Quebra nas vendas, problemas de liquidez e dificuldade de pagamentos de salário
Com o país e a economia em estado de emergência são muitos os constrangimentos que o tecido empresarial enfrenta por estes dias. É preciso ir mais longe nas medidas de apoio apela a CCIP.
CONSTRUIR
Estudo: 50% das empresas estão dispostas a pagar mais por ‘smart buildings’
Architect@Work cresce em área de exposição e consolida presença em Lisboa
PAF Advogados assessora aquisição de imóveis no valor de 70 M€
Consumo de electricidade diminui em Novembro
PortalPro reforça presença em Portugal através de parceria com a Improxy
Elisabet Guasch assume vice-presidência de Recursos Humanos para a Ibéria da Schneider Electric
Retail Mind desenvolve quatro novos retail parks em Portugal até 2027
Mexto inicia construção e comercialização do edifício S. Gens 15
Renovação de Estádio de la Meinau utiliza fuselagem de 30 Airbus
Architect@Work, Openbook, a Marina de Vilamoura e a remodelação da Almirante Reis em destaque na edição 520 do CONSTRUIR e Traço
Os resultados do inquérito realizado pela Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP) sobre o impacto do coronavírus na actividade empresarial em mais de 160 empresas são preocupantes: quebra nas vendas, problemas de liquidez e dificuldade de pagamentos de salários, são alguns dos principais problemas registados.
Os números revelam que mais de 68% das empresas inquiridas sentem um impacto negativo ao nível das vendas no mercado nacional. A maioria das empresas (57,7%) estima que o declínio das vendas em 2020 possa ser superior a 20%. Esta expectativa é ainda maior para as microempresas já que 72,4% estimam uma quebra superior a 20% nas vendas. A seguir às vendas os problemas ao nível da tesouraria estão também no centro das preocupações de 37,2% das empresas inquiridas. É sobretudo ao nível das pequenas empresas que este problema é mais significativo.
E a perspectiva futura não é animadora, com o estudo a revelar um aumento do número de empresas que ficarão em pior situação à medida que o tempo passa. Entre os principais factores indicados como os que mais podem prejudicar a actividade empresarial 78,8% dos inquiridos mantém a preocupação com a diminuição da procura, para 55,9% os problemas de tesouraria vão agravar-se e a quebra de produção não augura nada de bom para 36,6%. “As empresas estão igualmente preocupadas com a falta de liquidez e 23,1% dos inquiridos referem que não conseguem resistir mais de 30 dias sem receber um apoio para as necessidades de tesouraria. Parte significativa das empresas (30%) refere ainda não estar em condições de cumprir com as obrigações salariais e fiscais de Março e Abril”, refere o inquérito da CCIP.
O contexto exige a implementação de medidas extraordinárias e o Governo lançou um pacote de medidas inicial mas ainda é preciso mais. Entre as medidas já adoptadas, “94,3% das empresas considera a isenção temporária do pagamento de contribuições à Segurança Social e a flexibilização do pagamento de impostos (93,1%), como sendo as medidas de apoio, mais importantes, anunciadas pelo Governo. A concessão de uma linha de crédito foi também uma das medidas consideradas importantes por 83,9% das empresas, assim como moratórias no crédito e nos juros, bem como a manutenção dos postos de trabalho (lay off) referido por 77,6% e 75,7% respectivamente”.
Entre as várias medidas que as empresas gostariam de ver implementadas destaca-se a importância para que empresas públicas e o estado paguem a horas. O estado demora em média 75 dias a pagar a fornecedores, quando a média europeia é de 42 dias.
Bruno Bobone, Presidente da Câmara de Comércio, reconhece o esforço do Governo português na implementação de medidas de apoio à economia, contudo afirma que é urgente ir mais longe.”O nosso tecido empresarial, constituído essencialmente por pequenas e médias empresas necessita de medidas que travem a sua asfixia financeira, por isso é fundamental a isenção de pagamentos de alguns impostos e segurança social, a concessão de empréstimos a fundo perdido ou mesmo a criação de um programa cheque empresa. Por outro lado, é fundamental aumentar as linhas de crédito à medida que o tempo for passando e garantir a sua verdadeira flexibilização”, avança.
Este estudo recolheu respostas de 161 empresas, de diversos sectores de actividade – comércio (16,2%), indústria (18,6%) e serviços (65,2%) entre 18 e 22 de Março. Foram analisados os resultados globais e apuradas também as respostas por dimensão: microempresas (47,8%); pequenas empresas (35,5%); médias empresas (14,2%) e grandes empresas (2,5%), sendo que a dimensão se baseia apenas no critério do volume de emprego, não tendo sido considerado o volume de negócios.