Engenharia

Mercado nacional no centro da estratégia da TPF Consultores

Carlos Baião é, desde Maio, presidente do Conselho de Administração da TPF Consultores de Engenharia e Arquitetura, empresa que celebra este ano quatro décadas de vida. 2020 e a situação de pandemia que vivemos volta a trocar as voltas à estratégia da empresa que em 2019 tinha no mercado externo 70% da sua actividade

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Mercado nacional no centro da estratégia da TPF Consultores

Carlos Baião é, desde Maio, presidente do Conselho de Administração da TPF Consultores de Engenharia e Arquitetura, empresa que celebra este ano quatro décadas de vida. 2020 e a situação de pandemia que vivemos volta a trocar as voltas à estratégia da empresa que em 2019 tinha no mercado externo 70% da sua actividade

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Carlos Baião é, desde Maio, presidente do Conselho de Administração da TPF Consultores de Engenharia e Arquitetura, empresa que celebra este ano quatro décadas de vida. O novo PCA assume as rédeas da empresa numa altura em que esta enfrenta o maior desafio da sua história.

Detida a 100% pelo grupo belga TPF, a empresa herdou ao longo dos últimos 40 anos a experiência acumulada de algumas das mais antigas empresas de engenharia nacionais que, ano após ano a foram integrando. A história da TPF Consultores de Engenharia e Arquitetura é uma história de sucesso mas também de sobrevivência.

2020 e a situação de pandemia que vivemos volta a trocar as voltas à estratégia da empresa que em 2019  tinha no mercado externo 70% da sua actividade. Sem pensar duas vezes, a estratégia da nova administração passa por um maior incremento da actividade no mercado nacional, de olho nas infraestruturas defendidas pelos planos de recuperação nacional e europeu e financiadas, maioritariamente por fundos europeus. A empresa não estará sozinha nesta estratégia mas a sua experiência pode fazer a diferença.

Como terminou o último ano fiscal para a TPF Consultores de Engenharia e Arquitetura e qual o peso da empresa no seio do grupo TPF?

A TPF Consultores facturou em 2019, em termos consolidados 28,2 milhões de euros. Nesse mesmo ano o Grupo TPF facturou 248 milhões de euros. Embora em termos de facturação o nosso peso tenha sido de 11,4%, em termos de EBITDA do Grupo TPF, foi de mais de 25%.

A última aquisição do grupo em Portugal, a Cenor em 2016, permitiu à empresa crescer quanto?

A aquisição em 2016 conduziu a um aumento de 30% a 60%, variando nos últimos quatro anos em função da menor ou maior exportação. No entanto, mais do que esses valores, a aquisição veio proporcionar uma dimensão internacional mais robusta à empresa, tendo, simultaneamente, alargado significativamente as nossas áreas técnicas de atuação, tornando-nos, actualmente, na maior empresa de consultoria nacional na actividade conjunta de engenharia e arquitectura.

Hoje estão presentes em quantos mercados? Qual o peso destes nas contas da empresa? 

A TPF Consultores, para além do mercado nacional, está presente em Angola, Argélia, Camarões, Macau, Moçambique, Timor-Leste e Turquia, mas trabalhamos activamente no Brasil em parcerias com empresas do Grupo TPF, e actuamos de uma forma geral nos mercados onde vão surgindo as oportunidades, como sejam os exemplos de contratos em curso no Quénia e na Guiné Conacri, correspondendo o mercado internacional a cerca de 70% da nossa actividade.

 Quantos colaboradores empregam?

A TPF Consultores, portuguesa, tem cerca de 310 colaboradores, incluindo participadas, e o Grupo integra cerca de 4000 colaboradores permanentes.

Linha Ferroviária OTT, Argélia

 Quais as principais obras onde estão a operar?

No mercado internacional, trabalhamos sobretudo na área de instalações de saúde (hospitais), sistemas de abastecimento de água e de energia hídrica, em Angola, em infraestruturas de transporte (rodovias, ferrovias e sistemas de metro), na Argélia, em ordenamento e planeamento do território e em estudos de infraestruturas hidráulicas, em Moçambique, e no imobiliário, em Macau. Em Timor-Leste, nos Camarões e na Turquia trabalhamos em projectos diversificados, sejam na área das infraestruturas urbanas e rodoviárias, seja na área de instalações de saúde, ou, ainda, na área da engenharia geotécnica. Esta última área é também o caso do Brasil, onde temos vários contratos em curso de consultoria no sector mineiro.

A TPF Consultores é, actualmente, com grande probabilidade, a empresa portuguesa de engenharia e arquitetura mais pluridisciplinar, tendo profissionais permanentes que lhe permite intervir nas áreas de Edifícios, Estruturas e Instalações Técnicas, de Ambiente, de Hidráulica, de Desenvolvimento Agrícola, de Transportes, de Geologia e Geotécnia, bem como na Gestão e Fiscalização de Obras, tanto a nível de Engenharia como também de Arquitectura e da cada vez mais ativa modelação BIM.

De que forma está repartido o capital da empresa e qual o peso do Grupo TPF? Existe autonomia de decisão?

O capital da empresa é neste momento detido a 100% pelo Grupo TPF. Contudo, existe autonomia de decisão até ao limite que a própria administração da TPF Consultores entenda que a deve assumir. Por outras palavras, é com total naturalidade que a Administração coloca os problemas ao accionista sempre que entende que estes, pela sua delicadeza ou relevância no futuro da empresa, requerem a sua opinião ou intervenção.

A TPF Consultores integra o Comité Executivo do Grupo TPF, que reúne com frequência. No início de cada ano são estabelecidos os KPI estratégicos da empresa, sendo a gestão totalmente orientada para o seu cumprimento.

Como vêm o actual momento, do ponto de vista do sector onde actuam, e dos desafios que hoje se colocam, tendo em conta a vossa exposição ao mercado exterior?

