“O resultado é uma comunidade eclética e plurifuncional”
O colectivo MASS Lab + Mandaworks, foram os vencedores do concurso “Aviapolis Urban Blocks”. Em entrevista ao CONSTRUIR explicam como propõem transformar 240 mil m2 num distrito “vibrante e resiliente”
Ana Rita Sevilha
Análise: Mercado de escritórios em Lisboa em “forte recuperação”
Soluções do Grupo Preceram para a reabilitação e reconversão do edificado
OERS acolhe primeira edição dos ‘Prémios de Excelência na Academia’
B. Prime coloca modelo “inovador” da Regus em Lisboa
Porcelanosa: “2024 será marcante para o desenvolvimento da construção offsite em Portugal”
Dstgroup integra laboratório vivo para a descarbonização “Afurada LL”
CIN investe 3,5M€ na automação do Centro de Distribuição de Tintas na Maia
Freeport Lisboa Fashion Outlet lança nova fase de remodelação
Kyndryl expande colaboração com a consultora EY
Museu do Biscainho e ICOMOS debatem reabilitação no património
A proposta dos portugueses MASS Lab, desenvolvida em parceria com os suecos da Mandaworks, para a concepção de um plano urbano para uma área com cerca de 240 mil m2, próxima de Helsínquia, na Finlândia, foi distinguida com o primeiro prémio pelo júri do concurso internacional “Aviapolis Urban Blocks”.
Segundo o colectivo português, a proposta para a primeira fase de desenvolvimento de Aviapolis incrementa “o potencial da área para gerar trocas culturais e formas de viver” e simultaneamente, promove desafios ambientais através de inovadores sistemas colectivos e circulares”.
Em entrevista ao CONSTRUIR, o gabinete português fala sobre “Where the world meets Finland”- a designação da proposta -, e como a mesma se pretende configurar num “vibrante e resiliente novo distrito”.
Quais os principais desafios com que se depararam no desenvolvimento deste projecto?
Mass Lab: O maior desafio foi o de integrar uma proposta num lugar praticamente vazio, sem referências na envolvente a que nos pudéssemos aproximar. A grande mais valia do lugar é a sua estratégica localização geográfica e a esperança e pretensões que existem para o seu futuro.
Percebemos que a resposta estava na integração de vários tipos de ocupação e funções. A dificuldade esteve em encontrar um equilíbrio nesta fusão que permitisse potenciar aquilo a que nos propúnhamos: criar uma maior diversidade nos tipos de ocupação capaz de oferecer diversidade aos seus residentes e ainda reagir eficazmente às questões ambientais levantadas no programa.
O ponto forte do projecto reside na diversidade dos blocos que encorajam a combinação de diferentes alturas, tipologias, configurações e usos. O resultado é uma comunidade eclética e plurifuncional, onde os residentes podem escolher como viver.
De que forma a proposta incrementa o potencial da área para as trocas culturais e as formas de viver?
O bloco residencial proposto oferece aos seus residentes espaços colectivos de diferentes escalas – da casa ao bloco, da rua ao distrito – cozinhas colectivas, saunas, jardins elevados, espaços polivalentes, centros de bicicletas eléctricas e cafés de reparação e de aluguer de ferramentas, lavandarias colectivas, salas de estar comuns, postos de carregamento de carros eléctricos, salas de cinema, salas de jogos virtuais, áreas de cultivo e estufas de uso colectivo, espaços para impressão 3D, espaços de reciclagem, praças de “plug-and-play” e fontes de energia.
As proporções dos blocos e dos espaços envolventes asseguram a flexível e equilibrada distribuição de todas estas funções, permitindo que os espaços se renovem e intercalem ao longo do tempo.
Se no bloco urbano tradicional Finlandês todos os habitantes experienciam condições semelhantes, o nosso bloco oferece maior diversidade, promovendo uma maior variedade de gostos e estilos de vida.
O que vai caracterizar este novo distrito?
Enquanto extensão do contexto local, Aviapolis tende a crescer no sentido de se tornar um distrito com uma malha densa de edificado.
A nossa estrutura parte de um “frame plan” pré-definido e organiza-o em pequenos blocos de habitação, com uma escala mais humana.
O principal espaço social do distrito forma-se no encontro da direcção das duas grelhas de edificado, a vegetação e o curso de água pré-existentes são preservados e reconhecidos enquanto matriz para a estrutura do novo parque.
Dentro da grelha urbana, nota-se a priorização da mobilidade pedonal e em bicicleta e do transporte público, através da valorização do espaço público e criação de “social atoms”.
Os “social atoms” – densa rede de funções e actividades partilhadas – formam uma rede de espaços construídos e não-construídos que viabilizam as actividades “circulares” capazes de se estender a toda a Aviapolis. Estes, existem como consequência da acentuada mistura de tipos de ocupação: diferentes tipologias residenciais, de serviços e comerciais.
A sustentabilidade era uma das premissas do programa e na vossa descrição mencionam que a proposta promove desafios ambientais. Do que estamos a falar mais concretamente?
Falamos da construção de um distrito eficiente em recursos, que está conectado com o mundo e que, simultaneamente, envolve os seus residentes locais. Aviapolis tem a capacidade de se tornar um projecto emblemático para o desenvolvimento de economias circulares e sistemas partilhados, em que muitos deles utilizam o potencial do lugar e maximizam os sistemas performativos da própria paisagem, tais como: recolha das águas pluviais; reutilização e filtragem de águas residuais, crescimento de biodiversidade, captação de CO2, produção de energias inteligentes, ciclos de gestão de resíduos e produção de pequena escala.
Quais os próximos passos ao nível do desenvolvimento do projecto?
O desenvolvimento do projecto passa agora por uma primeira fase administrativa de reunião de interesses entre proprietários de terrenos, promotores imobiliários e pelo município. Numa segunda fase será desenvolvida a primeira fase proposta no projecto que servirá de projecto piloto para o restante processo.
Galeria de imagens: