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Arquitectura

“Comunicamos através do desenho e não através da fala nem da escrita”

Numa grande entrevista à Traço, um dos mais conceituados arquitectos da actualidade faz o retrato da profissão, os desafios e as dificuldades, de uma classe “que nem sempre está unida”, considera. Acima de tudo, Miguel Saraiva acredita que é no acto de desenhar que está a base de toda a arquitectura, assim como no tempo “que é tão importante” para os arquitectos

Cidália Lopes
Arquitectura

“Comunicamos através do desenho e não através da fala nem da escrita”

Numa grande entrevista à Traço, um dos mais conceituados arquitectos da actualidade faz o retrato da profissão, os desafios e as dificuldades, de uma classe “que nem sempre está unida”, considera. Acima de tudo, Miguel Saraiva acredita que é no acto de desenhar que está a base de toda a arquitectura, assim como no tempo “que é tão importante” para os arquitectos

Cidália Lopes
Sobre o autor
Cidália Lopes
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Miguel Saraiva fundou o atelier de arquitectura há quase 25 anos e, desde então, tem crescido e ganho notoriedade. Foi com a aposta nos mercados internacionais que conseguiu ultrapassar a crise e trazer para Portugal o know-how e a experiência que o distingue e que é hoje o ADN da Saraiva e Associados. Deixar um legado de qualidade e de valorização da profissão é o seu objectivo

 Como se sente ao ver o seu nome associado a grande parte dos projectos que estão a ser desenvolvidos neste momento?

Sinto orgulho na maior parte deles, realização profissional e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade. Tira-me horas de sono e enche- me de angustia. Eu costumo dizer que todos os dias tenho que viver com os meus erros. Não os posso enterrar porque eles são visíveis…e são muito expostos e por isso não gosto de errar e gosto de fazer bem

É muito perfeccionista?

Cada vez sou mais perfeccionista, o que me preocupa imenso. Num mercado onde a perfeição cada vez é mais desconsiderada…

Acha?

Acho… Acho que a obra construída dá reconhecimento, mas para chegar a essa mesma perfeição e a esse mesmo reconhecimento é necessário um envolvimento e uma energia tão grande que, pela sua dedicação ao desenho, à coordenação e ao acompanhamento de obra, muitas vezes não se reflecte no produto final.

Há uma luta constante entre aquilo que o arquitecto desenha e, depois o que o promotor pretende ou que pode ser concretizado. Ainda sente isso?

Eu acho que o maior desafio na arquitectura hoje é a relação entre o arquitecto e o promotor. O desafio, que devia estar concentrado no objecto, na cidade, está muito concentrado entre a relação do arquitecto e o promotor. É de um grande desgaste e porquê? Porque tudo ‘versa’ tempo e quando assim é, o tempo de maturação, de reflexão, de desenvolvimento é muito curto e isso gera conflitos e gera erros.

E hoje em dia como é feito o acompanhamento das obras?

Acompanho as obras com mais dificuldades, mas também tenho uma equipa muito mais sénior do que tinha anteriormente, que trabalha comigo, em média, há 15, 20 anos e isso permite uma grande facilidade de comunicação entre os colaboradores mais antigos. Eles também se reveem na obra e no meu pensamento o que acaba por tornar mais fácil o acompanhamento da obra. Eu gosto muito de obra e sempre que possível gosto de ir às obras.

Mas a sua experiência também tem que ter algum peso…

Aquilo que eu sinto é que os clientes talvez me ouçam mais do que me ouviam há 10 anos. Também a minha experiência internacional é hoje muitas vezes usada e aplicada no mercado nacional e por isso talvez os clientes tenham mais curiosidade em ouvir-me e, por outro lado, reconhecem uma determinada qualidade e por isso talvez me deem um pouco mais de liberdade. Mas essa liberdade é muito condicionada pelo tempo de execução e o tempo de execução é o maior inimigo hoje do arquitecto. Nós temos pouco tempo para conceber, nós temos pouco para coordenar, nós temos pouco tempo para desenvolver, para responder e para acompanhar a obra. O desafio é a questão do tempo, na relação com o cliente e com os outros agentes envolvidos no processo.

E como se pode gerir esse tempo?

Actualmente, existe a perfeita consciência que para desenvolver um projecto temos menos tempo que uma entidade pública tem para o aprovar, que uma entidade como a fiscalização ou a project manager tem para a analisar e, por isso, na minha perspectiva todo o processo está subvertido, porque a base de tudo isto é a concepção arquitectónica. E a concepção arquitectónica não se esgota só na ideia geral da arquitectura, vai muito além disso e por isso neste momento o desafio está em sensibilizar da nossa parte, e isso vem no seguimento de um processo de credibilização da nossa parte juntos agentes e promotores, em relação à necessidade desse mesmo tempo de maturação da ideia.

Não é um processo automático em que o arquitecto se senta e começam logo a ‘sair’ traços…

Não é…não é. Cada processo é único,  indiferentemente da escala, do uso ou do local. Pode até ser de uma escala mais reduzida e ser mais complexo. Há projectos de raiz de grande escala que são menos complexos do que projectos menores, como os da área da reabilitação.

Esta questão do tempo é recorrente e parece-me que alguns promotores já estão mais sensíveis ao tema, contudo, sentem-se também eles pressionados para necessidade de apresentar o projecto, dos prazos de licenciamento, entre outros….

Eu acho que a encomenda, seja privada ou pública, não tem a mínima noção do tempo que é necessário para se desenvolver um projecto. Isto é uma questão cultural. No Norte da Europa, por exemplo, sabemos que vamos ter mais tempo e isso vai mudando quanto mais ‘descemos’ na Europa. A ‘latinidade’ reflecte-se ainda na gestão dos projectos, quando se acha que um projecto não precisa de tempo e que este é uma ideia que cai do céu e pela qual não é necessário reflectir.

Mas o tempo é também um grande inimigo do promotor porque por um lado prejudica a sua operação (custos associados, risco de mercado, preço de construção a aumentar), por outro lado, a qualidade do seu trabalho e a marca que quer constituir decai se não der o tempo suficiente, mas também, se o tempo for em excesso. Mas eu entendo essa pressão do cliente em relação ao tempo. E é preciso ter em conta que grande parte deste processo é consumido em termos de tempo pelas entidades públicas, que são elas que criam de certa forma, e isto tem que ver com o sistema organizacional e não com as pessoas, que se baseia num sistema piramidal. Sabendo de desta situação, o promotor tenta ganhar tempo onde? Na concepção do projecto para que este entre rapidamente na Câmara. Isto reflecte-se no tempo de execução do projecto, da obra, na revisão do projecto, tudo isso é penalizado pelo tempo que é consumido pelas entidades públicas. Não faz sentido.

Sendo o tempo tão importante já trabalhou com algum promotor que lhe desse ‘tempo’?

