Arquitectura

“Comunicamos através do desenho e não através da fala nem da escrita”

Numa grande entrevista à Traço, um dos mais conceituados arquitectos da actualidade faz o retrato da profissão, os desafios e as dificuldades, de uma classe “que nem sempre está unida”, considera. Acima de tudo, Miguel Saraiva acredita que é no acto de desenhar que está a base de toda a arquitectura, assim como no tempo “que é tão importante” para os arquitectos

Cidália Lopes
Arquitectura

“Comunicamos através do desenho e não através da fala nem da escrita”

Numa grande entrevista à Traço, um dos mais conceituados arquitectos da actualidade faz o retrato da profissão, os desafios e as dificuldades, de uma classe “que nem sempre está unida”, considera. Acima de tudo, Miguel Saraiva acredita que é no acto de desenhar que está a base de toda a arquitectura, assim como no tempo “que é tão importante” para os arquitectos

Cidália Lopes
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Miguel Saraiva fundou o atelier de arquitectura há quase 25 anos e, desde então, tem crescido e ganho notoriedade. Foi com a aposta nos mercados internacionais que conseguiu ultrapassar a crise e trazer para Portugal o know-how e a experiência que o distingue e que é hoje o ADN da Saraiva e Associados. Deixar um legado de qualidade e de valorização da profissão é o seu objectivo

 Como se sente ao ver o seu nome associado a grande parte dos projectos que estão a ser desenvolvidos neste momento?

Sinto orgulho na maior parte deles, realização profissional e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade. Tira-me horas de sono e enche- me de angustia. Eu costumo dizer que todos os dias tenho que viver com os meus erros. Não os posso enterrar porque eles são visíveis…e são muito expostos e por isso não gosto de errar e gosto de fazer bem

É muito perfeccionista?

Cada vez sou mais perfeccionista, o que me preocupa imenso. Num mercado onde a perfeição cada vez é mais desconsiderada…

Acha?

Acho… Acho que a obra construída dá reconhecimento, mas para chegar a essa mesma perfeição e a esse mesmo reconhecimento é necessário um envolvimento e uma energia tão grande que, pela sua dedicação ao desenho, à coordenação e ao acompanhamento de obra, muitas vezes não se reflecte no produto final.

Há uma luta constante entre aquilo que o arquitecto desenha e, depois o que o promotor pretende ou que pode ser concretizado. Ainda sente isso?

Eu acho que o maior desafio na arquitectura hoje é a relação entre o arquitecto e o promotor. O desafio, que devia estar concentrado no objecto, na cidade, está muito concentrado entre a relação do arquitecto e o promotor. É de um grande desgaste e porquê? Porque tudo ‘versa’ tempo e quando assim é, o tempo de maturação, de reflexão, de desenvolvimento é muito curto e isso gera conflitos e gera erros.

E hoje em dia como é feito o acompanhamento das obras?

Acompanho as obras com mais dificuldades, mas também tenho uma equipa muito mais sénior do que tinha anteriormente, que trabalha comigo, em média, há 15, 20 anos e isso permite uma grande facilidade de comunicação entre os colaboradores mais antigos. Eles também se reveem na obra e no meu pensamento o que acaba por tornar mais fácil o acompanhamento da obra. Eu gosto muito de obra e sempre que possível gosto de ir às obras.

Mas a sua experiência também tem que ter algum peso…

Aquilo que eu sinto é que os clientes talvez me ouçam mais do que me ouviam há 10 anos. Também a minha experiência internacional é hoje muitas vezes usada e aplicada no mercado nacional e por isso talvez os clientes tenham mais curiosidade em ouvir-me e, por outro lado, reconhecem uma determinada qualidade e por isso talvez me deem um pouco mais de liberdade. Mas essa liberdade é muito condicionada pelo tempo de execução e o tempo de execução é o maior inimigo hoje do arquitecto. Nós temos pouco tempo para conceber, nós temos pouco para coordenar, nós temos pouco tempo para desenvolver, para responder e para acompanhar a obra. O desafio é a questão do tempo, na relação com o cliente e com os outros agentes envolvidos no processo.

E como se pode gerir esse tempo?

Actualmente, existe a perfeita consciência que para desenvolver um projecto temos menos tempo que uma entidade pública tem para o aprovar, que uma entidade como a fiscalização ou a project manager tem para a analisar e, por isso, na minha perspectiva todo o processo está subvertido, porque a base de tudo isto é a concepção arquitectónica. E a concepção arquitectónica não se esgota só na ideia geral da arquitectura, vai muito além disso e por isso neste momento o desafio está em sensibilizar da nossa parte, e isso vem no seguimento de um processo de credibilização da nossa parte juntos agentes e promotores, em relação à necessidade desse mesmo tempo de maturação da ideia.

Não é um processo automático em que o arquitecto se senta e começam logo a ‘sair’ traços…

Não é…não é. Cada processo é único,  indiferentemente da escala, do uso ou do local. Pode até ser de uma escala mais reduzida e ser mais complexo. Há projectos de raiz de grande escala que são menos complexos do que projectos menores, como os da área da reabilitação.

Esta questão do tempo é recorrente e parece-me que alguns promotores já estão mais sensíveis ao tema, contudo, sentem-se também eles pressionados para necessidade de apresentar o projecto, dos prazos de licenciamento, entre outros….

Eu acho que a encomenda, seja privada ou pública, não tem a mínima noção do tempo que é necessário para se desenvolver um projecto. Isto é uma questão cultural. No Norte da Europa, por exemplo, sabemos que vamos ter mais tempo e isso vai mudando quanto mais ‘descemos’ na Europa. A ‘latinidade’ reflecte-se ainda na gestão dos projectos, quando se acha que um projecto não precisa de tempo e que este é uma ideia que cai do céu e pela qual não é necessário reflectir.

Mas o tempo é também um grande inimigo do promotor porque por um lado prejudica a sua operação (custos associados, risco de mercado, preço de construção a aumentar), por outro lado, a qualidade do seu trabalho e a marca que quer constituir decai se não der o tempo suficiente, mas também, se o tempo for em excesso. Mas eu entendo essa pressão do cliente em relação ao tempo. E é preciso ter em conta que grande parte deste processo é consumido em termos de tempo pelas entidades públicas, que são elas que criam de certa forma, e isto tem que ver com o sistema organizacional e não com as pessoas, que se baseia num sistema piramidal. Sabendo de desta situação, o promotor tenta ganhar tempo onde? Na concepção do projecto para que este entre rapidamente na Câmara. Isto reflecte-se no tempo de execução do projecto, da obra, na revisão do projecto, tudo isso é penalizado pelo tempo que é consumido pelas entidades públicas. Não faz sentido.

