De que forma as alterações climáticas estão a afetar a Construção Civil?
A indústria da Construção Civil é afetada, de forma inevitável, pela destabilização que a ação humana tem vindo a operar no meio ambiente. As alterações climáticas são uma realidade cada vez mais evidente e colocam, perante os construtores, um conjunto de novos desafios. Em traços gerais, a expressão “alterações climáticas” substituiu o termo “aquecimento global”… Continue reading De que forma as alterações climáticas estão a afetar a Construção Civil?
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A indústria da Construção Civil é afetada, de forma inevitável, pela destabilização que a ação humana tem vindo a operar no meio ambiente. As alterações climáticas são uma realidade cada vez mais evidente e colocam, perante os construtores, um conjunto de novos desafios.
Em traços gerais, a expressão “alterações climáticas” substituiu o termo “aquecimento global” na conversa da esfera pública, uma vez que este segundo não previa todo o espectro de variação climática observada, o qual compreende consequências muito para lá de um aquecimento da temperatura terrestre.
Torna-se, por isso, necessário planear de acordo com estas múltiplas condicionantes para que as mesmas não se tornem limitativas para as empresas de construção civil.
Quais os fatores que mais impacto têm na Construção Civil?
Um conjunto amplo de alterações climáticas têm implicações muito concretas nos esforços da Construção Civil. E claro, quanto mais extremas se tornarem as variações maior será o seu impacto.
Reunimos os fatores aos quais os empreiteiros deverão prestar mais atenção para salvaguardar as suas empresas, trabalhadores e locais de trabalho.
Calor ou frio extremo:
A Construção Civil é impactada tanto pela amplitude climática como pela duração desse mesmo fenómeno, uma vez que tanto o calor extremo como o frio extremo, alterações climáticas comuns, irão limitar a produtividade de uma obra.
Irão também implicar custos adicionais com mais equipamento ou mais dias de trabalho até à conclusão – envolvendo despesas não planeadas como compensação de dias adicionais aos trabalhadores e atrasos no projeto.
Estas condicionantes tornam-se mais desafiantes quando prolongadas no tempo, o que também é recorrente quando falamos de alterações climáticas. Isto porque é comum que se vejam reduzidos os dias em que é sequer fazível ter a obra operacional.
Vento ou tempestades:
Outro fator a equacionar é um aumento incaracterístico da intensidade do vento, que quando se vê agravado pode levar a acidentes no trabalho, causando potenciais quedas ou ocorrências envolvendo a projeção de resíduos de construção.
Ao construir em áreas naturalmente ventosas – com tendência a piorar – é importante ter em consideração a resistência dos telhados, para que mais tarde não venham a causar estragos evitáveis. Deverá também ser pensada uma estrutura forte de raiz para o edifício, de forma a que o mesmo resista a grandes ventos.
Clima demasiado seco:
Um aumento progressivo das condições climáticas excessivamente secas leva também, em várias ocasiões, a que seja difícil começar os trabalhos da obra.
Desta forma os custos serão mais elevados, uma vez que muito mais água será utilizada no decurso da empreitada. Caso haja escassez desse recurso, o preço aumentará ainda mais. O tempo de construção irá, como consequência, também ver-se aumentado.
Clima demasiado húmido:
A humidade extrema é também um desafio que se coloca cada vez mais ao setor da Construção Civil, e que tem por consequência atrasar a finalização dos trabalhos.
Uma das suas consequências mais notórias é o desperdício de materiais da obra, uma vez que mais cimento terá de ser utilizado para criar as massas, considerando que as mesmas demoram mais a secar.
Muita humidade encontra-se também associada a fortes chuvas, o que aumenta o perigo de enchentes e inundações. Estes fenómenos podem, por exemplo, provocar deslizamentos de terras e colocar a integridade da obra em causa, antes ou depois de esta se encontrar concluída.
Quais os novos custos fixos e variáveis a considerar?
As empresas de construção civil precisam de considerar as alterações climáticas em todas as suas vertentes, e não deixar de equacionar os custos acrescidos que surgem como consequência.
Os materiais de construção adaptam-se, tornando-se mais fortes, leves e caracterizando-se por maior durabilidade. Tal implica custos mais elevados com materiais para as empresas de construção, mas também maior adaptabilidade perante as circunstâncias.
As empresas de Construção Civil deparam-se ainda com mais custos com seguros e riscos associados a processos relacionados com segurança no trabalho. Tal acaba por levar a um custo total superior da obra, para que estas condicionantes sejam asseguradas e previstas.
O que pode a Construção Civil fazer para se precaver?
Para se preparar para extremos climáticos cada vez mais gritantes, a Construção Civil precisa de investir ao máximo na preparação e prevenção. Certo é que as alterações climáticas não são evitáveis, e por isso é importante trabalhar sem nunca deixar de as equacionar.
É por isso essencial planear de forma a garantir que os prazos de construção são respeitados, mesmo que existam condições atmosféricas adversas. Este planeamento deverá ser transversal do início ao fim da obra.
Algumas soluções para suavizar o problema passam por:
- Contemplar os potenciais atrasos nos contratos: é importante ter cláusulas nos contratos capazes de equacionar atrasos e potenciais indemnizações, nomeadamente estipulando eventuais extensões de tempo e citando condições meteorológicas adversas não antecipadas;
- Usar tecnologia para aumentar o controlo: apesar de ser impossível prever ou controlar as alterações climáticas, a tecnologia atual em muito permite mitigar as consequências destes atrasos à medida que as empresas de Construção Civil utilizam aplicações próprias para acompanhar timings, materiais e equipamentos e para calcular a rentabilidade factual da obra quando comparada com a expectada. Com este controlo, a margem que se perde devido a alterações climáticas agressivas pode começar a ser recuperada;
- Quantificar os efeitos das alterações climáticas: para além de ajudar a controlar recursos, a tecnologia de construção civil permite acompanhar melhor atrasos ou equipamentos adicionais necessários, podendo-se assim quantificar a derrapagem orçamental para melhor a equacionar em projetos num futuro próximo;
- Reforçar as simulações de segurança: a tecnologia ajuda ainda a realizar melhores e mais concretos briefings de segurança, para que as condições atmosféricas extremas passem a provocar menos acidentes, sendo as suas condicionantes antecipadas;
- Redirecionar as atenções para as energias renováveis: suavizar os efeitos nefastos das alterações climáticas é também um investimento a longo prazo. Criar novos empregos e infraestruturas sustentáveis poderá ser uma forma inteligente de contornar esta problemática. As construções deverão adaptar métodos capazes de proteger contra fenómenos recorrentes consequência das alterações climáticas, como cheias ou incêndios florestais. Telhados mais resistentes, utilização de matérias-primas menos permeáveis à corrosão ou construção de instalações de energias renováveis – como energia solar, do vento ou hidroelétrica – são soluções para recriar uma indústria da Construção Civil que se coadune com o mundo em que vivemos agora e capaz de transformar as ameaças em oportunidades de reconfiguração.
Autor: Zaask