Devo dizer que trabalho com alguns sim, que me dão tempo, porque têm a perfeita consciência de que o produto que querem por no mercado, seja ele hoteleiro, seja promoção residencial, que não é por mais seis meses ou menos seis meses que vai fazer a diferença. Aquilo que os preocupa, e isso é um reflexo dos pós-crise, é que há um foco maior na qualidade. E o promotor do pós-crise é muito mais profissional do que o anterior à crise. Por isso, hoje há menos curiosos e mais profissionais nesta industria.

Imaginava que há quase 12 anos o atelier teria a dimensão e o trabalho que tem hoje?

Foi uma fase tão negativa que cheguei a pensar que dificilmente na minha geração voltasse a haver trabalho que permitisse o atelier manter esta dimensão e ainda por cima crescer. Devo dizer que a nossa estratégia durante a fase da crise foram os trabalhos no estrangeiro e por isso o atelier passou muito bem essa fase e, inclusive, crescemos. O sair bem da crise permitiu posicionarmo-nos no mercado nacional de uma forma diferenciadora, não perdemos a prática profissional e isso é muito importante. Eu costumo dizer que o arquitecto tem uma pratica muito idêntica ao cirurgião porque ambos usamos a cabeça e a mão. Mantivemos uma estrutura muito organizada e muito sólida, que além de desenhar presta um conjunto de serviços aos clientes e isso hoje é muito importante, o nós associarmos o acto de projectar ao acto de uma prestação de serviços e da gestão do processo faz toda a diferença num cliente profissional e acho que os clientes têm hoje a perfeita noção disso e que tendo em conta o nível de exigência que existe no mercado têm que andar de mão dada.

Ainda desenha?

Desenho imenso sim…é uma belíssima pergunta. Vejo-me como o fio condutor da parte conceptual toda do atelier e por isso é que estou aqui todos os dias desde as 7h45 até às 22h só tratando da parte comercial da empresa e a fazer contas, não é possível. A base da minha vida profissional é o desenho. É evidente que entre o desenho e a posição de um director criativo elas misturam-se. Hoje o tempo não me permite acompanhar os processos de A a Z  constantemente, mas tenho momentos em que gosto de desenhar, gosto de participar na coordenação e onde decido tudo o que é a materialidade dos edifícios na fase de execução.

E se lhe perguntar alguma coisa sobre um determinado projecto sabe dizer?

Sim, sei tudo sobre os projectos. Parece mentira mas é a pura da verdade e os meus clientes sabem disso. E isso é importante para mim. Que o mercado não reconheça isso é-me completamente indiferente. Mas os meus clientes sabem disso e que o meu envolvimento com o trabalho é total e que o meu desenho está sempre presente.

A obra, que hoje começa a ser reconhecida como a obra da Saraiva & Associados, tem um determinado caminho, uma determinada linguagem e eu acho que essa linguagem é reconhecida e é o reflexo do meu pensamento, é o reflexo daquilo que eu gosto de impor pela positiva de um determinado caminho de desenho.

O atelier transmite, obviamente, a sua maneira de pensar e de ver a arquitectura. O que é que define melhor a arquitectura da Saraiva e Associados?

É uma arquitectura que reflecte pensamento arquitectónico e desenho urbano. Que baseia os seus princípios numa relação da ideia com a funcionalidade e o preço de execução com um determinado timing de desenvolvimento. Não gosto de dizer que é uma arquitectura minimalista, não gosto de a classificar. Gosto de dizer que tem sido um caminho, nos últimos 24 a 25 anos, de passo a passo, consistente e, cada vez mais, baseada numa determinada história que eu quero contar e que eu tenho vindo a contar.

Como é que gostaria que vissem a sua arquitectura daqui a 100 anos?

Nunca pensei nisso, apesar de ter feito edifícios que tenho a certeza que vão durar  100 anos o que é uma grande responsabilidade. Isso aumenta a minha responsabilidade no acto de projectar porque sei que os meus edifícios vão ficar para além da minha existência. Não sei se vão ser objecto de estudo, não tenho essa pretensão. Não sei se vão ser objecto de referência, não tenho essa pretensão, mas gostaria que fossem vistos como um acto sério de arquitectura. E é evidente que com o volume de trabalho que tenho tido irei deixar uma marca mas que seja de qualidade, e que se perpetue no tempo e não reflicta apenas um momento ou uma moda.

Além da qualidade a questão da funcionalidade dos edifícios através do tempo é também importante…

Sim, claro. Pelo menos nos edifícios públicos. Não acho que a habitação tenha evoluído assim tanto como outro tipo de usos. Quer dizer evoluiu em termos de conforto mas ao nível da funcionalidade é muito idêntica de há 50 anos. Mas num edifício publico, se ele se perpetuar no tempo também na sua funcionalidade, quer dizer que eu pensei e desenhei não para hoje mas para amanhã. Não sei se tive essa ‘arte’ mas o tempo também o dirá. Eu acho que as tecnologias que temos hoje ao nosso dispor permitem que os edifícios seja mais versáteis no tempo e por isso que tenham maior capacidade de adaptação no tempo.

Retomando a questão do trabalho no estrangeiro, considera que é ainda muito diferente trabalhar cá dentro e trabalhar la fora hoje em dia?

Primeiro considero que Portugal tem belíssimos arquitectos. A qualidade do pensamento arquitectónico é bastante superior e somos bastante reconhecidos lá fora, disso não tenho duvida nenhuma. Há duas formas de exercer a profissão em termos internacionais: internacionalizando o gabinete ou desenhando peça a peça por convite e por reconhecimento e existem muitos que têm trabalho feito lá fora através de convite e de concursos. Na altura fizemos uma internacionalização por opção porque também não tínhamos idade suficiente para conseguirmos ter o tal reconhecimento. Isso permitiu-nos cometer imensos erros, mas aprender também outras formas de exercer a profissão fora da nossa zona de conforto. É evidente que o pensamento arquitectónico mantém-se o mesmo, ainda que adaptado ao clima, à morfologia, à cultura. Tudo isso teve forte influência no desenho que temos vindo a desenvolver. Sinto imenso esse impacto naquilo que desenho em Portugal. O que eu fiz numa primeira fase foi levar a nossa forma de fazer arquitectura para lá e depois trouxe também para cá o que aprendi lá fora. Houve aqui um caminho inverso das influências. Até na forma de abordar o tema da arquitectura, tornando talvez mais abrangente, mais interessante e mais completa.

Qual é o maior desafio quando se trabalha no estrangeiro?

Em termos de procedimentos é que é muito diferente e essa adaptação é muito dura e por isso optamos por abrir estruturas próprias e não parcerias. Hoje em dia já estamos muito mais organizados e reduzimos muito a nossa dispersão geográfica porque os países onde nós nos poscionamos foram aqueles que na altura tinha uma necessidade enorme de infraestruturas e que passados estes 15 anos já não existe tanto.

