Nelson d’Aires, Porto, 2013. Implosão da torre número quatro do bairro do Aleixo.
Bienal de Veneza: Representação portuguesa leva “In Conflict” a debate
A pandemia de Covid-19 fez adiar a 17ª edição da Bienal de Arquitectura de Veneza que, além de outros países, conta com participação portuguesa. Saiba as novas datas do ciclo de debates, tanto em formato online como presencial, com curadoria do atelier DepA
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Depois do cancelamento da edição do ano passado, que deveria ter acontecido entre 29 de Agosto e 29 de Novembro, a Bienal irá decorrer entre 22 de Maio e 21 de Novembro deste ano.
“Como é que vamos viver juntos?” é a questão lançada pelo arquitecto libanês Hashim Sarkis, curador da 17ª edição da Bienal de Arquitectura de Veneza, em 2020. Uma pergunta que não podia estar mais actual e que serve de ponto de partida para trazer à discussão “o futuro e os desafios que vamos enfrentar, bem como o papel negligenciado das autorias enquanto promotoras civilizadas e protectoras do contrato desses espaços”.
Em 2021, a representação oficial portuguesa fica a cargo do atelier depA, com “In Conflict”, seleccionado através de concurso da Direcção Geral das Artes. Como resposta directa a este desafio, o atelier propõe “aprender com processos caracterizados pelo conflito e confronto que questionam a problemática do habitar nas suas dimensões física e social”.
“In Conflict” desafia o público através de dois formatos complementares – exposição e debate. O primeiro, presente no Palazzo Giustinian Lolin em Veneza, dá notícia da arquitectura portuguesa do arco temporal da democracia a partir de sete processos marcados por destruição material, deslocação social ou participação popular. Uma viagem por 45 anos de democracia que explora as problemáticas, escalas e modos de acção reflectidas na arquitectura portuguesa.
Para pensar o papel da arquitectura enquanto disciplina artística, pública, política e ética, os debates acontecem online bem como em regime presencial em três coordenadas diferentes, a começar por Lisboa, com um ciclo de debates online, entre 14 de Março e 11 de Abril. Em Maio dois debates presenciais em Veneza, no dias 22 e 23. De regresso a Lisboa, os dias 16 e 17 de Junho recebem dois debates no Palácio Sinel de Cordes. Para finalizar o ciclo de debates, e ainda em formato presencial, o Porto recebe as últimas duas sessões a 18 e 19 de Setembro.
O futuro da habitação
Sendo a habitação um dos pilares definidores das sociedades democráticas, “Debating Lisbon’s Future Housing Strategy” dá início ao ciclo de debates online, já a 14 de Março, pelas 18h30, organizado por Gennaro Giacalone, João Romão e Margarida Leão. Apesar das recentes estratégias propostas na Nova Geração de Políticas de Habitação, pouco debate a nível municipal tem abrangido a sociedade civil ou os agentes de transformação do território. Para este debate são convidados Ricardo Veludo, vereador do urbanismo da CML a arquitecta Inês Lobo, a deputada e arquitecta Filipa Roseta e o geógrafo e activista Luís Mendes.
A proximidade temporal entre a Bienal de Arquitectura de Veneza e as eleições autárquicas em Portugal, são uma oportunidade de reivindicar o espaço para o diálogo democrático na construção de cidade e reclamar aos arquitectos o papel de classe politicamente comprometida com a questão How will we live together?
Cidades e população deslocada
A 28 de Março, também pelas 18h30, o debate online é sobre “Instant City”. Organizado por Bernardo Amaral, Carlos Machado e Moura, conta com a participação de Manuel Herz, Maria Neto, Michel Agier.
A partir deste tema procura-se discutir os assentamentos de emergência para população deslocada a nível global por consequência de guerras ou condições políticas, climáticas e sanitárias. Há, actualmente, 80 milhões de refugiados, muitos em campos que incorporam a espacialização da expulsão e exclusão, com condições de higiene e segurança precárias. Ao mesmo tempo, mil milhões de pessoas vivem em bairros de lata, crescentes geografias da vulnerabilidade social. Enquanto a arquitectura e o planeamento urbano geralmente ficam aquém nas suas respostas, o que podemos aprender destas cidades instantâneas? O que revelam sobre o papel da arquitectura no dilema humanitário e no nosso mundo instável? Alguns consideram as soluções informais mais eficientes que os esquemas excessivamente planeados; outros reclamam a valorização das soluções DIY dos habitantes desses campos enquanto agentes da produção do espaço. Entretanto, os arquitectos continuam a desenvolver sistemas modulares e de habitação portátil. Que perspectivas se aplicam às povoações migrantes? Questionar como vamos viver juntos exige foco na expressão física do conflito.
Conflito vs Urbanização
Organizado por Patrícia Robalo e com participação de Aitor Varea Oro, Ana Bigotte Vieira, Helena Barbosa Amaro, Lígia Nunes, Nuno Leão e Sandra Lang acontece o debate “Lines of Violence”, a 11 de Abril, que vai ‘beber’ às obras de Jane Jacobs e Lewis Mumford, publicadas em 1961. A co-existência das suas visões no debate público iniciou um conflito, ainda por resolver, em arquitectura e urbanismo.
O conflito torna a urbanização contemporânea mais tangível, desafiando a ordem estabelecida e as suas linhas de violência. O léxico bélico torna-se inevitável – luta, resistência, emergência, ocupação, resiliência, estratégia, extinção. Tudo se relaciona – saúde, habitação, mobilidade, segregação, economia, política, cultura. As razões são fundamentais à urbanidade, à vida, à democracia e à nossa existência. Será que os sonhos, a esperança e o conhecimento nos guiam quando vivemos em conflito? Ou, é a sua ausência que despoleta o confronto sobre a forma como construímos os lugares em que vivemos?