Sendo o tempo tão importante já trabalhou com algum promotor que lhe desse ‘tempo’?

Devo dizer que trabalho com alguns sim, que me dão tempo, porque têm a perfeita consciência de que o produto que querem por no mercado, seja ele hoteleiro, seja promoção residencial, que não é por mais seis meses ou menos seis meses que vai fazer a diferença. Aquilo que os preocupa, e isso é um reflexo dos pós-crise, é que há um foco maior na qualidade. E o promotor do pós-crise é muito mais profissional do que o anterior à crise. Por isso, hoje há menos curiosos e mais profissionais nesta industria.

Imaginava que há quase 12 anos o atelier teria a dimensão e o trabalho que tem hoje?

Foi uma fase tão negativa que cheguei a pensar que dificilmente na minha geração voltasse a haver trabalho que permitisse o atelier manter esta dimensão e ainda por cima crescer. Devo dizer que a nossa estratégia durante a fase da crise foram os trabalhos no estrangeiro e por isso o atelier passou muito bem essa fase e, inclusive, crescemos. O sair bem da crise permitiu posicionarmo-nos no mercado nacional de uma forma diferenciadora, não perdemos a prática profissional e isso é muito importante. Eu costumo dizer que o arquitecto tem uma pratica muito idêntica ao cirurgião porque ambos usamos a cabeça e a mão. Mantivemos uma estrutura muito organizada e muito sólida, que além de desenhar presta um conjunto de serviços aos clientes e isso hoje é muito importante, o nós associarmos o acto de projectar ao acto de uma prestação de serviços e da gestão do processo faz toda a diferença num cliente profissional e acho que os clientes têm hoje a perfeita noção disso e que tendo em conta o nível de exigência que existe no mercado têm que andar de mão dada.

Ainda desenha?

Desenho imenso sim…é uma belíssima pergunta. Vejo-me como o fio condutor da parte conceptual toda do atelier e por isso é que estou aqui todos os dias desde as 7h45 até às 22h só tratando da parte comercial da empresa e a fazer contas, não é possível. A base da minha vida profissional é o desenho. É evidente que entre o desenho e a posição de um director criativo elas misturam-se. Hoje o tempo não me permite acompanhar os processos de A a Z  constantemente, mas tenho momentos em que gosto de desenhar, gosto de participar na coordenação e onde decido tudo o que é a materialidade dos edifícios na fase de execução.

E se lhe perguntar alguma coisa sobre um determinado projecto sabe dizer?

Sim, sei tudo sobre os projectos. Parece mentira mas é a pura da verdade e os meus clientes sabem disso. E isso é importante para mim. Que o mercado não reconheça isso é-me completamente indiferente. Mas os meus clientes sabem disso e que o meu envolvimento com o trabalho é total e que o meu desenho está sempre presente.

A obra, que hoje começa a ser reconhecida como a obra da Saraiva & Associados, tem um determinado caminho, uma determinada linguagem e eu acho que essa linguagem é reconhecida e é o reflexo do meu pensamento, é o reflexo daquilo que eu gosto de impor pela positiva de um determinado caminho de desenho.

O atelier transmite, obviamente, a sua maneira de pensar e de ver a arquitectura. O que é que define melhor a arquitectura da Saraiva e Associados?

É uma arquitectura que reflecte pensamento arquitectónico e desenho urbano. Que baseia os seus princípios numa relação da ideia com a funcionalidade e o preço de execução com um determinado timing de desenvolvimento. Não gosto de dizer que é uma arquitectura minimalista, não gosto de a classificar. Gosto de dizer que tem sido um caminho, nos últimos 24 a 25 anos, de passo a passo, consistente e, cada vez mais, baseada numa determinada história que eu quero contar e que eu tenho vindo a contar.

Como é que gostaria que vissem a sua arquitectura daqui a 100 anos?

Nunca pensei nisso, apesar de ter feito edifícios que tenho a certeza que vão durar  100 anos o que é uma grande responsabilidade. Isso aumenta a minha responsabilidade no acto de projectar porque sei que os meus edifícios vão ficar para além da minha existência. Não sei se vão ser objecto de estudo, não tenho essa pretensão. Não sei se vão ser objecto de referência, não tenho essa pretensão, mas gostaria que fossem vistos como um acto sério de arquitectura. E é evidente que com o volume de trabalho que tenho tido irei deixar uma marca mas que seja de qualidade, e que se perpetue no tempo e não reflicta apenas um momento ou uma moda.

Além da qualidade a questão da funcionalidade dos edifícios através do tempo é também importante…

Sim, claro. Pelo menos nos edifícios públicos. Não acho que a habitação tenha evoluído assim tanto como outro tipo de usos. Quer dizer evoluiu em termos de conforto mas ao nível da funcionalidade é muito idêntica de há 50 anos. Mas num edifício publico, se ele se perpetuar no tempo também na sua funcionalidade, quer dizer que eu pensei e desenhei não para hoje mas para amanhã. Não sei se tive essa ‘arte’ mas o tempo também o dirá. Eu acho que as tecnologias que temos hoje ao nosso dispor permitem que os edifícios seja mais versáteis no tempo e por isso que tenham maior capacidade de adaptação no tempo.

Retomando a questão do trabalho no estrangeiro, considera que é ainda muito diferente trabalhar cá dentro e trabalhar la fora hoje em dia?