Entretanto fechamos o atelier da China e parqueamos o atelier da Venezuela devido às circunstâncias politicas e também o do México. No Vietname e nas Filipinas estamos com projectos. Ou seja, temos alguns projectos pontuais e não de continuidade como foi durante alguns anos. Por exemplo, o mercado da Argélia foi o que substituiu basicamente o mercado nacional português e, hoje em dia, atravessa uma grande crise e uma desvalorização enorme da moeda. E se já na altura eramos considerados caros, hoje tornamo-nos 3 ou 4 vezes mais caros. Naturalmente que os promotores locais optam pelos gabinetes nacionais do que os internacionais.

Mas tem sido muito positivo. É uma corrida de fundo. Não é ‘um toque e foge’. Entrar num mercado é muito difícil e sair dele é de uma grande responsabilidade e isso tem custos.

Como é hoje a Saraiva e Associados com a experiência da internacionalização?

A verdade é que hoje o nosso adn se deve à nossa internacionalização. Se 90% dos nossos clientes em Portugal são de investimento estrangeiro é porque existe o reconhecimento do nosso trabalho no estrangeiro. Neste momento estamos naquilo a chamo a terceira fase da nossa internacionalização. Por exercermos a profissão lá fora, sem grandes ganhos económicos, mas com um fortíssimo ganho do exercício da arquitectura. Se me perguntar: Foi um sucesso? Foi um sucesso, mas em termos de experiência e de desenho. Não foi um sucesso económico. Esqueça isso, porque o investimento foi enorme e o retorno foi muito lento. E foi esse crescimento profissional que depois se reflectiu no pós crise em Portugal porque nos tivemos muito cliente, de geografias muito dispares, que trabalharam fora connosco, que acreditaram em nós, e quando vieram investir em Portugal ou nos recomendaram ou vieram nos bater à porta directamente. E isso talvez tenha sido a mais valia da internacionalização. E hoje começam a levar-nos para países muito mais maduros onde nós não exercíamos.

Falando agora nas varias vertentes da arquitectura, seja habitação, equipamentos públicos, turismo, promoção, a Saraiva e Associados tem também trabalhado em todas elas…

Devido à sua escala e conhecimento o atelier tem hoje diferentes arquitectos com diferentes know-how em diferentes áreas. É evidente que a área onde nós actuamos mais é na habitação. Depois a área hoteleira, o turístico e depois a parte hospitalar. E depois temos muitos projectos de escritórios mas não acho que os escritórios sejam um know-how próprio do atelier. Apesar de ser um desafio interessante, fazer um escritório em Portugal, em Bogotá ou no Cazaquistão não tem grande diferença porque os princípios são exactamente os mesmos. Acho que os escritórios tornou-se numa coisa muito mais global, enquanto que no segmento habitacional ainda é algo muito local. Os espanhóis, que são nossos vizinhos habitam diferentes de nós. Imagine um colombiano, um cazaque ou um chinês…por isso eu acho que o tema habitação é muito mais desafiador.

Mas acha que nesse caso nos escritórios se está a viver uma uniformização dos padróes, das tendências?

Não acho que haja uma uniformização. Há, sim, determinados princípios que tem que ser respeitados. Se um edifício de escritórios procura a rentabilidade nós temos que ir atrás dessa rentabilidade e isso está estudado – as malhas americanas, as malhas europeias. Isso não nos tira criatividade em relação ao objecto mas nós sabemos que o openspace de um escritório é muito melhor do que uma planta cheia de pilares e por isso nós sabemos que há determinadas malhas estruturais que tem que se reflectir num desenho. A verdade é que quando se desenha um edifício de escritórios não se sabe quem o vai usar e por isso ele tem que ser suficientemente versátil para permitir um openspace ou clusters de diferentes dimensões. Não deixa de ser uma desafio enorme em termos criativos, mas no que diz respeito à sua funcionalidade e à sua forma de habitar, apesar dos escritórios seguirem determinadas tendências, eu acho que um programa habitacional é muito mais difícil.

E no meio de tanta globalização não sofremos o risco de termos os projectos todos tabelados pela mesma standardização?

Não, de todo, nós temos factores como a luz, o mar, que nunca vamos perder e tem uma influência enorme. Aqui no atelier nós combatemos imenso isso em relação ao tempo. Por exemplo, nós arriscamos imenso a questão de falhar o tempo na procura da solução e por isso é que nós, os arquitectos, somos vistos como desorganizados e que trabalham demasiadas horas. Não é verdade. Nós estamos sempre à procura da excelência e essa procura precisa de tempo.

Acha que a profissão é pouco reconhecida?

Acho que a profissão é pouco reconhecida quanto ao seu papel e isso é uma questão cultural. Se as pessoas soubessem qual é o papel do arquitecto na sociedade e o bom que é haver arquitectos talvez o reconhecimento da profissão fosse muito maior e a procura do que é o nosso papel e o que representa o exercício da nossa profissão ou os actos próprios da profissão talvez nos dessem mais tempo. Mas, por outro lado, nós temos uma grande dificuldade nesta comunicação, em comunicar o que é nos somos na sociedade.

E o que é mudaria?

A única virtude que eu vejo em haver muitos arquitectos na sociedade portuguesa é a criação de uma maior sensibilidade junto das nossas famílias, dentro do nosso habitat. Por exemplo, não é possível que alguém que não seja advogado constitua uma sociedade de advogados, mas porque é que uma sociedade de arquitectos pode ser constituída por engenheiros. Isto mostra exactamente o parâmetro onde nós estamos. Isto é uma luta da classe profissional e devíamos unir-nos mais neste sentido.

Mas esta não é propriamente uma questão nova…

Mas nós temos muita dificuldade, talvez seja uma característica própria dos arquitectos temos dificuldade em comunicar o nosso papel na fileira da construção e temos dificuldade em dialogar entre nós. Talvez por isso, os outros agentes ‘entram’ nessas fissuras e hoje nós temos, em pleno século XXI, engenheiros a assinar projectos de arquitectura. É miserável! Não há outra classificação. Nós temos uma Ordem dos Arquitectos, com estatutos aprovados em AR, que tem força de lei e onde diz que a arquitectura é para os arquitectos, mas por outro lado existem outros decretos que permitem que os engenheiros assinem projectos de arquitectura. Isto faz-me pensar que não vivemos num país desenvolvido culturalmente. Quer dizer, eu não pratico actos de medicina sendo arquitecto, então porque é que isso acontece com a arquitectura. Isto é demonstrativo do quanto o arquitecto é frágil na sociedade portuguesa.

E isso preocupa-o?

A mim pessoalmente não, mas preocupa-me em termos de futuro e da qualidade daquilo que se faz.

Mas acha que a OA está um pouco descredibilizada junto dos arquitectos?

