StoneCITI: O hub tecnológico que vai dar inteligência à pedra
Dez milhões de euros vão transformar a antiga fábrica Pardal Monteiro, em Sintra, num hub de inteligência e tecnologia da Pedra Natural. O projecto pretende revolucionar um cluster que tem um crescimento anual de dois dígitos e tem um volume de negócios de 1.2 mil milhões de euros
Manuela Sousa Guerreiro
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É nas antigas instalações da Fábrica Pardal Monteiro, em Pêro Pinheiro, no município de Sintra que irá nascer a StoneCITI, o hub de inteligência e tecnologia da indústria da pedra natural. A iniciativa é da Associação para a Inovação e Tecnologia em Pedra Natural, AITPN, fundada pela Assimagra e pelo Instituto Superior Técnico e conta com o apoio da Câmara Municipal de Sintra e de um conjunto de empresários do sector. Aqui irá nascer um centro tecnológico que reunirá todas as competências necessárias ao desenvolvimento do sector industrial associado ao fabrico de materiais e produtos de pedra natural. As obras de qualificação e reconstrução da antiga fábrica estão avaliadas em cerca de dez milhões de euros, dos quais “quatro milhões de euros serão financiados através do POR e seis milhões directamente pelo cluster”, confidenciou ao Construir Miguel Goulão, vice presidente da Assimagra – Recursos Minerais de Portugal, entidade que representa mais de 240 pequenas e médias empresas do sector.
A AITPN terá a missão de implementar um plano tecnológico que vai permitir em 10 anos triplicar a competitividade das empresas desta indústria, através da implementação do desenvolvimento de novas soluções, processos e sistemas de fabrico, e incrementar no mínimo dez vezes os níveis de qualificação profissional existentes na fileira. “Somos um sector que tem um potencial económico enorme. Acima da indústria extractiva em Portugal só o sector das telecomunicações é que tem um valor acrescentado maior que o nosso. Apesar do sector ter apenas 0,05% do total das empresas portuguesas acrescentamos 0,32% em termos de valor acrescentado bruto e este rácio diz muito do potencial que este sector pode ter”, sustenta Miguel Goulão.
Mas esta é uma indústria que pouco valor acrescenta ao seu produto. Cerca de 35% das exportações são em bloco. E é aqui que o StoneCITI poderá criar a diferença. Este hub foi idealizado para mudar o paradigma em torno da utilização deste recurso que é a pedra natural, acelerando a aproximação entre a indústria e as novas tecnologias, com vista a incrementar exponencialmente a eficiência e a sustentabilidade económica e ambiental do sector. “É verdade que 35% das nossas exportações são em bruto, é um valor significativo mas no passado já teve um peso de 50%. Estamos numa rota de evolução e o StoneCITI vem acelerar esse processo. Queremos liderar as principais iniciativas internacionais para o desenvolvimento do sector”, defende Miguel Goulão.
A valorização da pedra natural pode dar origem a novos produtos e para isso é importante a relação da indústria com a cadeia de valor, designadamente arquitectos, designers, engenheiros, contribuindo para o desenvolvimento de novas soluções. “Queremos dar inteligência à pedra para que esta possa ser usada de uma forma mais sustentável e ter mais do que uma utilização meramente decorativa. Por exemplo, a pedra tem uma capacidade de reter calor como mais nenhum material tem e se nós lhe dermos essa capacidade em energia os edifícios podem estar forrados a pedra e cumprir com a função de produção de energia”, exemplifica o responsável.
O envolvimento do Instituto Superior Técnico (IST), cujo o forte historial de ligação ao sector empresarial é reconhecido nacional e internacionalmente, assume nesta parceria a responsabilidade da formação e também do desenvolvimento conjunto com as empresas que ali se instalarem. Uma grande parte das novas instalações que serão criadas irá albergar os laboratório do IST que, lado a lado, com a indústria irá explorar as potencialidades do recurso natural.
“Estamos a criar o layout que irá contemplar, para além das áreas do IST e das empresas que ali se quiserem instalar, um espaço comum de investigação e desenvolvimento. Importa salientar que este é um projecto de base local mas de abrangência nacional e internacional”, sublinha Miguel Goulão. “Pêro Pinheiro enquanto localização tradicional de muitas empresas do sector pode ser o ponte de partida ideal, tendo em conta a proximidade a Lisboa, para criar um efeito de contágio e alargar a implementação dos resultados das experiências e pesquisas levadas a cabo na Stone CITI. Este pólo pode servir de atracção a um público académico jovem, possibilitando a formação de recursos humanos muito valiosos para o sector”, afirma.
A criação deste centro tecnológico vai introduzir um maior valor acrescentado à indústria e produção nacionais, num cluster que tem hoje um peso importante no comércio externo português, para além de ser um peça importante no plano de desenvolvimento do sector que deverá valer 1% do PIB até 2030. Com um crescimento anual de dois digitos, 2019 foi o melhor ano de sempre do sector com as exportações a atingirem 430 milhões de euros, face à procura de França, China, Espanha, Alemanha e dos EUA.