Primeiro considero que Portugal tem belíssimos arquitectos. A qualidade do pensamento arquitectónico é bastante superior e somos bastante reconhecidos lá fora, disso não tenho duvida nenhuma. Há duas formas de exercer a profissão em termos internacionais: internacionalizando o gabinete ou desenhando peça a peça por convite e por reconhecimento e existem muitos que têm trabalho feito lá fora através de convite e de concursos. Na altura fizemos uma internacionalização por opção porque também não tínhamos idade suficiente para conseguirmos ter o tal reconhecimento. Isso permitiu-nos cometer imensos erros, mas aprender também outras formas de exercer a profissão fora da nossa zona de conforto. É evidente que o pensamento arquitectónico mantém-se o mesmo, ainda que adaptado ao clima, à morfologia, à cultura. Tudo isso teve forte influência no desenho que temos vindo a desenvolver. Sinto imenso esse impacto naquilo que desenho em Portugal. O que eu fiz numa primeira fase foi levar a nossa forma de fazer arquitectura para lá e depois trouxe também para cá o que aprendi lá fora. Houve aqui um caminho inverso das influências. Até na forma de abordar o tema da arquitectura, tornando talvez mais abrangente, mais interessante e mais completa.

Qual é o maior desafio quando se trabalha no estrangeiro?

Em termos de procedimentos é que é muito diferente e essa adaptação é muito dura e por isso optamos por abrir estruturas próprias e não parcerias. Hoje em dia já estamos muito mais organizados e reduzimos muito a nossa dispersão geográfica porque os países onde nós nos poscionamos foram aqueles que na altura tinha uma necessidade enorme de infraestruturas e que passados estes 15 anos já não existe tanto.

Entretanto fechamos o atelier da China e parqueamos o atelier da Venezuela devido às circunstâncias politicas e também o do México. No Vietname e nas Filipinas estamos com projectos. Ou seja, temos alguns projectos pontuais e não de continuidade como foi durante alguns anos. Por exemplo, o mercado da Argélia foi o que substituiu basicamente o mercado nacional português e, hoje em dia, atravessa uma grande crise e uma desvalorização enorme da moeda. E se já na altura eramos considerados caros, hoje tornamo-nos 3 ou 4 vezes mais caros. Naturalmente que os promotores locais optam pelos gabinetes nacionais do que os internacionais.

Mas tem sido muito positivo. É uma corrida de fundo. Não é ‘um toque e foge’. Entrar num mercado é muito difícil e sair dele é de uma grande responsabilidade e isso tem custos.

Como é hoje a Saraiva e Associados com a experiência da internacionalização?

A verdade é que hoje o nosso adn se deve à nossa internacionalização. Se 90% dos nossos clientes em Portugal são de investimento estrangeiro é porque existe o reconhecimento do nosso trabalho no estrangeiro. Neste momento estamos naquilo a chamo a terceira fase da nossa internacionalização. Por exercermos a profissão lá fora, sem grandes ganhos económicos, mas com um fortíssimo ganho do exercício da arquitectura. Se me perguntar: Foi um sucesso? Foi um sucesso, mas em termos de experiência e de desenho. Não foi um sucesso económico. Esqueça isso, porque o investimento foi enorme e o retorno foi muito lento. E foi esse crescimento profissional que depois se reflectiu no pós crise em Portugal porque nos tivemos muito cliente, de geografias muito dispares, que trabalharam fora connosco, que acreditaram em nós, e quando vieram investir em Portugal ou nos recomendaram ou vieram nos bater à porta directamente. E isso talvez tenha sido a mais valia da internacionalização. E hoje começam a levar-nos para países muito mais maduros onde nós não exercíamos.

Falando agora nas varias vertentes da arquitectura, seja habitação, equipamentos públicos, turismo, promoção, a Saraiva e Associados tem também trabalhado em todas elas…

Devido à sua escala e conhecimento o atelier tem hoje diferentes arquitectos com diferentes know-how em diferentes áreas. É evidente que a área onde nós actuamos mais é na habitação. Depois a área hoteleira, o turístico e depois a parte hospitalar. E depois temos muitos projectos de escritórios mas não acho que os escritórios sejam um know-how próprio do atelier. Apesar de ser um desafio interessante, fazer um escritório em Portugal, em Bogotá ou no Cazaquistão não tem grande diferença porque os princípios são exactamente os mesmos. Acho que os escritórios tornou-se numa coisa muito mais global, enquanto que no segmento habitacional ainda é algo muito local. Os espanhóis, que são nossos vizinhos habitam diferentes de nós. Imagine um colombiano, um cazaque ou um chinês…por isso eu acho que o tema habitação é muito mais desafiador.

Mas acha que nesse caso nos escritórios se está a viver uma uniformização dos padróes, das tendências?

Não acho que haja uma uniformização. Há, sim, determinados princípios que tem que ser respeitados. Se um edifício de escritórios procura a rentabilidade nós temos que ir atrás dessa rentabilidade e isso está estudado – as malhas americanas, as malhas europeias. Isso não nos tira criatividade em relação ao objecto mas nós sabemos que o openspace de um escritório é muito melhor do que uma planta cheia de pilares e por isso nós sabemos que há determinadas malhas estruturais que tem que se reflectir num desenho. A verdade é que quando se desenha um edifício de escritórios não se sabe quem o vai usar e por isso ele tem que ser suficientemente versátil para permitir um openspace ou clusters de diferentes dimensões. Não deixa de ser uma desafio enorme em termos criativos, mas no que diz respeito à sua funcionalidade e à sua forma de habitar, apesar dos escritórios seguirem determinadas tendências, eu acho que um programa habitacional é muito mais difícil.

E no meio de tanta globalização não sofremos o risco de termos os projectos todos tabelados pela mesma standardização?

Não, de todo, nós temos factores como a luz, o mar, que nunca vamos perder e tem uma influência enorme. Aqui no atelier nós combatemos imenso isso em relação ao tempo. Por exemplo, nós arriscamos imenso a questão de falhar o tempo na procura da solução e por isso é que nós, os arquitectos, somos vistos como desorganizados e que trabalham demasiadas horas. Não é verdade. Nós estamos sempre à procura da excelência e essa procura precisa de tempo.

Acha que a profissão é pouco reconhecida?

Acho que a profissão é pouco reconhecida quanto ao seu papel e isso é uma questão cultural. Se as pessoas soubessem qual é o papel do arquitecto na sociedade e o bom que é haver arquitectos talvez o reconhecimento da profissão fosse muito maior e a procura do que é o nosso papel e o que representa o exercício da nossa profissão ou os actos próprios da profissão talvez nos dessem mais tempo. Mas, por outro lado, nós temos uma grande dificuldade nesta comunicação, em comunicar o que é nos somos na sociedade.