Eu não diria isso. Acho é que há um desconhecimento do papel da Ordem juntos dos arquitectos e qual o papel na defesa dos seus interesses e a Ordem tem também uma grande dificuldade em comunicar qual o seu papel. É uma questão cultural dos arquitectos e do próprio ADN da profissão. Estamos numa encruzilhada enorme há anos.

Estão de costas voltadas? Os arquitectos e a Ordem?

Estão evidentemente, mas a OA não é um veiculo de promoção dos arquitectos e ás vezes cai nesse caminho e mal. Parece-me que a Ordem se prepõe a determinadas coisas que não se devia propor e por isso é a classe não reconhece à Ordem ou não percebe o que é neste universo. Mas a Ordem tem um papel importantíssimo na defesa dos interesses dos arquitectos. Há uma grande dificuldade de comunicação. Nós comunicamos através do desenho e não através da fala nem através da escrita.

Já terminou algum projecto e pensou :”isto não ficou como eu queria!”?

Tenho imensos projectos que eu acho que foram actos falhados por diferentes motivos. Mas a maior responsabilidade é a minha e por isso o que desejo é continuar a fazer o que faço, cada vez melhor.

Que legado é que gostaria de deixar?

O legado da responsabilidade que nós temos quando estamos a desenhar, a capacidade de contribuir para uma profissão cada vez mais profissional, que tenha nos próximos anos a capacidade de dar a minha experiência a terceiros no acto da profissão e na regulamentação da própria profissão e que de certa forma, contribua directamente para um reconhecimento dos meus pares.

Como é que isso se faz?

Eu explico: os arquitectos são conhecidos por normalmente terem uma actividade de cariz liberal mas eu acho que cerca de 80% dos arquitectos hoje trabalham para terceiros. Só aqui em Lisboa somos 130 com contratos de trabalho. Não têm nada de liberais a não ser o seu pensamento. Desta forma eu contribuo para um certo conforto deles e para um regular da própria profissão.

Mas é evidente que a Saraiva e Associados ao ter esta postura é menos competitiva do que todos os outros que não o fazem. Porque infelizmente o preço tem ainda um grande peso e eu quando meto o meu preço em cima da mesa não posso esquecer-me da minha obrigação para com os trabalhadores que tenho aqui comigo. E acho que todos nós os devíamos fazer e parte do respeito de criar estas condições que tenho por eles mas isso obriga da minha parte a obrigações maiores e obriga da parte dos meus arquitectos também a deveres. Se eu conseguir perpetuar este modelo para além da minha existência dentro da minha empresa também me sentirei bastante satisfeito.

Mas esse é um bom objectivo…

Sim, mas é objectivo que me traz imensas frustrações. Nunca vou conseguir fazer tudo, mas porque os factores externos ao exercício da própria profissão e ao próprio acto de desenhar são tantos, tantos, tantos. Hoje em dia o factor económico e da qualidade da construção tem um impacto gigante no desenho da arquitectura e nos projectos em si e isso é algo que, nós arquitectos, não temos peso para controlar e isso é muito negativo. É por isso que aquilo que eu quero é desenhar bons objectos, independentemente da dimensão ou daquele aquele uso ou não, aquilo que eu quero é fazer muito bem.

Mesmo com as limitações que às vezes tem…

Vou lutar sempre contra elas, e vou me juntar a elas para me tornar mais forte e buscar a perfeição. Mas isto pode levar à loucura, tenho a perfeita consciência disso.

É uma profissão muito dura a todos os níveis, seja com os próprios colegas, seja com os agentes da construção, da fiscalização, os engenheiros, e a juntar a isso os factores naturais que também são condicionantes. É muito duro e 99% das pessoas que nos encomendam trabalho não tem essa noção.

E faz questão de o dizer às pessoas?

Claro que sim, imensas vezes. Mas acham que é tudo uma conversa. Sabe que a ignorância é muito atrevida. As pessoas não tem noção do que nós sofremos, do que nos sujeitamos e, em muitos casos, pagamos para o fazer quando os honorários são abaixo do custo do próprio trabalho. A profissão tem que levar uma volta de 180º começando pelos próprios arquitectos.

E como é que isso se faz?

Faz através dos meios legais, ou seja, através da Ordem dos Arquitectos, e por outro lado, aumentando a nossa responsabilidade e a qualidade do trabalho que fazemos junto dos nossos clientes. Só desta forma é que o próprio mercado nos irá valorizar.

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Let’s Talk: “Pode o Espaço tornar a Construção mais inteligente?”

O INOPOL Academia de Empreendedorismo do Politécnico de Coimbra promove o webinar “Pode o Espaço tornar a Construção mais inteligente?”. A sessão, inserida no ciclo Let’s Talk, conta com a presença de Pedro Resende, arquitecto, cofundador e CEO da OWL – Our Watch Leads

CONSTRUIR

O INOPOL Academia de Empreendedorismo do Politécnico de Coimbra promove o webinar “Pode o Espaço tornar a Construção mais inteligente?”, no próximo dia 21 de Março, numa sessão em zoom. Esta sessão, inserida no ciclo Let’s Talk, conta com a presença de Pedro Resende, arquitecto, cofundador e CEO da OWL – Our Watch Leads.

Esta sessão pretende fomentar o debate sobre a aplicação de tecnologia espacial ao sector da Construção, além de dar a conhecer o percurso que tem vindo a ser trilhado pela equipa da OWL no ecossistema empreendedor nacional, assim como a sua perspectiva sobre o papel da inovação na arquitectura e o potencial disruptivo e transformador da transferência de tecnologia espacial para o mercado.

A OWL – Our Watch Leads, é uma startup criada em Coimbra que pretende democratizar o acesso a soluções baseadas em tecnologia espacial e dados de satélite, mediante a sua aplicação aos sectores da Construção, Imobiliário e Smart Cities.

Let’s Talk é uma iniciativa mensal do INOPOL Academia de Empreendedorismo do Politécnico de Coimbra, que visa sensibilizar a comunidade de empreendedores, estudantes, docentes e investigadores para temas chave do mundo do empreendedorismo e da inovação.

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Archi Summit antecipa nova edição com inúmeras iniciativas

Pela primeira vez, a organização vai levar o Archi Summit a diversas cidades do País. Bragança recebe a primeira Archi Talks dia 18 de Março. A 7ª edição do evento internacional conta com a curadoria da dupla Moncada Rangel e projecto de exposição pelo atelier +L7 Office for Architecture

Cidália Lopes

A quatro meses do arranque da sétima edição do Archi Summit, a organização revela um conjunto de novidades e iniciativas que visam antecipar aquela que é um dos mais importantes eventos de arquitectura em Portugal. A Casa da Arquitectura, em Matosinhos, será o palco das conferências e eventos do Archi Summit, que tem data marcada para os dias 5, 6 e 7 de Julho.