O actual momento do nosso sector de atuação é critico e já nos acarretou graves problemas, principalmente em toda a actividade de exportação da empresa. O volume da nossa faturação no mercado internacional, no ano de 2019, correspondia a cerca de 70% e, este ano, dificilmente atingirá 50%. Estamos, de forma empenhada, a procurar adaptarmo-nos a esta nova realidade, sendo que, presentemente, o que verdadeiramente nos preocupa são as dívidas pendentes de pagamentos já vencidos que possuímos no exterior e a visível tendência para o respectivo pagamento se protelar, dadas as dificuldades sentidas pelos nossos diferentes clientes estrangeiros, quer privados quer do sector público.

Aumentar a presença no mercado nacional pode ser uma solução?

A procura da compensação da redução das exportações  através do incremento de actividade no mercado nacional tem sido um objectivo estratégico da Administração, contudo, é necessário ter em consideração que as margens libertadas pela actividade no mercado nacional não são comparáveis com as de certos mercados exteriores, sendo na realidade bastante inferiores. Tal significa que, para a empresa apresentar resultados positivos semelhantes aos de anos anteriores, terá de angariar uma carteira de negócios substancialmente maior. Para que tal objectivo seja atingido muito se depende da implementação com sucesso do Plano de Recuperação Económica de Portugal, recentemente divulgado. Este Plano prevê um significativo incremento da actividade no sector onde nos inserimos, englobando os programas PT 2020, o Plano de Recuperação Europeu, bem como os fundos disponibilizados ao abrigo do Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 europeu.

TPF Consultores: A herdeira da engenharia portuguesa

Hospital Cuf Sintra

Contar a história da TPF Consultores é percorrer alguns dos marcos da engenharia do nosso país com intervenções em grandes projectos e obras. A história da TPF Consultores inicia-se em 1980, com a constituição da Planege, que resultou da  cisão de uma empresa de consultoria de engenharia hidráulica, a Sanaqua. Ao longo de quatro décadas a empresa viria a agregar, por aquisição e fusão, várias entidades: a Partex-CE, a P&V, a ProSistemas, a Provia e, mais recentemente, a Cenor.

A Planege foi constituída com doze sócios, dos quais dez eram ex-acionistas da Sanaqua todos com capital accionista praticamente igual, ao jeito de uma cooperativa, tão em voga na altura.

De uma empresa que tinha iniciado a sua actividade no ramo praticamente exclusivo da engenharia sanitária e dos projectos de engenharia, o mercado encaminhou-a, aos poucos, para a área pluridisciplinar de coordenação e fiscalização de obras. Durante um largo período de tempo e até uma nova fase, a empresa foi-se especializando essencialmente em gestão e fiscalização de obras, mantendo nichos de actividade de projecto de engenharia em áreas industriais, como a cimenteira.

Em 2001 a história desta empresa toma um novo rumo. Nesse ano a empresa foi adquirida pela TPF CE. A empresa de consultoria belga tinha entrado no país um ano antes, com a aquisição de 65% da Partex CE. A TPF-CE decidiu reforçar a sua posição no mercado nacional e “persuadiu” o accionista a adquirir também a Planege, passando a empresa a designar-se, então, TPF Planege.

A TPF Planege ganhou projecção no mercado interno, tendo estado envolvida na construção dos estádios para o Euro 2004. A partir de 2006  o mercado externo começa a tomar dimensão na actividade da empresa. A rota internacional inicia-se na Argélia e depois em Angola, ambos os mercados em 2006, e em 2019 surge Moçambique.

O reforço das áreas de engenharia de projectos levou, primeiro, à aquisição da P&V, que à data tinha estado envolvida na ampliação do Hotel Savoy na Madeira, de forma a garantir a área de engenharia de estruturas. Seguiu-se a ProSistemas, para garantir a área de engenharia hidráulica  e, finalmente, a Provia, para suprir a área de infraestruturas de transportes.

Em 2012, graças a estas aquisições, a TPF Planege  tinha já uma facturação de 35% a 40% em projectos e de 60% a 65% em coordenação e fiscalização de obras, correspondendo a actividade exportada a cerca de 70% da sua faturação total. O peso do mercado externo fez com que a empresa ultrapassa-se razoavelmente bem as crises em Portugal de 2008 e 2012.

No cada vez mais internacional Grupo TPF a empresa mantinha uma posição importante, fazendo parte do Comité Executivo conjuntamente com colegas belgas, franceses, indianos e brasileiros. À data, a empresa nacional representava entre 25% e 30% da facturação do Grupo Belga.

Mas a casa mãe estava ela própria empenhada na sua estratégia de expansão internacional em países como a Índia, o Senegal, o Brasil, Marrocos ou Espanha. Desde 2001, altura em que o Grupo TPF adquiriu a Planege, até 2014, quando o Grupo adquiriu duas empresas espanholas, o crescimento foi da ordem de 100%. A aquisição pelo Grupo TPF de ambas as empresas, a Getinsa e a Euroestudios, reduziu a influência da TPF Planege a cerca de 10%.

Foi nessa ocasião que a TPF Planege decidiu encetar conversações com a Cenor. As duas empresas cooperavam havia já alguns anos através de parcerias específicas para determinados trabalhos, tanto em Portugal continental, como na Região Autónoma da Madeira, e até mesmo em Angola, no construção da Cimenteira do Cacuaco. A Cenor possuía também clusters de especialização que a TPF Planege continuava a não deter, em especial nas áreas da geologia e geotecnia. Em 2016 é formalizada a fusão entre a TPF Planege e a Cenor, da qual resultou a TPF Planege Cenor.

Em 2018 a empresa assume a designação TPF – Consultores de Engenharia e Arquitectura e assume-se como uma empresa portuguesa, que integra um grupo de dimensão internacional mas com gestão “integralmente” nacional, constituindo hoje um importante subgrupo dentro do Grupo TPF com  sucursais em Angola, Argélia, Camarões, Macau, Moçambique, Turquia e Timor-Leste.