E o que é mudaria?

A única virtude que eu vejo em haver muitos arquitectos na sociedade portuguesa é a criação de uma maior sensibilidade junto das nossas famílias, dentro do nosso habitat. Por exemplo, não é possível que alguém que não seja advogado constitua uma sociedade de advogados, mas porque é que uma sociedade de arquitectos pode ser constituída por engenheiros. Isto mostra exactamente o parâmetro onde nós estamos. Isto é uma luta da classe profissional e devíamos unir-nos mais neste sentido.

Mas esta não é propriamente uma questão nova…

Mas nós temos muita dificuldade, talvez seja uma característica própria dos arquitectos temos dificuldade em comunicar o nosso papel na fileira da construção e temos dificuldade em dialogar entre nós. Talvez por isso, os outros agentes ‘entram’ nessas fissuras e hoje nós temos, em pleno século XXI, engenheiros a assinar projectos de arquitectura. É miserável! Não há outra classificação. Nós temos uma Ordem dos Arquitectos, com estatutos aprovados em AR, que tem força de lei e onde diz que a arquitectura é para os arquitectos, mas por outro lado existem outros decretos que permitem que os engenheiros assinem projectos de arquitectura. Isto faz-me pensar que não vivemos num país desenvolvido culturalmente. Quer dizer, eu não pratico actos de medicina sendo arquitecto, então porque é que isso acontece com a arquitectura. Isto é demonstrativo do quanto o arquitecto é frágil na sociedade portuguesa.

E isso preocupa-o?

A mim pessoalmente não, mas preocupa-me em termos de futuro e da qualidade daquilo que se faz.

Mas acha que a OA está um pouco descredibilizada junto dos arquitectos?

Eu não diria isso. Acho é que há um desconhecimento do papel da Ordem juntos dos arquitectos e qual o papel na defesa dos seus interesses e a Ordem tem também uma grande dificuldade em comunicar qual o seu papel. É uma questão cultural dos arquitectos e do próprio ADN da profissão. Estamos numa encruzilhada enorme há anos.

Estão de costas voltadas? Os arquitectos e a Ordem?

Estão evidentemente, mas a OA não é um veiculo de promoção dos arquitectos e ás vezes cai nesse caminho e mal. Parece-me que a Ordem se prepõe a determinadas coisas que não se devia propor e por isso é a classe não reconhece à Ordem ou não percebe o que é neste universo. Mas a Ordem tem um papel importantíssimo na defesa dos interesses dos arquitectos. Há uma grande dificuldade de comunicação. Nós comunicamos através do desenho e não através da fala nem através da escrita.

Já terminou algum projecto e pensou :”isto não ficou como eu queria!”?

Tenho imensos projectos que eu acho que foram actos falhados por diferentes motivos. Mas a maior responsabilidade é a minha e por isso o que desejo é continuar a fazer o que faço, cada vez melhor.

Que legado é que gostaria de deixar?

O legado da responsabilidade que nós temos quando estamos a desenhar, a capacidade de contribuir para uma profissão cada vez mais profissional, que tenha nos próximos anos a capacidade de dar a minha experiência a terceiros no acto da profissão e na regulamentação da própria profissão e que de certa forma, contribua directamente para um reconhecimento dos meus pares.

Como é que isso se faz?

Eu explico: os arquitectos são conhecidos por normalmente terem uma actividade de cariz liberal mas eu acho que cerca de 80% dos arquitectos hoje trabalham para terceiros. Só aqui em Lisboa somos 130 com contratos de trabalho. Não têm nada de liberais a não ser o seu pensamento. Desta forma eu contribuo para um certo conforto deles e para um regular da própria profissão.

Mas é evidente que a Saraiva e Associados ao ter esta postura é menos competitiva do que todos os outros que não o fazem. Porque infelizmente o preço tem ainda um grande peso e eu quando meto o meu preço em cima da mesa não posso esquecer-me da minha obrigação para com os trabalhadores que tenho aqui comigo. E acho que todos nós os devíamos fazer e parte do respeito de criar estas condições que tenho por eles mas isso obriga da minha parte a obrigações maiores e obriga da parte dos meus arquitectos também a deveres. Se eu conseguir perpetuar este modelo para além da minha existência dentro da minha empresa também me sentirei bastante satisfeito.

Mas esse é um bom objectivo…

Sim, mas é objectivo que me traz imensas frustrações. Nunca vou conseguir fazer tudo, mas porque os factores externos ao exercício da própria profissão e ao próprio acto de desenhar são tantos, tantos, tantos. Hoje em dia o factor económico e da qualidade da construção tem um impacto gigante no desenho da arquitectura e nos projectos em si e isso é algo que, nós arquitectos, não temos peso para controlar e isso é muito negativo. É por isso que aquilo que eu quero é desenhar bons objectos, independentemente da dimensão ou daquele aquele uso ou não, aquilo que eu quero é fazer muito bem.

Mesmo com as limitações que às vezes tem…

Vou lutar sempre contra elas, e vou me juntar a elas para me tornar mais forte e buscar a perfeição. Mas isto pode levar à loucura, tenho a perfeita consciência disso.

É uma profissão muito dura a todos os níveis, seja com os próprios colegas, seja com os agentes da construção, da fiscalização, os engenheiros, e a juntar a isso os factores naturais que também são condicionantes. É muito duro e 99% das pessoas que nos encomendam trabalho não tem essa noção.

E faz questão de o dizer às pessoas?

Claro que sim, imensas vezes. Mas acham que é tudo uma conversa. Sabe que a ignorância é muito atrevida. As pessoas não tem noção do que nós sofremos, do que nos sujeitamos e, em muitos casos, pagamos para o fazer quando os honorários são abaixo do custo do próprio trabalho. A profissão tem que levar uma volta de 180º começando pelos próprios arquitectos.

E como é que isso se faz?

Faz através dos meios legais, ou seja, através da Ordem dos Arquitectos, e por outro lado, aumentando a nossa responsabilidade e a qualidade do trabalho que fazemos junto dos nossos clientes. Só desta forma é que o próprio mercado nos irá valorizar.

