Engenheiros precisam-se
Mineiro Aires lamenta que “os engenheiros tenham sido afastados de lugares que lhes competem e dos quais foram sendo paulatinamente afastados e substituídos por quem não detém competências para o efeito. E reitera: Portugal não está a formar engenheiros suficientes para as suas necessidades
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Nem a presença do primeiro-ministro na sessão de encerramento do Congresso demoveu Carlos Mineiro Aires da crítica dura ao papel a que os Engenheiros estão a ser votados não só no seio da Administração Pública como na Economia, muito graças ao papel da legislação em vigor. O bastonário da Ordem dos Engenheiros falava por ocasião do encerramento do Congresso da Ordem, que se realizou em Coimbra e dedicado, este ano, à “Engenharia e Transformação Digital”. Há, no entanto, questões que vão muito além da transformação tecnológica que importa discutir e a que a profissão está sujeita. Para Mineiro Aires, “a desarticulação de serviços essenciais da administração pública, onde o corte cego das gorduras excessivas levou à extinção ou enfraquecimento de muitas instituições, o que o tempo trouxe à evidência, não foi, em alguns casos, a decisão mais acertada, pois o Estado saiu enfraquecido”. O bastonário acrescenta que “os engenheiros deixaram de ocupar lugares que lhes competem e dos quais foram sendo paulatinamente afastados e substituídos por quem não detém competências para o efeito, num processo que é branqueado pela entidade que o deveria acautelar”, reforçando a ideia de que “a situação por que ainda passam muitas das poucas empresas que conseguiram sobreviver à crise, a perda de competências e mão-de-obra, o estado da empregabilidade e a desadequação remuneratória da maioria dos nossos membros, continuam a ser assuntos preocupantes e que seguimos com muita atenção”. Existe, no entender daquele responsável, “um conjunto de situações que contribuem para o desprestígio da profissão e para o desrespeito pelas qualificações profissionais dos engenheiros, a que as Leis da República têm vindo a dar cobertura, indo ao ponto de permitirem o exercício de actos de engenharia por quem não detém competências para o efeito”.
Problema internacional
Além da questão interna, que reflecte um certo desrespeito pela profissão, o bastonário da Ordem dos Engenheiros alerta para as implicações do quadro de qualificações que está em vigor. Mineiro Aires, que lamenta a ausência de resposta por parte do Governo a propósito de um pedido de audiência, salienta que “os mercados internacionais nas suas licitações não aceitam os licenciados de cinco e seis anos, pois estes não são mestres, única designação que lêem na Lei portuguesa que hoje atribui a quem detém formações de ciclo longo”. Para o bastonário, “nos países com quem temos acordos de cooperação apenas reconhecem os antigos Licenciados de cinco e seis anos ou os actuais mestres de cinco anos, não admitindo os novos licenciados de três anos, o que os impede de se poderem enquadrar nestes acordos de mobilidade”. (Também) a este respeito, o bastonário da Ordem dos Engenheiros avisa que “Portugal não está a formar um número suficiente de engenheiros que permitam assegurar no curto prazo a competitividade da economia nacional, nas mais diversas áreas de engenharia, nomeadamente nas vertentes tecnológicas e nas especialidades mais exigentes e que geram maior procura de quadros”.
Novos paradigmas
O bastonário da Ordem dos Engenheiros assegura que a direcção a que preside “está atenta à mudança dos paradigmas, à evolução das tecnologias, aos desafios da educação e da qualificação, às necessidades do País e ao papel dos engenheiros do Futuro”, reforçando a ideia de que “a mudança de paradigmas na engenharia – a maneira de pensar e imaginar soluções, a alteração das formas tradicionais de conceber, projectar, criar ou construir, gerir e manter –passaram a fazer parte da nova realidade e postura dos engenheiros, mesmo nas actividades mais resistentes à mudança”. Já para o primeiro-ministro, António Costa, “nenhum país pode continuar, como Portugal tem tido, infelizmente, nas últimas décadas, inúmeras hesitações relativamente a grandes empreendimentos, umas vezes adiando aquilo que, mais tarde, se veio a verificar ter sido um erro, outras vezes precipitando obras que, mais tarde, se têm vindo a verificar” que deveriam e “poderiam ter sido evitadas”. Mineiro Aires defende que “as esperanças do nosso desenvolvimento e crescimento não se podem compadecer com posturas estáticas e desatenções para com as novas realidades que hoje nos rodeiam e que já começaram e passarão a condicionar o futuro global colectivo”.
Estudo
O Congresso que reuniu mais de 700 engenheiros em Coimbra coincide com a apresentação de um estudo, da responsabilidade da consultora Michael Page, que conclui que a procura por engenheiros quase duplicou desde 2016 e que os salários não querem ficar atrás nas subidas: já valorizaram 15%. O estudo da consultora Michael Page assinala que “actualmente os perfis de engenharia têm todos muita procura” mas destaca as áreas de manutenção e engenheiros de processo, com 25% de procura, seguidos dos supervisores de produção com 20% e, finalmente, as áreas de qualidade, logística e produto. Também são os responsáveis de manutenção que poderão receber o salário mais elevado: em Lisboa, a remuneração vai dos 40 aos 60 mil euros brutos anuais. No Porto, a fasquia começa nos 44 mil e termina nos 58 mil euros por ano. No setor da construção, um chefe de obra poderá auferir entre 31 mil e 45 mil euros em Lisboa; e entre 31 mil e 43 mil euros se for no Porto. No caso de um engenheiro de gabinete técnico, o salário varia entre 22.500 euros e 30 mil euros para Lisboa, e entre 15 mil e 25 mil euros para o Porto. A função de responsável de gabinete técnico pode auferir um salário entre 28 e 35 mil euros em Lisboa, e 24 e 35 mil euros no Porto.
“Ao nível das competências, as empresas valorizam candidatos com background técnico, com competências comunicacionais e de relacionamento interpessoal e que saibam idiomas. Da parte dos candidatos e com muita oferta disponível, estes privilegiam o pacote salarial que inclua também uma remuneração variável, bem como flexibilidade horária e seguro de saúde”, acrescenta Pedro Mira Martins, Executive Manager da Divisão em Lisboa