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Créditos: DR (foto retirada do site Tâmega tv)
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IP consigna a última empreitada das obras do PRR

Empreitada, com um investimento de 14,7 M€, corresponde à construção da Variante à EN211 entre Quintã e Mesquinhata

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A Infraestruturas de Portugal (IP) vai dar início à construção da Variante à EN211 entre Quintã e Mesquinhata, no distrito de Porto, concelhos de Marco de Canaveses e Baião, naquela que é a última empreitada das obras do PRR. A empreitada foi consignada à empresa Cândido José Rodrigues.

Com um investimento de cerca de 14,7 milhões de euros, a empreitada corresponde à construção de uma variante à EN211, com cerca de 2,5 km, entre o entroncamento da EN321-1 e a localidade de Mesquinhata, que tem por objectivo oferecer “um percurso alternativo à EN211” e “desviar os tráfegos de passagem do interior dos aglomerados urbanos”, melhorando o nível de serviço rodoviário e reduzindo os tempos de percurso.

A intervenção, além da construção do novo traçado, inclui, também, uma nova rotunda na Mesquinhata, três viadutos, três passagens superiores e uma passagem agrícola.  A Variante terá uma velocidade base de 60km/h e via de lentos entre os quilómetros 0 e 0,432 no sentido Quintã / Mesquinhata e entre os quilómetros 1,869 e 2,465 no sentido Mesquinhata / Quintã.

Para assinalar o início da intervenção, marcaram presença, esta terça-feira, dia 6 de Maio, na sede da IP, Hugo Espírito Santo, secretário de Estado das Infraestruturas, Miguel Cruz, presidente do Conselho de Administração da IP, Paulo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Baião, Nuno Pinto, vice-presidente da Câmara Municipal de Marco de Canaveses e Maria de Lourdes Oliveira Freitas, em representação da empresa Cândido José Rodrigues.

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Nova edição do Prémio Secil Engenharia abre candidaturas

Nesta edição podem concorrer obras concluídas entre 2022 e 2024, realizadas em qualquer país da União Europeia e cuja solução estrutural tenha sido concebida por engenheiros portugueses. As candidaturas estão abertas até 30 de Junho de 2025

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A Secil acaba de lançar a XII edição do Prémio Secil de Engenharia Civil, que distingue a excelência, a inovação e o talento nacional. Instituído em parceria com a Ordem dos Engenheiros, este galardão premeia uma obra que se destaque pela qualidade da concepção técnica, pela inovação e execução e pela utilização do betão estrutural como material essencial.

Nesta edição podem concorrer obras concluídas entre 2022 e 2024, realizadas em qualquer país da União Europeia e cuja solução estrutural tenha sido concebida por engenheiros portugueses. As candidaturas estão abertas até 30 de Junho de 2025. O prémio inclui um valor monetário de 50 mil euros e a atribuição de diploma e troféu aos autores da solução técnica, bem como ao dono de obra, projectista e construtor. A obra vencedora será ainda assinalada com uma placa comemorativa.

Ao longo das suas edições, o Prémio Secil de Engenharia Civil tem contribuído para afirmar o papel da engenharia como motor de desenvolvimento e de modernização do país. Esta distinção constitui, por isso, um estímulo ao reconhecimento público de obras que se destacam não apenas pela sua qualidade técnica, mas também pelo seu contributo para o bem comum, a sustentabilidade e o progresso das comunidades.

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“Ainda nos falta definir uma estratégia consolidada de País”

Ao CONSTRUIR, o recém-(re)eleito presidente da secção Norte da Ordem dos Engenheiros, Bento Aires, fala do significado da expressiva votação, do papel dos engenheiros na necessária transformação da produção na Construção e os efeito da instabilidade política no calendário de investimentos estratégicos que o País tem pela frente

Ricardo Batista

Recém-empossado presidente da secção regional do Norte da Ordem dos Engenheiros, onde cumprirá um segundo mandato, Bento Aires explica ao CONSTRUIR por onde passa a estratégia daquele organismo para o próximo triénio, numa altura em que o Sector enfrenta grandes desafios que passam, em parte, pelo reforço da industrialização

O senhor foi eleito com 89% dos votos. Que significado tem esta expressividade para si, por muito que tenha sido uma lista única sujeita a sufrágio?
Representa exatamente o mesmo que representou a primeira eleição. Uma enorme responsabilidade, vontade e motivação para continuar o trabalho que fizemos até aqui.
Interpreto o resultado como uma validação expressiva da vontade dos Engenheiros da Região do nosso projecto, apesar da eleição ter sido em lista única, a participação dos membros no acto eleitoral foi das mais elevadas em eleições similares.
No fundo, vamos continuar o futuro, um futuro com mais engenheiros/as activos/as no desenvolvimento económico, social e sustentável.
Conseguimos nos últimos três anos envolver muitos mais Engenheiros na nossa acção, sobretudo por via da sua capacitação, do desenvolvimento de acções de formação e de partilha de conhecimento.
Hoje, os nossos membros reconhecem a força e actividade da OERN enquanto plataforma de valorização e qualificação do seu trabalho.

Quais são as principais prioridades da Ordem dos Engenheiros – REGIÃO NORTE para este novo mandato?
Temos duas novas prioridades: a Indústria e a Administração Pública. A Região Norte tem uma forte componente industrial, onde trabalham centenas de engenheiros, para quem vamos querer orientar o nosso trabalho, com acção de capacitação, discussão, permitindo que a partir dos Engenheiros se contribua para a re-industrialização da região e do País.
O mesmo acontece com a administração pública, onde temos muitos engenheiros a trabalhar, e de quem vamos querer estar mais próximos.
Depois estaremos atentos a temas transversais e sectoriais, com o impacto da inteligência artificial, da sustentabilidade na prática profissional.
Neste caso, queremos que os nossos engenheiros liderem a transformação que o sector da construção está a viver, acelerando-a e melhorando os seus resultados, apostando na qualidade e valorização do trabalho dos engenheiros.
Dando, obviamente, continuidade ao trabalho que temos feito até aqui, envolver os Engenheiros na vida ativa da sociedade, aumentado o seu reconhecimento.