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Créditos da Imagem: Vanessa Mendes
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Trabalhadores em arquitectura discutem o primeiro contrato colectivo do sector

A reunião plenária acontecerá na manhã do dia 1 de Maio, na sede nacional do SINTARQ no Porto, com o objectivo de apresentar e discutir o primeiro Contrato Colectivo de Trabalho e servirá ainda para actualizar o Caderno Reivindicativo do SINTARQ

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O Sindicato dos Trabalhadores em Arquitectura, SINTARQ, convoca os trabalhadores em arquitectura para um Plenário Nacional com o objectivo de apresentar e discutir o primeiro Contrato Colectivo de Trabalho que incluirá trabalhadores do sector da Arquitectura. A reunião plenária acontecerá na manhã do dia 1 de Maio, a partir das 10 horas, na sede nacional do SINTARQ no Porto e servirá ainda para actualizar o Caderno Reivindicativo do SINTARQ.

A proposta de Contrato Colectivo de Trabalho (CCT) na qual o SINTARQ interveio activamente resulta de um processo conjunto com o STARQ e FEVICOM. O contributo do SINTARQ é resultado de várias reuniões de trabalho e plenários nacionais, bem como uma campanha de entradas em empresas e contacto com trabalhadores que proporcionou a criação das primeiras estruturas sindicais em locais de trabalho. A par e como parte deste trabalho dirigido, o SINTARQ aprovou há exactamente um ano o seu primeiro Caderno Reivindicativo para o sector.

Além dos salários, carreiras e horário laboral, a proposta de CCT em discussão inclui ainda reivindicações relativas a: direitos na parentalidade, regulação do teletrabalho, dias de férias, garantias de segurança e saúde no trabalho e formação profissional certificada obrigatória.

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Traçado Regulador assina 8º projecto na Quinta do Peru

O gabinete de arquitectura assina o seu oitavo projecto, de moradia de luxo, na Quinta do Peru Neste projecto privilegia-se um amplo espaço social em perfeita conexão entre interior e o exterior, os tons naturais e monocromáticos que se conjugam com o ambiente exterior onde a natureza tem um papel destacadamente predominante

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A Traçado Regulador, gabinete português dedicado ao desenvolvimento de projectos e à consultoria em arquitectura, engenharia e uma das principais referências no desenvolvimento de moradias de luxo a nível nacional, anuncia o desenvolvimento de mais um projecto na Quinta do Peru, na Quinta do Conde, uma das localizações mais procuradas para residências exclusivas nesta zona.

Esta moradia, situada num lote de 1.699 m², conta com uma área construída de 314 m² acima do solo, tendo sido projectada para oferecer uma experiência de conforto e sofisticação. No piso térreo, destaca-se uma ampla área de sala de estar e cozinha com 94 m², um espaço versátil que oferece uma integração simbiótica entre ambientes. Neste piso, encontramos ainda uma lavandaria, um escritório e um lavabo social.

Já a área privada da casa, no primeiro piso, é composta por master suite de 37 m², contruída de forma a proporcionar momentos intimistas e relaxantes onde a componente exterior se envolve de uma forma natural com a interior. Ainda no primeiro piso, encontramos mais três suítes de 17 m² cada, proporcionando um sentido de privacidade e uma vista deslumbrante sobre a Serra da Arrábida e toda a sua envolvente natural.

A ligação interior/exterior é potenciada no piso térreo pela opção do envidraçado do espaço social que abre completamente para dentro da parede, criando uma conexão única com o exterior, sendo a ligação entre a sala e a piscina uma extensão orgânica do espaço interior, com uma amplitude de 11 metros, proporcionando uma sensação de continuidade e harmonia entre a habitação e a natureza circundante.

No exterior, o destaque vai para uma piscina que assume o papel principal desta zona em conjunto com um fire pit, área de barbecue, sauna, duche e uma casa de banho de apoio. Esta unidade conta ainda com uma cave espaçosa com 208 m², bem como com um elevador de forma a facilitar as deslocações entre pisos.

Neste projecto a opção recaiu sobre os tons naturais e monocromáticos que e se conjugam na perfeição com o ambiente exterior onde a natureza tem um papel destacadamente predominante.

“Este é mais um projecto assinado pela Traçado, no qual adoptamos uma abordagem contemporânea, pautada por um delicado equilíbrio entre transparências, tonalidades, espaços sólidos e vazios, luz e sombra. O resultado é um ambiente funcional e amplo, com áreas extremamente generosas, destacando-se a master suite de 37 m2 e a sala de estar e cozinha de 94 m2”, especifica João de Sousa Rodolfo, arquitecto e CEO da Traçado Regulador.

Este é o oitavo projecto da Traçado Regulador na Quinta do Peru (sendo que o nono já se encontra em execução), o que faz desta localização um dos maiores centros de desenvolvimento de projectos do gabinete de arquitectura, juntamente com a Herdade da Aroeira e o Oeiras Golf.

Com uma visão estratégica e uma abordagem personalizada, a Traçado Regulador continua a consolidar a sua liderança no sector de desenvolvimento de imobiliário de luxo, sempre focada na criação de ambientes que superem as expectativas dos seus clientes, com um elevado padrão de acabamentos, tecnologia de ponta, atenção ao detalhe e preocupação com a sustentabilidade.

 

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AICEP promove arquitectura e construção sustentável na Suécia

Com o objectivo de motivar o interesse desses intervenientes na oferta portuguesa de bens e serviços sustentáveis da Fileira AEC, o evento ocorre, a 21 de Maio, na Residência da Embaixadora de Portugal em Estocolmo

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A AICEP organiza o evento “Promoção da Arquitectura e Construção Sustentável Portuguesa” na Suécia, com data marcada para dia 21 de Maio. A iniciativa terá lugar na Residência da Embaixadora de Portugal em Estocolmo e conta com a curadoria da professora Elizabeth Hatz, uma arquitecta sueca de renome.

O evento incluirá um seminário e uma apresentação de materiais de construção ecoeficientes e inovadores, fornecidos pelas empresas portuguesas participantes, e contará com a presença de arquitectos e outros prescritores suecos (designers, decoradores), bem como de grandes empresas de construção locais e importadores/distribuidores.

O principal objectivo é motivar o interesse desses intervenientes na oferta portuguesa de bens e serviços sustentáveis da Fileira AEC, o evento centra-se na temática da sustentabilidade e economia circular na construção.