O projecto de exposição está a cargo do atelier +𝘓7 𝘖𝘧𝘧𝘪𝘤𝘦 𝘧𝘰𝘳 𝘈𝘳𝘤𝘩𝘪𝘵𝘦𝘤𝘵𝘶𝘳𝘦. Fundado em 2019 pelo arquitecto Luís Garcia, este jovem atelier está sediado em São Paulo e no Porto e tem como permissa “unir prática e pesquisa para alcançar uma arquitectura flexível e que se transforme ao longo do tempo”.

TransForm

O tema TransForm desafia as concepções existentes sobre objectos, espaços e acções para além da sua Forma, mas enquanto um mecanismo para conectar o passado e o futuro, os seres humanos e o universo, o acto de produzir e o de agir, sendo o design o unificador entre intervenientes.

A dupla Moncada Rangel junta-se novamente à equipa do Archi Summit para fazer a curadoria da 7ª edição. Francesco Moncanda e Mafalda Rangel são uma dupla de arquitectos de formação que encaram a sua prática de diferentes perspectivas. Juntos formam o atelier Moncada Rangel, que define a sua prática arquitectónica como uma exploração do espectro do possível em múltiplos territórios.
Além da dupla de design italiano FormaFantasma, que se distingue por “investigações experimentais de materiais, abordando preocupações ambientais e explorando o design ao serviço da natureza” e que, em 2022, apresentaram uma selecção de trabalhos colaborativos envolvendo a paisagem de Maritoga, a 7ª edição vai contar como as participações do gabinete de arquitectura OMA, representado pelo arquitecto Giulio Margheri, e nomes promissores como o colectivo italiano Fosbury Architecture, composto por Giacomo Ardesio, Alessandro Bonizzoni, Nicola Campri, Veronica Caprino e Claudia Mainardi. Mariana Pestana, co-fundadora do estúdio interdisciplinar The Decorators, também compõe o painel de oradores.

Archi Talks
Este é também o ano em que a organização lança as Archi Talks, um ciclo de conferências com o intuito de promover a arquitectura e os seus profissionais em todo o território português. A primeira iniciativa deste ciclo acontece já a 18 de Março, no Teatro Municipal de Bragança, numa iniciativa conjunta com a OASRN e o Município de Bragança, tendo como propósito promover a descentralização e, ao mesmo tempo, a discussão da arquitectura e a partilha de conhecimento e conta com a participação de Luís Doutel, Fátima Fernandes e Michele Cannatà, Filipa Castro Guerreiro, Manuel Correia Fernandes, Álvaro Domingues e Marta Aguiar. que é a ARCHI
Serão abordados temas como o ”Despovoamento e a Economia Local” e “O Exercício da Arquitectura no interior e/ou nos grandes centros”. O programa conta, ainda, com uma visita ao centro histórico de Bragança e, no dia 19 de Março, uma visita à Capela de Nadir Afonso, em Alimonde.
O objectivo passa por “percorrer o território nacional, fora dos grandes centros”, cujas datas e próximos locais serão posteriormente anunciados.

Iniciativas paralelas
As Morning Tours estão de regresso pelo terceiro ano consecutivo, depois do balanço muito positivo que houve o ano passado. Consistem em visitas guiadas de grupo a locais de interesse cultural e turístico da cidade do Porto (neste caso) e acontecem durante os três dias do evento, na parte da manhã. Neste momento, encontramo-nos a planear outras iniciativas paralelas para tornar a experiência Archi Summit ainda mais interessante e dinâmica, que podemos partilhar mais em breve.

Outras das novidades para este ano são as Archi Revi Talks + Challenge, em parceria com a Revigrés.
As “ArchiRevi Talks” vão acontecer em formato roadshow nas faculdades das áreas de Arquitectura, Design e Engenharia Civil, em todo o País, para falar sobre sustentabilidade e convidar os futuros profissionais do sector a responder aos desafios da construção sustentável através da sua participação num desafio. Os contactos com as faculdades estão ainda a ser realizados e o agendamento das Talks dependerá da disponibilidade de cada uma das instituições.

Já o “ArchiRevi Challenge” propõe a realização de um projecto de intervenção num espaço existente, sob uma perspectiva inovadora e com um impacto real e visível, integrando produtos e materiais da Revigrés.
O objectivo é demonstrar como a escolha dos revestimentos e pavimentos cerâmicos contribui positivamente para a qualidade do meio ambiente e qualidade de vida dos utilizadores, para prolongar o ciclo de vida dos edifícios e, consequentemente, para a descarbonização das cidades.

Sobre o autorCidália Lopes

Cidália Lopes

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Roca One Day Design Challenge premeia a sustentabilidade

A 7ª edição do concurso desafiou cerca de 320 inscrições de jovens talentos de todo o país a criarem uma solução onde o design permite ajudar pessoas a realizar as suas funções básicas de higiene num cenário de catástrofe natural. A proposta assinada por João Queirós, Hygibucket, saiu vencedora

CONSTRUIR

A sétima edição em Portugal do Roca One Day Design Challenge (ODDC), que, este ano regressou ao formato presencial, desafiou os participantes a apresentar, em contra-relógio, ideias inovadoras para o espaço de banho.
Este ano, os participantes foram convidados a criar uma solução de banho que ajude as pessoas a realizar as suas funções básicas de higiene num cenário de catástrofe natural. O briefing, apresentado no início do dia, baseou-se na premissa de que num cenário de catástrofe natural, como terramotos, furacões, inundações e incêndios, podem provocar interrupções no fornecimento de água potável, assim como no saneamento básico. Em apenas 8 horas, os participantes tiveram de desenvolver uma solução que ajude as pessoas a realizar as suas actividades de higiene nestes cenários, permitindo privacidade e garantindo a sustentabilidade da solução.

Os projectos foram avaliados pelo júri constituído por Jorge Vieira, managing diretor da Roca, Pedro Novo, fundador do atelier Pedro Novo arquitetos, Isabel Dâmaso, da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, Susan Cabeceiras, fundadora da Konceptness, e as vencedoras da edição anterior, Rosana Sousa, com formação académica no Instituto Politécnico do Cávado, e Sofia Vieira com formação académica em Belas Artes da Universidade do Porto.
Hygibucket foi o projecto vencedor do Roca ODDC 2023, com o primeiro prémio, no valor de 2.000€. A avaliação do júri sobre o trabalho criado por João Queirós, da Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha, foi unanime, “dado que o projecto reflectia o espírito de catástrofe, traduzindo-se numa solução prática e versátil e com grande atenção aos detalhes, ao nível da execução”.

O segundo prémio, no valor de 1.500€, foi atribuído à equipa composta pela dupla Bernardo Pereira e Rodrigo Santa Rita, alunos da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa. O projecto Emergency Hygiene Unit foi avaliado pela sua boa apresentação, bom design, facilidade na compreensão da solução, bem como pela facilidade de transportar e desmontar enquanto objecto.