Que medidas concretas serão tomadas para fortalecer a profissão e a sua representatividade na sociedade?
Digo recorrentemente que a sociedade não tem cultura de engenharia, para não dizer que é inculta de Engenharia, e só alteramos este estado com proximidade e difusão de conhecimento, acentuando o fosso da qualidade e alcance dos objetivos, em matéria de engenharia, entre a presença de um Engenheiro e de um não engenheiro, ou qualquer outro profissional que não domine o conhecimento e evolução tecnológica.
Só assim, conseguimos fortalecer a profissão na sociedade. A capacidade está cá dentro, o reconhecimento vem de fora. Temos de aproveitar o momento, vivemos tempos de engenharia, o que significa uma oportunidade única para conseguirmos esse fortalecimento.

A expressividade da votação aumenta o grau de exigência sobre o papel da Ordem?
Claro, essa é a missão da Ordem, contribuir para separar o trigo do joio, garantindo que a sociedade, sobretudo os mais frágeis, estão protegidos.

Praticamente um ano se passou sobre a adopção do pacto para a qualidade e valorização do trabalho dos engenheiros. Que balanço faz desta medida?
O Pacto OERN é uma das nossas marcas, quisemos juntar empresas, que se comprometem com a Ordem profissional a serem exemplo de políticas laborais e a prosseguirem os objectivos colectivos que temos de vencer.
É de adesão voluntária, mas permite-nos medir e dar a conhecer e evolução do valor trabalho, assente na remuneração, qualidade dos contratos de trabalhos, desenvolvimento de competências, igualdade de género, contratação de recém-licenciados e regressos de engenheiros portugueses a trabalhar no estrangeiro, por exemplo.
Hoje, sabemos que no primeiro semestre de 2024 os salários subiram, as empresas aderentes conseguiram trazer mais de 50 engenheiros portugueses que estavam fora do país para trabalhar em Portugal, que melhoramos a qualidade dos contratos, que muitos dos recém-formados ficaram em Portugal ao revés que de os perdermos enquanto motores da nossa competitividade.
E em breve teremos os indicadores do segundo semestre de 2024.

Qual será o sentido de evolução deste pacto, além de, naturalmente, um aumento das empresas aderentes?
O caminho natural é esse, apenas de aumento do número de empresas aderentes, hoje já contamos com 36 empresas e com mais manifestações de interesse na subscrição. Mas vamos querer dar mais um passo.
Vamos, em conjunto com as empresas, preparar um Pacto OERN 2.0, em que a OERN vai abrir mais as suas portas, responder a requisitos de formação, acesso a canais específicos de comunicação com os membros, e trabalharmos com as empresas objectivos mais concretos na qualidade e valorização do trabalho, por exemplo.
Haverá também o tempo dos engenheiros a quem queremos incentivar a lançarem os seus próprios projectos empresariais.

De que forma a instabilidade política pode impactar o sector da engenharia e a sua evolução?
Não antevejo consequências graves no sector da engenharia, nem na sua evolução. No País sim, haverá consequências, atrasos, menos tempo para se executarem os projetos críticos para o país, e por vezes, menos tempo pode significar menos qualidade, ou seja, quem irá perder somos todos coletivamente.
A Engenharia vive um momento único de afirmação da sua capacidade e conhecimento, e precisa de consumidores finais, ou clientes, que se comprometam com a qualidade e não com a busca do valor mais baixo de compra dos serviços.

Há preocupações sobre possíveis atrasos ou cortes em investimentos estratégicos para o país?
Devemos todos estar preocupados com os atrasos, cortes, ou reprogramações dos investimentos estratégicos. O País vive uma crise profunda em matérias de engenharia: habitação, mobilidade urbana, mobilidade interurbana, digitalização, gestão da água, dos resíduos, por exemplo, e o denominador comum são os Engenheiros.
E estas crises acontecem porque nos últimos anos estas matérias foram esquecidas e foram o parente pobre das decisões políticas.

Como a Ordem pode influenciar a criação de políticas públicas que garantam estabilidade e previsibilidade para os engenheiros?
Com Engenheiros nas decisões. Recomendando que as decisões políticas sejam revestidas de dimensão técnica, desde o processo de identificação da necessidade e solução até à execução.
O nosso grande activo é o território, onde todas as decisões devem ser ponderadas, reflectidas, decididas e executadas e ainda nos falta definirmos uma estratégia consolidada de país, que se desagregue nas suas várias dimensões (regiões, municípios, bairro, rua) e especialidades.
Nos últimos anos temos assistido a sobressaltos sobre a necessidade de simplificação e agilização de alteração nas regras territoriais, o acontecerem é um sinal da não concretização e da imaturidade do nosso sistema de gestão territorial.
Na região Norte vamos aproveitar as eleições autárquicas para discutir os vários programas eleitorais nas matérias que nos dizem respeito, envolvendo os próprios candidatos e os engenheiros da região e de cada cidade. Manifestando já a nossa disponibilidade para sermos um stakeholder activo, mas também para reforçar a democracia com a engenharia.

Como explica o aumento do número de concursos públicos vazios na área da engenharia?
Pelo contexto que vivemos, vontade de se executar associada ao desinvestimento nos últimos anos de reforço destas competências a nível nacional, o que faz com que os concorrentes escolham, e bem, os concursos a que concorrem.
Deixando para trás os menos exigentes, os que valorizam a decisão com base no preço, ou que por si partam com requisitos e pressupostos onde o compromisso não é a qualidade e o rigor.