Num mercado que a valoriza particularmente, o evento pretende, igualmente, evidenciar a tradição, o saber-fazer, a qualidade e a inovação, aliados à diversidade, diferenciação e desempenho das empresas nacionais de arquitectura e construção sustentáveis, dando destaque à mudança de percepção destes sectores na Suécia.

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Guimarães debate sobre “Estruturas de Missão na Habitação”

Tendo como ponto de partida a experiência de Guimarães na reabilitação do seu centro histórico, o GHabitar realiza um debate a dia 23 de Abril, pelas 18 horas, na Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, no âmbito do ciclo “Cidade Aberta”

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Tendo como ponto de partida a experiência de Guimarães na reabilitação do seu centro histórico, o GHabitar vai debate o tema das ‘Estruturas de Missão na Habitação’. A iniciativa tem lugar no dia 23 de Abril, pelas 18 horas, na Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, no âmbito do ciclo “Cidade Aberta”. A entrada é livre.

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O lançamento do livro acontece dia 26 de Abril, com diversas iniciativas na Casa da Arquitectura, mas também com duas visitas orientadas ao Teatro Thalia e à Escola D. Dinis, ambas em Lisboa

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No próximo dia 26 de Abril, Sábado, a Casa da Arquitectura prepara uma jornada dedicada à arquitectura portuguesa contemporânea, assinalando as cinco décadas de democracia em Portuga, com destaque para o lançamento do livro “O que faz falta. 50 anos de arquitectura portuguesa em democracia”, o catálogo homónimo da exposição patente, que reúne ensaios, reflexões e imagens sobre o percurso da arquitectura nacional desde 1974.

A programação tem início com entrada gratuita na exposição patente na Nave Expositiva, aberta até às 19 horas. Paralelamente, o Espaço Caleidoscópio acolhe a oficina criativa “Constrói – O que faz falta?”, uma actividade aberta ao público de todas as idades.

Às 15 horas, os curadores Jorge Figueira e Ana Neiva conduzem uma visita guiada à exposição, proporcionando uma leitura aprofundada do conteúdo expositivo e do contexto histórico que o sustenta.

Logo a seguir, o lançamento do catálogo, no Espaço Álvaro Siza, será acompanhado por uma comunicação da ensaísta Marta Bogéa e por uma conversa com os também ensaístas David Leatherbarrow (em vídeo), Francisco Seixas da Costa, José Maçãs de Carvalho, Marta Bogéa e Raquel Lima (em vídeo), juntamente com os curadores da exposição, Jorge Figueira e Ana Neiva.

O programa inclui, ainda, duas visitas, em Lisboa, orientadas pelos respectivos arquitectos projectistas, nomeadamente, ao Teatro Thalia, pelo arquiteto Gonçalo Byrne, ao à Escola D. Dinis, conduzida pelo arquitecto Ricardo Bak Gordon.

Estas são as primeiras de um ciclo de nove visitas a obras de referência, em diferentes pontos do Pais, sempre orientadas por especialistas.

“Estas visitas fora da área geográfica da Casa da Arquitectura reforçam o carácter descentralizado do programa, expandindo a experiência para além do edifício expositivo e permitindo o contacto directo com exemplos marcantes da arquitectura nacional”, refere a instituição em comunicado.

Destinado a todos os públicos, este programa oferece uma oportunidade “única” de contacto directo e aprofundado com alguns dos projectos mais significativos da arquitectura portuguesa dos últimos 50 anos. O calendário completo das visitas será divulgado em breve.

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Ordem dos Arquitectos promove debate com candidatos à Assembleia da República

A conversa conta com sete arquitectos, representantes de cada um dos partidos ou coligações com assento parlamentar, e vai ter lugar no Auditório Nuno Teotónio Pereira, na sede nacional da OA, dia 21 de Abril, às 18h30

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A Ordem dos Arquitectos (AO) promove, no próximo dia 21 de Abril, às 18h30, um debate político com sete arquitectos candidatos às próximas eleições legislativas. A conversa conta com um representante de cada um dos partidos ou coligações com assento parlamentar, todos em lugares elegíveis, e vai ter lugar no Auditório Nuno Teotónio Pereira, na sede nacional da OA.

O debate pretende fazer uma “reflexão” sobre o papel da arquitectura na resposta aos desafios que o País enfrenta e conhecer o pensamento político dos arquitectos dos vários quadrantes políticos que se propõem representar os cidadãos no Parlamento.

Temas como a crise habitacional, a desestruturação do território, a demora e burocracia excessiva nos processos de licenciamento e construção ou a valorização da prática profissional e da carreira dos arquitetos da administração pública, estarão em destaque na conversa com os André Castanho (CDU), Lia Ferreira (PS), Margarida Saavedra (AD), Marta Silva (Chega), Marta Von Fridden (IL), Patrícia Robalo (Livre) e Ricardo Gouveia (BE).

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Álvaro Siza assina troféu dos Prémios Trienal

Entre 2 de Outubro e 8 de Dezembro deste ano, Lisboa recebe a sétima edição da Trienal de Arquitectura. Conferências, debates vão marcar a programação de “How Heavy is a City?” e com um reforço de peso no que diz respeito aos prémios

A tríade de Prémios Trienal de Lisboa Millennium bcp – Universidades, Début e Carreira – associados às edições da Trienal de Arquitectura passa a ter um troféu permanente desenhado pelo arquitecto Álvaro Siza, a partir de desperdícios de mármore português. A novidade foi divulgada por ocasião da apresentação do programa oficial da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2025: “How Heavy is a City?”, que chega no Outono e que decorreu no Palácio Nacional da Ajuda.
Perante uma sala cheia, José Mateus revelou a novidade: “A peça-símbolo, que será entregue a quem vencer em cada categoria, nasceu de um pensamento em torno da prática”.
Símbolo de uma “arquitectura a partir de um material natural”, Siza Vieira, um dos “expoentes máximos” da disciplina em Portugal há 70 anos, explicou como chegou à peça que será o troféu do prémio: “Partida de uma rocha de mármore de Estremoz, um dos seus lados conserva a textura rústica da pedra. E depois, a geometria, isto é, a arquitectura. Uma sugestão de espaços, escavados e polidos”, afirmou.
Recorde-se que a edição deste ano tem como curadores a dupla britânica Territorial Agency, cuja proposta é o ponto de partida para pensar o “complexo conjunto de transformações contemporâneas da cidade e do seu contexto” e explorar as formas “emergentes” de cooperação e mutualidade, com um novo olhar sobre a arquitectura e que reformule o seu papel enquanto motor de debate.