O projecto On the go, criado por Joana Gonçalves e Miguel Lamas da Faculdade de Belas Artes de Lisboa foi galardoado com o terceiro prémio (1.000€). O júri destacou neste trabalho a multifuncionalidade da peça, traduzindo-se numa solução compacta, excelente para armazenamento e fácil de transportar.

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“Hoje em dia não basta fazer arquitectura”

O grupo Openbook está em expansão, com reforço das áreas de design e nos serviços e apostou em diferentes vertentes, da corporativa à hoteleira, passando pelo residencial, sem esquecer aquela que é a sua área mais reconhecida internacionalmente: os escritórios. Paulo Jervell, partner e um dos fundadores do grupo, explica a aposta do Grupo

O hotel Choupana Hills na Madeira está em reconstrução. O investimento na recuperação da unidade, que durante décadas foi um marco do Turismo no arquipélago, é do grupo Lux Hotels e deverá custar, de acordo com notícia avançada pelo Diário da Madeira, cerca de 20 milhões de euros. A intervenção pressupõe a reconstrução dos edifícios afectados pelo incêndio de 2016, bem como as obras de conservação e manutenção nos edifícios não afectados, a recuperação dos arranjos exteriores e a redefinição de todos os espaços interiores e conceito de decoração. A arquitectura está a cargo da Openbook e o design de interiores foi entregue à NOBK, empresa do grupo Openbook.

A intervenção, transversal, do grupo de arquitectura português no projecto de reconstrução desta unidade hoteleira segue em linha com a nova dinâmica do grupo inaugurada em 2022, com impacto nos resultados do grupo. No último ano, a Openbook facturou 6M€, o que representa um crescimento de 50% face a 2021, inaugurou uma nova área de negócio, de Investment Advisory, um serviço de apoio ao investimento imobiliário, e apostou em diferentes vertentes, da corporativa à hoteleira, passando pelo residencial, sem esquecer aquela que é a sua área mais reconhecida internacionalmente: os escritórios. “Hoje não basta fazer arquitectura. Muitos dos nossos clientes esperam uma integração mais ampla de serviços”, justifica Paulo Jervell, partner da Openbook. “Queremos continuar a traçar um percurso sólido não só na área corporativa onde somos uma grande referência, mas também noutros sectores como o do turismo que está a ganhar cada vez maior relevância no nosso portefólio”, explica o arquitecto.

As metas para 2023 estão traçadas: alcançar 7,5 milhões de euros de facturação e apostar cada vez mais no mercado internacional onde tem desenvolvido vários projectos em diversas geografias: do Luxemburgo ao Brasil ou Angola. O reforço da equipa, iniciado em 2022, será reforçado ao longo deste ano, estando prevista a criação de uma área de actividades de design do grupo, que permitirá expandir a oferta de serviços na área corporativa, tais como: design de ambientes, sinalética e wayfinding, branding e design de identidade de marca.

O que motivou a criação de uma nova área de Real Estate Advisory e, exactamente, em que fase do processo de investimento é que ela intervém?
A área de Real Estate Advisory surge como uma consequência do crescimento e da diversificação dos serviços prestados pelo Grupo Openbook. Esta área assenta na prestação de serviços globais especializados e integrados, desde a identificação e selecção de activos, análise de custos e de viabilidade económica, apoio à transacção, coordenação de due diligences, gestão e contratação de serviços jurídicos e financeiros, planeamento estratégico e coordenação de todo processo de investimento. Com a forte aposta nesta nova área de negócio, após a sua consolidação, prevemos que esta possa contribuir para um crescimento em cerca de 20% do nosso volume de negócios.

Terá uma autonomia face àquela que é a actividade principal do grupo? O que vai mudar naquela que hoje já é uma área desenvolvida pela NOBK?
Esta nova área de actividades de design vem complementar tanto os serviços de Design de Interiores da NOBK, como os serviços de Arquitetura da Openbook. É uma área que irá abranger principalmente o Environmental Graphic Design, Sinalética e Wayfinding, Branding e Design de identidade de marca, mas também Audiovisuais e Multimédia, tendo assim uma intervenção distinta da NOBK. O Environmental Graphic Design coordena-se com inúmeras disciplinas de design, incluindo não só o design gráfico e a arquitectura, como também o design de equipamento, design de interiores e a arquitectura paisagista. Em todas estas disciplinas foca-se nos aspectos visuais da navegação e orientação no espaço, comunicação de identidade e informações – no intuito de educar, orientar, inspirar e entreter – moldando desta forma as experiências que as pessoas têm de um determinado lugar.

Hoje não basta “fazer” Arquitectura? Estas apostas são sinais das novas exigências ou reflexo do crescimento do gabinete?
Sim, de facto hoje não basta fazer arquitectura. Muitos dos nossos clientes esperam uma integração mais ampla de serviços. O mercado atingiu um estado de maturidade e sofisticação que aconselha que seja uma única entidade a gerir a grande diversidade de contratações, e a oferecer uma visão alargada e profissional do negócio e não somente uma perspectiva da qualidade do desenho.

Quão importante é para vós a área internacional e qual o peso que tem hoje no vosso volume de negócios?
A Openbook teve sempre uma perspectiva de posicionamento internacional e prova disso são os projectos que tem vindo a desenvolver em diferentes geografias nos seus 15 anos de actividade. Os projectos são concebidos pela equipa em Portugal com um acompanhamento dos nossos parceiros locais. Temos em curso um conjunto de projectos corporativos e de habitação internacionais, designadamente no Centro da Europa, Angola e Médio Oriente, cuja receptividade nos permitem antever um cenário de crescimento muito significativo e que hoje representam cerca de 15% do nosso volume de negócios.

Principais desafios de 2023?
A política de crescimento é cultural na Openbook, sendo que esse crescimento tem vindo a ser consolidado com a liderança no mercado corporativo, bem como o reconhecimento da nossa qualidade em áreas como o sector residencial, e os sectores do turismo e ensino. Com o crescimento sustentável que a Openbook tem vindo a ter, os grandes desafios assentam em continuar a fazer boa arquitectura em todos os projectos independentemente da escala ou do volume da encomenda, a qualidade é o nosso pilar central. Continuar a apostar na formação contínua da nossa equipa, em proporcionar a evolução das suas competências e, a somar a isto, outras disciplinas e áreas de negócio complementares com uma contínua aposta na tecnologia que sustenta toda a produção, com o objectivo de atingir o crescimento de 25% em 2023.

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Fundações EDP e Serralves em sintonia, com projectos em agenda

A Fundação EDP e a Fundação de Serralves acordaram o desenvolvimento de projectos em conjunto nos espaços que gerem

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A Fundação EDP e a Fundação de Serralves acordaram o desenvolvimento de projectos em conjunto nos espaços que gerem, nomeadamente o Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (maat) e a Central Tejo, em Lisboa, e o Museu, a Casa, o Parque de Serralves e a Casa do Cinema Manoel de Oliveira, no Porto, orientados para a promoção da arte contemporânea, da arquitectura e da ciência.