O que pode ser feito para garantir que os cadernos de encargos sejam mais realistas e atractivos para os profissionais, neste caso ao nível da engenharia?
A Ordem dos Engenheiros já há muito que defende novas especialidades no processo construtivo, sobretudo ao nível da definição de custos, quase como se de um projecto integrador se tratasse. Para que o dono de obra tenha uma definição rigorosa dos custos do seu projecto, ou na definição do modelo de valor das prestações de serviço.
Por outro lado, devemos ser exigentes com a qualificação dos profissionais garantindo que em função da complexidade dos projectos, sejam exigidos técnicos com as competências adequadas para garantir o rigor da execução.
Temos procurado incentivar esta cultura da exigência com entidades públicas que recorrem à Ordem dos Engenheiros – Região Norte, não só nos processos de elaboração dos cadernos de encargos, mas também nas acções de recrutamento dos Engenheiros. C

Sobre o autorRicardo Batista

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‘ClimateLaunchpad 2025’: Estão abertas as candidaturas para a maior competição cleantech do Mundo

Podem concorrer projectos em áreas como economia azul, sistemas alimentares, mobilidade sustentável, economia circular, energia limpa, adaptação e resiliência, inovação industrial e soluções urbanas. As candidaturas estão abertas até 4 de Maio

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Estão abertas as candidaturas para o ClimateLaunchpad 2025, a maior competição cleantech do mundo, que procura ideias de negócio inovadoras para combater as alterações climáticas. Em Portugal, o programa é organizado pela Ordem dos Engenheiros, através do Colégio de Engenharia do Ambiente, pela Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC ) e pelo Fórum Oceano/Hub Azul. As candidaturas estão abertas até 4 de Maio.

Podem concorrer projectos em áreas como economia azul, sistemas alimentares, mobilidade sustentável, economia circular, energia limpa, adaptação e resiliência, inovação industrial e soluções urbanas. Os participantes devem residir em Portugal, não ter empresas com mais de dois anos, nem ter recebido mais de 200 mil euros em financiamento.

Nesta edição do programa e na primeira fase, os projectos seleccionados vão participar num evento online a 8 de Maio, onde serão apresentados os projectos escolhidos.

Na segunda fase, as equipas seleccionadas terão acesso ao bootcamp português, que inclui um bootcamp intensivo de 3 dias (19 a 21 de Maio), sessões de mentoria com parceiros estratégicos como Fundação Santander, Vieira de Almeida, Associação Smart Waste Portugal, Prio, Galp e Fundação Repsol a integração na rede internacional do ClimateLaunchpad e a entrada na competição na Final Nacional (26 de Junho), onde os participantes irão apresentar o pitch da sua ideia de negócio a um painel de especialistas

Os três vencedores da Final Nacional portuguesa terão acesso a incubação gratuita na UPTEC durante quatro meses, mentoria especializada, uma entrevista exclusiva para promoção do projecto, e a oportunidade de competir na Final Regional Europeia. O primeiro classificado ganhará ainda uma viagem para Viena, onde representará Portugal na final internacional do ClimateLaunchpad, em Novembro.

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IP revela importantes intervenções que visam tornar “mais resistentes” as Pontes Luís I e da Arrábida

Com o tema “Património resiliente face às catástrofes e conflito”, a IP e o IP Património associaram-se às comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios e revelaram duas importantes intervenções que visam tornar “mais resistentes” as Pontes Luís I e da Arrábida

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Celebrado anualmente a 18 de Abril, desde 1982, quando foi criado pelo Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (International Council of Monuments and Sites – ICOMOS) e aprovado pela UNESCO, o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, tem como objectivo sensibilizar os cidadãos para a diversidade e vulnerabilidade do património, bem como para a necessidade da sua protecção e valorização.

Com o tema “Património resiliente face às catástrofes e conflito”, a Infraestruturas de Portugal (IP) e o IP Património associaram-se às comemorações e revelaram duas importantes intervenções que visam tornar “mais resistentes”, em caso de catástrofe ou de conflito, as Pontes Luís I e da Arrábida, no Porto.

A primeira obra foi executada em 2023, tendo a IP concluído um “importante” processo de reabilitação e reforço do Tabuleiro Inferior da Ponte Luiz I, passagem de milhares de veículos e peões que, diariamente, fazem a travessia entre a cidade do Porto e de Vila Nova de Gaia, num investimento superior a três milhões de euros.

O tabuleiro inferior apresenta uma largura total de cerca de 8.80 metros (m), desenvolvendo-se em perfil vãos (L=33+3×36+33=174 m), que se apoia nos encontros e em quatro tirantes de suspensão do arco simétrico a partir dos encontros inferiores. Trata-se de uma estrutura de tipo viga contínua de 5.

Com a reabilitação da estrutura pretendeu-se reparar um conjunto de anomalias já identificadas e outras que foram identificadas no âmbito dos trabalhos de decapagem geral da pintura e corrosão de elementos metálicos já existentes tendo sido substituídos diversos elementos com substituição de rebites, também se procedeu à rectificação de chapas deformadas, assim como à substituição dos aparelhos de apoio, à substituição das juntas de dilatação e à reparação das portas de acesso aos encontros.

Esta intervenção conferiu ao tabuleiro inferior, uma capacidade resistente compatível com as sobrecargas rodoviárias actuais, uma vez que a construção de um novo tabuleiro, permitiu eliminar a limitação de circulação de veículos com peso bruto superior a 30 toneladas, passando a ser admissível a circulação de veículos com peso bruto inferior a 60 toneladas. Para isso, foi necessário o reforço estrutural do banzo superior e das diagonais que compõem as longarinas, e a construção de uma laje em betão armado para substituir a existente, aumentando, assim a rigidez e o aumento de massa do tabuleiro. Tratou-se de um passo essencial para reduzir as vibrações horizontais induzidas pela passagem de grandes grupos de peões (durante eventos desportivos ou festivos).