Shortlists reveladas
Das 75 candidaturas ao Prémio Début, foram seleccionados 20 ateliers. Um número que deixou a organização “entusiasmada”, assim como pela sua “elevada qualidade”. Em Maio, serão conhecidos os cinco finalistas que rumam a Lisboa, durante a Trienal, para uma apresentação pública.
Foram, ainda, divulgadas as seis propostas finalistas do Prémio Universidades (de um total de 35 projectos de 18 instituições), que irão integrar as três exposições da Trienal 2025.
Juntos, os prémios Trienal de Lisboa Millennium bcp (Début, Carreira e Universidades) marcam três momentos que evidenciam fases diferentes do percurso das pessoas que praticam arquitectura, ou o fazem na forma de produção de conhecimento ou debate teórico.
Na edição deste ano, o júri do Prémio Début é composto por Inês Lobo, Lígia Nobre, Samia Henni, Sandi Hilal e Yuma Shinohara; as propostas do Prémio Universidades são avaliadas por um painel de jurados formado por Carla Leitão, Cruz Garcia, Dubravka Sekulić, Nick Axel e Territorial Agency.

Prémio Universidades – Finalistas

The Weight of Words
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), Portugal
Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo (CEAU)
Maria Neto, investigadora proponente, Pedro Leão Neto, coordenador e Jorge Marum, investigador
Quantifying the Urban!
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), Portugal
Mestrado Integrado em Arquitectura
Clara Vale, professora proponente, Diego Inglez de Souza, assistente, Clara Sprung, Sofia Beltrão, Matilde Ferreira e Ricardo Mancini, estudantes
Atlas of Post-Carbon Architecture
École nationale supérieure d’architecture (ÉNSA Versailles), CY Cergy Paris Université, França
Laboratoire de recherche LéaV
Susanne Stacher, coordenadora proponente, Philippe Rizzotti, investigador doutorando

De Facto Providence
Rhode Island School of Design (RISD), Providence, Estados Unidos
Department of Architecture
Stephanie Rae Lloyd, professora assistente proponente, com estudantes de mestrado

Dust
Moholy-Nagy University of Arts and Design (MOME), Budapest, Hungria
Research Unit of New Materialities (R.U.M.)
Ákos Schneider, coordenador proponente, Tekla Gedeon, Péter Hámori e Máté Hulesch, investigadores

Immaterial Matters
ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, Portugal
Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica e o Território (DINÂMIA’CET)
Programa de Doutoramento em Arquitetura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos Alexandra Paio, coordenadora proponente, Inês Nascimento, Raquel Lopes, Lorenzo Iannizzotto e Elian Stefa, investigadores
“Práticas arquitectónicas que criam espaços para a vida”
Num contexto em que se vivem guerras em Gaza, no Congo e na Ucrânia e, em tantos lugares do Mundo, coloca-se a pergunta: que posição tomamos? Como irá a história julgar as nossas escolhas? Foi na procura a algumas respostas para estas questões que o júri olhou para as candidaturas apresentadas e seleccionou as “práticas arquitectónicas que criam espaços para a vida” e cujas abordagens promovam a “dignidade, comunidade e formas enraizadas de coexistência” ou “quem, através da sua prática, insiste em re-existir, reimaginar e resistir”.
“É essencial resistir à imposição de um único padrão e, em vez disso, apoiar a diversidade de respostas arquitectónicas, ajustadas a diferentes realidades. As candidaturas apresentadas revelam que muitas pessoas que iniciam o seu percurso na arquitectura estão a afastar-se dos modelos tradicionais, optando por práticas colectivas e descentralizadas que, de forma encorajadora, respondem aos desafios do presente”, indica o colectivo do júri.
As mesmas revelaram, ainda, “um compromisso com o fortalecimento de estruturas de resistência já existentes, ao invés de uma obsessão pelo “novo”. Trabalhar em contextos políticos, sociais, económicos e ambientais adversos requer formas de reconhecimento distintas”.
As nomeações ficaram a cargo de Alexandra Cruz, Alice Rawsthorn, Ana Dana Beroš, Bekim Ramku, Carlos Mínguez Carrasco, César Reyes Nájera, Christine Carboni, Chuka Ihonor, David Basulto, Ethel Baraona Pohl, Eva Franch i Gilabert, Fabrizio Gallanti, Francien van Westrenen, Gabrielle Shaad, Hanna Dencik Petersson, Herbert Wright, Ilka Ruby, Inês Dantas, James Taylor-Foster, Javier Peña-Ibáñez, Jimenez Lai, Joaquim Moreno, Josephine Michau, Katarina Siltavuori, Kenneth Frampton, Kieran Long, Léopold Lambert, Maja Vardjan, Marc Frochaux, Marina Otero Verzier, Martynas Germanavičius, Matevž Čelik, Mimi Zeiger, Nathalie Weadick, Nikolaus Hirsch, Paul Preissner, Paula Nascimento, Sevra Davis, Shumi Bose, Tau Tavengwa, Tinatin Gurgenidze, Tomoaki Shimane, Victoria Thornton, Vyjayanthi Rao.

The Weight of Words
FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Portugal
Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo (CEAU)
Maria Neto, investigadora proponente, Pedro Leão Neto, coordenador e Jorge Marum, investigador

Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

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As diferentes “Formas (s)” da RAR Imobiliária

A43, Correia/Ragazzi Arquitectos, hori-zonte, José Carlos Cruz, Masslab e Nuno Valentim Arquitectura aceitaram o desafio e, a partir, de um conjunto de peças em madeira, apresentaram seis visões “criativas” sobre o espaço e o conceito de habitar

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Um jogo, seis gabinetes de arquitectura, uma exposição e seis visões dão uma nova “Forma” ao stand da RAR Imobiliária no Salão Imobiliário de Portugal (SIL), que se encontra a decorrer na FIL, em Lisboa.