Nesse sentido, nos próximos anos, a Fundação EDP irá apoiar anualmente uma grande exposição em Serralves, começando desde já por apoiar a grande exposição dedicada à obra de Carla Filipe, que inaugurará neste mês no Museu de Serralves. Está também prevista a apresentação de algumas iniciativas de Serralves no maat e na Central Tejo, numa colaboração que se prevê estender-se nos próximos anos, com outras exposições e programas a divulgar.

Com este acordo, a Fundação EDP e a Fundação de Serralves terminam as conversações que vinham mantendo com vista ao estabelecimento de uma parceria para a gestão do Campus Cultural da Fundação EDP. A colaboração entre as duas fundações irá agora desenvolver-se através da promoção de iniciativas conjuntas, com a ambição de dinamizar a programação cultural no país e a nível internacional.

Desta forma, a Fundação EDP e a Fundação de Serralves pretendem consolidar o seu papel de mecenas e agentes activos na promoção e divulgação da arte e da cultura dentro e fora de Portugal.

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AND-RÉ vencem concurso para habitação na antiga Luzoestela em Aveiro

Promovido pelo IHRU, o futuro projecto será desenvolvido ao abrigo do Programa de Arrendamento Acessível. A assessoria técnica esteve a cargo da OASRS

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O atelier de arquitectura AND-RÉ foi o vencedor do concurso público do futuro conjunto habitacional que vai crescer no terreno da antiga Luzoestela, em Aveiro, junto ao viaduto da Esgueira. Promovido pelo Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), o futuro projecto será desenvolvido ao abrigo do Programa de Arrendamento Acessível. A assessoria técnica esteve a cargo da Secção Regional do Centro da Ordem dos Arquitectos (OASRS).

Com um total de 108 fogos previstos, a Área Bruta de Construção não deverá ultrapassar os 12 mil metros quadrados, valor que inclui uma área de 500 metros quadrados destinada a comércio e serviços, assim como áreas de construção abaixo do solo destinadas a estacionamento e arrecadações.

De acordo com o júri, o conjunto apresenta “uma imagem diferenciada, boa relação com a envolvente e respectiva rede viária, bem como uma escala adequada e espaços exteriores bem dimensionados, incorporando preocupações ambientais”.

Neste sentido, a proposta da AND-RÉ evidencia-se por um conjunto de edifícios que se organizam em forma de “U”, criando “uma ampla praça urbana”. O espaço encerra-se para o arruamento devido à criação de dois blocos paralelos e dois perpendiculares, apresentado entre eles uma forte relação de proximidade e configurando um espaço vazio que se projecta para o horizonte numa lógica de espaço natural permeável, mantendo o solo orgânico.

Do ponto de vista arquitectónico, o conjunto apresenta “uma solução conceptual homogénea e compacta com uma imagem sóbria devido a uma malha assimétrica que uniformiza todas as fachadas”. Relevou, também, a opção de “libertar” uma vasta área para espaço verde totalmente permeável, tentando diminuir o impacto negativo das pré-existências, dado tratar-se de uma antiga zona industrial atravessada por redes viária e ferroviária. O facto de não existir estacionamento em cave, nas zonas destinadas a espaços verdes viabiliza a plantação de árvores, minimizando o impacto na estrutura ecológica.

Outro aspecto positivo, é a organização funcional, dos espaços privados e sociais das habitações bem como o
cumprimento da legislação relativamente a acessibilidades. A organização funcional dos fogos permite espaços interiores bem dimensionados e a ventilação transversal é considerada uma mais valia em termos de habitabilidade.

Os espaços de comércio e serviços apresentam-se bem localizados, enquadrados com os espaços verdes e com oferta de estacionamento.

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Prémio de Arquitectura de Odivelas com candidaturas até 31 de Março

As obras a concurso podem ser de construção nova ou de reabilitação ou recuperação de edifícios e cuja autorização de utilização tenha sido emitida nos quatro anos anteriores

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O Prémio Municipal de Arquitetura, instituído pela Câmara Municipal de Odivelas e com o apoio institucional da Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo da Ordem dos Arquitectos (OASRLVT), encontra-se em fase de candidaturas. As propostas podem ser enviadas até 31 de Março deste ano.

Aquela que é já a sua 8ª edição, tem como objectivo “promover publicamente edifícios que representem um contributo para a valorização e/ou salvaguarda do património arquitectónico e urbanístico do concelho”.

Desta forma, “serão valorizadas as intervenções que combinem os aspectos relacionados com a qualidade arquitectónica e a sua inserção no tecido urbano e paisagem envolvente”, assim como soluções que tenham em contam questões ambientais e de eficiência energética.

As obras a concurso podem ser de construção nova ou de reabilitação ou recuperação de edifícios e cuja autorização de utilização tenha sido emitida nos quatro anos anteriores.

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DONE Design To Build apresenta o segundo escritório da Aquila Capital [c/galeria de imagens]

A parceria entre as duas entidades foi reforçada através de um serviço de consultoria, arquitectura, gestão e execução de obra, para mais um piso de 570m2, no edifício Fontes Pereira de Melo 14

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A Aquila Capital acaba de reforçar a sua presença em Portugal, com a implementação de mais um piso, no edifício Fontes Pereira de Melo 14, situado no coração da cidade de Lisboa.

O novo espaço com 570m2, foi pensado de raiz pela DONE Design To Build, empresa de arquitectura da Worx Real Estate Consultants. No âmbito da sua estratégia de One Stop Advisor, a equipa de Agency da Worx assessorou a Aquila Capital na escolha deste novo espaço, tendo a DONE Design To Build ficado responsável por todo o projecto de consultoria, fit out, assim como a gestão e execução das obras. Num serviço único chave-na-mão, a DONE foi também intermediária entre a Aquila Capital e o proprietário do edifício, o que permitiu optimizar custos e prazos na execução do projecto.

A multinacional alemã, que actua no sector dos investimentos alternativos e da gestão de activos imobiliários, há mais de 20 anos, tem vindo a aumentar a sua equipa em Lisboa. Dois anos depois de se ter instalado em Lisboa foi necessário adequar o espaço à nova realidade, tendo como principal objectivo o bem-estar de todos os colaboradores.
“O projecto da Aquila Capital foi bastante desafiante. Sendo o segundo escritório da empresa em Lisboa, no mesmo edifício, houve uma grande necessidade de explorar o que já havia sido implementado, mas, ao mesmo tempo, inovar, criando soluções ao encontro da maior tendência da nossa época, que é priorizar os colaboradores e o seu bem-estar. Assim, o Look & Feel Homey, aliado à sustentabilidade, foram as principais abordagens no desenvolvimento deste projecto. Deu-se primazia a zonas de well-being e ao recurso a materiais ecologicamente sustentáveis, respeitando assim na perfeição o ADN da Aquila e o seu posicionamento no mercado”, salienta Mafalda Carvalho, arquitecta da DONE Design To Build.