Já a segunda empreitada será desenvolvida na Ponte da Arrábida, ainda no decurso deste ano. Localizada na A1, a Ponte da Arrábida atravessa o rio Douro, fazendo a ligação por via rodoviária das margens das cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia. Esta obra de arte, inaugurada em 1963, vai ser objecto duma empreitada de reabilitação da face inferior do tabuleiro e dos pilares, tendo em vista a reparação de degradações estruturais decorrentes de patologias detectadas e será alvo de uma pintura integral.

Além disso, acabam de ser concluídos os trabalhos de reformulação da sua rede de iluminação rodoviária, agora com a colocação de leds. A intervenção vai ser desenvolvida em período noturno utilizando uma plataforma By Bridge, o que obrigará à implementação de condicionamentos à circulação rodoviária.

Na face inferior do tabuleiro e pilares da ponte, os trabalhos visam a reparação localizada nas zonas onde foram identificadas anomalias do betão, causadas pela erosão, e incluem uma intervenção nas extremidades dos pilares sobre os arcos. Adicionalmente, a intervenção inclui trabalhos de protecção preventiva das superfícies de betão da ponte, substituição das juntas de dilatação e colocação de guardas de segurança.

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A iniciativa europeia TransZeroWaste, no valor de 4,99 milhões de euros, visa conceber soluções circulares para a indústria do aço, nomeadamente, através da criação de novas rotas de reciclagem que permitam a utilização eficaz dos resíduos gerados nas instalações industriais

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A indústria do aço quer transitar de métodos produtivos tradicionais, baseados em combustíveis fósseis, para métodos mais sustentáveis e de baixo teor em carbono. A iniciativa europeia TransZeroWaste, no valor de 4.99 milhões de euros, que o ISQ integra, visa precisamente conceber soluções circulares para a indústria do aço, na qual o Instituto vai liderar a avaliação económica e ambiental das novas tecnologias bem como aconselhamento quanto a indicadores de circularidade.

Esta iniciativa “centra-se no desenvolvimento e implementação de tecnologias inovadoras para a reciclagem de resíduos, subprodutos e minérios de baixa qualidade, que se tornam cada vez mais relevantes face à crescente transição para o aço “verde” produzido com hidrogénio”, explica Marco Estrela, responsável de I&D do ISQ.

O TransZeroWaste propõe, assim, a criação de novas rotas de reciclagem que permitam a utilização eficaz dos resíduos gerados nas instalações industriais de produção de aço, nomeadamente, calamina, resíduos oleosos e minérios de qualidade inferior, auxiliando na continuidade do abastecimento de matérias-primas e contribuindo para uma economia circular.

Adicionalmente, o ISQ está encarregue da investigação dos diferentes cenários de transição para dois casos de estudo de implementação industrial, na Alemanha (Dillinger Hüttenwerke) e em Espanha (Celsa Barcelona), simulando a alteração dos fluxos de massa com a introdução de novos processos de peletização (a frio e a quente), briquetagem e redução directa, essenciais para a adaptação às exigências da produção de aço “verde”, assim como pela elaboração de modelos de negócio sustentáveis para a comercialização e a exploração dos resultados do projecto.

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Prospectiva e Hydroplante realizam estudos de viabilidade em Madagáscar

O estudo vai incidir na viabilidade de construção de estruturas como barragens ou reservatórios, assim como o desenvolvimento de 150 sistemas de abastecimento de água potável (AEP) movidos a energia solar

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O consórcio Prospectiva e Hydroplante vai realizar, em Madagáscar, estudos de viabilidade e elaboração de projectos de execução para a construção de estruturas de mobilização de recursos hídricos, que permitam desenvolver um sistema de abastecimento de água “resiliente, sustentável e inclusivo”, contribuindo para o “desenvolvimento económico e a adaptação às mudanças climáticas” em Madagáscar.

O contrato, assinado com o Fonds de Préparation du Projet de Mobilisation, Protection, Valorisation de la Ressource en Eau et de Renforcement de la Résilience au Changement Climatique (em inglês Fundo de Préparação do Projecto de Mobilização, Protecção, Valorização dos Recursos em Água e de Reforço da Resiliência nas Alterações Climáticas) sob a supervisão do Ministério da Água, Saneamento e Higiene de Madagáscar, vai incidir na viabilidade de construção de estruturas como barragens ou reservatórios, assim como o desenvolvimento de 150 sistemas de abastecimento de água potável (AEP) movidos a energia solar em seis regiões daquele país.

Utilizando uma gestão sustentável dos recursos hídricos e soluções baseadas em energias renováveis, o projecto pretende melhorar o acesso à água, especialmente nas áreas rurais e envolve a realização de estudos técnicos de viabilidade para identificar os locais mais adequados para a construção das estruturas de mobilização de recursos hídricos e dos sistemas de abastecimento de água. Alaotra Mangoro, Analamanga, Atsimo Andrefana, Atsinanana, Boeny e Vakinankaratra são as regiões a implementar o projecto.

Os estudos incluem modelagem hidrológica e hidráulica, levantamentos topográficos e geotécnicos e design estrutural. Além disso, serão definidas as especificações técnicas para sistemas elevatórios de água accionadas por energia solar, instalações de armazenamento e redes de distribuição, garantindo eficiência e confiabilidade ideais. Será, também, realizada uma análise custo-benefício abrangente para avaliar a viabilidade financeira e a sustentabilidade a longo prazo das infraestruturas propostas.

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UC lança guia para tornar renovação energética acessível nas comunidades rurais europeias

Os roteiros, que tentam responder aos desafios enfrentados pelas zonas rurais e desenvolvidos no âmbito do projecto Renoverty, estão a ser elaborados em colaboração com grupos de acção local (GALs) da Croácia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Hungria, Itália, Osona e Portugal

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Uma equipa de investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu, no âmbito da sua participação no projecto Renoverty, Roteiros de Renovação Rural, um guia prático pensado para tornar a renovação energética acessível às comunidades rurais em toda a União Europeia.