A partir de um kit de materiais composto por 100 peças de madeira, abraçadeiras e cola, a RAR Imobiliário fez a proposta, a seis ateliers, para criarem, a partir desses elementos, um módulo arquitectónico, “habitável e inspirador”, que configurasse uma “verdadeira expressão de criatividade e funcionalidade”.

O jogo, aceite pelos gabinetes de arquitectura A43, Correia/Ragazzi Arquitectos, hori-zonte, José Carlos Cruz, Masslab e Nuno Valentim Arquitectura, resultou na criação de seis visões “criativas” sobre o espaço e o conceito de habitar, dando, assim, origem à primeira exposição de arquitectura da promotora – “FORMA – Expressões de Arquitectura”.

Na resposta ao jogo, cada um dos gabinetes usou os elementos para criar a sua visão “única” sobre a habitação, materializando-a através de maquetes e conceitos que exploram identidade, funcionalidade e expressão artística.

Para Paula Fernandes, CEO da RAR Imobiliária, a exposição representa o “compromisso” da RAR Imobiliária com a inovação e a diversidade na arquitectura. “Queremos promover um espaço de diálogo onde diferentes perspetivas sobre a habitação possam ser exploradas, incentivando a criatividade e novas formas de pensar o espaço habitacional”, refere.

No SIL. a RAR levou também para a ‘exposição’ os projectos, actualmente, em desenvolvimento, tais como o Montebelo Villas e o Boavista 5205.

A RAR Imobiliária está focada na expansão em mercados estratégicos, mantendo a aposta no segmento alto e em localizações de prestígio. Porto e Lisboa continuam a ser as áreas prioritárias.

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Ordem dos Arquitectos marca presença na Tektónica 2025

A Ordem dos Arquitectos vai levar de novo à Tektónica, entre 10 e 12 de Abril, o espaço “Architects on Business”, que  proporciona aos arquitectos um local privilegiado para divulgar os seus projectos, serviços e competências junto de um público especializado

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A edição de 2025 do principal certame de arquitectura e construção em Portugal vai ter lugar na Feira Internacional de Lisboa (FIL) e vai ser o palco de várias iniciativas promovidas pela Ordem dos Arquitectos, com o apoio dos parceiros – Amorim Cork Insulation; Catari; Grupo Preceram; Grupo Mitera – Tecnodeck; Unveil Exhibitions, Museums and Public Space; Digital Fabrication Laboratory.

“BIM: Uma Metodologia, Não um Software”
Destaque para o primeiro dia da feira, altura em que a Ordem dos Arquitectos vai proporcionar o debate “BIM: Uma Metodologia, Não um Software”, no Auditório Skinium, Pavilhão 3 (stand 3A13).

Trata-se de uma mesa-redonda que vai reunir especialistas de renome para debater a integração da metodologia BIM (Building Information Modeling) nos processos de projecto arquitectónico, abordando a sua aplicação no ensino universitário, na formação profissional habilitante e contínua, bem como na prática profissional. O objectivo é preparar arquitectos, académicos e profissionais para a adopção inevitável do BIM, que em breve será parte integrante dos fluxos de trabalho do sector.

O debate conta com três interlocutores de destaque nas áreas de arquitectura, educação e inovação tecnológica. Os participantes debaterão como o BIM transcende a ideia de “ferramenta digital” para se consolidar como uma metodologia colaborativa, capaz de revolucionar a gestão de projecto, desde a concepção até a execução.

A iniciativa surge num momento crucial para o sector da arquitectura, com a crescente adopção do BIM como um sistema colaborativo que vai além de uma simples ferramenta digital. Ao invés de ser apenas um software, o BIM representa uma verdadeira mudança de mentalidade na forma como os projecto são geridos e executados. A mesa-redonda pretende explorar como o BIM pode transformar a gestão de projectos arquitectónicos, desde a concepção até à execução, promovendo uma maior eficiência, redução de erros e optimização de custos.

Para Marlene Roque, Arquitecta e Vogal no Conselho Directivo Nacional da Ordem dos Arquitectos, “O BIM não é apenas um software, é uma mudança de mentalidade. As universidades devem formar profissionais que dominem esta metodologia desde o início, e os escritórios precisam investir em formação contínua para acompanhar a evolução do sector”.

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Grupo Preceram promove Workshop e Demonstração Prática na Tektónica 2025

Workshop e Demonstração Prática na Tektónica 2025

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Sexta-feira 11 ABRIL

12h00

GREENROOFS® – Innovated by Associação Nacional de Coberturas Verdes

Às 12h00, a ANCV realizará o seminário “Coberturas Verdes e Resiliência nas Cidades”, no Auditório S&P, localizado no centro do pavilhão 4. O objetivo é evidenciar, por meio de projetos, obras e casos de estudo de Coberturas Verdes e Jardins Verticais, como as soluções e serviços dos membros contribuem para promover a resiliência nas cidades.

Em representação da Nexclay, Ávila e Sousa irá participar nesta ação às 12h30, com a apresentação “Contributos da argila expandida Nexclay para o sucesso das coberturas verdes”.

15H00

Demonstração Prática Sistema SKINIUM

No dia 11 às 15h00 no stand do Grupo Preceram (Pavilhão 3 – Stand 3B10), irá decorrer a demonstração da aplicação dos sistemas de revestimento e acabamento do sistema SKINIUM® pela MAPEI.

  • Aplicação de barramento armado sobre a nova placa GYPCORK Protect
  • Colagem de placas de ICB sobre a placa Gyptec Protect

17H15

SEM ISOLAMENTO NÃO HÁ CONFORTO

Às 17h15 no Auditório SKINIUM, Pavilhão 3 da FIL, o Grupo Preceram promove o workshop técnico “Sem Isolamento Não Há Conforto”. Neste workshop o Grupo Preceram apresentará ao público os novos Sistemas Gyptec Protect desenvolvidos em colaboração com a Mapei, e o novo sistema construtivo SKINIUM® – THE WALL SYSTEM.

Orador: Ávila e Sousa, Diretor Técnico GRUPO PRECERAM

Junte-se a nós nesta edição da Tektónica, visite-nos de 10 a 12 de abril. Estamos no pavilhão 3 stand 3B10, Contamos consigo!

Saiba tudo sobre a nossa participação em: www.solucoesparaconstrucao.com

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