A génese da concepção espacial deste novo escritório foi a criação de um grande núcleo central – zona de bar e lounge – caracterizado pela luz intimista, pelo recurso à vegetação, às madeiras, ao mobiliário “de estar” e zonas de trabalho informal, transpondo os colaboradores para um ambiente homey, em contraponto com a área envolvente, onde se situam as salas de trabalho convencionais. Um espaço singular que promove o encontro, a partilha e o convívio, entre os diferentes pisos e departamentos.

A DONE privilegiou a nova tendência “nice to have”: a recovery room”, onde os colaboradores podem fazer pequenas pausas ao longo do dia, que lhes possibilitam recuperar energia. Uma sala propositadamente pintada de azul, que permite ao colaborador que conecte um dispositivo para ouvir a música da sua preferência e que está decorada com constelações feitas com pontos de luz, onde a constelação em maior destaque é a Aquila.

A implementação de um projecto sustentável também esteve no top of mind da DONE, considerando também todo o ciclo de vida do escritório, a longo prazo. Foram sempre privilegiadas marcas portuguesas, destacando-se a utilização do burel, que foi aplicado nas carpintarias – phoneboots; meetings points; bancos corridos, entre outros elementos. O candeeiro instalado na recepção (peça exclusiva e única) foi produzido à mão num atelier no Porto, optou-se pela utilização de mobiliário feito em materiais reciclados, como redes piscatórias, e, adicionalmente, foram escolhidas tintas certificadas e absorventes de carbono, melhorando assim a qualidade do ar do novo escritório.

O mercado oferece cada vez mais soluções com menor pegada ambiental e um dos critérios de eleição passou pela selecção de materiais de construção e mobiliário mais verdes. Uma tendência mundial e preocupação transversal em todos os projectos da DONE Design to Build.

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“Mais Habitação”: Arquitectos querem audiência urgente

A OA criticou ainda a inexistência de valores de referência para o trabalho dos projectistas, a falta de regulamentação sobre seguros de responsabilidade profissional, a burocratização e a limitação da autonomia das ordens

Ricardo Batista

A Ordem dos Arquitectos (OA), por sua vez, vai pedir uma audiência, com carácter de urgência, com a ministra da Habitação, após a apresentação de um pacote de medidas para o sector, bem como apelar à convocação do Conselho Nacional de Habitação. “A Ordem dos Arquitectos vai solicitar uma audiência à ministra da Habitação, com carácter de urgência, para a discussão do pacote de medidas apresentadas e vai também apelar à convocação do Conselho Nacional de Habitação”, anunciou, em comunicado.

Os arquitectos sublinharam que o problema da habitação é “complexo e grave” e que estão conscientes da “pressão imposta” pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), bem como da execução desses fundos numa “janela temporal que é limitada”. Neste sentido, a ordem defendeu a importância de o pacote para responder à crise de habitação em Portugal ser discutido. Apesar de garantir que vê com “bons olhos” algumas das medidas anunciadas, a OA quer que as mesmas sejam apresentadas com mais detalhe. “Naturalmente que aumentar o número de casas disponíveis no mercado de arrendamento é positivo, mas importa perceber de que habitações se tratam e onde se localizam”, apontou.

Para esta Ordem, a mobilização de solos e edifícios do Estado para projectos de arrendamento acessível também é positiva, assim como as medidas para reforçar a confiança dos senhorios. Porém, conforme defendeu, estas decisões “requerem cuidado” para que possam surtir o efeito desejado. A Ordem referiu ainda que subsistem “dúvidas fundamentais” quanto à exequibilidade de algumas medidas e à sua coerência. “Os arquitectos acolhem a responsabilização, mas, enquanto técnicos qualificados e profissionais regulados, reclamam-na com responsabilidade. E, para tal, é preciso que o Estado faça a sua parte e que esta não seja, uma vez mais, uma demissão do Estado das suas obrigações. Demissão que assinalámos aquando da aprovação do novo regime de concepção-construção”, acrescentou.

A OA criticou ainda a inexistência de valores de referência para o trabalho dos projectistas, a falta de regulamentação sobre seguros de responsabilidade profissional, a burocratização e a limitação da autonomia das ordens. “Os arquitectos, tal como os portugueses, estão infelizmente habituados a trabalhar em condições mínimas, mas não podemos trabalhar em condições mínimas com responsabilidade máxima, que não é nossa, mas sim do Estado, sem ter as condições para a exercer com responsabilidade. A OA aguarda a colocação do diploma a consulta para contribuir como parceira na solução e apela a que o Conselho Nacional de Habitação reúna”, concluiu.

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Vilnius recebe arranque da Open House Europe

O lançamento do novo projecto de cooperação internacional que “pretende abraçar um debate mais inclusivo sobre arquitectura e fortalecer o seu papel como agente de mudança positiva” acontece esta sexta-feira, às 18 horas, com transmissão online através do Youtube

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Realiza-se esta sexta-feira, dia 3 de Março, o lançamento oficial do novo projecto de cooperação internacional Open House Europe que “pretende abraçar um debate mais inclusivo sobre arquitectura e fortalecer o papel da arquitectura como agente de mudança positiva”.

Organizado pela Architektūros Fondas, o lançamento reúne representantes das 11 cidades, incluindo a coordenadora do Open House Lisboa, Carolina Vicente, e integra um programa de visitas à Filarmónica Nacional da Lituânia, o media center educativo “Lojoteka” e à zona histórica da cidade.

O arranque oficial do Open House Europe, que tem lugar na National Gallery of Art, abre com um discurso de boas-vindas pelo coordenador de projecto seguindo da apresentação por todos os membros do seu Open House da sua cidade. O dia termina com uma conversa sobre alfabetização arquitectónica e o envolvimento de públicos no processo de construção da cidade, que junta socióloga Dália Čiupailaitė, a urbanista Tadas Jonauskis e a activista em arquitectura Adelė Dovydavičiūtė com moderação de Matas Šiupšinskas.

No dia 4 de Março, realiza-se uma reunião de coordenação no emblemático centro cultural SODAS 2123 com o objectivo de discutir a estrutura geral de todo o programa Open House Europe nos próximos anos, nomeadamente, como se pode integrar mais o público com deficiência auditiva e visual e alcançar um público internacional. Este dia inclui, ainda, um debate aberto sobre Sustentabilidade como tema central para 2023 e o acerto da agenda de eventos OH Europe. Finalmente, o encontro aborda os desafios do Programa de Intercâmbio de Voluntários e ao Encontro Anual, que se vai realizar em Dezembro em Lisboa, na sede da Trienal.

O lançamento do Open House Europe pode ser acompanhado online, a partir das 18 horas, no canal do Youtube.

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