Os roteiros, desenvolvidos em colaboração com grupos de acção local (GALs) da Croácia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Hungria, Itália, Osona e Portugal, tentam responder aos desafios enfrentados pelas zonas rurais. Este guia prático oferece orientações “claras e práticas” sobre as opções técnicas, legislativas e financeiras, disponíveis em cada região, numa tentativa de “simplificar” o processo de renovação das habitações das famílias que enfrentam uma situação de pobreza energética.

Neste âmbito, os especialistas estão a promover, até 7 de Abril, um concurso que convida municípios, agências de energia, peritos do sector e outras partes interessadas a unir esforços no combate à pobreza energética rural, aplicando os conhecimentos adquiridos, aproveitando simultaneamente as oportunidades de colaboração e as soluções comprovadas para a renovação rural.

“As zonas rurais enfrentam vulnerabilidades próprias que intensificam a pobreza energética, nomeadamente o envelhecimento das populações, as elevadas taxas de pobreza e o parque imobiliário mais velho e ineficiente. Muitos agregados familiares que vivem nestas zonas dependem de combustíveis fósseis com elevado teor de carbono para aquecimento, como o carvão e o gasóleo, devido às opções energéticas mais limitadas”, realçam os investigadores.

Assim, “os roteiros Renoverty abordam estes desafios, apresentando medidas passíveis de apoiar as comunidades rurais, contribuindo para a diminuição das desigualdades e ajudando os cidadãos que mais necessitam de apoio. Além de sensibilizar e respeitar o ambiente rural, este projecto pretende contribuir para manter e promover o conhecimento local, a identidade cultural e a preservação da natureza”, concluem

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UE selecciona 47 projectos estratégicos para diversificar acesso às matérias primas

Comissão Europeia aprova projectos estratégicos no âmbito do Regulamento Europeu das Matérias-Primas Críticas (REMPC). Quatro são em Portugal: Somincor; Barroso Lithium Project; Lifthium Energy; e Lusorecursos Portugal Lithium

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A Comissão Europeia seleccionou, pela primeira vez, os 47 projectos estratégicos em toda a União Europeia (UE) para reforçar as capacidades nacionais no sector das matérias-primas críticas, no âmbito do Critical Raw Materials Act (CRMA).

Em Portugal, quatro projectos foram distinguidos com este “selo” de credibilidade: três relacionados com o lítio e um com o cobre. Estas iniciativas representam um marco importante na implementação do CRMA, contribuindo para a transição verde e digital da Europa e para o fortalecimento de sectores estratégicos como a defesa e a indústria aeroespacial.

Os projectos estratégicos portugueses integram um esforço mais amplo da UE para garantir, até 2030, que a extracção, o processamento e a reciclagem de matérias-primas críticas atinjam, respectivamente, 10%, 40% e 25% da procura da UE.

O LNEG, que tem desempenhado um papel relevante na implementação do CRMA a nível nacional, integrando o Grupo de Trabalho criado para o efeito, o qual tem trabalhado no mapeamento das ocorrências de recursos nacionais de matérias-primas críticas (MPC), com a publicação da carta Critical Raw Materials Deposits in mainland Portugal, de 2023, disponível no seu geoPortal. Em 2024, o Workshop “Plano Nacional de Prospecção no âmbito do CRM Act” reforçou estas bases, promovendo a coordenação de estratégias nacionais.

Os 47 novos projetos estratégicos estão localizados em 13 Estados-Membros da UE: Bélgica, França, Itália, Alemanha, Espanha, Estónia, Chéquia, Grécia, Suécia, Finlândia, Portugal ( Somincor, Barroso Lithium Project, Lifthium Energy e Lusorecursos Portugal Lithium) Polónia e Roménia. Abrangem um ou mais segmentos da cadeia de valor das matérias-primas, com 25 projetos que incluem atividades de extração, 24 de transformação, 10 de reciclagem e 2 de substituição de matérias-primas. Os projetos estratégicos abrangem 14 das 17 matérias-primas estratégicas enumeradas no Regulamento Matérias-Primas Críticas. Tal inclui vários projectos que abrangem o lítio (22 projectos), o níquel (12 projectos), o cobalto (10 projectos), o manganês (7 projectos) e a grafite (11 projectos), que beneficiarão particularmente a cadeia de valor das matérias-primas para baterias da UE.

Para se tornarem operacionais os 47 projectos estratégicos prevêem um investimento global de capital de 22,5 mil milhões de euros e irão beneficiar de um apoio coordenado da Comissão, dos Estados Membros e das instituições europeias no que diz respeito ao acesso ao financiamento e ao licenciamento.

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Postos de iluminação inteligentes já não são ficção

Como o próprio nome indica a Smartlamppost tem como foco o desenvolvimento de postes de iluminação inteligentes. A ideia principal é criar uma infraestrutura compartilhada que integre diversos serviços, como iluminação pública, carregamento de veículos eléctricos, câmaras de vigilância, pontos de Wi-Fi, antenas de telecomunicações (incluindo 5G), sensores IoT, entre outros. A empresa tem como fundadores a Metalogalva, a PROEF e a Ubiwhere

A portuguesa Metalogalva dispensa apresentações, a empresa da Trofa conquistou há muito um lugar entre as maiores empresas europeias de estruturas metálicas, estando hoje presente em vários continentes. Os produtos desenvolvidos e fabricados são usados em diversos domínios de actividade desde a energia, telecomunicações, vias rodoviárias, ferroviárias e energias renováveis. E foi esta sua intervenção em diferentes domínios e a presença de algumas destas estruturas, designadamente ao nível do mobiliário urbano das cidades que estão na base da Smartlamppost, empresa que desenvolve um conceito modular de mobiliário urbano

“A criação da Smartlamppost surgiu da reflexão conjunta dos três accionistas fundadores. Desde logo a Metalogalva, que é o maior fabricante europeu de colunas de iluminação e com presença em três continentes (Europeu, Americano e Asiático), a PROEF que tem uma longa experiência na construção de redes de energia e de telecomunicações e a Ubiwhere que é uma software-house focada em soluções para cidades inteligentes, nomeadamente uma Plataforma Urbana que monitoriza e gere múltiplos serviços”, começa por explicar Paulo Valente, chief executive officer (CEO) da empresa. “Desta reflexão surgiu a certeza da falta de resposta à necessidade de modernizar infraestruturas urbanas, tornando-as mais eficientes, conectadas e sustentáveis”, sublinha.

