte de carga, desde 1895, e cujo crescimento no mercado transitário a nível mundial (carga aérea, marítima e rodoviária) levou à autonomização do negócio em 1994.

Sobre o autorCONSTRUIR

CONSTRUIR

Mais artigos
Construção

TC dá luz verde ao município de Cascais para investimento de 12,5M€

O investimento engloba a instalação de 444 câmara de videovigilância e a construção de Centro de Controlo e Segurança Municipal, espaço que vai ficar integrado num edifício que está a ser construído junto ao novo polo universitário de Tires

CONSTRUIR

O Município de Cascais vai instalar 444 câmaras de videovigilância, após ter obtido o visto do Tribunal de Contas, num investimento municipal de 12,5 milhões de euros.

Depois de Cascais ter ultrapassado todos os procedimentos legais e processuais, o Tribunal de Contas deu luz verde e o município avança com a instalação do sistema de videovigilância de espaço público.
Ao todo as 444 câmaras serão instaladas em locais criteriosamente escolhidos pela Polícia de Segurança Pública e pela Guarda Nacional Republicana. Entraram em linha de conta factores como o histórico de ocorrências, índices criminais, concentração de multidões, circuitos de passagem, entre outros.

O sistema de CCTV, videovigilância de espaço público, tem como objectivo proteger pessoas e bens, prevenir a prática de crime, promover uma melhor capacidade de resposta e coordenação por parte das forças de segurança.
Em Cascais as forças de segurança vão poder visionar estas imagens no Centro de Controlo e Segurança Municipal, espaço que vai ficar integrado num edifício que está a ser construído junto ao novo polo universitário de Tires (perto do Aeródromo Municipal de Cascais) e que irá albergar as áreas de Segurança, Protecção Civil e Informação e Tecnologia. Este edifício representa um investimento de 7,5 milhões de euros e ficará dotado com uma sala de comando e uma de crise, com tecnologia moderna para assegurar a mais alta resiliência dos meios de alarmística e comunicações no caso de catástrofe.

Sobre o autorCONSTRUIR

CONSTRUIR

Mais artigos
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB

Navegue

Sobre nós

Grupo Workmedia

Mantenha-se informado

©2025 Construir. Todos os direitos reservados.