A equipa focou-se então no objecto urbano mais presente em qualquer cidade – os postes de iluminação, e no potencial de transformar estes postes em plataformas multifuncionais e inteligentes.

“A actividade da Smartlamppost baseia-se na concepção, desenvolvimento e implementação de postes inteligentes que integram múltiplas funcionalidades. Estes postes vão muito além da conversão para iluminação LED eficiente. A visão da Smartlamppost é utilizar um elemento de mobiliário urbano que tem uma presença ubíqua nas cidades, o poste de iluminação, e torná-lo um hub de tecnologia que agrega diversos serviços de forma cómoda e reduzindo a pressão actualmente existente sobre o espaço pedonal nas cidades”, explica Paulo Valente.

Face à localização e ao acesso já existente à rede eléctrica o “o poste Smartlamppost propõe uma multiplicidade de opções que permitem a instalação de soluções de conectividade (5G, Wi-Fi, LoRaWAN, mmW), soluções de mobilidade eléctrica (carregadores desenvolvidos para integrar as colunas de iluminação Smartlamppost e igualmente as existentes), sensores IoT (qualidade do ar, temperatura, ruído), câmaras de segurança”, inúmera o seu CEO.

Da iluminação à condução autónoma e o investimento em I&D
O potencial é imenso, face não só à presença maciça deste tipo de equipamentos, mas, sobretudo, ao crescente interesse em transformar as cidades em cidades inteligentes e no que essa definição abrange, desde logo um planeamento urbano eficiente, melhor uso de energia, sustentabilidade, tecnologia.
De acordo com Paulo Valente, a Smartlamppost tem focado a sua actividade numa inovação alinhada em dois vectores principais e complementares: Technology Push e Market Pull. “Se por um lado, temos o conhecimento da forma como as diversas tecnologias estão a evoluir e por isso inovamos o poste da Smartlamppost para alojar todas estas tecnologia facilitando a sua instalação nos mais diversos ambientes (Urbano, Rodoviário e Ferroviário), também estamos atentos às necessidades do mercado e, por isso, trabalhamos em conjunto com os diversos agentes de mercado (municípios, entidades rodoviárias e ferroviárias) para incluir as suas preocupações na concepção das colunas Smartlamppost”, sustenta. O que irá alargar o campo de possíveis utilizações do posto de iluminação inteligente.

“Uma vez que somos especialistas no fabrico de postes de iluminação e conhecedores das potencialidades das colunas de iluminação, desenvolvemos soluções adequadas a cada tipo de tecnologia, sem nunca perder o foco numa unidade funcional e integrável no ambiente urbano sem impactar os cidadãos”, refere o CEO.

Adicionalmente aos seus investimentos em desenvolvimento do produto/soluções, empresa integra a agenda mobilizadora PRR “Route 55”, a qual está a criar as bases da condução autónoma em Portugal. Estando a Smartlamppost a desenvolver a infraestrutura que suporta as tecnologias essenciais ao desenvolvimento da condução autónoma.

Para onde irá esta actividade crescer, tendo em conta o avanço tecnológico? “O segmento dos postes inteligentes tende a evoluir para hubs tecnológicos ainda mais integrados, combinando inteligência artificial (IA), redes 5G e gestão avançada de dados urbanos”, admite Paulo Valente. Paralelamente, “as exigências actuais sobre a rede de distribuição de energia eléctrica permitem antever oportunidades na criação de sistemas de flexibilização incorporados em postes inteligentes, bem como a utilização desta infraestrutura para suportar novas formas de comunicações com as soluções IoT que estão a ser instaladas em diversos ambientes”. Avanços que permitirão uma maior personalização dos serviços urbanos e uma gestão mais eficiente das cidades.

Um living Lab
Actualmente, a empresa colabora com entidades como a Vantage Towers (uma empresa especializada na gestão de infraestruturas passivas que alojam equipamentos de operadores) e está envolvida em projectos que visam expandir a sua influência no contexto das cidades inteligentes na Europa. Um desses projectos está localizado em Carcavelos, na Praça do Junqueiro, e resulta de uma parceria entre a empresa municipal Cascais Próxima e a Vantage Towers. “Neste projecto foram instaladas 13 colunas Smartlamppost e modernizada a iluminação para LED. Com esta alteração e com as poupanças energéticas verificadas podemos instalar quatro carregadores de veículos eléctricos, dois ecrãs interactivos, um ponto de acesso Wi-Fi e outro LoRaWAN, uma estação de qualidade de ar. A grande novidade é que o fizemos ligados à rede de iluminação pública sem necessidade de aumentar a rede existente. Além disso, demonstramos, fruto da colaboração estreita com a E-Redes, que é possível instalar carregadores de veículos eléctricos que utilizam o ramal de Iluminação pública acelerando a facilidade de criação destes pontos essenciais à mobilidade eléctrica”, sublinha Paulo Valente

Todas esta actividades representam um investimento significativo que está a ser acompanhado de uma crescente presença nos mercados onde a empresa opera, designadamente nos mercados europeus e internacionais. Na Europa a empresa tem actividade em Portugal, França, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Polónia, no continente americano está nos EUA e Brasil.

Para a Metalogalva, isto representa uma oportunidade estratégica para expandir o seu portfólio de infraestruturas de suporte a soluções tecnológicas e consolidar-se como líder no fornecimento de infraestruturas urbanas inteligentes.

Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

Manuela Sousa Guerreiro

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